Predestinados
"Bleach não me pertence." E esse costumeiro bla bla bla.
Descrição: No Japão antigo, as jovens não faziam nada além de se prepararem para o casamento. Conheciam seus maridos pouco tempo antes da cerimônia e deveriam ser submissas de qualquer maneira. Com exceção de uma.
Há muito tempo, no Japão antigo, o Feudalismo sofria grandes mudanças, deixando de ser o principal meio cultural do país. O Imperador existia, porém em nada comandava. Quem realmente o influenciava era o Shogun, sendo o quarto da geração destes homens. Eles comandavam a economia, tentavam avançar com a cultura e, consequentemente, conquistavam muitos inimigos.
O Shogun morava em um poderoso castelo em uma grande e central cidade política. Perto da mesma se situavam dois feudos, suas localizações desconhecidas por muitos. Um era comandado pela família Hinamori e seus homens passavam a maior parte do tempo na cidade, protegendo a guarda do Shogun e imperador. Realizavam missões de investigação também. Porém, quando era cometido um crime grave e a pessoa deveria ser executada imediatamente, o outro feudo era contatado. Os Hitsugaya's eliminavam qualquer um que fosse ordenado rápida e silenciosamente, depositando apenas a cabeça do inflator na praça principal da cidade no dia seguinte. Raramente eram vistos.
O país entrava em uma época em que várias revoluções e guerras aconteciam, não somente de países vizinhos como também de vilas que exigiam maiores direitos. O Feudalismo começava a se extinguir. Buscando uma melhor solução para a sua segurança, o Shogun precisava de um exército maior e mais forte do que os dois que o serviam.
Capítulo 01 - Poder
A cidade central estava calma, ocupada somente pela presença de alguns homens trajando espadas, caminhando lentamente. As pessoas que moravam ali não ousavam sair de suas casas naquele dia, pois acontecia uma reunião importante no castelo. As ameaças nesses dias eram sempre fortes, por isso a segurança era dobrada e qualquer pessoa que se aventurasse no seu exterior poderia ser considerada suspeita e perderia seu lar. Era uma época que deixava todos nervosos. Muitos líderes importantes se reuniam, indo embora somente dois dias depois do início, durante a tarde.
Naquele dia, os líderes estavam todos indo embora ou retornando para suas casas na cidade. O Shogun fazia questão de mostrar seus aliados, como era influente. O clã de ninjas se movia agilmente, escoltando cada vez mais homens. O líder do clã deveria sempre acompanhar ou mandar alguém de sua suma confiança. Todos achavam curioso, pois sempre era escolhido um ninja baixinho e magro, que não inspirava confiança nenhuma na aparência. Raramente falava e assim como os outros subordinados escoltavam-nos na sombra, acompanhando os guardas reais, mascarados e preparados para qualquer intervenção.
O último homem finalmente saíra escoltado do castelo e sobraram apenas o Shogun e mais três homens na sala. Estes, ele não precisava ser formal em mandar uma super escolta. Provavelmente dariam conta de um exército inteiro sozinhos, sem a menor dificuldade. Suspirou, levantou a tela¹ e encarou-os. Sua aparência não era comum para aqueles tempos, parecia muito mais desleixado do que devia para alguém que com um estalar de dedos colocava exércitos em campos. Seu kimono era em um tom de azul escuro e seus cabelos curtos e rebeldes eram ofuscados por um longo chapéu, amarrado abaixo do queixo. Sua barba estava por fazer e ele já não se sentava em posição de lótus.
"Estamos entrando em uma época difícil." - Todos concordaram.
"Por mais que todos tenham mostrado ótimas estratégias e confiança em relação à sua segurança, não acho que seja tão simples assim." - Um homem de kimono preto com um casaco branco por cima falou, seus longos cabelos igualmente sem cor.
"Meus homens estarão sempre treinados para qualquer coisa que acontecer. Não poupamos nem mesmo as mulheres dos treinamentos." - Um outro falou, vestido em trajes ninjas, sua cabeleira presa em um discreto coque.
"Existe uma solução que pode mudar um pouco os costumes." - O único que não havia se pronunciado ainda, falou. Seu cachecol branco de seda e as várias presilhas brancas em seu cabelo negro mostravam que era da nobreza, assim como sua pose imponente.
"O que você tem em mente, Kuchiki?" - O Shogun perguntou, colocando uma mão em seu queixo.
"Temos os dois clãs mais poderosos do país nos apoiando. Ambos são extremamente influentes, porém poderiam ser muito mais se houvesse uma união."
"Não é fácil misturar o estilo de luta dos samurais e dos ninjas. Trabalhamos de uma maneira muito diferente." - O líder dos Hinamori falou, sério.
"Porém, já pensamos nessa solução." - O homem de cabelos brancos se pronunciou, seu tom de voz sempre gentil. - "Se conseguirmos maior suporte de ambos os lados, seremos fortalecidos sem apelar para atitudes extremas. Nossos filhos irão se casar assim que acertarmos tudo."
"Mas que notícia interessante!" - O Shogun sorriu discretamente. - "Planejo casar meu herdeiro também, assim que ele completar a maioridade."
"Oh, mas que notícia boa, Kurosaki-sama!"
"Vocês também, Jyuushirou, Kimihiro, assim que acertarem o noivado de seus filhos me notifiquem."
"Faremos isso com toda a certeza. E certamente não irá demorar." - Kimihiro curvou-se, indicando que iria se retirar.
"Aaah, estou exausta!" - Uma jovem trajando um kimono negro espreguiçou-se, depois de jogar todas as suas armas na varanda de seu quarto. Respirava o ar fresco do jardim, aquele verde intenso a acalmava.
"One-chan!" - Um garotinho correu por entre as árvores e contornou o pequeno lago para se jogar nos braços da jovem. - "Você e o papai voltaram!"
"Sim, finalmente voltamos, Akio-chan! Sentiu minha falta?"
O menininho assentiu com a cabeça, largando as pernas da irmã. Era o segundo herdeiro e possuía apenas 5 anos de idade, sendo 11 anos mais novo que a jovem. Era muito animado e sempre alegrava a todos, quando não fazia suas costumeiras birras.
"Momo-one-chan, como é a cidade central?"
Momo sentou-se na varanda, apreciando o céu azul. Ela teria o resto do dia de folga, o que a alegrava muito. Poderia ajudar sua mãe e brincar com seu irmão o quanto quisesse, para que no dia seguinte tivesse as energias renovadas. Sempre passava o tempo treinando, ou em alguma missão de captura. Uma vez pisara na entrada do feudo vizinho, arrepiara-se por inteira. Era uma atmosfera tão séria quando a do lugar onde vivia, cheia de homens treinados para matar a sangue frio.
"É bem pacífica..."
"Tem muitas crianças?"
"Infelizmente não vi nenhuma, Akio-chan..." - Momo passou as mãos nos cabelos curtos do menino. - "Estavam todas ajudando seus pais!"
"E falando em ajudar os pais, quero a ajuda dos dois!"
Ambos viraram-se e se depararam com uma mulher jovem, trajando um kimono verde com flores brancas. Era muito bonita e seus longos cabelos estavam presos em um meio rabo. Akio correu e a abraçou, Momo apenas sorria enquanto visualizava a cena. Amava sua mãe, sempre contava com o apoio dela em tudo.
Todos falavam que Momo parecia-se muito com sua mãe, Mimi. Ela possuía uma saúde muito frágil, portanto saía de casa raramente e não pudera dar mais que dois filhos a Kimihiro, com muita dificuldade durante a gravidez de ambos. Passou uma tarefa simples ao pequeno e logo rumava pelas ruas do clã acompanhada da filha, que trocara suas roupas. Eram sempre cumprimentadas quando passavam por alguém, todos as respeitavam muito.
"Por que está indo até a casa de Ise-san, mamãe?" - Momo perguntou.
"Quero ver se o casamento ocorreu bem."
Momo não entendera suas palavras, somente a seguiu. Estava triste por nao ter comparecido ao casamento da prima, porém, por mais que quisesse ir, seu dever com o Shogun era maior. Se a reunião houvesse terminado um dia antes, teria conseguido ir e teria aproveitado até mesmo a uma festa! Todos haviam caprichado tanto naquela festa que a jovem ficou decepcionada em não poder ver o resultado.
Logo que chegaram à uma simples e simpática casa, Mimi não fez cerimônia e adentrou no recinto. Estava vazio, pois os recém-casados deveriam trabalhar, nao importava se haviam se casado no dia anterior. Momo a seguiu, receosa, parando na porta do quarto, vendo a mãe dobrar um futon e fazer o caminho de volta para a saída. Ah sim, haviam ido roubar um simples futon. Como se não houvessem suficientes para todos em sua casa.
"Por que você o pegou, mãe?"
"Para levar para sua tia, mais tarde. Ela irá lavá-lo."
A jovem se calou, arqueando as sobrancelhas. Observou a mãe tomar cuidado com uma certa parte do mesmo, onde havia uma pequena mancha vermelha. Era sangue. Hinamori podia reconhecer aquele líquido de longe, devido à sua experiência em batalhas. Suas bochechas atingiram um tom de vermelho escarlate e tentou afastar aquele tipo de pensamentos da cabeça. Definitivamente, não queria o mesmo destino. Preferia lutar com homens com o triplo do seu tamanho, tudo menos se casar e passar por aquilo.
"Então, está tudo certo." - Kimihiro falou, apertando as mãos de Jyuushirou. - "Em dois dias acertaremos tudo para o noivado dos dois."
"Mal posso esperar para ver sua filha em trajes femininos, ela é muito bela, com certeza meu filho irá aprová-la." - O homem de cabelos brancos respondeu, em um tom gentil, apesar de incerto pela última afirmação a respeito do filho. Ele era realmente muito frio, nascera com a personalidade digna de um assassino.
"Agora, estou indo."
Jyuushirou se despediu do homem e ficou alguns instantes parado, sentindo o vento balançar seus cabelos. Sentia uma presença atrás de um dos pilares e sabia reconhecê-lo muito bem. Continuou parado onde estava e não demorou para que um jovem também de cabelos brancos arrepiados e incomuns olhos verdes se colocasse ao seu lado, de braços cruzados, sem alterar a expressão em momento algum.
"Você já saiu arranjando as coisas sem nem mesmo me consultar."
"Toushirou, é pelo bem de todos. E com certeza você irá amá-la, Momo-san é uma ótima moça."
O jovem apenas bufou. Jyuushirou riu, sem graça, imaginando em um meio mais confiável de acalmar o filho. Falaria com sua esposa assim que pudesse, ela sempre conseguia convence-lo das coisas. Retsu era uma moça muito amável e, mesmo não sendo a mãe biológica do Toushirou, era tratada como se a fosse. Possuía incríveis conhecimentos médicos e cuidava de todos de seu clã.
"Já se despediu do jovem herdeiro? Estamos partindo."
"Vamos logo!" - Foi tudo que Hitsugaya falou, andando em passos duros, fazendo seu pai soltar uma risada leve.
"NÃO!"
Momo andava apressada pelos corredores pintados de vermelho do palácio imperial. Desde que estava em casa e seu pai a notificara que pretendia casá-la com o herdeiro do clã dos assassinos, sua sanidade havia se esgotado. Iria passar o dia escoltando uma nobre e torcia para que tentassem atacá-la. Iria esmurrar todos os bandidos com toda a sua boa vontade. Kimihiro suspirava, cansado, tentando acalmar a primogênita. Mas estava realmente difícil.
"Minha filha, entenda, só porque a criei como um soldado não quer dizer que você não vá se casar!"
"Eu nem mesmo vou herdar o clã por ser mulher! Precisa me ceder a uma humilhação pior, meu pai?" - A jovem virou-se para o homem, seus olhos castanhos repletos de lágrimas contidas. Sua franja estava completamente desalinhada, resultado de todo o seu nervosismo.
"Você sempre soube que um dia teria que se casar."
"NÃO VOU! NÃO ACEITO ISSO!"
E virando-se bruscamente para uma grande entrada pintada com detalhes em dourado, colocou sua máscara e adentrou no recinto, fechando a porta logo depois para que seu pai não a seguisse. Respirou fundo e caminhou silenciosamente até o final do corredor, onde se encontrava em um belo quarto, com móveis caros e enfeites florais. Havia apenas uma coisa faltando. Ou alguém.
"Kuchiki-san?" - Hinamori avançou pelo quarto, chegando à sacada. Uma jovem estava sentada com uma mesinha à sua frente e vários papéis sobre a mesma. Seus cabelos negros eram curtos e os brilhantes olhos azuis estavam ofuscados pelos fios que lhe caíam pelo rosto. Usava um kimono branco com desenhos de flores de cerejeiras e um casaco verde-claro por cima. - "Ah, a encontrei."
A Kuchiki levantou o olhar antes perdido para a presença ao seu lado e abriu um sorriso gentil, afinando os olhos. Deixou o pincel que segurava sobre um prato com tinta na mesa e se levantou, fazendo uma pequena mesura. Olhou envolta, no pequeno jardim particular que possuía e distanciou os pés, indo na direção da Hinamori e a dando um pequeno tapa nos ombros.
"Hinamori-san! Estava te esperando."
Momo tornou a tirar a máscara e se sentou em um canto, suspirando alto. O céu estava extremamente azul, com pouquíssimas nuvens no céu. A jovem nobre se sentou ao seu lado, não antes de pegar uma xícara de chá para ambas. Kuchiki Rukia, a mais nova da sexta geração dos Kuchiki, uma moça inteligente, cuidadosa e que sabia muito bem manipular as pessoas de acordo com seus objetivos. Era protegida pela ninja há alguns anos e nisso, acabaram se tornando boas amigas.
"O que aconteceu ali fora? Você parecia bem nervosa antes de entrar!" - Falou, bebericando seu chá suavemente.
"Meu pai me prometeu em casamento à um estranho! Eu nunca quis me casar!"
"Mas esse sentimento de raiva é normal. No começo eu também senti, e olha que fiquei noiva aos dez anos. Hoje eu e ele nos damos muito bem, quando ele me obedece devidamente, claro." - Rukia completou, ocultando um sorriso sinistro, fazendo um calafrio percorrer a espinha da Hinamori.
"Kuchiki-san, você me assusta às vezes. Mas você foi criada para ser uma esposa, já eu.. não sei nada sobre isso." - Momo murmurou, abraçando as próprias pernas, apoiando o queixo em um dos joelhos. - "E não acho agradável a idéia de me casar com um assassino que dificilmente sai em público. E se for um homem estranho, peludo e horrível?"
Ambas tentaram imaginar o samurai descrito por Momo. Imediatamente sacudiram com todas as forças as cabeças. Era uma imagem estranha demais. Rukia não acreditava que fosse alguém daquele jeito, ainda mais que sabia que ele era mais ou menos da idade de seu noivo e ainda, era amigo do mesmo. Ou melhor, seu noivo o considerava como tal, mas não imaginava se era um sentimento recíproco.
"Quanto à isso, sei exatamente quem pode te ajudar com essa fobia de casamentos." - Rukia sorriu e Momo arqueou uma sobrancelha.
O shogun assinou mais um pergaminho tediosamente. Aquela era a parte mais chata de seu trabalho, mas extremamente necessária. O curioso era que seu filho deveria estar ajudando e aprendendo, afinal, não demoraria até que tomasse seu lugar que lhe pertencia por direito. Muito pelo contrário, o jovem de cabelos curtos e alaranjados fitava a janela pensadoramente há mais de meia hora. Resolveu deixar o trabalho de lado por um instante e irritá-lo, seu passatempo favorito.
"ICHIGOO! SÓ AS MOCINHAS FICAM OLHANDO E SUSPIRANDO PELA JANELA ASSIM!" - Gritou enquanto se jogava encima do ruivo.
Ichigo já possuía uma grande habilidade em artes marciais e bons reflexos graças à experiência antiga com os ataques repentinos do pai, desviar e revidar nunca era problema, mas não daquela vez. Estava tão absorto em seus pensamentos que acabara deixando a guarda baixa e assim, o contato com o chão não fora nada agradável. Várias veias começaram a pulsar em sua testa e ele empurrou o pai com todas as forças para o lado, jogando-o contra a parede.
"SEU LOUCO! NÃO SE JOGUE ENCIMA DOS OUTROS ASSIM!"
"Está cada dia mais forte... esse é o meu.. filho..." - Isshin falou dolorosamente, com uma boa pontada de orgulho, enquanto se esparramava pelo chão da sala. - "Mas, no que estava pensando?"
Ichigo olhou para o lado encabulado, cruzou os braços e murmurou um "Não é da sua conta." Aquela era a mania do jovem, era impulsivo e até mesmo violento, mas no fundo tinha bom coração. Era sociável e preocupado com as coisas ao seu redor, não poderia haver um futuro shogun melhor, assim seu pai pensava.
"Estava pensando na Rukia-chan, certo?" - A vermelhidão aumentou no rosto do ruivo. Na mosca.
"CLARO QUE NÃO!" - Falou, avançando com os punhos fechados na direção do pai.
É, o dia seria longo.
Em uma pequena aldeia, na rua principal, os moradores passavam tranquilamente, cada um com seus deveres a cumprir. Não moravam muitas pessoas ali, mas o fluxo de passageiros era constante, sendo uma ótima oportunidade para o comércio dos aldeões. Um jovem de cabelos negros e curtos, com cicatrizes e desenhos no rosto passava tranquilamente, com uma grande cesta amarrada nas costas. Parecia feliz. Observava as nuvens enquanto andava, acabando por não perceber um outro homem de cabelos grisalhos andando à sua frente, acabando por chocar-se em cheio com o mesmo.
Subitamente se levantou e desculpou-se, mas o homem nada fez além de sorrir e continuar andando. O jovem observou um papel amarrado em sua cintura e curioso, o abriu. Passou alguns minutos lendo-o distraidamente até que um sorriso torto apareceu em sua face.
"Finalmente..." - Sussurrou. - "O Shogun está com os dias contados."
Continua.
Observações:
Tela: Era usada uma tela de palha para que só fosse vista a silhueta do imperador ou do Shogun, somente pessoas próximas tinham a permissão de fitá-lo de frente.
Yay! E finalmente vou começar a postar essa fic! Eu já reescrevi o primeiro capítulo muitas e muitas vezes, uma vez que ele ficou aceitável foi um pouco antes de formatarem de surpresa meu computador e eu perdê-lo. Então reorganizei a história, vamos começar com calma, certo?
Essa fic é um projeto muito, mas MUITO antigo meu. Surgiu bem antes de "Meu Fantasma", mas a história era completamente diferente do que acabou se tornando. Mais ou menos. Espero que todos gostem e fiquem animados tanto quanto eu estou com essa fic. Então, inicialmente, é isso.
Reviews please! ;D
Kissus.
