Categoria: Lord of the Rings
Autora: Sadie Sil
Revisora: Alastegiel
Gênero: Mistery/Thriller/Angst
Censura: T
Linha temporal: Por volta do ano 2985, da Terceira Era.
Disclaimer: Não possuo os personagens, sequer sou dona de todas as idéias que propago, mas alguns elfos e outros personagens secundários ganharam vida e nome através de mim, embora muitos sejam baseados em rostos que vi e vejo e sobre os quais conjeturo dia-a-dia.
Sinopse: Uma estranha força surgiu por entre as árvores da Floresta Escura e tornou-se um grande risco para qualquer grupo que por lá se aventure. A resposta para alguns enigmas parece envolver Legolas, o príncipe da Floresta Escura, masmuitos outrosvão acabar sendo sugados nesse rodamoinho de emoções e contradições.
Observação: Procurei ser fiel ao máximo à ideologia e também aos acontecimentos que marcaram essa época temporal da obra do professor, embora algumas incertezas talvez me levem a cometer erros de todo tipo. Peço desculpas e paciência, qualquer crítica ou sugestão é muito bem vinda.
O SIGNIFICADO DAS TREVAS
Eu tive um sonho que não era em tudo um sonho
O sol esplêndido extinguira-se, e as estrelas
Vaguejavam escuras pelo espaço eterno,
Sem raios nem roteiro, e a enregelada terra
Girava cega e negrejante no ar sem lua;
Lord Byron
CAPÍTULO 1 : LUZ QUE SE EXTINGUE
Havia rastros de luz passando por entre as folhas do grande eucalipto no centro da praça de Valfenda. Elrond distraia-se acompanhando aquelas linhas brilhantes, sua mente perdia-se em pensamentos mais amenos, enquanto permitia-se admirar a beleza daquela paisagem que se convertera em lar para seu povo. Um lar quase sagrado. Agradecia no íntimo por ainda ser capaz de fazer brotar dentro de si essa admiração pelo belo. Muitos elfos estavam perdendo essa habilidade, baixando os olhos sem forças, buscando distanciar-se do que até então lhes era caro e essencial. O pensamento de muitos começava a se voltar para longe, para o quebrar de algumas convidativas ondas. O mal e suas sementes espalhadas atingiam novamente os primogênitos de Ilúvatar, mas estes não pareciam tão dispostos a enfrentá-lo quanto estavam no passado.
"Elrond?" Uma voz roubou-lhe aquela agradável sensação, trazendo-lhe a consciência de seus arredores.
O lorde de Imladris não escondeu o sobressalto, voltando-se rapidamente e encontrando o aborrecimento em alguns olhares que estavam sendo dirigidos a ele agora.
"Peço desculpas." Ele disse, soltando um quase imperceptível suspiro. "Acredito não ter ouvido o último comentário de vocês. Questionavam-me algo?"
Glorfindel não pode conter o riso.
"Qual comentário?" Ele indagou sarcasticamente, olhando para Erestor e depois para Celeborn. "O que acabei de dizer ou a conversa toda que acabamos de concluir?"
Os gêmeos riram de suas cadeiras. Glorfindel sempre conseguia colocar o pai deles em uma situação delicada.
Elrond massageou as têmporas e voltou a suspirar, não tão imperceptivelmente desta vez. Glorfindel franziu a testa, olhando o curador com atenção.
"Sente-se bem?" Indagou com um ar preocupado.
O mestre elfo não respondeu, limitando-se apenas a tomar um fôlego um pouco maior e voltar a encarar os demais integrantes daquela reunião um a um. O ar de riso e descontração que o lorde louro de Gondolin espalhara, desaparecera por completo daqueles rostos atingidos pelo olhar inquisidor de Elrond. Elladan e Elrohir se encararam um tanto constrangidos e mexeram-se em seus lugares, ajeitando-se nas duras cadeiras de madeira colocadas para o conselho. Celeborn apenas retribuiu o olhar do amigo com um leve sorriso.
"Talvez devamos fazer uma pausa". Propôs o senhor de Lothlorien, encostando-se na dura cadeira e esticando os longos braços para apoiar as mãos por sobre as pernas. "Nosso anfitrião parece cansado."
"Ou enfadado?" Concluiu Glorfindel numa nova tentativa de provocação. "Não acha o que estamos discutindo importante, Elrond?"
O líder de Imladris não se deixou levar pelo caminho no qual o amigo queria conduzi-lo. Estavam todos fatigados, era verdade, e o assunto parecia não apresentar nenhuma solução viável ao alcance de qualquer um deles. Tinham passado manhã e tarde em discussões infrutíferas, observando mapas antigos e fazendo conjecturas baseadas no mais completo nada. Elrond de fato estava enfadado, sentia-se perdendo um tempo precioso, tempo este que eles não possuíam. E, pior do que tudo, tempo que lhes faria falta no futuro.
"A sombra se aproxima de nós. Todos podemos senti-la." Ele declarou num tom severo, mantendo seus olhos fixos nos do amigo louro, que retribuiu sem se alterar. "Um estranho poder maligno cresce dia a dia a nossa volta. Quanto tempo mais para estarmos na mesma situação que Eryn Galen?".
"Taur-na-Fuin!" Corrigiu Glorfindel. "Agora só há sombras lá. Não há porque chamá-la pelo antigo nome. Thranduil já devia tê-la abandonado. Não há mais lugar para elfos naquela terra sombria."
"Ele tem esperanças." Declarou Erestor com os olhos baixos.
"Ele não tem esperanças." Glorfindel indignou-se. "Ele é apenas um elfo impertinente e orgulhoso que prefere sacrificar seu povo a pedir ajuda a alguém."
"Acalme-se, meu velho amigo." Interferiu Celeborn, sentindo os ânimos se exaltarem. "Toda a sua temperança e experiência não condizem com sua avidez em questionar os atos do rei da Floresta Escura."
O elfo louro sentiu o golpe das sábias palavras do líder de Lothlorien e baixou a cabeça com um movimento e um suspiro forçados que refletiam mais impaciência do que qualquer outra coisa. Mesmo assim ele intimamente se via obrigado a concordar que algo em Thranduil lhe tirava de sua órbita com uma facilidade imensa. Ele não sabia estipular bem o que seria, talvez a arrogância, a soberba, a indiferença do elfo fossem a pedra que ocasionava toda aquela avalanche toda vez em que o nome do rei era citado.
Ou talvez fosse mais do que isso.
"Ainda temos alguns assuntos a discutir." Lembrou Celeborn, olhando para os demais integrantes do conselho. "Preferem fazer uma pausa antes que o entardecer nos abençoe completamente?"
Um silêncio incômodo fez-se no ar, mas logo foi quebrado pelo lorde de Imladris.
"Eu não vejo tal necessidade. Embora não acredite que consigamos encontrar uma saída mesmo ficando aqui por mais uma dezena de anos. Não antes que se tenha certeza do que se esconde no horizonte e que não conseguimos distinguir. Ou talvez que encontremos o que foi indevidamente perdido há muito tempo."
Erestor olhou para o mestre elfo com arqueadas sobrancelhas, depois franziu os lábios em um raro sinal de reprovação.
"Meu caro Elrond." Sua voz, no entanto, soou conciliadora como sempre. "Noto que o desaparecimento desse anel o preocupa nesses últimos anos, porém tal preocupação parece ter se intensificado ultimamente. Existe algum porquê para isso que não saibamos?".
Não houve uma resposta e um novo silêncio tomou o ambiente. Um desconforto atingiu a todos e Celeborn decidiu estender novamente um mapa da região sobre a qual discutiam e voltar a observá-lo.
"O que disseram as últimas tropas de inspeção não corresponde com o que esperávamos descobrir." Ele comentou em palavras que pareciam destinadas a si mesmo, mas todos sacudiram as cabeças em concordância.
"Há mais segredos nesse tempo de inquietações do que os limites de minha pouca paciência conseguem tolerar." Bufou então Glorfindel.
"Ainda estamos seguros". Celeborn atestou. "Mas não sabemos quais são os objetivos dessas criaturas, nem quantos aliados estão tomando outros rumos no momento".O lorde alisou os cabelos acinzentados e soltou um longo suspiro, endireitando o corpo e apoiando uma das mãos na cintura. "Creio que Elrond tem razão ao dizer que nosso encontro não gerara frutos dessa vez".
"Não podemos conjeturar sobre o que desconhecemos." Disse o guerreiro de Gondolin girando as órbitas como se a solução de seus problemas fosse uma teimosa mariposa que voasse ao redor de sua cabeça. "Sensações de perigo, mal-estares, visões conturbadas em águas mais conturbadas ainda... Isso pouco ou quase nada nos ajuda, muito pelo contrário, uma meia informação às vezes é pior do que informação nenhuma."
Celeborn ergueu ambas as sobrancelhas diante das insinuações desenhadas nas meias-palavras do lorde louro e os gêmeos se entreolharam de soslaio sem saber ao certo pelo que esperar.
"Se aqui estamos, meu bom e valoroso guerreiro." A voz do senhor da Floresta Dourada não se alterou, embora seu semblante tivesse perdido ligeiramente a cor. "É porque ainda julgo que, tal qual mãos amigas unidas mostram-se ferramentas mais fortes em uma guerra, mentes que trabalham juntas em prol da solução de um intrincado problema podem atingir resultados igualmente positivos."
Glorfindel fechou os olhos e encheu os pulmões ao receber aquela resposta. Ele então baixou a cabeça e sacudiu-a algumas vezes, para só então reerguê-la e encarar novamente o amigo de Lothlorien.
"Se se objetiva em pedir-me qualquer espécie de perdão." Adiantou-se o lorde de cabelos prateados. "Dispense-se de tal fardo, mellon-nin. Pois compreendo o que o aborrece e, creia você ou não, é um sentimento do qual infelizmente compartilho, por mais contrário que seja ao meu desejo."
Glorfindel voltou a esvaziar o peito e a encarar os próprios sapatos e Celeborn leu naquele silêncio mais compreensão do que qualquer sentença do que o matador de Balrogs poderia proferir.
"Talvez um pequeno recesso não seja de todo inapropriado." Sugeriu timidamente o conselheiro de Imladris. Erestor uniu as mãos e os lábios diante daquele impasse, sentindo na verdade que poderia estar dedicando seu tempo a algo de maior utilidade em sua sala de estudos do que ali.
Não houve, no entanto, tempo hábil para qualquer resposta, pois naquele instante um dos elfos da guarda de Valfenda aproximou-se vagarosamente e posicionou-se no meio do círculo formado, a poucos passos do assento onde estava seu mestre. Ele então se curvou em uma expressiva reverência e aguardou que Elrond lhe concedesse a palavra.
O curador olhou-o intrigado, mas Erestor tomou a dianteira, igualmente incomodado com a inoportuna interrupção.
"Pedimos que não fôssemos interrompidos." Declarou o fiel amigo de Elrond sem se levantar. "A sentinela da praça não lhe colocou a par disso, rapaz?"
O elfo empalideceu e fez nova reverência, desculpando-se.
"Perdoem-me, meus sábios mestres." Ele disse, utilizando entretanto um tom forte e decidido que orgulharia seu capitão. "Mas temos um mensageiro que espera ser recebido. Informei-o de que os senhores não poderiam atendê-lo no momento, mas ele me pediu que dissesse de onde veio..."
"Não importa". Interrompeu Glorfindel, igualmente insatisfeito com o peso de mais esse aborrecimento em seus ombros. Aquele conselho infrutífero parecia ter tomado o humor de todos. "Ele pode esperar. Desde quando um mensageiro escolhe o momento em que deseja ser atendido?"
"De onde ele é?" Elrond indagou após alguns instantes, quando o soldado já refizera sua reverência e preparava-se para voltar a seu posto. O rapaz voltou-se para ele e todos perceberam-no engolir em seco, como se fosse proferir uma palavra proibida ou uma grande blasfêmia."
"De Taur-na-Fuin, meu senhor. Das terras do rei Thranduil Oropherion". Foi a resposta recebida. O soldado ficou indeciso sobre que atitude tomar haja vista que a menção do reino da Floresta Escura havia tragado todos os presentes para um estado de consternação visível.
Elrond voltou o rosto para os filhos que também já buscavam seu olhar.
"É um enviado do rei ou do príncipe, Beinion?" Elrohir indagou preocupado e recebeu um olhar mais preocupado ainda do guarda.
"Não lhe indaguei tal questão, Lorde El." Desculpou-se o rapaz, mostrando-se constrangido pela primeira vez. "Deseja que o faça agora?"
Elrohir olhou para o irmão e apertou o maxilar. Elladan refletiu o ato como um espelho perfeito. Em seguida ambos recorreram ao auxílio do pai. Elrond uniu as sobrancelhas, profundamente incomodado por não saber o que fazer. Interromper o encontro para receber o mensageiro seria deveras descortês.
"Ele pediu urgência?" Indagou.
"Não, meu senhor. Apenas pediu-me que o informasse que aguarda ser recebido."
O curador assentiu com a cabeça e ficou alguns segundos em silêncio, depois fez sinal para que o guarda se retirasse. Há muitas estações não recebia mais carta alguma do príncipe, que costumava corresponder-se com ele e os gêmeos regularmente, mas não podia desfazer-se assim da diplomacia, mesmo estando quase completamente entre familiares."
"Diga a ele que se apresente, Elrond." Instruiu porém Celeborn, direcionando seus claros e compreensivos olhos para o genro. "Qualquer notícia das terras de Thranduil são também do meu interesse."
Tal comentário estagnou o soldado Beinion, que se voltou então, e recebeu do curador um rápido sinal, indicando que podia cumprir as instruções do Lorde de Lothlorien. O elfo fez nova reverência e saiu. Glorfindel balançou a cabeça em desaprovação, mas não teceu nenhum comentário.
Um longo momento de espera se deu depois disso, no qual nenhum dos presentes soltou sequer um suspiro. A mente de todos parecia invadida pela dor da lembrança da Floresta Escura que enfrentava no momento uma das mais difíceis batalhas pela defesa de seu território, batalha esta que muitos julgavam perdida.
Uma figura vestindo os trajes da floresta das sombras surgiu finalmente no pequeno portão que separava o hall no qual o grupo estava e aproximou-se em um passo mais vagaroso do que gostariam os elfos que a aguardavam. Tinha o porte de um batedor e trajava um longo e pesado manto, provavelmente devido ao frio que já dava seus ares. Um folgado capuz cobria-lhe a cabeça, escurecendo-lhe os sinais da face. Glorfindel ergueu-se subitamente de seu lugar, sua mão direita já apertava o cabo da inseparável espada. O atento lorde de Gondolin já parecia ter notado algo que escapara da guarda principal.
"Armado em nosso território, arqueiro? Onde está a educação de seu povo?" Indagou em voz alta e tom de absoluta reprovação.
O elfo parou subitamente, estava há quinze passos ou menos do grupo. Entretanto, ao invés de retirar uma a uma as armas que trazia nas costas ele simplesmente soltou o arco que segurava, desatou as fivelas e tiras que prendiam a aljava em suas costas e deixou que tudo fosse ao chão, fazendo um barulho extremamente desagradável. Todos se sobressaltaram e surpreenderam-se com a atitude do soldado, que agora estava imóvel e impassível. O barulho não parecia tê-lo perturbado.
Glorfindel apertou os punhos, contendo a indignação que o ato de rebeldia lhe provocara, enquanto administrava como podia um desejo enorme de ir até lá mostrar àquele insubordinado o que fazer com suas armas. Mas Elrond e Celeborn não pareciam compartilhar sua cólera. O curador apenas arcara as sobrancelhas ao ouvir o estrondo e agora observava o rapaz curiosamente e Celeborn esfregava o queixo com a ponta dos dedos. Erestor e os gêmeos estavam apreensivos.
"Mae Govannen, soldado." Disse Elrond por fim. "Aproxime-se."
O tom da voz do curador pareceu despertar o elfo, que havia permanecido imóvel até então. Ele deu apenas um passo e abaixou-se, apoiando-se em um dos joelhos e colocando a mão por sobre o peito.
"Mae Govannen, meu mestre amado." O rapaz respondeu. "Trago os cumprimentos do meu rei e de minha terra, conhecida nesses tempos difíceis infelizmente pelo nome de Floresta Escura."
Aquela voz despertou uma grande comoção em todos os presentes, e o mestre curador, após passar por um breve momento de total incredulidade, abriu um largo sorriso.
"Quem é você, criança?" Ele não resistiu.
O jovem elfo pareceu estremecer com a pergunta, mas em seguida levantou-se e fez uma leve reverência.
"Eu sou Legolas, meu senhor." Declarou para a confirmação dos que ainda duvidavam do que seus ouvidos traduziam. "Filho do rei Thranduil e príncipe da Floresta das Trevas."
E o bom coração do curador de Imladris satisfez-se imensamente por perceber que o jovem elfo não havia esquecido sua importante lição.
Houve em seguida uma grande confusão de vozes, mas ninguém, bons diplomatas que eram, saiu do lugar onde estava. Celeborn ergueu enfim a mão direita, pedindo silêncio e foi prontamente atendido.
"Mae Govannen, Príncipe Legolas." Disse o lorde em um tom amável. Um leve sorriso de satisfação enfeitava-lhe a fronte diante de alguém por quem tinha imenso carinho. "Magoou-me o fato de você ter saudado a Lorde Elrond primeiro que a mim. Agora você aguarda uma saudação para retribuí-la?".
A resposta imediata traduziu-se em uma nova reverência, o príncipe voltou a ajoelhar-se e repetiu a saudação que fizera a Elrond, desculpando-se em seguida e para tanto permanecendo no chão. Celeborn manteve os olhos naquele grande capuz, a única imagem que tinha do rapaz que conhecia desde pequeno.
"Peço que me perdoe, meu sábio senhor e parente de meu pai."
"Um parente de seu pai, em parente seu converte-se, não é mesmo, jovem Legolas?" Celeborn indagou com um leve sorriso e observou o rapaz balançar a cabeça em concordância.
"Muito me honra, Lorde Celeborn." Legolas garantiu.
Glorfindel enfim deixou que a curiosidade o vencesse. Ele aguardara pacientemente pela atenção do príncipe, um olhar ao menos, mas tudo o que Legolas fez foi continuar no chão até que Celeborn autorizou-o a erguer-se. Depois disso o príncipe simplesmente levou as mãos as costas, entrelaçando os dedos e baixou a cabeça em silencioso respeito.
"Diga-me, Thranduilion." O lorde de Gondolin viu-se obrigado a indagar. "Sua etiqueta pede agora que espere o cumprimento de todos primeiro para que haja retribuição? Pelo que percebo é você quem chega, jovem príncipe, e essa norma é a mesma até para os silvestres!".
O arqueiro, que ainda mantinha o rosto coberto pelo capuz, apoiou então a mão no peito.
"Mae Govannen, Lorde Glorfindel!" Ele disse, cruzando novamente as mãos nas costas e trazendo uma quase incontrolável irritação ao lorde de Gondolin. Glorfindel bufou, decididamente aquele rapaz tinha herdado do pai a incrível habilidade de alterar os ânimos do guerreiro louro.
"E os demais, Thranduilion?" Indagou em um tom de voz já um tanto alterado. "Nem os gêmeos merecem seu voluntário cumprimento?"
Legolas baixou finalmente a cabeça, soltando os ombros como quem desiste de uma grande empreitada.
"Minhas falhas não indicam desrespeito." Ele disse, movendo nitidamente o rosto para os lados como se estivesse um tanto perdido, enfim acabou retirando o capuz. "Devem-se a um dos sentidos que me desfavorece no momento. Se meus bons amigos El me derem sinal de sua presença posso voltar-me para eles e saudá-los como merecem, redimindo-me assim de minha pouca diplomacia. O mesmo peço a Lorde Erestor, pois percebo estar também presente."
Glorfindel franziu os olhos sem entender e as sobrancelhas de Elrond formaram seu habitual V. O curador levantou-se enfim e aproximou-se do rapaz, olhando-o atentamente. Alguma coisa havia acontecido. Quando se viu diante dele enfim, percebeu que algo fugia de fato da normalidade e não era apenas uma questão de comportamento. Elrond descobriu que o brilho nos olhos do jovem havia desaparecido, restando apenas neles um tom azul apagado e triste. O lorde elfo hesitou, sem saber se de fato queria confirmar tão triste teoria, mas em seguida ergueu a palma e a passou suavemente em frente do rosto do rapaz. Seu temor foi então comprovado. Legolas havia perdido a visão.
