Disclaimer: Os personagens e a imagem de capa não me pertencem! Apenas a criatividade para compor a oneshot é minha, mas isso aqui é totalmente 0800, amigos, vocês sabem!
Então, eu sempre quis escrever algo sobre esses dois aqui. Porque, na minha mente maluca, acho que dava para rolar um affair entre o príncipe Diamante e a Black Lady, tanto no anime antigo quanto no mangá. Espero que a minha ideia agrade aos fãs, eu curti!
PS: Sim, eu uso os nomes de dublagem, todo mundo tem defeitos.
- Jogo Perverso -
Estou enlouquecendo...
Em ritmo lento...
Aos poucos, desatento...
Sim, eu estou enlouquecendo!
Ele contemplou os círculos que se formavam no líquido avermelhado enquanto sua mão balançava a taça de cristal. Pequenas ondas, pequenas tormentas que se quebravam na parede de vidro, quase lhe escapavam e, então, retornavam ao copo, o aroma, todavia, dissipava-se no ar e alcançava as narinas dele.
Os olhos violetas, confusos rolavam, atentos ao cenário em volta. As colunas negras, antes retas, pareciam dançar em diferentes curvas, quase formavam espirais, e quando o príncipe menos esperava, o negro transmutava-se em tons de verde e azul-marinho.
Estava tonto. Aquela era a sétima taça de vinho seco que tomava.
Ora, ele precisava daquilo! Se não houvesse vinho, certamente Diamante perderia o juízo.
Vê-la perambular pelos corredores, despreocupada e alegre, numa naturalidade maliciosa, fazia com que os nervos do Príncipe Branco chegassem ao estopim. Há poucos dias, a maldita era uma criança, uma pequena praga da qual ele gostaria de se livrar. E, no entanto, naquele instante, era uma mulher crescida... tão crescida a ponto de o atrair.
Ele a queria. Ele desejava Black Lady. Por quê? A resposta era transparente como a taça que ele tinha em mãos. Ela era, de muitas formas, parecida com a Inalcançável Deusa que dormia no palácio de Cristal.
Se o Cristal Negro enredasse Nova Rainha Serena em seu poder, certamente ela seria como Black Lady, ou melhor, se os cabelos róseos fossem banhados em ouro, se o sangue dos orbes transmutasse-se em água, Black Lady seria a personificação do sonho inalcançável Dele:
— Sailor Moon... — ele sussurrou o Nome várias vezes durante o período de adaptação, vendo a prole de sua rainha desfilar pelos corredores do palácio nemesiano, vislumbrando as pernas torneadas, desavergonhadas, cruzarem-se quando ela se sentava ao lado, no braço esverdeado de seu trono. Pensamentos daninhos o invadiam quando o ombro delicado chocava-se com o dele.
Sem vergonha, sim, como ela o era! Diamante notava-lhe os sorrisos maliciosos, as sobrancelhas arqueadas esbanjando deboche, e os rubis preciosos cravados em desdém. A Dama das Trevas sabia que era uma tentação, e aproveitava-se disso de todas as maneiras possíveis. Se ele a encarava, ela retribuía. Se a respiração dele se alterava, ela lhe sorria. Ao sentarem-se juntos ao trono, a mão delicada pousava em uma das pernas dele "acidentalmente", ou lhe percorria o braço. Seria desejo, ou uma tola brincadeira? Tanto fazia, o resultado era um só: o líder do clã Black Moon estava tentado, e tentá-lo era tão perigoso quanto brincar com o fogo, aquela coelhinha deveria saber.
Depois de quase invadir o quarto de sua "insubordinada" diversas vezes, Diamante concluiu erroneamente que seria mais sábio buscar consolo no vinho e assim o fez. Enfim, ao finalizar a sétima taça, de tonto passou a bêbado num piscar de olhos, as pernas não o sustentaram mais e ele se desmanchou sentado ao trono, confuso e irritado.
As imagens passavam como feixes de luz na memória: Black Lady aqui e ali, elegante, sedutora, convidando-o a cometer atrocidades, depois vislumbrava a Bela Adormecida de Tóquio de Cristal, e em sequência, Mãe e Filha juntas, adultas, esperando por ele.
Sacudiu a cabeça em negação, passou as mãos pela testa suada e massageou as têmporas. Largou a taça ao chão, o cristal espatifou-se e o príncipe, nauseado, levantou-se buscando apoio nas pilastras que o rodeavam.
Eu vou matá-la.
Certamente, eu vou matá-la!
Assim, Diamante cambaleou até o grande Cristal Negro, como se adivinhasse que ela estaria lá, à frente, de braços cruzados, esbanjando-se em um sorriso de satisfação que o fazia, mais do que nunca, desejar cumprir a promessa que fizera a si mesmo, em pensamentos.
As mãos alvas e broncas fecharam-se no pescoço esguio, ele tremia e a maldita persistia em sorrir.
Apertou-a, fê-la inclinar-se para trás e a resposta foi uma gargalhada, Diamante grunhiu raivoso, as mãos dela cravaram-se em seus ombros trêmulos.
— Solte-me. — falou tranquila, embora sem ar. — Agora. — enfatizou.
— Eu vou matá-la! — bradou enquanto encaixava o queixo à clavícula dela, e incoerentemente afrouxava-lhe os dedos na garganta.
— Não, você não vai. — riu-se — Você não pode.
— Não me importo se o Grande Sábio diz que você é a chave para abrir a porta para as Trevas, que se dane! — segurou boa parcela dos cabelos cor-de-rosa em mãos e puxou-os.
— Não por isso! — disse divertida e cativou a face alva do príncipe nas mãos — Não vai me matar, porque você me quer. — as unhas afiadas deixaram o rastro pelo queixo do príncipe. — Está louquinho por mim... — perigosamente, aproximou-se tanto que os narizes roçaram-se.
— Não! — saltou para trás, virou-se de costas a ela em visível desespero. — Não! — insistiu, ofegante, o sangue fervia nas veias. — Não é a você que quero! — mentira, ele a queria também. Talvez como um prêmio de consolação, ou simplesmente para alimentar a própria luxúria, mas a queria, era fato.
— Ora, príncipe! — deu de ombros e caminhou pelo salão, enquanto andava brincava com os longos fios que se esparramavam pelos ombros e quase tocavam o chão — Um pouco de diversão não faria mal, não acha? Você é tão drástico! — revirou os olhos — Acha que você é o homem com quem sonho às noites? Não me faça rir! — sentou-se à grade que a separava da enorme pedra negra — Mas isso não me impede de me divertir um pouco de vez em quando.
Vadia...
Como se as pernas não o obedecessem, levaram-no até ela, o instinto e a bebedeira falavam por ele. Ainda destemperado, pousou as mãos na grade, encurralando-a e olhando-a diretamente nos olhos. Outra gargalhada aguda escapou da garganta, antes de Black Lady dizer:
— Vamos brincar?
—... brincar? — pela primeira vez, quem gargalhou foi ele — Eu não brinco. — com os lábios quase encaixados aos dela, encerrou: — Farei com que me respeite. — e então, puxou-a pela cintura e arregaçou-lhe a boca em um beijo voraz.
Black Lady, esquecendo-se de sua elegância, escancarou as pernas, completamente permissiva. O príncipe decidiu corresponder-lhe as expectativas e encaixou-se entre elas, uniu os corpos e espremeu-os, faminto. Dentro do beijo, ele ofegava e gemia desejoso. Não sabia se o que realmente desejava era possuí-la, parti-la ao meio, ou vingar-se. Vingar-se da Mulher que o rejeitou tomando sua filha, sim. Ou pior, naquele ato insano, concretizar um sonho frustrado como se na Filha encontrasse e dominasse a Mãe.
Isso é loucura...
Uma deliciosa loucura...
Beijou-lhe o pescoço, desesperado, voluptuoso. A língua degustou cada pedaço de pele eriçada, de cima a baixo, até deleitar-se no colo. E, depois de encharcá-la, deixou-lhe um rastro de mordidas. Se ele podia fazer-lhe um caminho, que ela também fizesse o próprio – arrancou-lhe a capa, fincou-lhe as unhas nas costas por baixo da farda ebúrnea. O corpo de Diamante, inteiro, entrou em colapso, a coluna esticou-se e seu peito encaixou-se ao dela. Black Lady gargalhou novamente e o enredou com as pernas, prendendo-o àquele tortuoso joguinho, forçando-o a roçar-se à porta de entrada, e desejar, cada vez mais, perder-se dentro dela.
— Eu vou devorá-la! — sussurrou ao pé do ouvido, avisando-a.
— Não, querido, — lambeu-lhe o canto da face — Eu vou devorá-lo! — empurrou-o fortemente, pegando-o de surpresa. As costas de Diamante atritaram-se em uma coluna, uma aura arroxeada o prendeu lá. O susto foi tamanho que, em segundos, o efeito do vinho pareceu cortado. Calma, Black Lady foi até o Líder do Clã, seus olhos analisaram-no por completo, claramente luxuriosos, os dentes arrastaram-se pelo lábio inferior, avermelhando-o ainda mais, e as mãos responsáveis pelo empurrão brincaram com os desenhos da farda principesca, os dedos encerraram o movimento ao cobrirem o pequeno diamante cravado em um botão abaixo do colarinho, ela o desceu lentamente, até revelar o abdome pálido, perfeitamente talhado. O coração dele, inquieto, entregava-o.
Eu sou a presa.
— Solte-me daqui! — ordenou, cativo à pilastra, os braços estavam abertos como se fosse crucificado.
Fingiu que não o escutara e contornou-lhe, com as pontas das unhas, as formas do peitoral, da barriga delineada, até chegar ao cós da calça onde seus olhos ficaram presos.
— Não quero ter que repetir... — e todo o esforço para ser firme foi por água abaixo quando ela, imitando-o, degustou de sua pele leitosa com a língua. Entretanto, Black Lady foi muito mais ousada. Experimentar o pescoço vulnerável seria pouco, por isso, ela arrastou boca, dentes e língua pelos mesmos lugares onde as unhas deixaram marcas, até que seu corpo esbelto estava ajoelhado diante Dele, mas, certamente, não em reverência. — Black Lady... — viu-o cerrar os olhos e estremecer. Ah, como ele apreciou ser cativo!
Cativo, sim. Antes, somente ele tinha o poder de manipular os corpos de outras pessoas. E agora, o seu próprio estava atado e nada ele poderia fazer... Será?
Eu quero ser a presa.
... Mas até quando?
Estava ansioso por continuação, porém, ela parou. Diamante abriu os olhos, frustrado, e encontrou-a, ajoelhada, fitando-o sorridente, enquanto as mãos sapecas apertavam-lhe as coxas e subiam devagar. A irritação vazada nas expressões dele a divertiu imensamente.
— Qual é a graça? — perguntou impaciente, vendo-a curvar-se de tanto rir. — Cansou da brincadeira?
— Então agora admite que estamos brincando? — passou o dedo indicador pelo zíper da calça dele, arrancando-lhe mais um de muitos grunhidos.
— Ande logo com isso!
— E se eu não andar? — curvou os lábios em um bico.
Então eu serei o caçador.
A Lua Negra na testa de Diamante abriu-se em Olho Dourado. A aura púrpura que o prendia dissipou-se como fumaça e seus braços moveram-se livremente. Estendeu uma mão em direção à Dama e a ergueu sem sequer tocá-la. Um sorriso alargou-se, perverso, na face do príncipe. Com Black Lady em seu controle, fê-la descer as alças do vestido negro e junto com elas a camada transparecida por debaixo. Enfim, o colo e o busto, esculpidos eximiamente se revelaram à vista dele. Os dedos alvos tomaram os seios, tão macios que quase escorregavam pelas palmas. Ela, mesmo cativa, olhava-o desafiadora.
— O que é? — questionou sem dar-lhe tempo de responder, pois em seguida beijou-a outra vez. Para sua surpresa, a "presa" não estava tão vulnerável como imaginava. Os braços dela, por conta própria, enroscaram-se em seu pescoço e as mãos enredaram-lhe a nuca. — Mas... Como? — a nova pergunta cessou o beijo.
— Ande logo com isso! — o parafraseou, brincalhona. Diamante riu desacreditado. Black Lady estreitou os olhos e tratou de apressá-lo adequadamente: finalmente abriu-lhe o zíper, invadiu-o com uma mão e tomou-o nela num aperto. Viu-a rir mais uma de muitas vezes quando não conseguiu evitar um rosnado escapar da garganta.
Se é assim que você quer, assim será!
Paciência não era uma de suas virtudes, portanto não se deu o trabalho de terminar de descer-lhe o vestido, simplesmente rasgou-o em tantos pedaços o quanto pôde. Antes que as gargalhadas o enlouquecessem, tapou a boca da mulher e decidiu que retribuiria a brincadeira cruel que antes ela fizera. Empurrou-a, mas para cima. Como uma pluma, a Dama das Trevas caiu, contra a gravidade, sobre o teto. Diamante abriu-lhe braços e pernas, os punhos ele segurou.
— E agora? Não vai implorar para que eu a solte? — mordiscou-lhe os lábios, deixou-lhe beijos profanos por todo o rosto, pelo pescoço e pelos ombros.
— Não sou como você. — deleitada, respondeu. — Só peço pelo que eu realmente quero.
— E o que você quer? — espalhou mais beijos pelo colo palpitante e pelos seios intumescidos.
— Por que você faz perguntas tão óbvias? — as palavras perdiam-se entre um gemido e outro, até um grito libertar-se quando as mãos que lhe apertavam os punhos apertaram-lhe os montes. — Como isso é divertido! — riu, inevitavelmente.
Eu quero ouvir você dizer.
Nem que eu tenha que torturá-la.
Nem que eu tenha que matá-la.
Eu quero ouvir você dizer!
— O... que... você... quer? — soou grave, ameaçador. Olhou-a nos olhos, como se estivessem em um duelo. O silêncio dela o tirou do sério. Violento, livrou-se da calça, deixou-a cair e derramar-se no piso. — O que você quer?! — sacudiu-a, e a resposta, como sempre, foi um riso desdenhoso. Ela debochava dele. — Não me tire do sério! — avisou, visto que ela persistiu em encará-lo sem dizer-lhe as palavras que queria ouvir, roçou-se nela quase adentrando-a, e se a Maldita Coelha não respondia em palavras, a genitália respondia úmida e quente, afoita por recebê-lo. Ainda assim, não era o suficiente. Ele precisava ouvir para ter o ego enaltecido.
Eu a farei dizer,
Eu a farei gritar,
que é a mim que você quer!
As pernas já estavam abertas, e em momento algum ela tentou fechá-las. A brecha, palpitante, beijou o ápice do membro rijo que nela se lambuzava, as mãos de Diamante fecharam-se, tensas, e esmurraram o teto negro.
— O que você está esperando, príncipe? — mordeu-lhe a orelha e empinou-se para frente, com uma mão, segurou-o e apontou-o à entrada. — Sabemos o que queremos, queremos nos divertir! — enquanto ele dificultava, ela simplificava. Percebeu que o orgulho não o permitiria ceder, por esse motivo utilizou-se de seus poderes para girá-lo e pô-lo em seu lugar: encurralado no teto, e por fim, ela retomou a liderança na brincadeira ao sentar-se sobre ele. — Se você não faz, eu faço. — os quadris moveram-se, sedutores, a cintura serpenteou como se a mais nova integrante da Família da Lua Negra dançasse. — Acho que eu ganhei. — constatou ao vê-lo contorcer-se ao ser engolido por ela, acuado pelas paredes apertadas, quentes e lisas.
— Não cante vitória tão cedo! — apalpou-lhe as nádegas, forçando-a descer mais. Sem problemas! Assim que o teve todo dentro de si, Black Lady remexeu-se veloz e violenta sobre o corpo nobre e alvo. Diamante jurava que poderia ver estrelas ao redor, talvez fosse efeito do vinho retornando, mas não importava. Cravou os dedos nas coxas e ajudou-a a mover-se em perfeição. As mãos dela apertaram cada pedaço de carne que encontraram pelo caminho, deixaram marcas avermelhadas, maculando a pele que até então jamais sofrera uma agressão sequer.
E então, subitamente, olharam-se. Em meio a gemidos, espasmos e gotículas de suor os olhos de um perderam-se nos do outro, mas eles não viam. Ah, sabiam! Naquele jogo, naquela brincadeira infame, disfarçavam-se os desejos frustrados de cada um. Ele, via através da perversa Rainha das Trevas a sua Rainha Branca, e Ela, através do Príncipe Branco, via o Mascarado das Rosas.
Rolaram sobre o teto, um tentando dominar o outro. Depois, rolaram pelas paredes, desafiando quaisquer leis físicas que existiam. Quando olhá-la deixou de ser deleitoso para se tornar um fardo, Diamante a virou de costas e prosseguiu o ato dantesco. Black Lady, espremida contra uma parede, perdia-se em risos gritados, insana. Outra vez, o príncipe tapou-lhe a boca, ela mordeu seus dedos em protesto. Foi atirada ao chão de joelhos, ele se pôs sobre ela, ainda por suas costas e persistiu em possuí-la daquela maneira. Ela, animalesca, o jogou longe, sentado, e sentou-se sobre ele.
— Maldita! — praguejou. Black Lady puxou-lhe os cabelos da nuca e fê-lo levantar o rosto, forçou-o a olhá-la. Por dentro, ele a melava toda. Por fora, ambos queriam se engalfinhar.
— Maldito! — correspondeu à praga e depois o beijou com urgência. Para nenhum espanto, Diamante correspondeu.
— Diga que me quer, vamos! — no espaço entre um beijo e outro, finalmente revelou o que queria dela — Diga que me quer! — gritou, quase perdendo os sentidos. Atirou-a sobre o piso e pôs-se por cima, fazendo-se imponente. Uma vez mais, ela o apertou entre as pernas, no entanto, não disse o que ele tanto queria ouvir. — Diga! — apertou-lhe o queixo em mãos, quase estraçalhando-o, e ela permaneceu a desafiá-lo no silêncio, fazia parte de sua índole não ceder para não se dar por vencida.
— Diga você! — enfim, se pronunciou, quando todas as articulações começaram a tremelicar. Quanto mais fundo ele ia no intuito de machucá-la, mais prazer ela sentia. — Diga logo que me quer!
— Mas que abusada! — riu de sua insolência. Aproveitando-se de que ela o apertava entre as pernas, a levantou e encaminhou-se com a amante, sustentando-a pelos quadris, até a pilastra onde o jogo começara a ficar sério. Ali a encostou, e ali terminou de surrupiar-lhe o último suspiro pueril que poderia ter. — Então era isso o que você queria? — ela se desmanchou em gozo quando ele disse: — Você quer que eu a queira, como eu quero que você me queira. — as línguas entrelaçaram-se, as últimas estocadas foram longas, profundas, e vagarosas, então o Príncipe Branco se desmanchou também. Tremeram juntos, como duas crianças indefesas.
Você quer que eu a queira.
E eu quero que me queira.
Mas queremos pessoas diferentes.
Que brincadeira deprimente!
Os corpos deslizaram como se fossem feitos de manteiga. Caíram deitados um de frente para o outro, amparados pelo piso frio. Se em algum momento o vinho o entorpecera, parecia um passado tão distante quanto um sonho. Diante de si, ela estava, estranhamente séria.
Por que não ri?
Agora eu gostaria que você risse...
Encarou-a, silente. Naquele momento os dois, provavelmente, pensaram sobre diversos assuntos e até mesmo filosofaram sobre suas existências e sobre seus atos. Porém, cada pequeno devaneio se resguardou nas profundezas da mente, e eles jamais dividiram o que pensavam e sentiam.
Finalmente, quem gargalhou foi ele, confundindo-a. Era a gargalhada mais entristecida e solitária que ela já ouvira. No entanto, não sentiu pena, não sentiu nada além de correspondência. Eles eram iguais.
— Quem ganhou esse jogo doentio? — cansado de rir, perguntou.
— Acho que deu empate. — deu de ombros e sentou-se. — De qualquer forma, você terá que me arrumar um novo vestido. — exigiu.
— Que seja. — despreocupado, levantou-se e catou cada peça de roupa para começar a se vestir. — Tome isso. — jogou-lhe a capa e ela enrolou-se nela.
— Deu empate. — ela repetiu.
— E? — de costas para ela, abotoava a calça.
— Significa que haverá revanche. — tocou-lhe as costas, massageou-lhe os ombros, arteira como era.
— É mesmo? — claramente satisfeito, virou-se e encarou-a. — Estarei esperando por isso.
Um último riso e ela sumiu de sua frente como se fosse mágica. De certo, o era, a magia tinha o nome de teletransporte.
Cansado, o príncipe se reteve em seus aposentos pelo resto da noite. Não bastava o pequeno porre de horas atrás, ainda teve de passar por uma maratona erótica. Não que reclamasse disso, mas, o que realmente o cansara foram as sensações e os pensamentos relacionados às mulheres que ele jamais teria.
Não terei a mãe,
não terei a filha.
Adormeceu conturbado, talvez não tivesse conseguido dormir se não tivesse tomado uma última taça de vinho. Na manhã seguinte, um zunido persistente nos ouvidos causou-lhe uma tremenda dor de cabeça, era a ressaca inconveniente. Ao sentar-se à cama, o mundo ao redor girava, exceto a figura sentada numa poltrona à frente.
— O que faz aqui? — perguntou assim que a viu, sorridente, adornada misteriosamente pelo novo vestido de veludo.
— Eu quero jogar. — descruzou as pernas, tentando-o.
Um jogo, apenas?
Que seja...
É o suficiente, por enquanto.
Ele também sorriu e, embora adoentado, abriu o botão da farda, expondo-se, ergueu a mão a ela, convidando-a à sua cama.
— Que dessa vez seja mais confortável, pelo menos.
Depois de uma longa gargalhada ela jogou-se sobre ele. A manhã seria longa, cruel e divertida.
De um jeito torto e doentio, nos completamos.
Preenchemos os nossos vazios.
Venha brincar comigo...
FIM.
Notas: Todas as reviews serão super bem vindas! Embora essa não seja uma songfic como a maioria das minhas oneshots, enquanto a escrevia eu escutava "The Fallacy" do Epica. Acho que tem um pouco a ver.
"Não terei a mãe.
Não terei a filha." - mas terá a neta, Diamante! A propósito, o novo capítulo de A Minha Queda Será por Você já está no forno, estou tendo uns probleminhas para concluí-lo, se tudo der certo sai nesse final de semana! Obrigada a quem tem acompanhado, e convido os leitores dessa oneshot (fãs do Diamond/Demando/Demande) a lerem também!
Kissuuuuus!
