N/A: Thanks to Jane Espenson, por ter escrito a coisa mais linda e fofa que foi Skin Deep. *_*

Disclaimer: Tudo pertence a ABC, ao Adam Horowitz e ao Edward Kitsis, espero que continuem fazendo um bom trabalho.

Aviso: Quando escrevi esse capítulo, a segunda temporada ainda não tinha estreado, então está um tantinho AU, mas não muito, prometo. XD


Ela está morta.

Aquele pensamento iria assombrá-lo por toda sua existência, assim como os pesadelos que o atormentavam noite após noite, impedindo que ele esquecesse o que fizera a ela. Era pura tortura, um tormento que ele impusera a si mesmo há muito, muito tempo.

Enquanto todas as outras pessoas continuavam sem nenhuma memória de suas antigas vidas, ele já havia recobrado todas as suas e para seu desespero, algumas delas haviam se tornado ainda mais vívidas.

Toda magia tem um preço.

Mais do que ninguém, Mr. Gold, outrora conhecido como Rumplestiltskin, o Dark One, tinha perfeita ciência desse fato. E aquela magia, aquela maldição, cobrara um preço alto de todos os envolvidos. Não seria diferente com aquele que a criou.

Secretamente, ele havia dado um jeito de reaver suas memórias assim que fosse necessário, de modo a não se tornar um fantoche de Regina quando a maldição estivesse em vias de ser quebrada. Afinal, naquele novo mundo, conhecimento era poder. Porém, o que ele não sabia, era que de todas as suas memórias, aquelas iriam ficar tão marcadas em sua mente, como se tivessem acontecido há dias, e não há quase trinta anos.

Onde quer que ele fosse, havia algo que o lembrava dela. Desde o céu em dias de sol, que tinha o azul dos olhos dela, até qualquer rosa vermelha que ele por ventura avistasse.

Não havia nada que ele não associasse de alguma forma a ela. E que não o lembrasse que ele a perdera. Ele nunca mais veria sua Belle e só podia culpar a si mesmo por isso.

Então ele recordava. Como um ritual sagrado, todos os dias, após fechar a loja, ele sentava em sua poltrona e deixava sua mente voltar para o Dark Castle, onde por alguns momentos, ele podia vê-la de novo. Mr. Gold podia lembrar cada palavra que ela havia dito naqueles meses de convívio. Algumas o deixavam feliz, outras o entristeciam, mas somente as últimas ficaram cravadas em seu coração.

"Você irá se arrepender de sua decisão. Por todo o sempre. Mas tudo que você vai ter é o seu coração vazio e uma xícara lascada."

Se ele soubesse que aquelas palavras se concretizariam tão depressa, ele nunca a teria deixado ir. Se ele soubesse que ao mandá-la embora do castelo, estaria enviando-a para a morte... Mas ele não sabia.

Mr. Gold olhou para a xícara lascada, tudo o que sobrara para convencê-lo de que ele não a tinha imaginado, para recordá-lo de que ela era real e que não importava o quanto ele se arrependesse, era tarde demais.

Não importava se ele se arrependesse ou se culpasse a si mesmo por todos os dias de sua vida, pois no fim do dia, ela ainda estaria morta. E nada que ele fizesse mudaria isso.


Um homem e uma rosa.

Toda noite, quando ela fechava os olhos, ele estava lá. Quem poderia ser esse homem? E por que ela não conseguia vê-lo, mas a voz dele soava clara feito o dia em sua mente? Trancafiada em uma cela, ela concentrava seus pensamentos naqueles sonhos, agarrando-se a eles de forma a não enlouquecer.

De alguma forma, em seu subconsciente, ela sabia que aqueles sonhos não eram sonhos comuns. Ele não era um homem comum, ela podia apostar sua sanidade nisso. Se é que ela já não a havia perdido...

Desanimada, a garota balançou a cabeça. Isso não importava mais. Ela nunca sairia daquela cela horrenda, por mais que se mostrasse calma quando a enfermeira fosse vê-la ou quando a mulher de olhos maléficos aparecia para observá-la, ou talvez o termo correto fosse assombrá-la.

Sempre que aquela mulher aparecia, sua certeza de que nunca sairia dali aumentava. Ela podia ver o prazer maligno refletido nos olhos da mulher ao vê-la presa naquela cela. Então, ela sentia que nunca teria sua liberdade de volta, que não havia motivo para esperanças.

Exceto por aqueles sonhos. Ela sabia que mesmo em seus piores momentos, aqueles sonhos sempre estariam ali, esperando que ela adormecesse. Os sonhos com o homem estranho e sua rosa a consolavam. Por alguns momentos, de alguma forma, ela conseguia se sentir segura mais uma vez.

_ Um dia, eu vou encontrá-lo. - ela repetia essa promessa sempre que o via em seus sonhos. Apesar de tudo, o que mais a entristecia era não saber nada sobre ele. Não conhecia seu rosto, sequer sabia seu nome. Tudo o que ela tinha era o som da voz dele e algumas frases que lhe pareciam totalmente sem sentido.

E uma dessas frases a machucava sempre que recordava o tom triste e resignado na voz dele:

"Eu espero não te ver nunca mais"

A garota encarou o teto branco da cela, em uma tentativa inútil de afastar a dor. Nunca seria capaz de entender porque aquela frase a torturava daquela maneira.

_ Quem é você, meu estranho homem? E porque será, que mesmo sem saber nada a seu respeito, você parece significar tanto para mim? - ela se perguntava ao anoitecer, na esperança de que ao menos dessa vez, ela fosse capaz de fixar o rosto dele em sua memória. Na esperança de recordar.