Eu ouvi dizer que você, assim, como quem não quer nada, perguntou por mim.

Os braços finos, adornados por algumas pulseiras douradas, agitavam-se acima da cabeça de Sakura. Alguns fios escapavam do coque improvisado e colavam-se ao pescoço suado. Sentiu mais que viu Lee aproximar-se, as mãos quentes circulando-lhe a cintura que balançava ao ritmo da música. Riu baixinho quando o homem achegou-se mais a ela, a respiração devagar fazendo cócegas em seu rosto.

Passou os braços ao redor do pescoço de Lee, levantando os grandes olhos para tentar vê-lo, mas a luz pulsante do clube noturno não ajudou muito. Lee abaixou-se, ocupando-se em beijar a curva entre o pescoço e o ombro da moça, subindo lentamente, e ela tentava mesmo prestar atenção, mas não conseguia. O olhar esverdeado, então, vagou preguiçosamente pelo salão abarrotado de gente que dançava, beijava, esnobava, se divertia.

Um clarão branco iluminou rapidamente o salão, e cada célula do corpo de Sakura ficou tensa ao contemplar uma figura a poucos metros de si. Ela afastou o homem que tanto insistira em tê-la e seguiu numa corrida débil em direção ao banheiro, tropeçando em tudo e todos no caminho. Quando a luz acendeu-se novamente, ela olhou de novo para onde achou ter visto Sasuke. Nem sinal dele.

Devia estar ficando louca.

Furou a fila, transtornada, e entrou no banheiro.

– Licença – Pediu à moça que esperava para usar o espelho, e passou na frente.

– Não tá vendo a fila, cacete? – A mulher ralhou, as unhas vermelhas pousadas no quadril largo.

– Desculpa – Pediu, mas, ainda assim, entrou na frente. Apoiou as duas mãos na pia, analisando seu rosto. Os olhos verdes estavam aturdidos e a pele, apesar da maquiagem, pálida.

Respirou fundo. E de novo. E de novo. E de novo. Abriu a torneira e enfiou as mãos debaixo d'água, a torrente gelada causando um choque térmico na pele quente e suada.

– Ok... – Murmurou baixinho, fechando o registro e passando as mãos molhadas pelo cabelo, soltando-o. Deu a si mesma um sorriso vacilante, tentando convencer-se de que não vira aquele homem. – Ok, Sakura. Fica calma e deixa de ser doida. – O sorriso tornou-se mais confiante e o semblante desanuviou-se.

Então, lembrou-se que deixara o pobre do Lee plantado no meio da pista de dança. Girou nos calcanhares e voltou para a pista de dança, recebendo vários olhares tortos ao passar pela fila de moças que esperavam para usar o banheiro. Mas não encontrou Lee em lugar algum. Ao invés disso, sentiu Ino puxando-a pela mão até um canto silencioso.

– Onde você tava?! – Elevou a voz para se fazer ouvir, a música alta ainda pulsando em seus ouvidos.

– No banheiro – Deu de ombros, tentando parecer calma.

– Sasuke está procurando por você. – Ela disse, sem nenhum rodeio. Sakura sentiu o coração disparar, e pensou que, se continuasse naquele ritmo, teria um infarto antes do fim da noite.

Justo agora é baseada numa música de mesmo nome, da Adriana Calcanhotto. É uma fic pequena e de capítulos curtíssimos, como tenho certeza que vocês perceberam. k

Até logo! ~