Carta do diretor

Anos após a batalha final, com a maioria dos seus filhos já estudando em Hogwarts, ainda recebendo cartas de pessoas admiradas com tudo que ele fez e por tudo o que passou, sentindo saudades de ver todos os seus filhos sentados na mesa na hora do café, querendo poder vê-los e abraçá-los a todo momento, e pensando seriamente em aparecer na lareira como Sirius fazia só para poder ver os olhos de seus filhos, e pensando que o ano letivo ainda mal havia começado, a única coisa que diminuía toda a saudade era ver Gina ao seu lado todo dia, poder passar horas ao lado da Lily Luna e ler as cartas de quem ainda admirava seu feito. Harry Potter, o garoto que sobreviveu, já recebia cartas reclamando do que o Alvo e o Tiago faziam em Hogwarts.

Num dia desses, de nostalgia, saudades, brincadeiras com a Lily, horas com a Gina, chegou uma coruja, ela invadiu a cozinha, parou no meio da mesa e largou uma carta bege com um selo vermelho sangue lacrando o envelope fechado, era uma coruja de Hogwarts.

- Por Merlin! Qual dos meninos quebrou uma estátua dessa vez? Ou será que o Alvo jogou outra bomba de bosta no professor de feitiços? O que eles devem ter feito? – disse Gina já preocupada.

- Como vou saber? Ultimamente eles tem variado não têm? – disse Harry rindo.
Abrindo o envelope reconhecer a letra na hora, era a letra de Neville, o menino que era "torturado" por diabretes, mas no final, destruiu a última Horcrux, e ainda permaneceu acreditando no final feliz mesmo com o Harry "morto" a sua frente, é, esse menino virou o diretor de Hogwarts. Se perguntando o que tinha acontecido para Neville escrever para ele, ou se aquilo seria apenas uma carta dizendo "Saudades amigo".

Olá Harry.

Quanto tempo não nos vemos? Acho que faz mais de 10 anos, saudades de você, a da Gina também é claro. Como está Lily Luna? Espero que bem. Bom, eu não pergunto dos garotos porque eu vejo eles mais do que você, se é que me entende. Eles tem me visitado bastante, sabe, o jeito deles de se meter em encrenca me lembra muito do seu e do Rony e é claro, o da Mione, só falta Lily aqui para fazer o papel feminino, e pronto teremos um trio como o de vocês de novo em Hogwarts, prontos para salvar a pedra filosofal e derrotar o maior bruxo das trevas.

Finalmente falando o que eu queria, outro dia, mexendo no meu escritório de diretor – adoro poder dizer que sou diretor daqui – achei um papel escondidos em baixo de alguns livros velhos, aqueles tão grandes que só a Mione seria capaz de ler, bom, o papel era uma carta na verdade, e era pra você... era do Snape para você. Achei melhor não abri-la, afinal, é sua, mas então aqui está a carta, anexada a minha.

Saudades,

Neville Longbotton, diretor de Hogwarts.

Harry olhou para Gina enquanto um turbilhão de pensamentos vieram na sua cabeça, ele já sabia uma parte da vida do Snape, uma parte que ninguém imaginava que existia, aparte do amor pela sua mãe, a parte dele ser o homem mais corajoso que Harry já conheceu, o que mais poderia ter na carta? Gina segurou sua mão e disse: vá ler sozinho, é melhor. Harry seguiu seu conselho e foi para o quarto vazio do Alvo Severo para ler a carta. Sentou-se na cama, pegou a carta do Snape abriu o envelope e dentro achou folhas e mais folhas grampeadas uma nas outras, bom, era uma carta grande, mas Harry tinha impressão que iria valer a pena ler ela inteira. Começou a ler:

Em mais um dia de outono, e eu na mesma árvore oca, aquela que eu ia todo dia simplesmente para ler mais um livro entediante. De longe vi uma menina gritar para outra: esquisita, aberração, anormal, a menina que havia gritado isso foi embora correndo quando apareci,como se fosse um tipo de fantasma, então cheguei perto da outra garota, perguntei o que tinha acontecido, nervosa preferiu não responder e seguir em frente fingindo que eu não estava li, mas eu não podia deixar aquela menina com os cabelos enrolados e vermelhos, com os olho verdes mais brilhantes que já vi na vida partir assim. - Sim Harry, a garota era sua mãe - Logo falei: me chamam de esquisito, de anormal! Ela me puxou para perto dela disse: promete não rir? Prometi que sim, então a garota sussurrou em meu ouvido: tenho poderes, – respirou fundo e logo disse com uma voz triste que quebrou meu coração – sou uma aberração. Pedi para sua mãe esperar um pouco, fechei meus olhos, apontei minha mão pra frente, e logo um grande castelo havia se formado com os pequenos gravetos que estavam no chão. Abri o olho, virei para ela e disse baixinho: sou um bruxo, então ela virou seus olhos verdes para a própria mão e fez uma flor nascer ali mesmo e me disse: acho que eu também.
Eu e sua mãe saímos dali, conversamos sobre a vida, sobre coisas que nós fizemos acontecer, até que chegamos na frente de um lago, sentamos na grama e então falei: acho que vamos para Hogwarts Lilian. Contei tudo sobre Hogwarts pra ela, sobre os fantasmas, as casas, sobre os diretos antigos, sobre os professores, sobre o Dumbledore, eu tinha um tipo de fascínio por ele, e continuo tendo, se é que afinal ele ou até mesmo eu ainda existo.
Mas se tudo aconteceu como planejado você já sabia disso, tinha visto isso na penseira não tinha?

Harry se lembrou da batalha final, não só da morte do Snape, mas da morte do Fred, do Lupin, da Tonks, se lembrou da culpa de saber que quando o Lupin finalmente estava feliz, ele morreu em uma batalha que seu subconsciente dizia que poderia ter evitado, toda a culpa do Ted Tonks ser órfão subiu nos seus ombros, todas as lágrimas derramadas pelo Rony, pelo Jorge, pela Molly, Arthur, Percy e pela sua mulher, a Gina, todo o peso de ter visto a sua verdadeira casa destruída o possuiu. E com lágrimas nos olhos em lembrar-se de tudo isso, ele continuou lendo.

Seu pai realizou os meus sonhos, viveu toda sua vida – apesar de curta – ao lado da Lily, estudou com ela em Hogwarts – na mesma casa - e foram amigos até o fim, pode acordar durante anos e ver os olhos verdes brilhantes dela, coisa que eu sonhei, sonho e sempre vou sonhar em fazer. Não nego, acho seu pai um asqueroso, metido, sem telento, que precisava da dor dos outros para ser feliz, mas admiro ele por não ter perdido a Lily como eu perdi. Não sei se você sabe, mas perdi sua mãe no dia que brigamos por causa das provocações do seu pai e os amigos dele, eu estava nervoso, perdi a cabeça, e me arrependo mais do que tudo das palavras que disse para ela, chamei sua mãe de sangue ruim.
Todas as vezes que eu te salvei sem você saber, foram pelos seus olhos, os seus olhos iguais aos da sua mãe, e todas as vezes que briguei e impliquei com você, foi pelo seu pai, e pelo sonho que ele roubou de mim mesmo sem querer.

Harry ouviu uma batida na porta, por um momento estúpido, pensou que o Sanpe entraria ali e fosse o contar tudo cara a cara, mas não era Gina:

- Está tudo bem?Você está chorando? Não, não chore!

- Não tem problema, é, porque veio aqui? – perguntou Harry

- Já faz mais de 4 horas que você está lendo isso, só estava...preocupada. Melhor deixar pra ler mais amanha não acha?