Era um domingo ensolarado de agosto. Havia uma grande quantidade de pessoas na igreja. Todas usavam preto. O som da voz do padre abafava o barulho dos soluços. Lily Evans tinha um sorriso debochado em seu rosto.

O batizado do seu pai havia sido naquela igreja. Seu casamento fora celebrado ali. E agora, seu funeral estava sendo realizado nessa mesma igreja. A vida é mesmo irônica.

Lily tinha quinze anos. As pessoas poderiam comentar que ela era nova demais para perder um pai, mas ela já havia passado por isso. Aos seis anos, a mãe dela havia falecido em um acidente de carro. Desde então, ela vivia uma vida isolada de outros parentes com seu pai, até que um infarto o levou também.

Evans se ajeitou no banco da igreja e olhou ao seu redor. Todas aquelas lágrimas derramadas por pessoas que nem conheciam seu pai direito a deixavam nauseada. Sua avó soltou um suspiro de impaciência ao seu lado. A mãe do seu pai seria sua nova guardiã, pelo menos até ela completar dezoito anos. Lily não gostava muito da ideia, mas sendo ela a única parente viva mais próxima, ela não tinha outra escolha.

Thomas Evans havia se casado com Elle Gibbs contra a vontade de sua mãe. Sendo ele de uma família tradicional e ela de uma descendência mais pobre, a mãe de Tom, Elizabeth Evans, era totalmente contra o casamento. Ela esperava que o filho casasse com alguém com o mesmo nível social. Ao prosseguir com o casamento, Thomas se afastou totalmente de sua família, cortando assim os laços com sua mãe.

Essa era a segunda vez que Lily via sua avó paterna. Seu pai sempre comentava sobre a sua frieza, mas ela nunca havia reparado nisso até aquele momento. Elizabeth estava no enterro do seu único filho e mesmo assim o único sentimento que ela expressava era impaciência. Claro que ela não podia comentar sobre isso, afinal ela própria estava no funeral de seu pai e mesmo assim a única que ela estava sentindo naquele momento, era tédio.

-Eu sei que a ideia de morar comigo não a agrada muito. Espero que você saiba que também não fiquei muito feliz quando soube que isso ia acontecer. – Elizabeth sussurrou para ela.

Lily olhou novamente para sua avó e disse:

-Eu não poderia me importar menos com o fato de você vir morar comigo.

-Ótimo. Não fique no meu caminho e eu não ficarei no seu.

Lily voltou a olhar para frente.

Ela só queria sair daquele lugar.


Fileira um, fileira dois, fileira três, somente a fileira quatro era destinada a produtos de beleza. Ela andou por entre as prateleiras e parou na parte onde ficavam as tintas para cabelo. Os seus eram ruivos, iguais aos da sua mãe. Seu pai sempre adorou olhar para eles. Ele costumava dizer que toda vez que olhava para eles, podia sentir sua mãe ali. Porém ela havia saído do funeral do seu pai há trinta minutos, então nada mais importava. Que fossem para o inferno aqueles malditos cabelos ruivos.

Ela pegou uma tinta qualquer, pagou e saiu do supermercado.

Lily dava tragadas em seu cigarro enquanto caminhava. Passou por um quarteirão, dois, três e no quarto ela entrou em uma rua e foi até a casa número seis. Ela já havia apagado seu cigarro. Pegou uma pastilha que carregava no bolso e colocou na boca. Apertou a campainha.

Depois de um tempo,uma senhora de quarenta e poucos anos atendeu a porta.

-Lily!- Ela sorriu e examinou Lily com os olhos.- Eu sinto tanto pelo que aconteceu! Quando Marlene me contou eu quase não acreditei. Não consegui ir ao velório, mas desejo a você meus pêsames! A morte é uma coisa estranha você não acha?

Lily se limitou a dar um falso sorriso.

-Qualquer coisa que você precisar, eu estarei aqui para lhe ajudar. - Ela falou segurando seus ombros.

A mulher sorria falsamente e Lily gostaria de mandar ela lhe soltar. Não gostava desse contato físico.

-Eu assumo daqui, mãe. - Uma garota que acabara de aparecer por de trás da mulher falou.

Ela deveria ter a mesma idade de Lily. Ela era magra, um pouco demais até, e tinha olhos castanhos, assim como seus cabelos desgrenhados que emolduravam seu resto fino.

A mulher sorriu e as deixou a sós.

-Ei, Lily.- A garota falou e olhou para o embrulho nas mãos da amiga. - O que você tem aí?

-Quero que pinte meus cabelos.

Marlene olhou para os cabelos de Lily e ergueu as sobrancelhas. Nunca achou que ela tivesse problemas em relação ao cabelo.

-Vamos para o meu quarto.

As duas subiram as escadas e entraram na quarta porta depois da escada. Um cheiro forte de cigarro subiu assim que elas entraram no quarto. Marlene abriu as janelas e Lily sentou-se na cadeira da banca de "estudos" que agora estava forrada de papeis com desenhos de roupas.

-O que é isso? - Lily perguntou enquanto pegava um dos papéis e olhava o desenho de um vestido com uma estampa xadrez pintado de vermelho.

-Cansei das minhas roupas. - Ela falou enquanto procurava algo em uma de suas gavetas. - Alguma chance de você me dizer a razão de querer pintar seus cabelos? - Marlene tirou uma camisa velha de dentro da gaveta e a jogou para Lily.

Marlene fazia perguntas demais. Falava demais. Sorria demais. Tudo que ela fazia era demais. Lily não tinha paciência para aquilo, então quase sempre a ignorava.

Lily vestiu a camisa por cima da roupa que usava em silêncio. Marlene tirou um alicate de unha da gaveta.

-Acho que dá para o gasto. - Ela resmungou olhando para o alicate.

Ela se virou para Lily e puxou o pacote com a embalagem de tinta de suas mãos.

-Vou aceitar seu silêncio como um "não".

-São realmente bons, você que fez? - Lily perguntou puxando mais desenhos.

-Foi, estou meio que cansada das roupas de lojas, elas são tão normais... - Marlene agora agitava a bisnaga com o conteúdo que havia colocado dentro.

Lily concordou com a cabeça. Marlene olhou do cabelo de ruivo para a embalagem da tinta.

-Não acho que a cor vá pegar muito bem... Você deveria ter comprado algo para descolorir. - Marlene pegou o alicate e cortou a ponta da bisnaga. - Mas tenho quase certeza que você vai ficar bem com essa cor, qualquer cor de cabelo ficaria boa em você. Você tem um ótimo tom de pele.

Lily colocou a cadeira no meio do quarto e Marlene ficou atrás dela. Ela dividiu o cabelo de Lily e colocou as luvas.

-Qualquer cor de roupa fica bem em você também, ao contrário de mim. Se eu colocar uma camisa branca, fico parecendo algo como um fantasma usando pó de arroz.

-Mas você odeia branco. - Lily olhava suas unhas pintadas de vermelho.

-Talvez eu gostasse de branco, se eu ficasse bem usando branco. - Ela passou um pouco do conteúdo da bisnaga em uma mexa do cabelo ruivo. - Mas pelo menos fico bem de preto. Na verdade, também fico bem com muitas outras cores...Talvez minha cor de pele não seja tão ruim assim...

Marlene parou e olhou para as costas de sua mão, cobertas pela luva transparente e depois balançou a cabeça.

-Mas falando em preto, como foi o enterro?-Ela falou espalhando a tinta com o pincel.

-O de sempre. - Lily agora tentava tirar o esmalte da unha do polegar com a unha do indicador. - Quero dizer, você sabe como são enterros...

Não, Marlene não sabia. Ela nunca havia ido a um. Até porque ele nunca conheceu ninguém que tivesse morrido, tirando alguns garotos mortos por acidente de carro ou qualquer outro tipo de morte causada por excesso de bebida e drogas, mas eles não eram próximos dela. Hoje poderia ter sido o primeiro enterro dela, porém Lily a proibiu de ir. Ela no começo relutou, mas depois resolveu aceitar. Lily tinha seu próprio jeito de lidar com as coisas.

Elas ficaram em silêncio por um tempo, até que Marlene falou:

-Sei que você não gosta dessas coisas, mas qualquer coisa que você precisar, saiba que estarei aqui para te apoiar. Você sabe, não sou sua amiga só para festas e para passar o tempo... Eu também posso te apoiar com essas coisas.

Elas novamente ficaram silêncio.

-Você me deixou enjoada. - Lily falou sem tirar os olhos das unhas.

Marlene estalou a língua.

Lily suspirou.

Pseudo-sentimentalista.


Lily abriu a porta de sua casa lentamente. Já eram onze horas da noite e ela não queria acordar Elizabeth, caso ela estivesse dormindo, para evitar um diálogo. Ela fechou a porta sem fazer nenhum barulho e foi andando com passos leves até a cozinha.

Assim que chegou lá, encontrou a luz acesa e pacotes em cima do balcão. Ao entrar totalmente no ambiente, ela encontrou Elizabeth colocando alguns itens dentro do armário.

-Não consigo entender como vocês conseguiam viver com tão poucos mantimentos assim. – Elizabeth falou sem se virar.

Lily abriu a geladeira em silêncio e pegou uma garrafa de leite. Elizabeth terminou de colocar os alimentos no armário e virou para sua neta.

-Eu me instalei no quarto de hóspedes, espero que isso não seja um problema para você.

Lily fez um sinal de descaso.

-Acho que devíamos determinar algumas regras de convivência. – Elizabeth falou com seu porte aristocrático. – Eu não gosto de ser incomodada. Caso eu esteja no meu quarto, não me perturbe a não ser que seja um caso de extrema necessidade.

Percebendo que a neta não expressou nenhuma reação, ela continuou:

-Você ainda é uma adolescente e eu sou sua guardiã, por isso, você deverá respeitar meus horários e restrições. Deve estar em casa às dez horas em dias de aula e às duas nos finais de semana. Visitas apenas até às oito. E quero estar sempre informada para onde você vai, em caso de emergência. Estamos entendidas?

Lily olhou para ela com um olhar controlado. Isso era tudo que ela precisava, uma "estranha" dando ordens à ela.

-Tanto faz. – Ela falou antes de se retirar para o seu quarto.

Ao entrar em seu quarto, assim como no de Marlene, o cheiro de cigarro invadiu suas narinas. Ela tirou os sapatos e se jogou na sua cama. Seus músculos queimavam com o toque do colchão macio. Tinha sido um dia cansativo. Tudo que ela precisava era uma boa noite de sono.

Lily olhava para o teto do quarto, enquanto escutava o barulho que entrava pela janela, até que sentiu seu celular vibrar. Ela puxou o aparelho lentamente do bolso da calça e viu no visor o nome de Derek. Ela atendeu e ele falou com uma voz animada:

-Ei, Lily!Como vão as coisas?

Lily soltou o ar pesadamente, ele estava chapado.

-Tudo igual. O que você quer?

-O que eu quero? Eu não quero nada, Lily, nadinha mesmo. - Ele começou a rir do outro lado da linha. - Meus pais falam isso o tempo todo, mas você sabe que eu não estou ligando para porra nenhuma do que eles falam. - Ele riu novamente.

-Derek, para que merda você me ligou?

-Ah, Lily, eu não faço a mínima ideia! - Ele gargalhava agora.

Lily estalou a língua.

-Derek, se você quiser alguém para encher o saco, ligue para Marlene. Não me faça perder tempo.

-Eu te amo, Lily, você e Marlene são minhas garotas do coração.

Lily desligou o telefone.

Idiota drogado.


O barulho do despertador era irritante.

Lily tateou a mesa de cabeceira e quando sentiu o despertador, o desligou.

Ela abriu os olhos e encarou o teto. Hoje era o primeiro dia de aula depois das férias de verão, tudo que ela menos precisava. Levantou-se cambaleando até o seu armário e pegou uma roupa qualquer, a vestiu após um longo banho e desceu para a cozinha.

Elizabeth estava sentada na mesa da cozinha, segurando uma xícara de café e um livro. Lily encheu uma xícara com o café que estava na garrafa. Elizabeth desviou os olhos do livro e olhou para ela.

-Suas aulas começam hoje.

Ela continuou olhando Lily, que bebia o café olhando a rua pela janela da cozinha.

-Qual meio de transporte você usa geralmente?

-Eu vou andando. – A neta respondeu sem desviar seu olhar da rua.

Elizabeth fez um sinal de concordância e voltou a ler sua revista.

Lily terminou sua xícara de café e a colocou na pia. Pegou sua bolsa que havia deixado no sofá se dirigiu até a porta. Antes de sair falou em um volume mais alto:

-Estou saindo.


Ao chegar em seu colégio, encontrou Marlene e Derek fumando no gramado.

-Ei, garota. - Derek falou com um sorriso. - Você está atrasada.

-A aula já começou? - Lily perguntou enquanto se dirigia aos degraus de entrada.

-Começou uns cinco minutos atrás. - Marlene disse olhando para seu pulso, onde não havia nenhum relógio.

Lily entrou no colégio com os dois atrás.

-Como está sua vida com a "vovó"? - Marlene perguntou enquanto eles iam para a secretaria.

-Depois de duas semanas, já consegui em acostumar com a presença dela. - Lily olhava para frente. – Não é como se eu gostasse dela, mas é suportável. Ela não fala muito, o que já é uma grande vantagem e ela não se intromete nos meus assuntos.

Ao chegar à secretaria, uma mulher de meia idade estava sentada atrás do balcão.

-Olá, belezura.-Derek falou se apoiando no balcão.

A mulher olhou para ele indiferente.

-Vocês estão atrasados, Harrison.

-Perdão, Betty, mas você sabe como são as mulheres, demoram mil anos para se arrumar. – Ele falou com um sorriso charmoso.

A mulher olhou para ele com a sobrancelha arqueada.

-Poupe-me de suas desculpas, Harrison. Aqui estão seus horários e vão para o ginásio agora para orientação. – Ela entrou uma folha para cada um e em seguida os três saíram da secretaria.

Lily andava na direção contrária ao ginásio enquanto Derek e Marlene a olhavam com dúvida.

-Ei, Lily, o caminho não é por aí. - Marlene falou parada na frente da porta da secretaria.

Lily parou e olhou para Marlene e Derek.

-Eu não estou com a mínima vontade de perder meu tempo com isso. - Ela voltou a andar.

Marlene pareceu pensar um pouco, mas depois a seguiu. Derek continuava parado.

-D., você não vem?-Marlene perguntou.

-Ah não, Lene, eu realmente gosto das orientações.- Ele falou sorrindo.

-Como você quiser, te vemos daqui a pouco.

As duas saíram da escola e foram para o pátio, onde se sentaram em baixo de uma árvore.

-Gosto desse lugar. - Marlene falou olhando ao seu redor.

Lily tirou do bolso a carteira de cigarros. Marlene puxou um cigarro do maço e acendeu com o isqueiro que Lily lhe entregou.

Marlene estava distraída olhando para as árvores e Lily observava um grupo de rapazes que vinham em sua direção. Ela só reconhecia o primeiro que vinha na frente, era Amos, o namorado de Marlene. Lily não gostava muito dele. Ele era um menino rico e mimado e ela não tinha a menor paciência com garotos assim.

-Olá, gatinha. – Amos falou dando um beijo estalado no pescoço descoberto de Marlene.

-Amos! – Ela exclamou surpresa. – O que você está fazendo aqui?

Ele sorriu e respondeu:

-Minha aula ainda não começou, vi você de longe aqui sentada e resolvi cumprimentá-la. – Ele olhou para Lily ainda sorrindo. – Olá, Lily, como vai você?

-Vou bem. – Ela respondeu sem expressar emoção.

Os quatro garotos atrás de Amos olhavam as duas de maneira interessada.

-Não vai nos apresentar às suas amigas, Diggory? – O mais alto falou.

Ele possuía cabelos pretos e lisos que caíam nos seus olhos pretos de maneira charmosa. Tinha músculos definidos e usava seu uniforme de maneira desalinhada.

-Essa é Marlene, minha namorada, e sua amiga, Lily. – Amos respondeu com um sorriso maior ainda. – Meninas, esses são Sirius, James, Remus e Peter.

Ele apontou para cada um dos rapazes em ordem, Lily não prestou atenção a nenhum dos nomes.

-Prazer em conhecê-los! – Marlene falou animada.

Um sinal tocou. Era o toque do colégio da frente. Esse colégio, ao contrário do de Lily, Marlene e Derek, era particular. Apenas os jovens de classe alta estudavam lá. Amos, Sirius, James, Peter e Remus era alguns desses jovens.

-Gatinha, essa é a minha deixa. Tenho que ir, mas espero vê-la hoje de novo. – Amos falou antes de dar um beijo em Marlene. – Te ligo mais tarde!

Ela fez um sinal de concordância enquanto o observava ir em direção ao colégio com seus amigos.

-Ele não é ótimo? – Lene falou com um sorriso sonhador.

Lily permaneceu calada.


Uma música clássica tocava baixo na livraria. Esse pequeno detalhe fazia com que o ambiente ficasse mais agradável ainda. Lily gostava de ficar na livraria. Ela comprava livros praticamente toda semana, esse era um hábito que seu pai a havia ensinado desde que ela era criança.

Ela andava pelas estantes procurando um título que a agradasse quando esbarrou em alguém.

-Desculpe-me. – Um rapaz falou enquanto se recuperava.

Ela olhou para ele e o reconheceu de imediato. Era um dos garotos que estavam com Amos hoje de manhã. Ela não sabia seu nome e esperava que ele não a reconhecesse.

-Eu conheço você. – Ele falou com um olhar pensativo. – Você é a amiga da namorada do Amos.

Lily se segurou para não soltar um suspiro. Ela não queria ter que falar com ele.

-Sou James, caso você não se lembre. – Ele estendeu a mão para ela.

Ela olhou para a mãe dele, considerando não aceitar, se virar e sair dali. Mas ao invés disso, ela o cumprimentou.

-O que a traz aqui? – Ele falou bagunçando seus cabelos rebeldes.

-Livros.

Ele soltou uma risada alta.

-Você não gosta de falar, não é mesmo?

Ela ficou calada olhando para ele e pensando o quão babaca ele era.

-Não se preocupe. Eu falo bastante, posso falar por nós dois. – Ele deu um grande sorriso.

-Eu acho que não. Adeus. – Ela falou antes de se virar para sair.

-Ei. – Ele chamou e a segurou pelo braço. – Gostei de você e você é bonita. – Ele segurou a mão dela com a palma da mão para cima e pegou uma caneta no bolso. – Se você estiver com vontade de não falar nada comigo, me liga. Nós podemos sair ou algo do tipo.

Ela rolou os olhos enquanto ele escrevia seu número na palma da mão dela. Assim que ele terminou, ela se virou e saiu da livraria.

Ela estava rodeada de idiotas.