Ardência
Por Moony
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Pimenta.

Era, sim, a coisa mais óbvia a se pensar.

Quando o cabelo dela, da maneira mais acidental que o universo pôde arranjar, passou levemente pelo seu ombro e parte do pescoço.

Quando ele, não tão acidentalmente assim, reparou nas unhas pintadas de vermelho e na boca que, mesmo sem batom, adquiria o mesmo tom.

Ou ainda quando, quase sem querer, ele a via no jardim e, quando fechava os olhos, o sol imprimia o vermelho sob as suas pálpebras.

Tudo isso e a sensação que nunca passava.

E ele sabia que não era apenas a cor, mas a ardência.