Disclaimer: Saint Seya pertence à Masami Kurumada e às editoras licenciadas. Porém, não vejo mal algum em pegar seus personagens emprestados e me divertir com cada um deles um pouquinho...
Se você está aqui, neste parágrafo, é porque leu o meu profile e também o resumo da fic. Então, tem uma idéia do que se trata "Treasons, Tragedies and Sins"... Mas, se mesmo assim tem alguma dúvida, eu o convido a ler o primeiro capítulo. O que vai achar, se vai gostar ou não, se vai sentir repulsa ou seja lá o que for, é por sua conta e risco.
No mais, para quem embarcar no que escrevo e não se importar com o que estiver escrito e descrito, boa leitura.
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Capítulo I – Fragmentos
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- I -
No silêncio da noite, o único som que podia ser ouvido era o de seus dentes batendo, mas não de frio. Estava com medo. Muito medo. Os fracos joelhos no chão frio, a cabeça abaixada diante do inevitável.
Era o fim. De tudo.
Na entrada do beco, uma viatura preta estava estacionada, com os faróis desligados. Encostado no capô, um rapaz de cabelos negros despenteados e barba por fazer consultava um relógio, lançando olhares para o outro homem, ajoelhado no asfalto mais adiante. E, entre eles, havia uma terceira pessoa.
Cabelos castanhos escuros, pouco abaixo dos ombros. Um olhar frio e cortante que fitava a arma que tinha em mãos. Um sorriso cínico estampado em sua face branca, quase pálida. O corpo esguio estava todo tenso, concentrado no homem à sua frente.
-Acabe logo com isso, não temos a noite toda... – falou o rapaz encostado no carro, acendendo um cigarro despreocupadamente.
O homem de joelhos, tremendo, arriscou um olhar para a pessoa de pé à sua frente. E encontrou um par de olhos castanhos e grandes a encará-lo e o sorriso quase diabólico contemplando seus últimos momentos.
-Você deveria saber que não conseguiria escapar de nós, Hector... – falou, a voz melodiosa e em um arrepiante tom grave.
Foi a última coisa que ouviu, antes do tiro. Bem no meio da testa, a arma a milímetros de distância de sua face. A proximidade e a violência do tiro fez com que seu sangue, pele e massa encefálica se espalhassem pelo asfalto e roupas de seu carrasco.
-Merda! Olha o que aquele desgraçado fez com a minha roupa! – ela praguejou, guardando a arma no coldre e voltando ao carro. O outro rapaz apenas riu, enquanto jogava a bituca do cigarro na calçada.
-Você nunca aprende, não é? Precisa ser tão perto quando vai fazer seu serviço?
-Claro... – o sorriso diabólico se alargou – Eu gosto de ver a cara de desespero desses trouxas quando percebem que o tiro é inevitável...
Entraram na viatura e a jovem sentou-se no banco do passageiro, os pés sobre o painel do carro. Ligou o rádio e jogou a cabeça para trás, acompanhando a letra da canção com sua voz. Sorrindo, o rapaz deu a partida e saiu pela rua principal, cantando pneus.
- II –
Entrou pelo quarto nas pontas dos pés, as sandálias bem seguras em suas mãos. Percorreu toda extensão do cômodo com os olhos castanhos e rasgados e suspirou aliviada: ele não estava. Quer dizer, pensou que ele não estava.
-Qual será a desculpa da vez, sua vadia?
Assustou-se com a voz grave que vinha da sala anexa, toda escura. Pouco depois, a luz de um abajur foi acesa e ela pôde vislumbrar, trêmula, a figura masculina sentada em uma poltrona verde.
-Venha aqui.
Deixou as sandálias na porta e se aproximou, com passos hesitantes. Os olhos azuis dele brilhavam de raiva, ela sabia muito bem o que estava por vir. Tentou abrir a boca para dizer algo, mas foi impedida por um violento tapa que quase a derrubou no chão. Os cabelos vermelhos, que estavam presos em um coque, soltaram-se sobre seu rosto marcado.
Baixou a cabeça, ele não a deixaria explicar o que tinha acontecido. Não enquanto não colocasse toda sua raiva para fora.
-Eu devia te matar, sabia? – ele questionou, empurrando-a contra uma mesa onde se encontrava uma faca – Ms não vou fazer isso com a melhor mercadoria que tenho... Porém, não vai escapar de uma lição muito bem dada...
Com um puxão, ele a virou de costas para si, obrigando-a a se apoiar na mesa. Furioso, ele levantou a saia que ela usava até a cintura, baixou a calcinha dela e pegou a faca.
Não gritou, mesmo quando sentiu a pressão da lâmina fria em sua pele e a dor latente pela humilhação sofrida.
- III –
As mesas estavam cheias, homens apostavam alto nos jogos de cartas e belas mulheres serviam bebidas e outros serviços à vontade. No palco parcialmente iluminado, o pianista terminava de afinar o instrumento para o show de logo mais.
Sentando no mezanino, um homem observava cada movimento do salão, muito atento. Seus olhos azuis profundos estalavam de orgulho pelos negócios bem sucedidos. E também pela ansiedade para assistir ao show que iria começar. Penteou com as mãos os longos cabelos azuis e ajeitou a camisa, precisava estar bem arrumado.
-Senhor, a sua bebida.
Agradeceu ao garçom e tomou um gole de seu uísque. Estava entretido, brincando com as pedras de gelo no fundo do copo, quando as luzes do salão se apagaram e as do palco se acenderam. E ele a viu surgir por entre as cortinas de veludo.
Os longos cabelos castanhos e lisos estavam soltos por suas costas, brilhando. Os olhos castanhos fixavam-se no mezanino, procurando por ele. Caminhando com suavidade, deixava entrever pela fenda de seu vestido vermelho as pernas bem torneadas e o decote revelava a curva dos seios perfeitos.
Sorrindo, jogou um beijo ao homem que a admirava do mezanino e tomou posse do microfone, indicando com um gesto que o pianista começasse a tocar.
A voz suave invadiu o ambiente e os sentidos daquele que a observava.
- IV –
Estava impaciente, há quantas horas estava ali, naquela mesa de bar? A gravata apertava cada vez mais em seu pescoço, os cabelos azuis grudavam em suas costas de tanto que suava naquele inferno. Fixou os olhos também azuis na porta de entrada, onde diabos ela havia se metido?
Então ela entrou pelo salão, tirando a blusa preta e o capacete, ajeitando com as mãos o cabelo curtinho. Procurou por alguém com o olhar, até encontrar o homem de terno sentado em um das mesas dos fundos.
-Por que demorou tanto? – ele perguntou, visivelmente nervoso. Ela simplesmente deu de ombros e fechou a cara, não estava muito para conversas.
-Fale logo o que quer que estou com pressa!
Ele resmungou, tirando do bolso interno do paletó algumas fotografias e um pequeno envelope.
-É este o cara e aqui está o dinheiro que me pediu.
-Certo... – ela conferiu o montante – Como vai ser desta vez?
-Sofrida, lenta e dolorosa... Se precisar de mais tempo e dinheiro para isso, sabe onde me encontrar.
Ela assentiu e deixou o bar rapidamente. Não sem antes lançar um olhar de desdém para o homem sentado à mesa. Ele, por sua vez, resolveu relaxar e arrancou a gravata, pedindo uma vodca ao garçom.
- V –
Calmamente, procurava por suas roupas espalhadas pelo quarto, enquanto prendia os cabelos loiros em um rabo de cavalo. Achou a saia jogada em um canto, a blusa em outro e nada do sutiã. Levantando a cabeça, seus olhos castanhos esverdeados encararam o homem ainda deitado na cama, sorrindo para si.
Com um gesto, ele a chamou de volta. Ela obedeceu e se sentou ao lado dele, pousando sua mão sobre os cabelos azuis claríssimos, entrelaçando os dedos nas mechas macias.
-Então, vai dar atenção especial ao meu caso? – ela perguntou suavemente, beijando novamente o acompanhante.
Ele a fitou por alguns instantes, os olhos azuis brilhando de satisfação e desejo.
-Você sabe que sim...
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Um capítulo curto, apenas a título de introdução e para apresentar os personagens principais. Não vou perguntar o que acharam, mas também não vou repudiar a opinião de quem ler e deixar reviews, e estejam certos de que responderei a todos.
Um outro aviso: esta fic tem personagens baseados em pessoas reais, mas para preservar a integridade física e identidade de cada uma delas, mudarei seus nomes e alguns aspectos de suas personalidades.
Agradeço a todos que se dispuseram a ler este capítulo e até breve para aqueles que se aventurarão no próximo...
