Entre Mestres, Aprendizes e Amadores
Capitulo 1 – Surpresa! Surgem os Forasteiros!
"A determinação de um homem nasce da morte de alguém amado."
Cavaleiro sem Coração
Bem perto de uma fogueira, encontrava-se um homem, de barba e cabelos brancos ralos, com uma expressão que envolvia um misto de calma, e felicidade, sentado em uma velha poltrona vermelha com detalhes de madeira contornando, e coberto por uma espécie de vários retalhos amontoados e costurados uns nos outros, na sala também havia uma criança, ainda muito jovem sentada no chão muito perto do fogo, essa de grandes olhos verdes curiosos, e de um cabelo muito dourado espalhado por sua cabeça, olhando para o "velho" que estava distraído. Passado alguns segundos, o velho se voltou para a criança com um extenso sorriso no rosto, e sem tardar a perguntar a criança começou:
- Vovô, o senhor pode me contar mais uma história desses seus livros. Sorriu o garoto.
- Claro! Respondeu o velho parecendo ainda mais animado pelo pedido do seu neto, enquanto já se punha a revirar uma pilha de livros ao seu lado sem sair da poltrona, até parar seus olhos em um livro de grossa capa azul escuro, sem nenhum titulo. – Que tal essa história, ela se trata de um bravo aventureiro, que viajou por todo o reino em busca de muitas emoções e aventuras!
O garoto abriu bem os olhos, impressionado com a história que o avô iria lhe contar. Então se ouviu um leve bater em uma porta de madeira na outra extremidade da sala, nisso que se seguiu a entrada de um homem pela porta, fardado com uma roupa toda preta, de colarinho branco.
O velho olhou o homem, revirando os olhos, sabendo o que viria a seguir, logo também olhou para o neto que já tinha uma expressão triste no rosto, o homem não falou nada só encarou o garoto de maneira amistosa, fazendo um movimento de mão que chamava o garoto para se aproximar. O garoto fez menção de falar algo, mas o velho foi mais rápido.
- Não se preocupe... amanhã estarei aqui novamente para te contar essa história. Riu o velho em pequenas pausas.
O garoto sem nada dizer, se ergue e saiu da sala cheia de livros, enquanto o outro homem se aproximou do velho, quando ouviu a porta se fechar, encarou o velho de modo curioso por alguns segundos e depois olhou para o livro azul que o velho segurava.
- Então... qual era a história da vez? Deu uma risadinha lembrando-se dos tempos de infância que passara deitado na cama ouvindo as histórias fascinantes que o pai contava.
- Era a história, dele... você sabe o quem eu quero dizer. Riu levemente, junto com um tossido fraco.
- Dele? O homem ficou alguns segundos procurando dentro de sua mente, até achar a resposta que queria. - HÁ. Quando achou a resposta pós um leve sorriso no rosto que já começava a dar sinal de certa idade, com tantos problemas que tivera nas ultimas semanas, andava difícil lembrar muitas coisas, principalmente se fossem de um passado muito distante. – Desde quando existe algum livro sobre ele? Perguntou o homem agora muito curioso.
O velho simplesmente caiu em uma risada profunda de alegria, enquanto largava o livro em cima dos retalhos que o cobriam. A risada durou alguns minutos, sem o homem entender o motivo para tanto, até que o velho, simplesmente abriu o livro mostrando diversas páginas amarelas vazias. Logo o homem também riu afinal aquele do qual ambos falavam, não passava nada mais do que uma lenda para muitos ali naquele país.
À medida que a risada foi parando um silencio mortal começou a imperar no cômodo, um silencio certamente triste, e o sorriso dos dois desapareceu deixando em ambos os rostos um sentimento de tristeza, na medida em que o tempo passou, o velho pareceu acordar de um transe eterno, olhando o ambiente ao seu redor, até parar os olhos no homem a sua frente, que parecia ainda hipnotizado.
- ... Filho... filho... .Notando que o seu chamado não acordava seu filho, ele ergueu a mão, e estralou os dedos algumas vezes fazendo barulhos que se perderam nas brasas do fogo que começava a sumir.
Mesmo com os estralados, o homem não acordou passado alguns segundos o rosto do velho foi tomado por um pavor enorme, seus olhos se arregalaram de maneira a fazer todo o rosto se esticar, tentou inutilmente chegar até seu filho, porem suas pernas não se moviam mais, como ele já sabia depois de tantos anos. Tentou gritar logo em seguida por seu filho, mas de sua garganta não saia nada, parecia que o grito ficara preso, até que o homem, seguindo algum fluxo misterioso, caiu para o lado da fogueira, ainda com os olhos semi abertos. Porem estes mesmos olhos, agora se encontravam sem cor, como se alguém tivesse tomado a alma do homem.
Naquela noite fria, de lua cheia, forem longos os momentos até que uma voz velha percorresse todo o caminho da mansão antes de alcançar os jardins do lado externo, gritando por socorro. Também foi naquela noite que uma pobre velha alma, lembrou de um passado de sofrimento, lembrou-se dos dias de trevas!
Aos poucos o sol começou a aparecer, por trás das montanhas que ficavam ao norte de uma pequena vila, depois de uma pequena floresta. Assim que ele chegou às janelas de várias daquelas casas feitas de madeiras, enchendo de luz aquelas ruas de chão batido, e dando uma cor mais viva a tudo, já era possível ouvir, barulhos dentro das casas. Almas, que acordavam para mais um dia de trabalho duro, dando tudo de si em pequenas ou grandes tarefas as quais mal sabiam podiam afetar todo o reino.
Alguns se preparavam para ir até os campos no lado leste da vila, no intuito de mexer com a terra, e garantir mais um ano de boa safra, já outros montavam pequenas barracas de vendas ou abriam suas portas e "vitrines" para os curiosos, com sorte teriam algum turista interessado em comprar uma das especiarias da pacata vila.
Porem uma única casa permanecia em silencio profundo, uma casa na parte oeste da vila que dava entrada para um pequeno bosque unido as florestas que cercavam as montanhas, lá no mais profundo silencio dormia um jovem, recém de 16 anos, deitando todo esparramado sobre uma cama baixa, e agora descoberto já que o lençol como normalmente se encontrava no chão.
O garoto loiro que dormia na cama parecia num sono tão profundo que nada poderia acordá-lo, ou ao menos pensou na noite anterior depois de um exaustivo treino com seu mestre, ele quase fora morto por alguns monstros da floresta, enquanto perambulava distraidamente. Sorte foi o mestre estar de vigia, caso contrario o dia anterior poderia ter sido seu ultimo dia.
Depois de o mestre encher-lhe de sermões, ele fez o pobre garoto nada espantado com o ataque que a cada dia parecia mais comum por aquelas terras, correr por entre uma série de troncos caídos ali perto da vila.
Tempos se passaram até que o sol atingisse seu ponto mais alto, e com isso fazendo o garoto acordar, primeiramente abrindo os olhos bem devagar e fechando-os, tentou voltar a dormir, mas não conseguiu, então decidiu levantar-se, ficou parado por algum tempo sentado a beira da cama, encarando um longo objeto retangular enrolado em uma manta velha marrom, um objeto que alcançava quase metade do seu tamanho, não notou quanto tempo perdeu olhando para o objeto que depois de tanto tempo só lhe trazia frases de pessoas que ele não conseguia distinguir entre seu mestre, e seu pai.
Quando voltou a si, olhou para o sol, e se deu conta de que devia ter perdido algum tempo olhando para o objeto, não teve pressa como em outros dias que teria saído porta a fora da maneira mais desesperada por estar atrasado para encontrar seu mestre, mas como o mesmo havia feito um viajem, provavelmente teria em torno de dois ou três dias para descansar bastante.
Logo mais ele saiu da cama, e se dirigiu ao primeiro andar, aonde de cara saiu em uma pequena cozinha, com alguns armários de maioria vazios, logo pegou um pequeno pacote, olhou vagamente a quantia de pacotes que havia no armário e pós um grande sorriso na cara ainda um pouco sonolenta, aquilo que o mestre dele chamava de "Ramen", era produzido em um país muito distante que o mestre viajava uma vez a cada cinco ou sete meses para tratar de negócios, entristeceu-se um pouco já que aquela vez ele não traria mais pacotes, já que a viajem era para algum lugar dentro do reino.
Já animado juntou um pouco de água de um pequeno poço atrás da casa, e preparou uma fogueira ali mesmo, logo cozinhando a massa de modo esperançoso por acertar desta vez no tempo, já que uma ou outra errava drasticamente deixando a massa dura ou muito molenga.
Passado muito tempo, ele notou que o sol já estava começando a chegar à metade do caminho antes de sumir, sabia que ainda teria tempo de fazer outras "coisas" no vilarejo, já que o mestre não se encontrava, poderia tirar uma com os moradores da vila. Enquanto comia começou a pensar no que faria primeiro, porem seus pensamentos foram interrompidos quando sons começaram a se juntar fazendo parecer uma multidão.
Curioso largou o pote que usara para comer a massa temperada, entrou em casa, vestindo-se com uma roupa mais apropriada do que a camisa branca suja de amarelo, e o pequeno calção laranja, pegou seu par habitual de roupas que o mestre mandara fazer a rigor na capital do reino para ele, um, sobretudo branco, com detalhes em laranja que corriam em duas linhas separadas as suas mangas até os ombros, e com dois bolsos internos, junto com uma calça também branca porem essa sem nenhum detalhe chamativo, junto com o seu par habitual de luvas laranjas agora já meio apertadas já que essas não foram feitas a pedido do mestre, era algo que ele mesmo considerava dar boa sorte, desde muito tempo atrás.
Por mais que no inicio achara as roupas estranhas, agora começava a cuidar e amar delas com muita dedicação, deixando-a para usos mais diários, por mais que o mestre disse-se para usá-las em treino, aquele tecido era bem diferente do que estava acostumado era mais fino, porem não coçava e tendia a se ajustar melhor ao corpo ainda em crescimento.
Seguindo para mais perto do lado sul da vila, que era nada mais do que uma longa estrada levando para uma cidade porto muito longe dali, ele viu um amontoado de pessoas que cochichavam muito, procurou passar pelas pessoas, e depois de algum tempo conseguiu chegar à frente da multidão, que olhava para uma carruagem feita de madeira puxada por dois cavalos brancos aparentemente bem cuidados, o mais estranho era o fato da carruagem não ser no modelo tradicional que o reino tinha.
Era feita em uma de uma forma que parecia uma caixa larga e alta aberta na frente com um telhado em forma de pirâmide, sendo o buraco coberto por uma grossa cortina vermelha com círculos em cima, que dentro tinham um desenho estranho que por algum motivo lhe parecia familiar, perdeu algum tempo pensando até que as cortinas da carruagem se moveram.
De trás dela saiu uma garota que aos olhos do garoto pareceu extremamente bonita, uma garota de grandes cabelos rosa chegando até a cintura, de olhos verdes esmeralda, que escondiam um perigo que até mesmo o garoto parecia ignorar, trajada com uma roupa que lembrava na visão do garoto um vestido sem mangas, mais justo ao corpo, com dois cortes nos lados das pernas que subiam quase até a cintura.
Ele jurou que se passou uma eternidade desde que começou a olhar para a garota, porem foi acordado, pela passagem de um homem ao seu lado que parecia já um tanto irritado, e ao mesmo tempo com a cara cansada como se não dormisse há dias, ele falou algo com a garota, logo em seguida pegando nas rédeas dos cavalos e puxando-a pedindo as pessoas por espaço para passar.
Curiosos muitos ali seguiram a carruagem de perto incluindo o garoto que parecia tentar decifrar um mistério em sua cabeça, sobre aquele símbolo familiar, depois de andarem por um tempo, a carruagem parou na frente da pousada da pequena vila, que pertencia a uma senhora de idade. O homem que guiava a carruagem entrou na pousada e voltou com um pequeno sorriso algum tempo depois, se aproximou um pouco mais da "caixa de madeira", e falou algo meio baixo pelas cortinas que a cobriam.
Em instantes, dois homens, trajados com uma espécie de armadura nada comum no reino desceram da carruagem, eles vestiam algo que também lhe era familiar, porem seguindo deles, desceu a garota de olhos esmeraldas, deixando-o um pouco hipnotizado, e seguido dela desceu um homem, alto de cabelos preto amarrados com um pequeno laço preto quase escondido entre os cabelos, de olhos escuros mostrando certo tédio, usando um ao que o garoto lembrou de repente kimono preto meio aberto na altura do peito deixando seu tórax definido a mostra, além de um par de sandálias de madeira. E com ele um rapaz, quase da altura e idade do garoto esse também com a mesma roupa do outro, porem bem fechada não deixando nada além dos pés e mãos para fora, esse tinha cabelos pretos espetados para frente, de modo que o garoto achou bem parecido ao seu, seu olhos pegaram só de relance mas notou que ele tinha amarrado as costas da mão um pedaço de madeira entalhado que a cobriam quase todas, sendo segurado por uma corda que atravessava a palma da mão.
Além da garota nenhum dos outros homens olhou para o povoado do vilarejo se dirigindo direto para dentro da pousada de dois andares, quando todos entraram, e a carruagem foi levada para o lado de trás da pousada as pessoas começaram a se dispersar lentamente a maior parte voltando para suas casas já que logo o sol iria se por no horizonte. Mesmo depois de todos saírem o garoto ainda ficou olhando para a entrada da pousada, tentando lembrar donde havia visto aquele símbolo e aquele "tipo" de gente, até que subitamente uma imagem correu a sua cabeça do seu mestre mostrando mais um de seus vários livros, com aquele símbolo, tentou forçar um pouco mais, porem não obteve sucesso, só dor de cabeça, e uma pequena vontade de "aliviar".
Ainda em duvida o garoto deu uma pequena olhada para o segundo andar da pousada, a tempo de ver uma sombra saindo da frente de uma das janelas, ao mesmo tempo em que também notou que o céu começava a escurecer, teve vontade de entrar naquela pousada e fazer algumas perguntas para aquelas pessoas, porem seu estomago chamou, e assim decidiu voltar para casa.
...
Passaram-se três dias desde a chegada dos forasteiros, porem nenhum deles veio a publico nesse meio tempo, alguns diziam ter visto a garota visitando as lojas, porem os donos nada confirmavam, alguns rumores começavam a aparecerem, alguns iam de histórias macabras sobre aquelas pessoas, outros nada diziam de mais, a única coisa que se ficou certo foi que aquela gente tinha dinheiro, pela imensa quantia de coisas que diariamente eram trazidas a vila em caixas fechadas, nem a dona da pousada sabia do conteúdo das caixas.
Logo que o sol parecia começar a se dispor naquela manhã várias nuvens cinza começaram a se amontoar pelos céus do vilarejo, e pouco tempo depois, uma pequena nevoa se instaurou pelas ruas, fazendo que poucas pessoas corajosas deixassem seus lares naquela manhã afinal ali naquele reino a nevoa era um sinal muito ruim.
O garoto que incrivelmente já estava acordado naquele momento se encontrava sentado à mesa, com um prato agora vazio, odiava aquelas manhãs, quando o sol não saia, entre os motivos estava o fato de não poder ir pegar água ou acender fogo fora de casa, os "monstros" que agora deviam estar à espreita no limite da vila e da floresta ficavam mais ativos e ferozes, devido a nevoa.
E uma vez que ele não podia sair de casa tinha ordens expressas do mestre para não acender fogo em casa, já que lembrava muito bem da vez que deixara uma pousada em chamas durante uma viagem com seu mestre.
A única vantagem é que diferente do norte ali no sul do reino não ficava frio como sempre dizia o mestre contando sobre suas viagens, era enorme o tédio do garoto, porem como se suas preces tivessem sido ouvidas, duas batidas surdas saíram da porta que levava aos fundos da casa, estranhando o garoto olhou pela pequena janela ao lado da porta, e ao ver quem era abriu um sorriso simples, porem de enorme alegria.
No segundo andar daquela pousada, agora dentro de um pequeno quarto, se encontrava o jovem do quimono fechado, parado, olhando para fora pela janela que permitia a ele uma visão ampla da rua logo na frente da pousada.
Tudo parecia muito monótono desde a sua chegada, nada acontecera durante os dois primeiros dias, os quais ele decidiu não sair assim como seu irmão mais velho "Itachi". Porem sua "criada" Sakura Haruno, ou como seu irmão preferia chamá-la "irmãzinha", decidira sair na noite passada sem nenhum dos guardas para uma rápida "olhada" na vila, porem pelo que notou não conseguiria comprar nada ali, já que o seu dinheiro não era reconhecido pelos moradores locais, então decidiu voltar para a pousada, e agora se encontrava no quarto à frente, que era só para ela, uma vez sendo a única mulher do grupo, ganhara um quarto separado dos demais.
Além de seu irmão e de sua criada, acompanhavam eles, dois guardas da família imperial muito bem treinados para as situações adversas que poderiam vir a encontrar naquele país distante, já tinha ouvido falar das criaturas que viviam pelo reino, e até pensara em ir velas pessoalmente, porem sabia que não teria chance de deixar o local sem seus guarda-costas.
No país dele, não havia muitas "criaturas" que alguns neste país chamavam de bestas, demônios e etc. Existiam alguns deuses que eles veneravam os quais supostamente serviam ao povo do seu país. "Idiotice" pensou, se existiam deuses certamente haviam se esquecido do próprio povo que os venerava, já que nada impedia a constante pobreza no seu país, aonde poucas tinham muito e vice-versa.
Agora uma nevoa cobria a vila, e isso chamara a atenção do rapaz, que conseguia disfarçar perfeitamente a curiosidade, ouvira alguns relatos de que naquele reino, as condições climáticas tendiam a mudar facilmente, diferente do país de origem, que sempre fazia sol e calor.
Quando estava quase se perdendo em pensamentos, a porta do quarto se abriu vagarosamente, nem precisou olhar para traz para saber que era a sua criada, aquilo já era rotina, desde a sua infância, confirmando a presença do garoto, Sakura entrou pelo quarto, largando sobre uma das camas uma pequena maleta verde, e abrindo-a em seguida revelando uma série de potes e apetrechos médicos.
O garoto vendo tudo pelo pouco reflexo da janela botou as mãos na faixa que prendia firmemente o kimono, e soltou-a de leve, deixando a parte superior do kimono aberta, em seguida se despindo dela, deixando todo tórax e etc, nus revelando um corpo quase perfeitamente definido, e algo semelhante a uma armadura de madeira, porem era formada só pelas costas, e por outros pedaços de madeira cobrindo as costas dos braços e das mãos, porem esses pedaços eram avulsos, sendo firmados por cordas finas que se enrolavam nos braços e mãos.
Sakura ficou admirando as costas de seu mestre. Então sentiu o rosto enrubescer por alguns segundos, baixando a cabeça e dando uma rápida olhada para o chão, numa tentativa voltar ao normal. Não sabia explicar direito o porquê daquilo, já havia visto "aquilo" tantas vezes, desde que começara como aprendiz de curandeiro quando jovem, e como sempre um pensamento forte correu a sua cabeça deixando-a um pouco triste "Você sabe que ele é da família imperial!", e como se uma segunda pessoa responde-se na sua cabeça "Mas ele é tão...!" sentiu o rosto ficar vermelho ao mesmo tempo que soltava um e tentava se controlar.
Ainda de costas sem prestar atenção em sua criada, o garoto admirava a paisagem que se formava do lado de fora da janela, de repente começou a sentir pontadas fortes, que pareciam querer destruir seu coração em pedaços, com certa dor, levou a mão ao peito enquanto arregalava os olhos com certa dor.
Voltando ao normal, Sakura olhou para seu mestre que agora se apoiava com a mão livre na janela arfando, entendeu rapidamente a situação, se aproximou dele, e sem esperar um segundo o empurrou de costas para cima na cama, como já sabia, aproximou a mão do meio da armadura de madeira que tinha o símbolo da família imperial, e pressionou-o bem no meio, provocando alguns pequenos estalidos, que acabaram por soltar a armadura.
Olhou na sua pequena maleta verde, e logo achou o pote que procurava, em seguida tirou o pedaço de madeira de cima de seu mestre, o empurrando para o lado com facilidade, deixando amostra as costas de seu mestre.
Poucas palavras podiam descreve a enorme preocupação que crescia dentro de Sakura, ao notar que as marcas convencionais que existiam nas costas de seu mestre estavam crescendo, se expandindo pelo resto das costas como se pegando fogo, logo ela abriu o pote, e retirou dele uma espécie de bola verde, que era na verdade, uma série de ervas comprimidas, misturadas com a água da fonte imperial. Sakura, simplesmente encostou a erva na origem das marcas, o centro das costas, então começou, a falar de modo rápido e preciso, palavras, que nunca seriam compreendidas por ninguém desse novo país.
Dentro da própria mente, o garoto, se contorcia em pensamentos que passavam por ele com tamanha potencia, que pareciam querer enlouquecê-lo, porem tudo se acalmou, no momento, em que sua mente começou a clarear, e logo ele começou a recuperar a visão, primeiro enxergando tudo com borrões, mas logo conseguiu ver com perfeição a extremidade da cama onde repousava sua armadura.
Suando bastante Sakura, olhava para seu mestre, com certo receio de que não tivera sido rápida o suficiente, passou-se alguns segundos, até que o garoto se movesse, primeiro erguendo a mão fazendo um sinal para que Sakura saísse como ela já bem conhecia. Sem esperar um segundo aviso ela se retirou do quarto, agora mais calma levando sua pequena maleta.
O garoto simplesmente dormiu, relaxando em fim, porem não sentiu como se tivesse dormido, só sentiu que alguém o chamava, e ao abrir os olhos, notou que quase não havia luz no quarto tirando uma pequena vela acessa em cima de uma mesinha, ele olhou para a pessoa, e viu ali seu irmão mais velho, deu um pequeno resmungo, e virou para o lado na tentativa de voltar a dormir.
Itachi ficou olhando seu irmãozinho tentar voltar a dormir, não a muito havia encontrado Sakura que contara a ele a situação de seu irmão, aquilo certamente estava piorando desde que ele começara a aprender as técnicas da família imperial, cansara de alertar o pai e a mãe, que não deram ouvidos a ele, simplesmente o culpando "Se você não pretende assumir o trono, não interfira na vida de seu irmão, ele PRECISA desses treinos, se for se tornar imperador algum dia".
Sem ter nenhuma piedade, se aproximou do irmão, e chutou-lhe as costas, ainda descobertas, deixando a mostra o símbolo imperial, fazendo com que seu irmão caísse no chão com um estrondo forte, o irmão, então se ergueu em um salto encarando o outro olho no olho, parecia sentir que desta vez venceria seu irmão em um embate como a muito tentava, porem novamente sem piedade, Itachi ágil como sempre chegou perto do garoto e meteu-lhe dois dedos da mesma mão um em cada olho. O garoto, sentindo a pequena dor, deu um passo para traz, e logo querendo pular de fúria para cima do irmão, se viu novamente fora da sua posse normal e calma, agora estava irritado, e deixava isso à mostra.
Itachi então riu profundamente, uma das coisas mais engraçadas que conhecia era ver seu irmão perder a posse de sempre, e voltar a ser um garotinho que acabara de perder um doce. Ele também não demonstrava, mesmo rindo, mas sentia falta do irmão que conhecera quando mais novo, agora ele sempre andava de modo a passar um sentimento de medo e respeito para os outros. Ficaram ambos parados por alguns segundos, até que Itachi decidiu falar enquanto se dirigia para a porta:
-... Consegui encontrar, um mestre para te treinar na arte da espada irmãozinho. Vamos encontrá-lo na casa dele em algum tempo, ponha uma roupa descente, certo. Falou a ultima palavra dando uma piscada irônica para seu irmão.
"Agora... durante a noite" Foi o que ele pensou olhando para a janela que deixava à mostra a lua cheia, pensou em ignorar o irmão e voltar a dormir, porem não queira ficar mais naquele quarto, começava a considerá-lo quase uma segunda casa, então ajeitou sua armadura e trocou o kimono, por um grande capão preto fechado por zíper, porem com um corte em "V" quase na altura da cintura, com um capuz capaz de esconder perfeitamente seu rosto. Chegando perto da porta do quarto, empunhou sua katana dada a ele de presente pelo pai, olhando para o objeto ainda embainhado começou a lembrar do aniversário passado, quando o pai lhe entregara a katana da família imperial.
Com muito cuidado, prendeu-a na cintura usando uma corda que arrancara da carruagem a meses atrás durante um "treino" descuidado com seu irmão, que quase permitiu a fuga dos dois cavalos, verificou se estava firme para um saque rápido da arma, e depois saiu do quarto pondo o capuz sobre sua cabeça e seguindo em direção a entrada daquela pousada.
Em comparação ao inicio daquela tediosa manhã, o resto do dia havia sido de extrema alegria, já que seu mestre um "quase" velho, voltara da viajem trazendo alguns presentes para o garoto, e várias histórias daquele reino.
Porem desde que o mestre chegara, o garoto andava curioso, pois o mestre pós em um canto longe da mesa, um embrulho, largo e de certa grossura, que a cada instante deixava o garoto mais e mais curioso, sendo constantemente chamado pelo mestre quando parecia não prestar atenção no que ele contava.
Chegando perto da noite, o mestre então decidiu parar de contar suas histórias, passando a encarar o garoto nos olhos, enquanto ajeitava sua "testeira" que era um metal com aparentes dois chifres de cada lado e uma escrita que ele dizia ser de outro país. Olhou profundamente naqueles olhos azuis procurando algo, isso deixou o garoto certamente assustado, quando o mestre fazia isso, aprendera que devia se manter calmo, pois era algo sério.
Logo que o garoto parecia totalmente calmo, o mestre abriu um sorriso erguendo algumas rugas da cara:
- Parece que eu te ensinei bem garoto! Deu algumas gargalhadas. - Bem está vendo este pacote ai atrás de mim? Falou com certo sarcasmo enquanto erguia os olhos apontando para o embrulho na parede. - O que você acha que é? Passaram-se alguns segundos que o garoto ficou pensando, antes de falar.
- Como eu vou saber velho! Falou de modo certamente sarcástico jogando as mãos para traz, e as usando para segurar a cadeira, deixando o mestre levemente irritado com a palavra "velho".
- Como você não sabe! Falou o mestre com mais ironia ainda. - Não fiquei fora tempo suficiente para você se esquecer o que venho lhe ensinando todos esses anos, fiquei?
Demorou algum tempo até o garoto assimilar o que o mestre dissera, e quando conseguiu, abriu um largo sorriso de uma ponta a outra do rosto, quase gritando.
- SÉRIO MESMO, você vai mesmo me dar uma espada!
Os olhos do garoto pareciam brilhar o que deixou seu mestre realmente contente, ele se ergue, e foi até o embrulho, logo o lançando para o jovem alegre, que pegou de primeira o embrulho no ar, e o abriu.
Quando acabou de abrir viu em suas mãos, uma bainha toda vermelha, quase igual a que o mestre usava na cintura, com uma ponta cor de cobre em forma de triangulo, puxando a espada pelo cabo cheio de espirais, viu a lamina cor de prata brilhar ofuscante na luz da vela.
Ele ficou admirando a espada por um longo momento, notando como ela tinha um peso muito maior, do que a pequena espada de madeira, e como também era muito maior, jurava que ela podia chegar quase a sua cintura.
Depois de algum tempo o garoto amarrou a bainha na cintura do lado esquerdo, e começou a puxar e guardar a espada como muitas vezes fizera brincando, enquanto o mestre olhava o garoto lembrando que fizera o mesmo quando recebera a primeira espada de seu mestre, logo então o mestre voltou a falar.
- Então como se diz? Parou e esperou a resposta do garoto que guardava a espada novamente.
- Valeu mesmo vel...
- Como é que é! Botou uma expressão séria no rosto, baixando um pouco as sobrancelhas.
- Digo muito obrigado pelo presente mestre Jiraya! Quase gritou com um pouco de medo de perder a espada recém ganha.
- Muito bem, que bom que você gostou. Jiraya então parou de falar repentinamente.
Seguido da parada do mestre do garoto, ouvisse uma batida na porta, da frente da casa, passado alguns segundos, e novamente, seguido por mais uma. O garoto um pouco irritado com o fato de alguém querer perturbar seu momento de alegria ia soltar um xingamento, quando o mestre, se ergueu e foi até a porta a abrindo.
Parado ali na porta se encontrava Itachi e seu irmão que parecia entediado mesmo saindo da pousada, Jiraya, nada falou, somente voltou à cozinha, dando espaço para os dois visitantes passarem.
Quando entraram na cozinha do garoto, ele não pode deixar de se mostrar surpreso, afinal aqueles dois eram os forasteiros chegados há poucos dias, e agora ambos estavam na sua casa, ficou a procura da garota, se decepcionando quando notou que ela não estava ali, logo que o mestre sentou, ele falou com o mais velho dos dois, que na visão do garoto parecia passar um ar de calmaria:
- Você veio um pouco mais cedo do que eu esperava Itachi. Virou-se para o irmão dele. – E pelo visto trouxe o mais novo junto.
- Claro. Olhou de relance para o irmão que se encontrava escorado na parede. – Queria que ele começasse o treino o mais breve possível. Abriu um pequeno sorriso de ironia.
O irmão mais novo, agora encostado na parede analisava a casa e seus ocupantes por debaixo do capuz, o velho, aparentemente seu novo mestre, usava uma roupa similar a de seu país, constituída de um kimono verde e vermelho meio aberto deixando a mostra uma camisa branca, certamente ele deveria ter uma malha de ferro embaixo da roupa, ou pelo menos imaginava que sim. Já o garoto loiro, parece intrigado com o irmão, que depois de alguns anos conseguia falar fluentemente a linguagem daquele país, não que ele mesmo não soubesse, bem pelo contrario.
Não pode deixar de notar a espada embainhada do garoto, vira poucas vezes, mas sabia que aquilo era diferente de sua katana, pelo que estudara, era mais pesado, e relativamente maior, sendo que possuía lamina nos dois lados do metal, praticamente o oposto de sua arma que era pequena, leve e de uma única lamina. Lançou um breve olhar para seu irmão, que na mesma hora se virou para ele já falando:
- Então, irmãozinho, esse será seu novo mestre, não se engane com a aparência dele. Soltou uma risada baixa, se virando para Jiraya. – Então Jiraya, você pretende fazer "aquilo" ainda hoje?
Jiraya se distrairá por alguns instantes com o sarcasmo de Itachi, porem compreendeu de primeira do que ele falava, pensou que só poderia realizar o que planejara há algumas semanas durante o período da manhã, por mais que fosse noite e a nevoa estava presente, sabia que o aprendiz não se intimidaria com nenhum monstro, então depois de balançar a cabeça positivamente falou:
- Certo, todos me acompanhem, vamos para a entrada da floresta. Ergueu-se e saiu pela porta dos fundos.
A surpresa foi geral entre os garotos, menos para Itachi, no caso do aprendiz, ele sabia dos perigos que corria e mal acreditava que o mestre permitiria em vida de aprendizado deixar-lhe entrar na floresta em uma noite de nevoa. Já o irmão mais novo começava a mostrar certo interesse com a possibilidade de entrar na floresta sem seus guarda-costas.
Todos deixaram a pequena casa em questão de segundos, se dirigindo para a parte norte da vila que dava de entrada para a floresta agora bastante escura mesmo com a lua cheia, e ali parando, sem esperar Jiraya começou:
- Muito bem. Olhou para o estrangeiro. – Está é a floresta do uivo sombrio, dentro dela existe uma série de "animais" ferozes, que não hesitam um segundo quando se trata de matar, ou ser morto! Tentou dar uma pequena ênfase no "matar ou ser morto". – Agora que é noite, e nos temos essa nevoa conhecida aqui no sul do continente por "Nevoa da bruxa", esses bichinhos devem estar loucos para matar alguma coisa, então tomem cuidado.
A cada frase que o velho dizia, deixava ambos os garotos mais excitados, afinal aquilo sim era uma aventura de verdade!
- Bem, o objetivo de vocês está noite, e entrar na floresta, e me trazer dois guizos, um para cada, claro se vocês quiserem fugir, podem em casos extremos, porem vocês só poderão sair da floresta quando amanhecer, aquele que não voltar com um guizo não terá o direito de ser meu aprendiz! A, claro, vocês só vão usando exatamente o que tem agora, nada mais justo certo. Deu algumas risadas altas que acordaram alguns moradores ali perto. - Agora se entendam entre vocês e quando estiverem prontos me avisem.
Depois que Jiraya parou de falar, ambos os garotos se encararam, o aprendiz pensava "Caraxxxx, se eu perder o mestre vai me mandar embora, e dessa vez é sério! Melhor esse forasteiro não me atrapalhar." o irmão mais novo também tinha pensamentos parecidos "Não me importo de perder aqui, mas claro que não vou. Deve haver mais mestres dentro desse país que possam me ensinar a manejar perfeitamente minha arma, melhor que esse estrangeiro não me atrapalhe".
Já um pouco incomodado com o silencio Itachi decidiu apressar as coisas:
- Vamos logo, não temos toda a noite... a taverna fecha daqui a pouco. Falou a ultima parte baixinho para que ninguém ouvisse.
Um pouco surpreso, o aprendiz decidiu começar, talvez se mostrasse um pouco de amizade, o forasteiro também mostrasse.
- Prazer. Estende a mão na direção do forasteiro. - Sou Naruto! Naruto Uzumaki!
Depois de alguns momentos de silencio o forasteiro cruzou o braço e se pronunciou com uma voz de cortar o ar.
- Sasuke, Uchiha Sasuke. Depois de falar ignorou a mão oferecida por Naruto e virou-se para Jiraya. - Pronto, vamos.
Naruto ficou irritado instantaneamente com a ação daquele forasteiro, ignorando o chamado do seu cérebro que parecia responder ao nome Uchiha. Enquanto isso Itachi deixou um "aff" escapar, por que o seu irmãozinho nunca podia ser mais amistoso, certamente aquela séria uma longa missão para os dois.
Jiraya então deu mais alguns avisos, sobre os monstros que viviam ali, que na verdade podiam ser resumidos em "peludos, ferozes e com grandes dentes amarelos", em seguida tanto Naruto quanto Sasuke se posicionaram na entrada da floresta, se encarando mais uma vez, e entrando naquela escuridão profunda que dava a impressão de que ambos eram devorados pelas sombras.
Naquela noite de nevoa, várias pessoas dormiam, enquanto outras festejavam, e outras mais diferentes como os rapazes se aventuravam na escuridão da floresta do uivo sombrio. Entretanto, no lado sul da vila, o extremo oposto donde se encontravam Jiraya e Itachi, um ser vinha em direção à pequena vila, coberto por uma capa verde extremamente deteriorada, e um longo capuz unido a capa, homem que visivelmente caminhara muito para chegar ali, afinal tivera que dar toda volta pelas montanhas, e vir do porto até ali tentando evitar a floresta maldita.
Um ser que carregava algo tanto na cintura quanto escondido pela capa nas costas, uma de pequeno porte e a outra de grande porte, poucos poderiam dizer por que ele viera até ali, afinal como todo bom servo ele obedeceria a várias ordens, não como no passado quando realizava "qualquer ordem", afinal ele tivera de mudar, depois de tantas perdas no decorrer do tempo. Ele sabia da importância de sua missão, não era nada simples como de costume, afinal aquilo era um pedido direto do rei! Sabia que não tinha tempo a perder, porem também sabia que era noite, e não teria muitas opções para achar informações naquele povoado, afinal ser um "caçador" era um trabalho difícil.
Algumas pessoas do povoado juram ter visto um homem passar de modo discreto pelas ruas da vila até a pequena pousada, aquele era o segundo forasteiro a chegar à vila em pouco tempo, porem aquele forasteiro poderia mudar a vida de um rapaz da vila, afinal ele cassava ninguém menos do que o jovem Sasuke Uchiha, futuro herdeiro do trono imperial!
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Não Perca, no próximo capitulo de \Entre Mestres Aprendizes e Amadores/
A noite nunca é um lugar bom para conhecer novas pessoas, e novos seres, enquanto Naruto e Sasuke vão ter que "tentar" trabalhar em equipe dentro da floresta do uivo sombrio, Sakura terá de usar todo seu conhecimento para se salvar.
Tudo isso é muito mais no segundo capitulo \Caçada Vs. Caçador/
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Ham... bem, pensei em usar um espaço para escrever algo "hehe XD", é um pouco mais dificil escrever algo ao acaso mesmo, mas bem... essa é a minha 4° ou 5° fic, a principio vai ser um NaruXHina, SasuXSaku, possivelmente mais mudanças e claro mais casais /o/, talvez tenham notado, mas eu não tenho um (a) betareader (problemas com a ultima que tive -_-"), entretanto tomara que tenha gostado da fic (improvavel -_-"), e até a proxima ^^.
