O Conto das Três Rosas Negras
Convites em forma de sorrisos e promessas. Desejos inconscientes entranhados em seus sonhos mais puros, que chegam sempre que o sol se põe e seus cabelos rubros se encontram com o travesseiro.
Jovem, inocente, solitária e insegura. Frágil. Uma mente cristalina e sonhadora que abriu todas as portas para mim, para que eu entrasse e tomasse posse sem pedir permissão. Nossas ligações, nossos segredos, suas confissões transformadas em retalhos de uma vida que rasgo com minhas próprias mãos.
E eu quero tocá-la, e desejo quebrá-la, para reconstruir os cacos nos quais me quebrei. Sentir a vida correr de volta em mim, respirar, possuir um coração.
Meu coração.
Mesmo que este não seja capaz de amar.
E você sabe disso. E você permite que eu a tenha. E tudo se resume à nossa união, nossa ligação. Sua alma convidativa derrama-se em confissões e traços de tinta no papel. E conversamos, sorrimos, lamentamos. De um lado a sinceridade, do outro as sementes de um jardim de rosas negras composto por mentiras, fantasias e ilusões.
Tentações.
E você adormece, desejando que seus sonhos sejam bons. E eu os vejo se tornarem meus. Claros, como sua alma transparente. Um espírito puro, alvo do desejo corrompido da minha alma retalhada. E eu me sinto mais forte, mesmo que meus dedos ainda estejam distantes, e eu ainda não possa tocá-la, mas sou capaz de sentir o pulsar de seu frágil coração. Acelerando e acelerando. Tão perto... Tão real...
E você tenta me afastar dos seus pensamentos, porém não tem forças. Sua delicada imperfeição está completamente exposta e nas suas dúvidas plantei sementes de rosas negras. Semeei desespero em seu cálido espírito, segurando seu coração e sua mente entre meus dedos. E eu sinto seu cheiro, mas ainda sou privado do toque e isso me atrai ainda mais.
E em seu coração plantei três sementes sem que você percebesse. E elas lhe acompanharão por toda a vida que ainda lhe resta, e você irá temê-las mesmo que eu não esteja por perto, mesmo que eu não possa tocá-la, pois sua alma agora é feita de pedaços frágeis de um jardim de flores. Minhas flores.
E eu plantei a solidão e você acreditou.
Plantei o medo e você aceitou.
Plantei a tristeza e você desmoronou.
Seu mundo ruiu em delicadas pétalas de emoções que me alimentam, denunciando a fragilidade infantil que você possui. E eu posso quebrá-la e eu posso tocá-la e sua alma é minha. E eu me sinto vivo, pois estou em sua mente, domino seus pensamentos, e me torno você por alguns instantes.
Mas você não desperta dos seus sonhos desenhados no medo. E já não pode se livrar de mim, pois sua alma já germinou as minhas sementes e se tornou quebradiça. Frágil. Útil. Minha.
Inquestionavelmente minha.
E eu já não preciso convencê-la com sorrisos e promessas.
E você não divide suas memórias e segredos.
E as três rosas já floresceram.
E eu, finalmente, deixo de ser uma mera lembrança.
Graças a você, Ginny, eu sou real.
N/A: Essa fic é uma Realidade Alternativa, onde Harry não chegou a tempo de salvar Ginny e Tom se libertou do diário, se tornando real. Fic escrita para o X Mini-Challenge Gin'n'Tonic da Sessão TG do fórum 6 Vassouras.
