Momento de Felicidade

Na primeira vez que Remus Lupin entrou no Salão Principal de Hogwarts, ele achou que tudo aquilo era bom demais para ser verdade. Beliscou-se uma vez para descobrir se estava sonhando. Não estava.

Havia cerca de trinta crianças novas naquele ano. Ele se perguntou, não pela primeira vez, para qual casa seria selecionado e quais seriam os seus companheiros de dormitório. Perguntou-se por quanto tempo conseguiria esconder que… mas não queria pensar naquilo.

Remus observou os colegas sendo selecionados para Gryffindor, Slytherin, Hufflepuff e Ravenclaw. O garoto sabia o que desejava ser: Gryffindor como o pai dele; mas não sabia se era corajoso o bastante. Ele achava que poderia ser Ravenclaw ou Hufflepuff, não se importaria se fosse.

Não desejava se tornar um Slytherin, pois sabia que quase todos os Comensais da Morte eram daquela casa. Mas ele temia que sua condição pesasse na hora da decisão do Chapéu. Sabia que ele não era mal, mas havia uma parte dele que era, uma parte da qual ele não tinha muito controle.

- Lupin, Remus! – Chamou a professora McGonagall.

Remus a encarou com os olhos temerosos e, logo em seguida, dirigiu um olhar duvidoso para o professor Dumbledore – quase como se não acreditasse que o diretor realmente o estava aceitando, apesar…

Mas o homem se limitou a lhe lançar um olhar bondoso e um sorriso de incentivo. Então, Remus não teve escolha a não ser seguir para o banquinho diante de todos os colegas. Logo, o Chapéu lhe cobriu os olhos e, para o alívio do garoto, ele não precisou encarar os colegas.

O que temos aqui? É muito raro ver tanta maturidade em uma cabeça tão jovem. É talentoso, já posso ver, mas… onde colocá-lo? Tem inteligência, mas sua maior qualidade é o grande coração. E o medo…

Não é medo, pensou Remus com veemência, sei que vou machucar todos que se aproximarem de mim!

Sim, respondeu o Chapéu, para a surpresa do garoto, um coração nobre, o medo de machucar as pessoas. Já percebi que você será grande na GRYFFINDOR!

Quando a professora tirou o Chapéu da cabeça de Remus, ele percebeu que os colegas de Gryffindor o aplaudiam, convidando-o a se sentar com eles. Após lançar um breve olhar de agradecimento ao diretor, o garoto se sentou ao lado de uma garota de cabelos acaju e na frente de um garoto de cabelos pretos e um sorriso maroto.

Ele percebeu que, não importa quantos momentos felizes se seguissem àquele, o banquete de abertura no seu primeiro ano em Hogwarts estaria sempre entre as lembranças mais alegres de sua vida, pois, pela primeira vez na vida, ele pôde esquecer por algumas horas que era um lobisomem.