Por que Sam tem medo de Palhaços?

Um dente de leite problemático, um passeio no parque temático, um mistério, e Dean vai ganhar uma surpresa e tanto.

Resposta ao desafio Festival Wee!chester Dia das Crianças engatilhado por Rachelismos.

Regras: 1. Postado no dia 12 de outubro (aqui já estou fora, postei dia 11 a primeira parte)

2. ao menos um dos irmãos tem que ter menos de 16 anos.

Tema: Wee!Chesters

Na verdade, como eu não sei se o desafio ficou mesmo valendo, já que ninguém se manifestou... De qualquer modo eu não sei se estarei aqui no Dia das Crianças para postar, portanto aqui vai.

N/A. Esta fic nasceu de duas questões. A primeira, claro, é: Por que Sam tem medo de palhaços? Não que seja muito difícil ter medo de palhaços, a ficção está cheia de pessoas com medo de palhaços e cheia de palhaços aterrorizantes também. Uma teoria do por quê Sam tem medo de palhaços me ocorreu e espero que caiba bem. Vou saber disso através das opiniões de vocês, claro. Espero reviews!

Mas além disso, sempre fiquei me perguntando: Por que, apesar de tudo, Dean ama seu pai? Achei que tinha a ver com fazer valer a pena, ou ao menos, tentar fazer valer a pena os momentos de paz que viveram juntos.

Então esta fic é sobre os dois assuntos.

Deixa uma review aí, vai!

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Domingo, dia 22 de janeiro de 1990

_Parem já vocês dois! _John Winchester dirigia, tentando não rir e manter a ordem enquanto no banco de trás Dean estava tentando abrir a boca de Sam na marra. Sam cruzava os braços sobre a cabeça, aqueles braços compridos, tentando se proteger, enquanto o filho loiro habilidosamente esticava os seus puxando o maxilar do mais novo com força para baixo._Abre Sam! Deixa eu ver!

_Uhn uhn._Sam de lábios apertados resmungava.

_Dean!_John falou mais sério desta vez, e o garoto endireitou-se. Sam escorregou rapidamente para o extremo oposto, estreitando os olhos em claro sinal de desconfiança. E com a boca absolutamente fechada.

_Pai! O Sam tem que tirar o dente logo, ou o outro vai nascer torto. Não é?_Dean procurava apoio na autoridade do pai para sua intervenção na boca do irmão.

_Sam já está cansado de saber disto._ o pai não queria perder a paciência com isto logo agora que tinha tudo planejado para um passeio feliz com os filhos. Nem olhou para trás.

O menino de 6 anos fez um muxoxo de preocupação, e ia abrindo a boca para argumentar, mas como o irmão veio sedento ao menor sinal da abertura de sua boca, Sam recuou novamente.

_Sammy! Já faz dois dias que você fica enrolando. Você tem que confiar em mim. Só vamos amarrar este fio dental no seu dente, e puxar bem rapidinho, não vai doer nada. Eu mesmo tirei os meus e não doeu!_Dean enfatizou sua façanha, e tinha sido mesmo verdade. Fora o primeiro deles, que o pai tinha tirado como mesmo método, Dean rapidamente tomou conta do assunto.

_Você vai tentar puxar o meu dente, eu sei._O pequeno respondeu olhando para a janela, a verdade é que Sam também queria muito que o dente caísse e ele entrasse para o clube dos Winchester maiores, deixando de ser oficialmente um bebê, mas toda esta campanha pro-extração estava tendo o efeito adverso. Dean estava muito elétrico com esta história, o pai sorridente demais. E agora esta viagem, os três... Isto não podia ser bom.

Já fazia muito tempo que John Winchester prometera a si mesmo que tentaria compensar todas as suas falhas; todas as suas ausências. Fazia muito tempo que não tinha um bom sono, somente quando estava exausto demais para pensar, porque saber daquilo que sabia e pensar que não somente seus filhos, mas os filhos de outros, corriam perigo, não era fácil. Dean precisava de um descanso, era só um menino. Um menino que ficava com muita responsabilidade, afinal de contas. Dean precisava de um prêmio, e seu pai queria que o menino soubesse que, apesar das ordens, apesar das broncas, ele o amava.

Não era muito fácil separar tempo para mimar os filhos quando sem aviso prévio surgia alguém em perigo precisando de ajuda. Mas depois de mais um péssimo natal, John tinha pensado que agarraria a primeira oportunidade que tivesse de passar um tempo feliz com seus filhotes.

A oportunidade estava aguardando na caixa postal desde antes das festas de natal, em forma de um convite para os Winchester aceitarem a hospitalidade de um velho amigo, na Flórida. Jules SaintClaire era o eletricista-chefe de um parque temático na Florida, e enviava convites-cortesia para os meninos. Sim, poderiam ficar hospedados na casa dele, dentro do parque mesmo, isto economizaria bastante e enfim, Jules somente estava retribuindo a gentileza de John ter ajudado a família dele com um problema de voodoo.

_Dean, senta aqui na frente e me mostra se ainda se lembra como trocar as marchas._John chamou, antes que o mais velho conseguisse fazer o pequeno engolir o dente de leite.

Dean pulou imediatamente para o banco da frente, animado. Sam de início pareceu aliviado, mas depois começou a balançar o dente para frente e para trás, amolecendo o mesmo e ostensivamente atiçando o mais velho. John sabia que Sam não agüentava ver o irmão distraído de si nem um instante. Balançou a cabeça, conformado e intrigado como os dois podiam ser tão maravilhosos e difíceis ao mesmo tempo.

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Agora os meninos estavam embasbacados diante dos portões do parque, e John se deliciava ao ver suas bocas abertas e seus olhos brilhantes.

_E então, Dean? É um presente de aniversário bom o suficiente para você?

Dean abriu um enorme sorriso afirmativo, estar ali com o pai e Sam era tão super fantástico que ele só ficava falando: _Oh Sim oh Sim!Oh Pai, isto é tão... Legal! Enquanto pensava em como iam se divertir os três e como o pai estava tentando compensá-los por mais um fim de ano péssimo em lugares desconhecidos e solitários. Dean sentia falta de ter amigos de sua idade, já que nunca tinha tempo de fazê-los, e os Winchester estavam muito afastados dos parentes que desaprovavam o modo de John criá-los. Mas ele era uma criança de 10 anos com alguns sonhos em comum com outras crianças de sua idade. O pai prometera que seu aniversário seria grandioso, com um bolo e com uma grande surpresa. E prometeu que estaria lá. E Dean mal acreditava que as promessas de seu pai estavam se tornando realidade, diante de seus olhos.

Logo estavam na cozinha da casa dos SaintClaire, um casal negro com dois filhos: Leona de 11 anos, e William de 2 anos. Tomavam leite com biscoitos e Sam pensava como é que Leona era engraçada com aqueles olhos verde-amarelados e aquele cabelo que parecia uma juba cor de caramelo. Olhando para eles com um sorriso de dona do território. Os homens conversavam animadamente em pé, perto das crianças. Já a Sra. Mae, a mãe dela, ficava alisando continuamente os cabelos compridos dele, e isto já estava dando sono. E Sam não queria absolutamente dormir, estavam no parque e ele queria aproveitar tudo! A menina enfiou-se entre ele e seu irmão mais velho, mostrando um colorido mapa do parque para Dean. Sam esticou o pescoço para também ver:

_Veja, estamos aqui. Vocês não podem deixar de ir no Super Splash, mas tem que ser pela manhã senão fica muito frio nesta época do ano. Também tem a Swirl Mountain e A Fábrica Dos Robôs...

Dean apontou para um lado do mapa que estava cercado com uma linha amarela:_E a Montanha Encantada? Aposto como o Sammy ia gostar disso.

_Ah sim... Era legal. Mas está interditada.

Sam gostou da palavra interditada._O que é "interditada"?

-É quando eles fecham um lugar e você não pode ir até lá até eles..., desinterditarem._ ela explicou, e Sam achou que não tinha entendido bem. De qualquer modo, isto chamou a atenção dos adultos e o Sr. Jules pediu licença para Dean e pegou o mapa emprestado para mostrar a John.

Dean prestou atenção na conversa dos adultos, apesar deles estarem falando mais baixo do que antes:

_...sete crianças desapareceram perto deste brinquedo, John. Nunca mais foram vistas nem seus corpos encontrados. A direção do parque não acha que seja algo com o brinquedo, mas para evitar que haja alguma associação, o interditou por tempo indeterminado. Mas logo vão reabri-lo, depois de uma reforma para a alta temporada...

Dean não acreditava no que ouvia. Achava que seu pai tinha vindo até o parque por causa dele, mas na verdade havia um caso ali. Travou o maxilar de raiva e decepção. Mais uma vez. Sam que não tinha ouvido nada, mas que era sempre sensível aos humores do irmão mais velho, tocou a sua mão. Inventou até mesmo que queria ir ao banheiro e estava com vergonha de pedir para a Sra. Mae levá-lo até lá. Mesmo sendo zombado por Leona por causa disso. Dean não estava se divertindo e então ele também não conseguia se divertir.

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Entretanto, menos de uma hora depois, estavam gritando como loucos numa das montanhas russas menores, e John os incentivando a erguerem as mãos para os céus e a uivarem sempre que os trilhos se inclinavam perigosamente. A adrenalina dos pequenos era tamanha que eles literalmente tremiam de excitação. _Iuhuuuuu!!!! E ainda tinham todos os brinquedos que Sam e Dean poderiam brincar juntos, e alguns que Sam não poderia ir por ser pequeno, mas ele e Dean poderiam, e John prometia a si mesmo não cair na tentação de abandonar os filhos para investigar o mistério do Brinquedo do Parque. Era olhar os sorrisos abertos e olhos cintilantes dos dois e pensar que isto seria fácil.

E evitar pensar que sete crianças estavam desaparecidas sem pistas e outras tantas poderiam desaparecer também...