CAPÍTULO UM

ERA uma casa nos subúrbios de Londres, mas não deixava de ser muito bem cuidada. Paremos de admirar o bonito jardim e olhemos para o interior dessa linda casa onde a paz reina absoluta...

'- MÃÃÃÃÃÃE!- a rua toda ouviu duas vozes femininas gritando.

... Bem, talvez não tão absoluta.

'- Que foi agora?- uma mulher loira apareceu na porta da sala, claramente se segurando para não gritar.

'- Ela andou mexendo nas minhas coisas!- uma adolescente apontou para a irmã, no limite de sua paciência.

'- Petúnia! Faça-me o favor, você já é uma adulta e continua mexendo nas coisas da Lily como fazia quando tinha cinco anos!- a moça ruiva sorriu vitoriosa, mas seu sorriso se desfez com o próximo comentário da mãe.- E você, Lílian, já não está bem grandinha para resolver as coisas sem ter que me chamar?

'- Mas, mãe, só você consegue pôr moral nessa garota, eu tento falar com ela e ela fica me remedando!- ela se defendeu exasperada. (N/A: vocês sabem o que é remedar? Se não souberem: é quando você fala, por exemplo: "Sai daqui" ai alguém faz uma voz fininha e repete o que você falou).

'- JÀ CHEGA!- a mais velha das três gritou quando as filhas começaram a falar juntas.- As duas pro quarto agora!

'- O que?- as duas perguntaram como se a mãe tivesse falado em outro idioma.

'- Isso mesmo que vocês ouviram!

'- Mãe...- a loira começou, cautelosa.- nós não somos grandes demais pra isso?

'- Concordo absolutamente com você, Petúnia, mas quando vocês tomam atitudes infantis, recebem castigo de criança.- ela disse um pouco menos brava.

'- Peraí, não sou eu quem fica mexendo nas coisas dos outros sem permissão!- a ruiva se defendeu.

'- E não sou eu que começo a gritar pela minha mãe quando não tenho argumentos suficientes para...- a irmã lhe respondeu, mas foi cortada pela mãe.

'- Pro quarto, JÁ!- ela apontou o corredor.- E vão logo antes que eu ponha as duas de cara para a parede!

Sem remédio, cada uma foi para seu quarto.

Lílian Evans bateu a porta com força atrás de si, revoltada. A idiota da irmã ficava fuxicando as suas cartas e ela ficava de castigo. Trancada no quarto, que nem uma pirralha. Isso não acontecia desde que ela tinha uns oito anos. Que decadência.

Foi até a gaveta onde guardava a correspondência, só pra garantir que não estava faltando nada. Ficou espantada quando viu que era o contrário: tinha algo a mais ali.

"Como isso veio parar aqui dentro?", pensou consigo.

Analisou o envelope azul claro, e soube de imediato o conteúdo da carta. Ou melhor, soube quem era o remetente, e daí deduziu o conteúdo.

Tiago Potter havia mandado aquele envelope, assim como os outros quatro que estavam devidamente guardados no fundo da gaveta.

Lily ficou um minuto refletindo se deveria ler o que ele escrevera, algo que não fizera com as demais. "Que mal pode haver?". Vencida pela curiosidade, rasgou o envelope, deparando-se com um papel de carta da mesma cor.

"Oi Lily!

Vejo que continua me esnobando, tendo em consideração a não-resposta às minhas últimas quatro cartas. Bom, sua indiferença nunca foi um obstáculo para mim, não é agora que será.

Pela quinta vez: como você está? Não estou perguntando só por educação. Eu gostaria mesmo de saber. Não que eu ache que você se importe (longe de mim ter tal pretensão), mas por aqui está tudo bem. Meus pais andaram brigando (eu já disse isso nas outras, mas como você não deve ter lido...), mas acho que já se entenderam. Pelo menos é o que parece.

Sirius te manda lembranças. Ele passa as férias aqui em casa, como você deve saber. Mas está querendo fazer uma viagem sozinho. Esse ano não foi fácil pro meu amigo, vai ser bom pra ele colocar a cabeça no lugar e pensar um pouco nas coisas.

E eu vou ficar sozinho aqui. Com meus pais, cujos gritos, aliás, estão chegando aqui. De novo. Vou ver se passo lá pela sala só pra eles me verem e pararem de discutir mesmo.

Eu sei que isso vai soar bem idiota, mas é o que eu estou pensando e lá vai: estou com saudades de te ver sorrir todas as manhãs. Não que eu ache que você sorri pra mim (longe de mim tal presunção).

Bom resto de férias. Espero que você tenha lido, desta vez.

Beijos totalmente inocentes e sem segundas intenções,

TP."

Coitado, está com problemas na família. Ela sabia bem o que era isso, também tinha um problema familiar, e este estava de castigo no quarto ao lado.

Puf, escrevendo-lhe com uma fagulha de esperança de que ela fosse ler. Dava quase pra ter pena. Quase.

Lílian era uma pessoa com o mínimo de maldade possível que alguém pode ter. Mas toda essa pequena parcela de sua personalidade era voltada para o autor da carta que tinha em mãos. Percebendo que ainda a segurava, amassou-a e guardou no fundo da gaveta, junto com as outras.

Então, decidiu que não precisava ocupar espaço do seu cérebro com besteiras – leia-se Tiago Potter – e começou a ler um livro qualquer. Pegou no sono rapidamente, e depois do que lhe pareceu cinco minutos, mas na verdade foram horas, acordou com batidas na porta.

'- Jantar!- a voz da mãe transpassou a porta de madeira.

A jovem levantou se ajeitando. Passou no banheiro e lavou as mãos, para depois se dirigir à sala. A família tinha o tradicional hábito de fazer as refeições unida. Avistou o pai, recém-chegado do trabalho, ainda de terno. Abraçou-lhe e recebeu dele um beijo, sentando ao seu lado.

A mãe pôs a mesa.

'- Lily, Petúnia, Violeta...- o homem de cabelos laranjas, já um pouco embranquecidos, sorriu para as três mulheres de sua vida.- Tenho uma ótima noticia.

'- Conta logo, London!- a mulher pediu, curiosa.

'- Depois de cindo anos insistindo, meu patrão me deu férias!- ele disse sorrindo largamente.

As reações foram diferentes. Violeta Evans beijou o marido. Lily soltou uma exclamação de alegria. As últimas férias do pai, quando ela tinha doze anos, foi repleta de PPF, Programas de Pai e Filha. Petúnia só fez uma careta e engasgou com a comida. Para ela, ter o pai em casa por dois meses significava ser deixada de lado. Ser deixada de lado pelo pai por causa de seu trabalho era aceitável, mas quando ele estava de férias era demais para ela. Mas dessa vez seria menos pior, já que agora ela tinha seu namorado para lhe fazer companhia.

'- E não pára por aí!- ele continuou, ainda abraçado à esposa, olhando para ela.- Meu amor, como esse ano é nossa Boda de Porcelana, eu andei economizando e temos uma viagem marcada para daqui a uma semana!

Lily e a mãe sorriram ainda mais.

'- E onde você espera que eu gaste minhas férias?- "Ela tinha que abrir a boca", a ruiva pensou. "Ela simplesmente tinha que fazer algum comentário desagradável".

'- É surpresa.- ele respondeu sem se alterar.- Só digo que é lugar de praia, e no outro hemisfério.

'- Você só pode estar brincando! Eu não vou!

A Sra. Evans, a essa hora, estaria gritando. Mas o protesto era dirigido ao seu marido, então ela se calou. O homem tinha uma maneira diferente de lidar com as filhas.

'- Ótimo.- ele respondeu calmo, entre uma garfada e outra.- Então vai dormir na rua, porque em casa você não fica.

'- Eu vou pra casa do Valter!- ela falou, como se fosse muito melhor do que a melhor das viagens.

'- Eu sei que os pais dele não apóiam namoradas dormindo na casa deles. É ir com a gente ou dormir na rua, você escolhe.

Ela não respondeu, só bufou e saiu da cozinha. Ouvimos o barulho da porta batendo.

'- Quanto tempo vamos ficar lá, pai?- Lily perguntou, como se a conversa não tivesse sido interrompida.

'- Quanto quisermos. Digamos que não é um lugar muito procurado nessa época do ano.

'- Mas lá é litoral, e nós estamos no verão...- ela juntou dois com dois.

'- Bom, Lily, lá é inverno, e é como se fosse um... Lugar Secreto. Desses que ninguém vai, mas são muito, muito bons.

Lílian ficou preocupada naquele momento. Sabia reconhecer evasividade, e o pai estava sendo evasivo com ela.

No momento, percebeu o que precisava. Queria apenas se divertir, passar um tempo com amigos, longe de pensamentos sobre a irmã, as cartas do Potter e viagens para lugares desabitados.

Mas, infelizmente, suas amigas do colégio estavam longe demais. As garotas da vizinhança se deixaram levar pela opinião de Petúnia, e agora mal falavam com ela. Decidiu que ia ligar para os meninos da rua, aqueles com quem, apesar da baixa estatura, passava as tardes jogando vôlei ou basquete, às vezes até arriscava um futebol. Ela, desde pequena, sempre se deu melhor com os meninos do que com as meninas. Provavelmente porque não havia fofocas e futilidades entre eles.

Ela saiu da sala depois do jantar, ligou para o vizinho.

Meia hora no telefone, muitas risadas, um banho e uma escolha rápida de roupa depois, Lily descia a rua com três amigos de infância rumo a um Pub local.


E aí? O que acharam?

No próximo capitulo vamos ver o que esta se passando na casa do Tiago!

Bem, acho que é só. Não sei quantos capítulos vai ter, mas eles vão ser maiores. Só esse e o próximo vão ser assim desse tamanho. Vou tentar atualizar aos sábados, mas como tenho provas, cursos, ensaios, apresentações, vida social, familiar e etc, não e matem se eu não conseguir!

E pra quem deixou review na minha última fic ("Se não eu, então quem?", que a propósito é uma ótima fic) até o presente momento:

Bia Lupin: acho que já deu pra perceber minha fixação por novelas mexicanas. Não se preocupe, nosso casal não vai pro México nessa fic! Brigadão pela review!

Flavinha Greeneye: sabia que eu adoro suas reviews? São muito encorajadoras, sério. Infelizmente não há previsões de viajarmos. Vamos encenar pra alguns grupos fechados, tipo outras escolas e umas noites teatrais que as escolas de teatro fazem as vezes. Quem sabe se algum olheiro assistir e gostar muito a gente não ganhe uma turnê? (uma pessoa tem que ter seus sonhos...). brigada pela review, espero que goste desse projeto!

Jehssik: obrigada meeesmo! Espero que você goste dessa aqui, porque eu particularmente estou amando escrevê-la. Beijos!

JhU Radcliffe: tapão? Eu dava uma vassourada! Hahahaha. Homens têm um jeito muito peculiar de expor suas idéias, não? Beijos!

Lilys Riddle: é, demorou mas abalou! Hahhahha. Obrigado pelo elogio e pelo desejo de sorte! Beijos!

Amo muito vocêêêês!