Quando meu pai morreu.

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Ele vestia negro.

Viu a mulher deitada em seus aposentos. Ela tinha os olhos vidrados no teto. Ele sentiu o coração apertar. Afinal, ele era parte daquela mulher. Vê-la sofrer daquele jeito era sofrer também. Mas o que poderia fazer afinal? O homem sempre fora um crápula. Que podia ele, o único filho, fazer para resgatar a mãe daquele fim.

Sim. Aquele seria o fim de sua mãe. Vinte anos sofrendo por alguém que só a maltratou.

Severus aprendeu com seu pai que o amor não valia nada. Que a confiança e a fidelidade não eram marcas de um verdadeiro homem. E agora observava a mãe naquele ostracismo.

Ela não mais queria comer, não mais queria falar. Daquela mulher apenas lágrimas saiam e escorriam pelos lados do rosto incessantemente, encharcando o travesseiro. Em sua mãe ele via o reflexo do sofrimento e da dor.

Por que afinal ela sofria por alguém tão execrável?

Sua total incompreensão o fez sangrar o lábio inferior.

Ele nunca fora dado a beijos e abraços. E agora estava ali, com a cabeça apoiada ao batente da porta decidindo se deveria aproximar-se.

Sua mãe deitada na cama não era nem a sombra do que um dia fora.

A mulher ainda tinha o semblante duro, sempre o tivera. Para Severus, que sempre vira a mãe enfrentar o pai para que ele não apanhasse, ela era a força personificada. Mas agora ela simplesmente chorava.

O que ele deveria fazer?

Não sabia.

Nunca lhe ensinaram que no amor não cabia racionalidade. Que no amor apenas o amor se fazia, e que portanto, por mais duro que fosse a convivência de vinte anos, por mais maltratada e traída que sua mãe fora, ela ainda amava e sempre amaria seu terrível pai. E que por não tê-lo mais também morreria.

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Short fic muito short escrita num dos piores dias de minha vida.

Ass.: Mah