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Lírios da Chuva
- Ron, que flor é essa?
Os dois voltavam de um passeio a Hogsmeade. Um guarda-chuva cheio de cores cobria a cabeça de ambos, que chegavam mais perto um do outro para escapar da garoa que caía há dias sobre o castelo. Parados em frente a um canteiro de pequenas flores escondidas por muitos galhos finos, não notaram quando um homem de capa e guarda-chuva preto passou pelos dois, observando também as flores.
Porque ele sabia o nome delas.
Quando o homem chegou no castelo foi acomodar-se em sua sala, estirando-se em uma poltrona. Por ficar nas masmorras, não poderia olhar para fora, mas pelo barulho sabia que a chuva forte não estiaria tão cedo. Ele sorriu. Poucas pessoas sabiam que Severus gostava muito da primavera. Só quem fosse muito seu amigo poderia saber.
E ele só tivera uma amiga de verdade em toda sua vida.
Lily riu quando soube que ele gostava da primavera. Riu deixando suas bochechas se tingirem de rosa, assim como aconteceu com Ron quando Hermione disse que os dois cabiam debaixo do seu guarda-chuva, aproximando-se. Deveria ser uma característica dos ruivos. E o slytherin explicou que na primavera chovia muito, antes de tudo ficar colorido, alegre e outros adjetivos apreciados pelos outros. Lily riu mais, e Snape dormiu feliz naquele dia.
Pensou no que eles foram e no que sobrou daquela época. Sobrara ele, as flores, a chuva da primavera. E eles foram tão unidos, amigos, tão próximos e especiais quanto... Ron e Hermione. Severus poderia imaginá-los na biblioteca, juntos, no calor das muitas velas acesas, procurando em alguns livros o nome das florzinhas amontoadas naquele canteiro de Hogwarts.
Canteiro que ele havia plantado.
As flores rosadas, pequenas, perfumadas, que ele fazia questão de plantar e cuidar desde que pisara na escola como professor. E cuidava tão bem quanto os dois jovens amigos faziam um com o outro, debaixo da garoa, dividindo o guarda-chuva colorido que não cobriria alguém alto como o Weasley de modo algum. Mas algo mais forte que instinto de sobrevivência fazia-os querer dividir aquele pequeno espaço.
Algo que Severus conhecia bem.
O professor subiu as escadas das masmorras para jantar. Ainda ouvia o barulho da chuva e visualizava o dia seguinte, seu canteiro mais vivo do que nunca, suas flores mais perfumadas. Era um jeito de mantê-la ali. Mas, passando pelo saguão de entrada, viu que duas pessoas acabavam de chegar. Estavam molhadas, sorridentes, a pele tão rosada quanto a pele dela fora um dia. Limpavam seus sapatos quando Snape percebeu que a aluna tinha uma das flores em mãos.
- Agora a gente pode descobrir o que é. – Ron comentou, fechando o guarda-chuva colorido. Os dois, então, perceberam a presença do professor.
Severus suspirou.
- São lírios-da-chuva. – respondeu como um bom especialista.
Hermione olhou para o amigo, surpresa. Amigo. Snape poderia falá-los sobre flores, sobre amizade, sobre amor real. Mas, por enquanto, preferia que eles apenas não arrancassem seus lírios do canteiro.
N/A2: Lírio-da-chuva é uma variedade de lírio que, curiosamente, se abre depois que chove.
