Miséria
Quando você ama alguém por muito tempo e esse amor não é correspondido, você começa a quebrar. É como se não fosse digna do amor de ninguém, como se não conseguisse despertar o amor das pessoas. Como conseguiria se o dele você não conseguiu?
Isso fere; isso magoa; e cansa. Você cansa de esperar que ele te note, de alimentar esperanças com gestos bobos, com sorrisos, com olhares, que nunca são para você. Ou pelo menos não da maneira que você queria fossem. Sempre vai ter alguém mais importante que você, mais inteligente, que chame mais atenção, e ele sempre vai te deixar em segundo plano.
E o cara que você achava perfeito, o mais querido, o mais leal, o mais amigo, o mais honroso dos homens, te decepciona, te machuca. É o que te quebra por inteiro, te deixa em pedaços. Você não é a mesma pessoa que você foi, você não nem um décimo daquela pessoa.
E o que é mais estranho ainda é que um rapaz que nunca te chamou a atenção, que nunca fez seu coração bater mais forte, te ajude a se juntar. Ele sempre esteve lá, mas você nunca o notou. Não como devia. Antes era só ódio, ódio porque suas famílias se odiavam, ódio pelo que o pai dele te fez passar. Mas você não tem mais forças para sentir algo por ninguém, muito menos ódio. Ele é sarcástico, arrogante e mimado. Tudo o que você abomina, as características contrárias do alguém que você ama. Mas quem sabe não é disso que você precisa?
Com esse pensamento, você começa a prestar atenção. A observar os cabelos loiros, o nariz pontudo, a pele branca e os olhos mais cinzas que já viu na sua vida. Ele está definhando também, as olheiras profundas, a palidez excessiva, o olhar sem brilho algum. Quando você está quebrado, é bom ver alguém que está no mesmo estado. É reconfortante saber que não sofre sozinha.
De alguma forma você sabe que o que ele está passando é pior do que um coração partido, é pior do que apenas uma decepção amorosa. O desespero que ele tenta esconder não é algo que apenas um coração partido dá. Quer ajudá-lo, quer abraçá-lo e o ninar, como uma mãe consola seu filho depois de um pesadelo. Quer dizer: "tudo vai ficar bem no final".
Mas não tem coragem para isso, apesar de ser da casa dos corajosos, você não consegue. Não consegue ultrapassar todos os preconceitos, todas as rixas, as brigas, o ódio. E de longe torce para que ele perceba que tem alguém que se importa, que quer dar as forças para que ele passe por tudo isso. Forças que você não tem, mas que se ele achar, talvez lhe mostre o caminho.
E um dia, quando seus olhares se cruzam num corredor vazio, um sorriso surge em seus lábios. Um sorriso que mostra esperança, esperança que tudo aquilo vai acabar, que o peso que ele carrega nas costas vai acabar. Ele te olha por mais de um segundo, em choque, e você continua torcendo para que ele perceba. Perceba o que você mesma não consegue.
E o que é mais irônico é que ele mesmo ao longe, mesmo não sabendo, ele te ajudou a se recuperar. Agora você está mais forte do que nunca, com as juntas soldadas em vez de apenas coladas. E quando saírem da escola, quando a guerra acabar, você apenas quer superar as barreiras entre vocês dois, e dizer "obrigada".
Porque, como Tom te disse no primeiro ano, a miséria nunca gosta de ficar sozinha, ela gosta de companhia. E foi a miséria dele que te ajudou a superar. Você só espera que a sua também o tenha ajudado.
N/A: Então, aqui estou eu novamente. Sei que deveria estar postando a tradução de Marry Me, mas eu estou sem tempo. Esse foi só um surto, numa aula de Programação que eu tive. To postando rapidinho. Espero que vocês gostem.
Só para situar: a fic ocorre no sexto ano do Draco, quinto da Ginny. O cara que ela fala primeiro é o Harry, diferentemente do livro, eles não ficaram juntos.
Acho que é isso.
Reviews, please? ;P
