Prólogo.

Escrito por: Flower.

Nunca fui um homem de emoções, confesso. Nunca me esforcei para fazer coisas românticas, e nem costumo chorar assistindo filmes dramáticos ou inspirados em fatos reais, e nunca, em momento algum, me deixo emocionar por lágrimas tristes, ou por soluços abafados.

Não me leve a mal. Não ache que eu sou um insensível desprovido de sentimentos, mas é que... Sentir demais realmente nunca foi o meu forte, e acho que é por esse motivo que minha esposa se encontra chorando ao telefone conversando com sua melhor amiga enquanto eu fingo estar dormindo na parte superior da casa.

Sou casado com Sakura Uchiha há cinco anos, e sei que, nesses quatro que passamos juntos, não fui capaz de fazê-la feliz por completo. Acho que, acabei me transformando de príncipe-encantado, para lobo-mau, pois depois do nosso primeiro ano de casados, transforme-me naquilo que tanto ela, quanto eu odiávamos: Um mimado egocêntrico. E... Eu sinceramente, não me orgulho disso, pois sei que, isso acabou machucando-a de uma forma absurda, e ela estando machucada, eu também estava.

No nosso primeiro ano de casados, tudo foi uma perfeita melodia como uma canção de amor clichê que só nós gostávamos e entendíamos. Todos os dias, ou pelo menos três vezes na semana, fazíamos surpresas um para o outro, ela mais romântica, e eu mais centrado, e nesse fluxo, tudo saía bem, e sempre terminávamos nossas noites surpreendentes em nossa cama nos amando, e nos conhecendo ainda mais, e eu amava aquilo. Até que veio a nossa primeira frustração: Não poderíamos ter filhos por causa da minha pouca renda de espermatozoides, e mesmo tentando sempre, nós nunca conseguíamos a nossa meta.

Optamos por mais tarde por adotar uma criança, mas essa opção acabou sendo descartada fora quando eu passei a me dedicar mais a empresa do meu pai para quem sabe assim conseguir jogar toda a minha desavença emocional em coisas que ocupavam toda minha mente, e posso dizer que está, foi a nossa segunda frustração.

Eu não passava mais de seis horas em casa, e quando passava, não conseguia me relacionar bem com Sakura, sempre tínhamos alguma discussão precoce que acabava com lágrimas dela e uísque em minha garganta. E apesar de odiar aquilo e querer correr pros braços dela mostrando toda a minha preocupação, eu nunca conseguia fazer tal ato. Demonstrar também não era o meu forte.

Mas escutar todas as noites ela chorando baixinho ao meu lado na cama por minha insensibilidade era uma tortura, e agora, por esse motivo talvez, ela esteja falando para sua amiga ao telefone, que pretende pedir divorcio em duas semanas, e é por essa decisão súbita dela, que nesse momento estou-me sentindo estraçalhar por dentro.

Eu, melhor do que todos, sei que ela merece coisa melhor, sei que ela merece o conto de fadas que eu estraguei e também sei que, ela não aguenta mais derramar lágrimas por minha causa, mas só de pensar que talvez ela não me ame mais ou que passarei o resto da minha vida sozinho, sem a presença insubstituível de minhaaindaesposa me abala. Posso parecer egoísta, eu sei, mas Sakura tornou-se a pior das drogas, ela se tornou algo vicioso demais, penetrante demais, e imaginar agora que tudo isso está por um fio, dá uma sensação amarga em minha boca.

Eu não sei se conseguiria viver sem ela, ainda mais tendo descoberto mês passado que eu estava com câncer no pulmão e que tinha poucas chances de sobreviver ao maligno. Eu, talvez com medo da reação dela, acabei não lhe contando sobre o crescimento celular descontrolado que crescia nos meus tecidos pulmonares, e tendo em conta o que poderia acontecer, também não aceitei os tratamentos que o hospital me proporcionava, até porque, eu sabia que quimioterapia ou cirurgia nenhuma poderia me salvar. O câncer já estava num estagio um pouco avassalador, e sabendo que morreria em questão de meses ou de dias, preferi aproveitar cada segundo da minha vida quatro anos gastas.

E agora, sabendo que tinha câncer e que minha primeira e única paixão estava pensando em se divorciar, eu teria que agir rápido para reconquistar o amor que eu havia perdido há quatro anos.

E com consequências ou não, iria reconquistar Sakura, pois eu sabia que só ela podia me curar, e não do câncer que comia cada célula do meu corpo, e sim de mim mesmo, que estava angustiado só com a ideia de perder a mulher da minha vida.