Antes de Tudu u.ú, quero agradecer a boa vontade de Lis-Sama (sou fã dela ;D) por ter me ajudado a postar akew, q é a minha primeira vez q posto então é isso aew : D (thanks Liiss !). . . , A VONTADE DO FALECIDO
A VONTADE DO FALECIDO
Seu Inutaisho Boaventura não era tão bem-aventurado assim, pois sua saúde não era lá para que se diga. Pelo contrário, Seu Inutaisho ultimamente já estava até curvando a espinha, tendo merecido, por parte dos vizinhos mais irreverentes, o significado apelido de "Pé-Na-Cova". Se digo significativo é porque Seu Inutaisho Boaventura realmente já dava a impressão de que, muito brevemente, iria comer capim pela raiz, isto é, iam plantar um jardizinho por cima dele.
Se havia expectativa em torno do passamento de Seu Inutaisho? Havia sim. O velho tinha os seus guardados. Não eram bens imóveis, pois Seu Inutaisho conhecia de sobra Sesshoumaru seu filho, e sabia que se comprasse terreno, o nefando filho se instalaria nele sem a menor cerimônia. De mais a mais, o velho era antigo: não comprava o que não precisava e nem dava dinheiro por papel pintado. Dessa forma, não possuía bens imóveis, nem ações, debêntures e outras bossas. A erva dele era viva. Tudo guardado em pacotinhos, num cofrão verde que ele tinha no escritório.
Nessa erva é que a parentada botava o olho grande, com os mais afoitos entregando-se ao feio vício do puxa-saquismo, principalmente depois que o velho começou a ficar com aquela cor de uma bonita tonalidade cadavérica. O filho mais velho, embora mais mau caráter do que o resto da família, foi o que teve a atitude mais leal, porque, numa tarde em que Seu Inutaisho tossia muito, perguntou assim de supetão:
– Papai, se o senhor puser o bloco na rua, pra quem fica o seu dinheiro, hein ?
O velho engasgado de ódio, chegou a perder a tonalidade cadavérica e ficar levemente ruborizado, respondendo com voz rouca:
– Na hora em que eu morrer, você vai ver, seu cretino.
Alguns dias depois. Deu-se o evento. Seu Inutaisho pisou no prego e esvaziou. Apanhou um resfriado, do resfriado passou à pneumonia, da pneumonia passou ao estado de coma e do estado de coma não passou mais. Levou o pau e foi reprovado.
– Bota papai na mesa da sala de visitas – aconselhou Sesshoumaru; e começou o velório. Tudo que era parente com razoáveis esperanças de herança foi velar o morto. Mesmo parentes desesperançados compareceram ao ato fúnebre, porque estas coisas vocês sabe, bem como são: velho rico, solteirão, rende sempre um dinheirão. Horas antes do enterro, abriram o cofrão verde onde havia 60 milhões de cruzeiros, 20 pacotinhos de "Tiradentes" e 40 em pacotinhos de "Santos Dumont":
– O velho tinha menos dinheiro do que eu pensava – disse alto Sesshoumaru
E logo adiante acrescentava baixinho:
– Vai ver, gastava com mulher.
Se gastava ou não, nunca se soube. Tomou-se – isto sim – conhecimento de uma carta que estava cuidadosamente colocada dentro do cofre, sobre o dinheiro. E na carta o velho dizia:
" Quero ser enterrado junto com a quantia existente neste cofre, que é tudo que eu possuo e que foi ganho com o suor do meu rosto, sem a ajuda de filho vagabundo nenhum". E, por baixo, a assinatura com firma reconhecida para não haver dúvida: Inutaisho de Carvalho Pinto Boaventura.
Para quê! Nunca se chorou tanto num velório sem se ligar pro morto. A parentada chorava às pampas , mas não apareceu ninguém com o peito para desrespeitar a vontade do falecido. Estava todo mundo vigiando todo mundo, e lá foram aquelas notas novinhas arrumadas ao lado do corpo, dentro do caixão.
Foi quase na hora de o corpo sair. Desde o momento em que se tomou conhecimento do que a carta dizia, que Sesshoumaru imaginava um jeito de passar o morto pra trás. Era muita sopa deixar aquele dinheiro todo ali pro velho gastar com minhoca. Pensou, pensou e, na hora em que iam fechar o caixão, ele deu o grito de "pera aí". Tirou os 60 milhões de dentro do caixão, fez um cheque da mesma importância, jogou lá dentro e disse "fecha".
– Agora eu vou curtir com a minha mulher (Rin). Se ele precisar, mais tarde desconta o cheque no banco.
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Esse "fanfic" na realidade é uma crônica, fonte: Ponte Preta, Stanislaw. Febeapá 2. 72ª ed., Rio de Janeiro, Ed. Sabiá, 1967. p. 100-03.
