Capítulo 1 - O MISTÉRIO MISTERIOSO DO TEMPO

Em uma clareira da floresta proibida, longe dos olhos de curiosos, a beira do lago negro, Snape respirava com dificuldade. Com olhar frio e um tanto nervoso via Lucio Malfoy, a uns dez passos de distância, apontando sua varinha para ele com um olhar cruel em seus olhos cinzentos como aço. Severo segurava apenas uma sacola em suas mãos e mantinha a varinha na manga. Um vento sinistro cruzou por eles fazendo as árvores chiarem e a água do lago ondular.

Os homens trocaram um olhar de entendimento, era chegado o momento, depois de tantos anos de guerra, depois de dois anos de paz, desde a morte do Lord das Trevas, a vida, o destino, se é que ele existe, ou somente suas vontades e ações os levaram aquele instante congelado onde as contas seriam acertadas.

O vento insistente esbofeteou o rosto loiro de Malfoy obrigando o Bruxo a passar uma mão pelo cabelo para tirá-lo dos olhos, ele precisava se concentrar para a tarefa que iria executar essa tarde, seria necessário muito poder.

Em um ponto próximo Hermione Granger caminhava pela floresta proibida, ela estava cursando o 7° ano, tinha voltado depois do fim da guerra, desde o inicio das aulas, havia sentido uma significativa mudança, Harry e Rony não estavam mais a seu lado, ambos tinham abandonado o colégio. E mesmo a nova diretora sendo sua querida Minerva, não era a mesma coisa sem ver Dumbledore discursar de seu púlpito. Muitos amigos haviam morrido, e junto com eles uma inocência que existia naquela escola e as vezes, num fim de tarde como aquele, a realidade doía e para tentar apaziguar seu coração, tinha tornado um hábito longas caminhadas na floresta, ela passava horas as margens do lago negro, lendo ou simplesmente lembrando o passado.

Todos haviam sido afetados de uma forma ou de outra pela guerra, a Diretora Mcgonagall, por exemplo, parecia mais fechada que o costume. Todavia cada um vivia seu luto a sua maneira. O Professor Snape, Hermione achava, não tinha se perdoado por ter sobrevivido. Mesmo, depois do seu julgamento e do perdão do ministério, ele se tornará mais arredio. Em suas aulas de poções, ele havia surpreendido a todos ao preferindo esse cargo ao de Professor de DCAT, não parecia ter nenhum entusiasmo, nem mesmo para tirar pontos da Grifinoria. Mal acabavam as suas classes, o bruxo voltava correndo para seus aposentos e nunca era visto pelos corredores ou arredores.

A bruxa olhou para a ponta do lago negro que já era visível de onde ela estava, uma fragrância revigorante tomou seu nariz quando ela sentiu o cheiro de mato molhado e carvalho antigo, esse era seu perfume favorito, ela imaginava que se cheirasse amortentia sentiria exatamente esse cheiro, terra molhada e carvalho.

Respirou fundo e passou os olhos pela clareira, em uma das extremidades ela viu uma cena que esperava não ver nunca mais depois da guerra, dois homens um deles apontando a varinha para o outro desarmado, ela reconheceu Snape e Malfoy, tomada pelo pânico, sem pensar, em uma fração de segundos ela correu para ajudar o seu professor. A bruxa se aproximou rapidamente, nenhum dos dois percebeu sua chegada, pareciam presos em um transe, ela ia tirando sua varinha para azarar Lucio quando viu o feitiço saindo da varinha do bruxo loiro, sem raciocinar sobre o que estava fazendo se jogou de encontro ao professor com o intuito de desviá-lo do feitiço, pena que ela chegou um pouco tarde e o estranho feitiço já tinha formado um rodamoinho em volta de Snape, quando ela o tocou ambos foram engolidos deixando-os totalmente envoltos por uma luz roxa. Para eles parecia que tinham entrado em um espiral que só terminou com ambos sendo lançados duramente ao chão.

Dor. Sua cabeça doía terrivelmente, Snape levantou o rosto da grama da beira do lago lentamente, ele estava desorientado, procurou por sua sacola, notou que ela estava aos seus pés. Percebeu, no entanto que mais para perto do lago, um monte difuso de roupas estava jogado displicentemente, um casaco longo vermelho envolto em algo, franziu o senso seriamente, sua cabeça estava doendo muito para que ele conseguisse pensar com clareza, tentou sentar, suas pernas pareciam pudim, com muito esforço se arrastou de cócoras até o monte de roupas, quando se aproximou ouviu um som que ele reconheceu e o encheu de terror.

- Ai que coisa foi essa - o monte de roupas se mexeu lentamente, e dele emergiu uma cabeleira cacheada muito cheia e toda desorganizada. Uma pequena mão se embrenhou nesse cabelo e um outro gemido foi emitido.

Snape sentiu que ia desmaiar. Como que em um mundo justo, ele, depois de tanto esforço, estava vendo a Senhorita Hermione Granger? Um suspiro vindo da moça o tirou de sua onda de lamentações, ele a olhou e ela lhe deu um sorriso de volta – Professor – ela disse – Eu consegui o salvar, graças a Merlin, onde está o Malfoy, temos que avisar o ministério que ele o atacou. – A bruxa terminou a frase muito séria puxando o casaco e tentando se levantar no que ela falhou miseravelmente.

Ainda sentado no chão Severo olhou em volta para procurar Lucio, se ele estava vendo a Senhorita Granger era por que o feitiço tinha dado errado. Não viu o bruxo loiro em lugar algum, sacudiu a cabeça e falou a sua aluna ainda tentando entender.

- Senhorita, Lucio não estava me atacando, ele estava me ajudando, e como assim a senhorita me salvou, eu senti o feitiço me atingir, a senhorita fez algum contrafeitiço?

Hermione sorriu orgulhosa para ele – Não Professor, eu pulei em cima do Senhor e o derrubei no chão, acho que com isso eu... - ela interrompeu o que estava falando quando viu um homem se aproximar de ambos, ele estava vestido com um trovador medieval, e no peito usava um escudo da Grifinória, o homem olhou para eles e falou em um inglês que para ela pareceu muito formal. – Quem sois vós, e o que fazes no terreno de Hogwarts?

Um riso sardônico saiu dos lábios de Severo quando uma flecha de compreensão o fez entender o que estava acontecendo, o feitiço tinha dado certo, mas a insuportável coragem e lealdade Grifinoria tinha atirado a sabe-tudo em um ímpeto desmedido de salvá-lo para junto com ele no vortex do tempo e enviado para o passado junto com ele. Ele ficou furioso, teve vontade de lançar uma maldição na garota por estragar seus planos.

O homem tirou a varinha da cintura e a apontou para o bruxo sentado no chão, Hermione se arrastou para mais perto de Severo e colocando a mão em sua própria varinha olhou para homem em silencio, o professor mais preparado para o caso respondeu com um olhar firme. – Bom Homem, somos viajantes e estamos aqui indo em direção a Hogsmead para buscarmos abrigo essa noite.

O Homem olhou para os dois e falou – Falas e veste de modo estranho senhor, mas vejo que é um bruxo e sabe onde estais a ir, perdoe-me a pergunta, mas cautela nunca foi demais. Podei dizeres o seus nomes para que eu possa acompanhá-los ao vilarejo, essa parte do terreno é particular e não podeis vagar por aqui.

Hermione estava tão chocada que sentia como se seu língua tivesse congelada, olhou pasma para o homem que falava com eles, pelas roupas e o jeito de falar ela concluiu onde estavam, mas não acreditou, pensou por fim "será possível que estavam na mesma clareira só que no passado?" Ela nunca tinha lido nenhum feitiço ou menção de algum que falasse de uma viagem no tempo tão longa assim, apenas algumas horas de vira-tempo e coisa do gênero. Tomou fôlego se sentindo em algum seriado trouxa do além da imaginação. Ela viu Severo se levantar e oferecer uma mão para que ela fizesse o mesmo, aceitou sem ter certeza se seus pés a sustentariam.

Severo passando a mão pelas suas vestes negras para tirar algumas folhas, resolveu ficar furioso com a grifinória mais tarde, nesse momento ele tinha que evitar problemas com o homem a sua frente, daria um trégua a bruxinha. – Eu sou Severo Prince e essa é Hermione. – respondeu Snape tentando parecer seguro de si e um tanto aliviado, não queria um conflito logo assim de inicio. Não usou o seu sobrenome trouxa e nem o de Hermione, achou mais seguro usar Prince por que era uma família antiga e provavelmente o bruxo de Hogwarts já tinha ouvido alguma vez.

O homem curvou a cabeça de forma cortes para ambos e falou - Se me permitem indicarei o caminho que devem seguir.

Severo pegou sua sacola no chão fez um sinal para que Hermione ficasse em silêncio e começou a seguir o bruxo, a bruxa muito assustada seguiu atrás dele.

Assim que entraram em Hogsmead o homem parou e falou para ambos, - ai está o vilarejo, existe apenas uma estalagem, - apontou o dedo para o que na época moderna seria o Cabeça de Javali e continuou olhado para Severo – Não é muito adequado para uma dama senhor, mas acho que se querem mesmo passar a noite por aqui não terão outra opção. Se me dão licença tenho que voltar a patrulhar as terras do castelo. – Falando assim o homem deus as costas e voltou em direção a Hogwarts.

Hermione olhou para Severo e ele reconheceu aquele olhar, ele já o tinha visto milhões de vezes, ela está cheia de perguntas para fazer, ele teria o prazer de respondê-las todas, chegou a sorrir a idéia, ia ser um choque e tanto para a garota, uma punição edequada para um ato temerário de uma garota intrometida. Mas não poderia ser no meio da rua. Por isso falou rascante:

– Seja lá o que a senhorita queira perguntar aguarde até que estarmos sozinhos, sei que já percebeu que estamos no passado então fique quieta de deixa que eu falo.

Hermione fechou os olhos com raiva e disse – Professor, como posso ficar calada, quero saber como viemos parar aqui e... - Severo olhou para ela muito irritado e com uma mão levantada interrompeu a garota que ficou com a boca aberta como se a voz lhe fosse roubada, Severo falou cuspindo de raiva:

– Em primeiro lugar Senhorita Granger, não era para a senhorita estar aqui, e somente a impulsividade grifinória poderia justifica o seu ato lá na floresta, você é uma bruxa por que não tentou bloquear o feitiço ao invés de pular sobre mim daquela forma, ou melhor ainda, tentou descobrir o que realmente estava acontecendo antes de se intrometer? Agora que atrapalhou todo o meu plano, veio parar aqui comigo, ainda quer fazer um milhão de perguntas? Cala a boca! Quando eu puder e estiver com disposição eu lhe explico alguma coisa. – os olhos do bruxo faiscavam de raiva.

A bruxa arregalou os olhos muito assustada, todos os anos de medo do professor vieram a tona e ela se encolheu fechado mais o seu casaco envolta do corpo, será que havia entendido bem? Snape disse que tinha planejado aquela viagem? Um arrepio correu por sua espinha ao perceber que estava mesmo no passado.

Snape sentiu-se muito bem por gritar com a bruxa, afinal ela estava ali de intrusa, ele não pretendia trazer ninguém para o passado a não ser a si mesmo. Ao mesmo tempo ficou com pena da moça, ela era brilhante, jovem e bonita, e estava agora presa a um destino que ele escolhera para si como ultima opção, apaziguando o ânimo ele disse ao perceber a perplexidade e o medo no olhar da bruxa:

– Senhorita,tudo vai dar certo, eu tenho um plano, terei que adaptá-lo a nova realidade no entanto, mas acho que seria melhor somente eu falar por que eu sei o que está acontecendo e a senhorita não faz ideia, assim que conseguirmos um quarto eu prometo que explico tudo, por favor fique quieta por enquanto. – Snape se espantou com seu tom educado, mas achou que foi adequado e se sentiu melhor ao ver que a jovem respirou fundo, fechou a boca e concordou e ambos seguiram para a espelunca que no futuro seria O Cabeça de Javali.

O mestre de poções entrou com sua melhor carranca no estabelecimento, olhou ameaçadoramente para todos lá dentro, um bando de sujeitos mão encarados e caminhou altivo até o balcão. Atrás deste, um homem com aparência suja e desleixada passava um pano tão sujo quanto no tampo. Snape franziu o nariz para aquilo tudo, o lugar cheirava a alho e álcool, deu uma segunda olhada na clientela e chegou a conclusão que a travessa do tranco era um parquinho perto daquilo ali. Hermione deve ter pensando o mesmo por que chegou mais perto do professor quase tocando em seu braço, Severo achou que se ele fosse outro que não ele, ela teria passado o braço no seu. Sorriu intimamente pensando que ela devia estar muito arrependida de ser tão intrometida.

Desviando o pensamento da bruxa, Snape se dirigiu ao estalajadeiro:

- Boa noite, nós gostaríamos de um quarto para passar a noite. – o homem do balcão bufou olhando de cima a baixo para o professor com desprezo, Severo se assustou um pouco com a forma de tratamento, ele estava acostumado a ver, medo, repulsa, as vezes admiração nos olhos das pessoas, mas ser olhado como algo desprezível era novidade para ele, teve vontade de tirar a varinha da manga e ensinar uma ou duas coisa para aquela criatura suja, não iria arrumar confusão naquele lugar, mas logo teria que mostrar que com ele não se brincava para aquela gente.

O Homem do balcão falou ainda com o nariz repuxado olhando para a jovem – Não aceitamos prostitutas aqui, se quer se divertir com essa ai vá para o bordel no fim da rua. – Hermione ficou vermelha como um pimentão, Snape não estava preparado para aquilo, olhou para Hermione e percebeu tarde de mais, que ela não ia aquentar aquilo calada, tentou impedi-la de falar, mas a bruxinha soltou de uma vez só.

- olha aqui seu impertinente –, Severo achou que a voz da garota saiu estranhamente parecida com a de Minerva– eu não sou prostituta, - sem saber o que dizer depois disso, a bruxa sentindo a adrenalina correr em seu corpo e o coração disparado no peito, olho em volta e notou que se dissesse que estava sozinha e buscava abrigo com um homem em uma espelunca seria aos olhos daquela gente mau encarada e de tempos passados uma vadia, Sem ver outra solução fez a cara mais fleumática que pode e falou triunfante, pensando que tinha achado a saída – Esse homem – segurou no braço de Snape – é meu marido!

Se ela tivesse dito que era o elfo doméstico dele Snape teria achado mais normal, Levantando uma sombranselha ele repetiu silenciosamente "Marido?" de onde aquela bruxa biruta tinha tirado isso, Severo sentiu um puxão na manga, olhou para o lado e como se tivesse recebido um choque voltou para a realidade, Hermione olhava para ele com um olhar súplice, como se tivesse usado legimência ele entendeu que ela queria que ele confirmasse a asneira que ela havia falado, ele sentiu que ela estava com medo daquele lugar e que perante aquela gente, uma mulher desacompanhada junto a um homem que não era seu parente ou marido seria desqualificada. Com um suspiro de aceitação virou para o estalajadeiro e falou meio vacilante – isso mesmo senhor, respeite minha esposa.

Hermione sorriu agradecida a ele em resposta. Severo dobrou o braço fazendo com que a mão dela ficasse próxima a seu cotovelo e pousou sua própria mão sobre a dela. A bruxa achou o contato muito insuspeito, era estranho estar de braço dado com o Snape, ela sentiu que a mão dele era quente e protetora, e por incrível que parecesse ela estava gostando do contato e estava agradecida pelo apoio.

O Homem do balcão deu um sorrisinho cínico e falou, se vocês estão dizendo que são casados a coisa muda de figura, mas o senhor tem que convir que esse lugar não é do tipo que um homem descente traria sua esposa. Severo fez uma cara muito brava que faria os alunos tremerem de medo, mas ao homem nada causou. Severo se espantou e pensou "será que esse estalajadeiro não tem medo de morrer me tratando assim" e em sua cabeça uma voz que parecia para ele a de Dumbledore falou quase como que caçoando. "Ele não sabe quem você é, por tanto, não está vendo o ex-comensal da morte terrível mestre de poções morcegão seboso das masmorras de Hogwarts, ele está vendo só um bruxo alto, magrelo com uma esposa jovem agarrada há seu braço" um sorriso de escárnio saiu do canto da boca do mestre, quando ele falou ao homem:

- O senhor tem toda razão, não deveria ter trazido minha mulher para cá, mas não tenho outra opção nesse lugarejo – Snape falou educadamente, Hermione não entendeu nada. Se fosse em seu tempo e alguém tivesse falado daquele modo com o bruxo ele no mínimo o teria azarado. Ele continuou com um tom malévolo. – Em todo caso, se algo tentar incomodar minha esposa, ou perturbar seu sono pode ter certeza que não sairá vivo para contar a história, pode ter certeza que eu sei cuidar da minha mulher, por tanto, se você tem um quarto, me dê logo a chave e assim eu tirarei a nós dois desse salão inadequado a pessoas de bem como nós. – por dentro Severo estava quase rindo, principalmente quando o homem em fim fechou a cara parecendo um pouco assustado. Com um estalo de dedo o estalajadeiro vez aparecer um elfo doméstico, tão sujo quanto o resto, falou algo com ele e a pequena criatura se aproximou de Snape fez um reverência e falou:

- Patrão mandou levar vocês para quarto dos fundos, segue eu que vou levar vocês ate lá.

O casal seguiu o elfo, ele os levou até uma escada para a parte de cima da estalagem, eles subiram e caminharam por um corredor iluminado por uma claraboia até uma porta de madeira bem no fundo, quando a porta foi aberta o elfo deu passagem para os dois.

Hermione entrou no quarto primeiro e teve vontade de chorar, o lugar era péssimo, sujo e só tinha uma cama pouco maior que uma de solteiro, uma mesa com uma jarra e uma bacia e uma cadeira dura. Assim que Severo entrou o elfo estendeu a mão para ele e falou – são 30 sicles pelo quarto, e se quiser que eu traga o jantar, que hoje e queijo pão e presunto serão mais 10 sicles.

Snape levantou uma sobrancelha, o homem usava o elfo para cobrar, provavelmente com medo de ser azarado por cobar um preso alto, teve vontade de amaldiçoar o dinheiro antes de entregá-lo ao elfo, ia ser engraçado ver o estalajadeiro sobre uma maldição, mas não fez nada e entregou a quantia pedida acrescido do preço do jantar, pois na hora que o elfo tocou no assunto percebeu que estava morto de fome, pediu também uma garrafa de vinho e dois copos. A criatura saiu com o dinheiro e Snape olhou para Hermione, ela estava em pé no meio do quarto sem saber onde sentar sem sujar a roupa. Com um ar de debocho ele virou para ela e falou – vamos lá esposinha, você não sabe fazer nem um feitiço de limpeza não? Trate de limpar bem nossa cama por que quero me deitar para aproveitar sua companhia.

Hermione não acreditou no que escutou, ele quer aproveitar o que? Só podia estar maluco, quando a bruxa virou-se para ele para dizer-lhe o que pensava dele deitar-se junto a ela na mesma cama notou um ar de divertimento em seus olhos, ele estava se divertindo as custas dela e da covardia dela lá em baixo, quando se agarrou a ele daquele jeito, se odiou por isso, não devia ter falado que era esposa dele, mas naquela hora não conseguiu pensar em outra coisa. De toda forma o feitiço de limpeza não era uma má ideia, pegou a varinha em sua manga e a agitou no ar fazendo vários feitiços que em minutos tiraram toda a sujeira, olhado bem para Severo ela teve uma ideia, apontou para a cama e transfigurou o agora limpo lençol branco em um lençol vermelho com o símbolo da Grifinória bem no meio, como dizendo em alto e bom som que a cama era dela e que ele não tinha lugar ali.

Severo deduziu bem o que ela queria dizer com aquilo, e teve uma idéia malvada, levantou da cadeira que ele havia sentado e se jogou em cima da cama, sentou-se bem em cina do escudo e falou:

- acho que todas as cadeiras e camas deveriam ter o escudo da Grifinória, assim quando as pessoas sentassem estariam – levantou um canto da boca em um arremedo de sorriso '– colocando a Grifinória sob o seu melhor ângulo, se é que você me entende. – Terminou se acomodando bem sobre a cama.

Hermione ficou possessa, como ele tinha coragem? Ela ia transfigurar novamente o lençol em branco quando o elfo voltou com a comida, ele olhou para os dois, se notou o clima estranho ou a limpeza, nada disse, deixou a comida sobre a mesa e saiu.

Assim que Severo se levantou Hermione transfigurou o lençol em branco e foi se sentar para comer, O bruxo notou o feitiço divertido, talvez mais tarde ele transfigurasse o lençol em um vende com escudo sonsserino e sugerisse que ela se deitasse em cina da cobra só para vê-la corar e ficar nervosa, ele estava gostando desse joguinho, afinal se estavam naquela situação a culpa era dela.

Hermione bebeu um copo de vinho e levou um pedaço de queijo a boca. Olhou para ele e falou – Professor, estamos sozinhos agora, pode começar a me explicar o que está acontecendo.

Severo concordou e ia começar a contar, quando um barulho na janela chamou sua atenção, ele foi ver do que se tratava e achou uma coruja enorme e velha com cara de muito importante carregando um pergaminho amarrado a seu pé, Snape se espantou, quem teria mandado um pergaminho para eles se ninguém os conhecia, achou que poderia ser o estalajadeiro com medo de falar mais alguma coisa, mas achou improvável, o homem teria mandado o elfo, pegou o pergaminho e o mostrou para Hermione, a garota chegou perto para ver o que era também achando estranho. Assim que Severo o abriu, o pergaminho pareceu criar vida e começou a flutuar em frente a eles no quarto, exatamente como um berrador, só que mais solene e empolado, dizia:

- Segundo a lei do ano de 950 do ministério da magia do reino da Escócia, quaisquer casal formado de pessoas maiores de 16 anos que se declararem casadas perante duas testemunhas ou mais estarão casadas legalmente e receberam seus documentos – nesse momento um pergaminho menor saiu de dentro do maior e foi voando para o colo de Severo, ele o pegou sem acreditar no que estava vendo, o pergaminho grande continuou – para fins legais o casal terá todos os direitos e deveres atribuídos ao casamento, ao marido cabe proteger e prover sua esposa e filhos advindos da união, assim como a esposa deve obedecer, honrar, gerar filhos e cuidar do marido e de sua residência. Dou meus parabéns a vocês em nome do ministério da magia e desejo uma longa vida feliz para ambos.

Assim que terminou o pergaminho maior que ainda flutuava se despedaçou e caiu ao chão em milhares de pedaços.

Severo segurava em suas mãos um papel com os seguintes dizeres:

CERTIDÃO DE CASAMENTO EXPEDIDO PELO MINISTÉRIO DA MAGIA DA ESCÓCIA.

Certifico que Severo Prince e Hermione Prince estão casados perante a lei do ministério da escócia.

Assinado: Angus Mcdale - Ministro da magia

Severo tremia enquanto segurava o papel, leu três vezes antes de deixá-lo cair no chão, olhou para Hermione como se ela fosse uma doença grave que ameaçava cair sobre ele. Hermione abaixou para pegar o pergaminho e depois de ler ficou branca como cêra, e perguntou ao professor – Como isso foi acontecer?

-Você não sabe o que aconteceu? Achei o berrador bastante explicativo.

Hermione revirou os olhos e falou brava. - eu entendi o que aconteceu o que eu não sei é COMO aconteceu. – Severo teve que sorrir. - Então a sabe-tudo merece um trasgo em história da magia, eu nunca fui muito bom nessa matéria, mas achei que a sabe-tudo seria perfeita nisso também.

"Quando que você disse que era minha esposa eu não me lembrei do fato, só fui recordar quando ouvi o berrador dizer, essa lei é chamada Lei do Casamento por Declaração e ela existiu também na Escócia trouxa. O sistema de casamento por declaração entre bruxos é muito simples, dois bruxos maiores de 16 anos se dizem casados perante testemunhas, há um tabu nesse ato e um anúncio é feito no Ministério, o nome e a localização dos bruxos e mostrada e uma coruja é enviada com os documentos. No mundo bruxo ela foi revogada após a formação do Ministério da Grã Bretanha. Já na Escócia trouxa sua revogação foi em 1938.

Hermione lançou o pergaminho na mesa como se ele tivesse queimando seus dedos.

–E é assim, alguém fala que é casado e pronto? O que a gente vai fazer agora, nós não podemos ficar casado, e quando voltamos para o nosso tempo, como vai ficar isso, eu sei que os casamentos bruxos são indissolúveis, mais isso se aplica também a casamentos feitos em tempos diferentes?

Dessa vez Severo riu de verdade. – Você ainda não percebeu mesmo não é garota – Hermione ficou seria – Não percebi o que?- severo continuou – Nós não podemos voltar, quando eu programei essa viagem, eu não planejei voltar, esse tempo agora é o nosso, por que o feitiço que o Malfoy lançou sobre mim e a senhorita irritantemente quis compartilhar comigo não tem contrafeitiço e é irreversível.

A bruxa caiu sentada na cama olhando o professor como se ele tivesse despejado um milhão de palavrões sobre ela, sentiu a cabeça rodar e desmaiou sobre a cama dura da estalagem.

Nota da autora:

Olá gente, faz muito tempo mesmo, mas estou de volta com força total, essa é uma história que se passa no passado, na idade media na época da fundação de Hogwarts, não estou sendo historicamente precisa em descrever o cenário da Escócia medieval e estou tomando muitas licenças poéticas, até por que não se tem muita informação sobre esse período do mundo bruxo.

Quanto a referencia sobre o casamento por declaração citado por Snape como existindo também no mundo trouxa, ele esta certo, existiu mesmo na Escócia só sendo revogado em 1938. Tendo sido esse legal e previsto na lei escocesa, que na verdade corroborava um costume céltico antigo que era usado para facilitar o casamento em lugares de difícil acesso.

Eu usei Ministério da Escócia ao invés do Britânico por que O Reino da Escócia foi um Estado independente até 1 de maio de 1707, quando os Atos de União formalizaram uma união política com o Reino da Inglaterra, de modo a criar o Reino Unido da Grã-Bretanha. Portanto deveria ter seu próprio Ministério.

Um beijo a todos

Leyla Poth

Ps: não tenho beta, então perdoe os erros que por ventura eu cometer.