Olá a todos! Nesta história vão acontecer muitas coisas no Bairro de São Jumentino. Humor, Mistério e personagens boas, más e dúbias aparecerão nesta história. A história está dividida em partes, mas apenas terá um único capítulo, que engloba toda a história. A história foi originalmente escrita num dos meus fotologs. Podem começar a ler!

O Bairro de São Jumentino

Parte 1 – A Família Torres

O Bairro de São Jumentino era igual a tantos outros em diversos aspectos, mas também bastante diferente do que se poderia considerar completamente normal.

Numa pequena casa pintada de amarelo, agora desbotado pelo tempo, viviam três pessoas. A velha Eugénia Torres, uma idosa de oitenta e cinco anos, vivia ali com a sua neta Susana Torres e o namorado da Susana, o Fábio Fontes.

Podia dizer-se que a sua vida era normal, mas não era. A casa aos poucos estava a cair de podre, mas a velha Eugénia recusava sair dali ou mesmo fazer obras. Ela era rica, muito rica, mas não queria gastar o seu dinheiro na casa, nem ir para outro lado. A neta Susana, por interesse, tinha-se aproximado da avó, já que era a sua única parente viva e esperava pacientemente que a velha batesse a bota, para ficar com todo o dinheiro da velha e deixar aquela vida miserável. O Fábio esperava o mesmo.

Só que há cinco anos que eles já viviam com a velha Eugénia e não havia sinais de ela estar mais abatida ou mais perto de estar com os pés para a cova, o que já estava a deixar os dois bastante zangados.

Fábio: Bolas, a tua avó tem uma saúde de ferro. O raio da velha nunca mais vai desta para melhor!

Susana: O que é que queres que eu faça? - perguntou ela, zangada. - Não tenho culpa da minha avó nunca mais morrer. Deve ser da comida que comeu quando era jovem. Era mais saudável e tal.

Fábio: Quero lá saber se era saudável ou não! Quero é o dinheiro!

Susana: Tu tem mas é calminha. Afinal, quem vai receber o dinheiro quando ela morrer, sou eu, a sua única parente.

Fábio: Mas estamos juntos, por isso vamos gastar o dinheiro juntos, não é? - perguntou ele, sorrindo-lhe.

Susana: Sim amorzinho... mas acho que ainda vamos ter de esperar bastante tempo até termos o dinheiro nas nossas mãos.

Fábio: Talvez não.

Susana: O que queres dizer com isso?

Fábio: Acho que já arranjei uma solução para os nossos problemas! - disse ele.

Susana: Que solução?

Fábio: Depois verás. - disse ele, pensativo.

À hora do jantar...

Fábio: Vá, fiquem as duas aqui quietinhas que eu vou buscar a sopa à cozinha. - disse ele, sorrindo-lhes.

A velha Eugénia olhou para a neta.

Eugénia: O que é que se passa com o teu namorado? Está todo simpático e até se ofereceu para fazer alguma coisa. Estará doente?

Susana: Claro que não, avó.

Eugénia: É que desde que vocês vieram morar comigo, quem sustenta esta casa sou eu, porque vocês não querem trabalhar, seus mandriões! - disse ela, agitando a bengala.

O Fábio entrou novamente na sala, trazendo dois pratos com sopa. Pousou um à frente da velhota e outro à frente da namorada dele. Voltou à cozinha e trouxe o seu prato com sopa.

Fábio: Espero que goste da sopa.

Eugénia: Claro que vou gostar. Fui eu que a tive de fazer!

Fábio: ¬¬ Pois, mas espero que goste na mesma...

Eugénia: Olha lá, diz-me lá verdade Fábio, tu andas metido nas drogas, não andas?

Fábio: O.o

Susana: Avó! Que ideia!

Eugénia: Foi só uma pergunta. - disse ela, defendendo-se. - É que ele está esquisito.

Fábio: Vá, fale menos e coma a sopa. - disse ele, sorrindo-lhe.

A velha Eugénia lançou-lhe um olhar curioso e depois pegou na colher. No momento em que ia pôr a colher na sopa, enganou-se e acertou na borda do prato, virando-o ao contrário e fazendo com a sopa se espalhasse pela toalha.

Eugénia: Ai, que desastrada que eu sou!

Susana: Deixe estar que eu limpo avó. - disse ela, correndo até à cozinha para ir buscar um pano.

Fábio: Já viu o que fez? Não pode ter mais cuidado? Estragou a sua sopa! - gritou ele, irritado.

A Susana entrou a correr na sala e começou a limpar tudo.

Eugénia: Calma jovem, também não é preciso ficares irritado. Até parece que tinhas posto veneno na sopa para eu morrer, mas por um acaso eu tive sorte e não comi a sopa e sobrevivi. - disse ela, dando uma gargalhada.

A Susana olhou para o seu namorado e percebeu tudo. Depois do jantar, a Susana arrastou o Fábio para a cozinha.

Susana: Que ideia foi aquela, Fábio? Tu puseste veneno na sopa, não foi?

Fábio: Foi.

Susana: Acho que a minha avó desconfiou... ou disse aquilo só na brincadeira.

Fábio: Ia dar resultado, mas ela teve sorte...

Susana: Tu és um burro! - gritou ela. - Não vês que assim viam logo que ela tinha sido envenenada e acabavam por chegar a nós, descobriam pistas e prendiam-nos?

Fábio: Não tinha pensado nisso...

Susana: Se queremos que ela morra mais rápido, tem de parecer um acidente.

Fábio: Está bem. Vou pensar noutro plano.

Parte 2 – A Família Castro

Para além da família Torres, no bairro de São Jumentino viviam mais famílias. Outra dessas famílias era a família Castro. A Zuleica Castro é a mãe de família e diz-se vidente, apesar de não ter poderes nenhuns. O seu marido, o Zé Castro, está desempregado há mais de dois anos e não parece querer ir trabalhar, nem pensa em procurar emprego. Por fim, a filha dos dois, Rita Castro, trabalha no café do bairro e é uma pessoa decidida e honesta.

Zuleica: Ó Zé, anda cá! - gritou ela.

O Zé apareceu à porta da sala.

Zé: O que foi?

Zuleica: Vai lá para o quarto e põe-te em frente ao computador. - mandou ela. - Sinto que hoje vou atender uma cliente famosa e por isso, quando ela disser o seu nome, quero que procures na internet e descubras tudo sobre ela, para eu fingir que adivinhei.

Rita: Lá estão vocês novamente com os vossos esquemas. - disse ela, aborrecida. - Será que não conseguem arranjar um emprego normal?

Zuleica: Assim não tenho de trabalhar muito e ganho dinheiro que chegue, filha.

Rita: Se o pai fosse trabalhar, já não precisavam de fazer estas figuras e andarem a enganar as pessoas.

Zé: Querida, tu sabes que eu não posso ir trabalhar. Sou alérgico ao trabalho. Fico logo com comichões se trabalho mais de uma hora.

Rita: És é um mandrião! - disse ela, zangada. - Se não fosse eu a contribuir com o meu ordenado para esta casa, o dinheiro que a mãe ganha não chegava e passávamos fome!

Zuleica: Querida...

Rita: Vou-me embora. Tenho de ir trabalhar, ao contrário de certas pessoas.

Ela saiu de casa. O Zé encolheu os ombros.

Zé: Ela tem sempre ideias sem jeito. Ir trabalhar... francamente!

Zuleica: Vai lá para o quarto que a minha cliente deve estar a chegar.

Zé: Já estou a ir!

Passados dois minutos, tocaram à campainha e a Zuleica foi abrir. Uma mulher loira platinada e com um casaco de peles estava à porta. Chamava-se Felícia Fontanelas.

Felícia: Bom dia. É aqui a casa da Madame Zuleica, a vidente?

Zuleica: É sim. Eu sou a vidente. - disse ela. - Já tinha previsto a sua chegada. Entre.

A Felícia entrou na casa.

Felícia: Então, já tinha previsto a minha chegada, era?

Zuleica: Claro. Eu tenho os poderes místicos ao meu dispor, para prever tudo.

Felícia: Ai sim? Bom, é isso que eu procuro. - disse ela. - Já deve saber que eu sou a Felícia Fontanelas.

Zuleica: Claro. Também consegui ver o seu nome. - mentiu ela.

A Zulecia tinha um microfone debaixo da mesa e o Zé ouviu tudo, começando a procurar na internet informações sobre a Felícia Fontanelas. A Zuleica, por sua vez, tinha um auricular escondido numa das orelhas, para que o Zé lhe pudesse transmitir informação.

Zuleica: Bom, vamos sentar-nos. - disse ela, quando chegaram ao pé de uma mesa redonda.

Felícia: Já deve saber porque estou aqui.

Zuleica: Na verdade não.

Felícia: Não? Mas não me disse que tinha grandes poderes? - perguntou ela, desconfiada.

Zuleica: E tenho. Só que não sou nenhuma metediça e não gosto de estar a prever os problemas das pessoas, a não ser que elas me peçam ajuda.

Felícia: Ah... estou a ver... bem, mas sabe, eu não acredito muito nestas coisas.

Zuleica: Ah.

Felícia: Quero que me prove que tem poderes.

Zuleica: Como queira. Quer que eu preveja alguma coisa?

Felícia: Sim. Por exemplo... que idade tenho eu?

A Zuleica mexeu as mãos por cima da sua bola de cristal, enquanto o Zé lhe dizia a idade.

Zuleica: Tem quarenta e um anos, mas parece só ter trinta e cinco.

Felícia: Bom, acertou... mas isso pode ter sido só sorte. - disse ela, ainda desconfiada. - Como é que se chama o meu marido, que faleceu há um ano atrás?

A Zuleica voltou a mexer as mãos e o Zé voltou a dar-lhe a informação necessária.

Zuleica: Chamava-se Albertino Fontanelas.

Felícia: Ah... sim, está correcto. - disse ela. - Então, uma última pergunta. Quantas casas de campo tenho eu?

Mais uma vez, o processo de falsa adivinhação repetiu-se.

Zuleica: Tem duas casas de campo.

Felícia: Ah! É verdade! Você tem mesmo poderes. Adivinhou tudo.

Zuleica: Claro. – disse ela, sorrindo falsamente e pensou: Ela também é burra. Se eu fosse dessas mulheres que lê todas as revistas cor-de-rosa, também saberia as informações que ela me perguntou através das revistas, mas pronto…

Felícia: B-bom... não estava preparada para isto. Pensei que talvez fosse uma charlatã... bom, preciso dos seus serviços, mas volto noutra altura.

Zuleica: Porquê?

Felícia: Tenho de pensar bem nisto. Afinal, os seus poderes são verdadeiros... bom, eu volto cá daqui a algum tempo.

A Felícia pagou a consulta e foi-se embora. O Zé saiu do quarto.

Zé: Acho que podemos sacar um bom dinheiro a esta tipa.

Zuleica: Vamos lá ver é o que é que ela quer que eu faça com os meus poderes.

Parte 3 – Plano para matar a velha Eugénia

No dia seguinte, o Fábio tentou fazer com que a velha Eugénia caísse das escadas abaixo, parecendo ser um acidente. Quando ela estava a descer as escadas, ele desceu-as a correr e deu um encontrão na velha. Só que ela tinha a mania de agarrar o corrimão com muita força, por isso não caiu.

Eugénia: Tem cuidado, Fábio! - gritou ela, furiosa. - Ainda podia cair daqui abaixo!

Fábio: Peço desculpa. - disse ele, mas na realidade estava zangado por o seu plano ter falhado.

Mais tarde, o Fábio foi falar com a sua namorada, a Susana.

Fábio: Não consegui que a velha caísse das escadas abaixo. - disse ele, aborrecido. - Ela agarra-se com muita força ao corrimão.

Susana: Claro, querias o quê? Ela usa uma bengala. Às vezes tem pouca força nas pernas, por isso tem de se agarrar, não vá cair pelas escadas abaixo.

Fábio: Pois. Mas o meu objectivo era que ele caísse pelas escadas abaixo.

Susana: Não se pode acertar sempre. - disse ela, encolhendo os ombros. - Vá, começa a pensar noutra coisa.

Enquanto isso, na casa da família Castro...

Zé: Então, a loiraça ainda não disse nada?

Zuleica: Não. Mas ela há-de voltar.

A Rita suspirou.

Rita: Vocês não se cansam de tentar enganar as pessoas?

Zé: Até parece que és alguma santa, filha.

Rita: Não sou santa, mas ao menos trabalho para ganhar o meu dinheiro. - disse ela. - Qualquer dia, ainda se vão dar mal por enganarem as pessoas. Oiçam o que eu vos digo. Não é preciso eu ser adivinha para saber isso.

Zuleica: Ó filha, não agoires. - pediu ela.

Rita: Bem, eu vou mas é trabalhar, senão chego atrasada e a dona Deolinda começa logo a ralhar.

A Rita saiu de casa e foi até ao café do bairro, o Café do Coice, cuja proprietária é a dona Deolinda Pardal, patroa da Rita. A dona Deolinda tem sessenta e cinco anos, é viúva e é muito temperamental. Além disso, é muito coscuvilheira e gosta de saber a vida de toda a gente.

Rita: Bom dia. - disse ela, entrando no café.

Deolinda: Vá lá, hoje chegaste um minuto mais cedo. - disse ela, olhando para o relógio.

Rita: Eu também não me costumo atrasar. - disse ela.

Deolinda: Bom, isso é verdade, mas mesmo assim... - disse ela, pensativa. - Temos de preparar as coisas para a Festa de São Jumentino, que é já na semana que vem.

Rita: Ainda faltam cinco dias.

Deolinda: Está bem, mas mesmo assim temos de preparar as coisas. Quero montar uma barraquinha aqui à porta e quando as pessoas passarem aqui no bairro vêm logo consumir alguma coisa e eu ganho logo imenso dinheiro!

Ela riu-se.

Rita: ¬¬

Entretanto, no dia seguinte, a Felícia Fontanelas foi ver novamente a Madame Zuleica. O Zé pôs-se a postos no quarto.

Zuleica: Ora, cá está você. Já tinha previsto a sua chegada.

Felícia: Óptimo. Bom, estou convencida dos seus poderes e preciso da sua ajuda. - disse ela.

Zuleica: Claro. Diga então.

Felícia: Eu tive um filho... ou filha, nunca cheguei a saber. - disse ela. - Só que eu não tinha condições de o criar naquela altura... e então pedi à parteira que quando o meu filho ou filha nascesse, o deixasse à porta de um orfanato. Depois do parto, acabei por desmaiar e quando recuperei os sentidos, já o meu filho tinha sido deixado no orfanato.

Zuleica: E não sabe se é menino ou menina?

Felícia: Não. Na altura não quis saber nada. Nada mesmo. Eu não queria sofrer... depois, casei, enviuvei e agora tenho dinheiro. Fui procurar a minha parteira, mas ela já morreu. E assim fiquei sem informações sobre o meu filho ou filha.

A Felícia fez uma pausa.

Felícia: Quero encontrar o meu filho ou filha. Foi por isso que eu vim ter consigo. - disse ela.

A Zuleica ficou um pouco alarmada, mas recuperou rapidamente.

Zuleica: Estou a ver. Bem, localizar uma pessoa de que você nem sabe o sexo, nem nome, nem nada... é complicado...

Felícia: Mas consegue encontrar o meu filho ou não? Pago-lhe tudo o que quiser!

Ouvindo isto, a Zuleica sorriu.

Zuleica: Não se preocupe que eu encontro o seu filho desaparecido. Mas vai levar algum tempo.

Felícia: Quanto?

Zuleica: B-bom... um mês, talvez.

Felícia: Isso é muito tempo. Eu pago-lhe o dobro ou o triplo do que costuma cobrar. Já sei! Pago-lhe vinte vezes o que costuma cobrar se encontrar o meu filho em cinco dias.

Zuleica: Muito bem. Vou fazer esse esforço por si. Preciso é de saber que idade tem o seu filho.

Felícia: Há-de ter uns vinte e cinco anos.

Mais descansada, a Felícia foi-se embora. O Zé saiu do quarto.

Zé: Mulher, o que vais fazer agora?

Zuleica: Agora, agora só precisamos de arranjar alguma pessoa de vinte e cinco anos que se faça passar pelo filho da ricaça.

Parte 4 – Zuleica em Acção!

No dia seguinte, ao pequeno-almoço.

Rita: Não! Nem pensar!

Zuleica: Vá lá filha! Só tens de te fazer passar pela filha desaparecida da ricaça. É simples.

Rita: Eu não me vou meter numa confusão dessas! - disse ela, zangada. - Ela vai descobrir logo!

Zuleica: Claro que não.

Zé: Nós somos espertos!

Rita: Ai sim? Então e acham que ela vai logo acreditar? Ela vai querer um exame que comprove que eu sou mesmo filha dela. Nessa altura, ela descobre que é mentira e vamos todos presos. Não alinho nisso.

Zuleica: Filha, nós damos a volta, não te preocupes.

Rita: Já disse que não!

Zé: Ai é? Pois bem, nós arranjamos outra pessoa. - disse ele. - E se formos apanhados, dizemos que tu também fazias parte do plano e vais presa também.

A Rita olhou furiosa para eles.

Rita: Vocês nem merecem ser chamados de pais! Estão a fazer chantagem comigo! - gritou ela, furiosa. - Mas eu não cedo. E quando eu conseguir dinheiro para alugar um apartamento, saio de vez daqui!

A Rita saiu de casa, furiosa.

Zuleica: Também não era preciso ameaçares a nossa filha. - disse ela. - Mesmo que sejamos apanhados, não a podemos denunciar. Isso seria cruel.

Zé: Quero lá saber. Não quer colaborar, então pior para ela.

Zuleica: Temos de arranjar outra pessoa para fazer de filho ou filha da ricaça...

Zé: Olha, a Susana e o Fábio, que vivem com a velha Eugénia têm a idade da nossa filha. Talvez um deles alinhe na farsa.

Zuleica: A Susana não sei, mas o namorado dela não é boa rês. É capaz de aceitar. Vou falar com ele.

A Rita entrou nesse momento no café, com lágrimas nos olhos.

Deolinda: Então, o que se passa Rita?

Rita: N-não é nada.

Deolinda: Ó filha, conta-me que sabes que eu gosto de saber tudo.

Rita: Os meus pais estão cada vez piores! Já não os posso aturar.

Deolinda: O que se passou?

Rita: E-eu... não posso contar. Desculpe.

A Rita secou as lágrimas e foi buscar um avental. A dona Deolinda ficou a olhar para ela.

Deolinda (pensando): O que se passará com ela? Também, com uma mãe vidente, que eu aposto que é uma farsa e um pai que não quer trabalhar... pobre pequena.

Algum tempo depois, a Zuleica foi até à casa da velha Eugénia. Bateu à porta e a Susana veio abrir.

Susana: Bom dia dona Zuleica.

Zuleica: Olá querida. Então... vim ver a tua avó. - disse ela, não querendo revelar à Susana o que realmente vinha ali fazer.

Susana: Ah, entre. - disse ela, dando passagem à Zuleica. - Ela está deitada.

Zuleica: Deitada? Porquê?

Susana (pensando): É mesmo farsante. Se fosse uma verdadeira vidente, já saberia porquê. Aliás, não deixava que eu e o Fábio tentássemos matar a minha avó.

Ela suspirou e respondeu.

Susana: Por um mero acaso, claro, o chão do corredor estava molhado e ela caiu, mas (in)felizmente está tudo bem com ela. Está só a descansar.

Zuleica: Ah... bem, então vou falar com ela na mesma.

A Susana levou a Zuleica até ao quarto da velha Eugénia.

Susana: Bom, eu agora tenho de sair. Se for preciso alguma coisa, o Fábio está lá em baixo.

A Susana foi-se embora.

Zuleica: Então, como está dona Eugénia?

Eugénia: Eu agora estou bem. Só um pouco dorida. - disse ela. - Sabe, estou a ficar velha. E não tenho ninguém que me ajude.

Zuleica: Ora, tem a sua neta e o namorado dela.

Eugénia: Eles não ajudam nada. - disse ela. - Preciso de encontrar uma pessoa que tome realmente conta de mim e da casa.

Zuleica: Bom, se é isso que quer.

Eugénia: Faz-me um favor, Zuleica?

Zuleica: Claro.

Eugénia: Vou escrever aqui num papel um anúncio que quero que ponha no jornal, está bem?

A velha Eugénia escreveu tudo num papel.

Eugénia: Pronto, aqui tem o papel e o dinheiro para pôr o anúncio.

Zuleica: Certo. Não se preocupe que eu ponho o anúncio no jornal. - disse ela. - Agora tenho de ir. As suas melhoras.

A Zuleica saiu do quarto. Ainda pensou em não pôr o anúncio e ficar com o dinheiro, mas acabou por decidir que era melhor pôr o anúncio ou ainda criava confusão com a dona Eugénia.

Ela desceu as escadas e avistou o Fábio na sala.

Zuleica: Olá Fábio.

Fábio: Olá dona Zuleica.

Zuleica: Que bom que aqui estás. Tenho de falar contigo.

Fábio: Ai sim? Sobre o quê?

A Zuleica contou-lhe da farsa que queria que ele fizesse.

Fábio: O que é que ganho com isso?

Zuleica: Se ela pensar que és filho dela, tens direito à fortuna dela.

Fábio: Ah, mas isso já me agrada bastante. - disse ele, sorrindo. - Conte comigo, dona Zuleica.

Parte 5 - Nina

No dia seguinte, o Fábio foi falar com a Zuleica e o Zé sobre a farsa que eles iam montar para enganar a Felícia. A Zuleica tinha feito o que a velha Eugénia lhe tinha pedido e tinha posto o anúncio no jornal.

Fábio: Ora bem, então só tenho de fingir que sou o filho desaparecido dessa tal Felícia, certo?

Zuleica: Sim.

Fábio: Mas que história é que lhe vamos contar? Tenho de ter um passado fictício. Ela de certeza que vai querer saber disso.

Zé: Por isso é que estás aqui rapaz, para discutirmos como vamos abordar as coisas.

Fábio: Certo. Mas e se ela quiser fazer o teste para ver se é minha mãe?

Zuleica: Ora, é fácil. Quando o teste estiver pronto, vamos logo a correr buscá-lo à clínica e alteramos os resultados que estão escritos no papel, para que mostre que o Fábio é filho dela. - explicou ela.

Fábio: Espero que isso resulte.

Zuleica: Bom, vamos lá discutir umas ideias.

Enquanto isso, a dona Deolinda ainda estava de olho na Rita, que estava lá a trabalhar no café.

Deolinda (pensando): O que será que a rapariga teve ontem? Aqueles pais devem ser uns pais horríveis... bem, se ela não se quer abrir comigo, não a posso ajudar.

No dia seguinte, começaram a aparecer várias raparigas e mulheres em casa dos Torres.

Susana: Mas o que é isto? - perguntou ela, abrindo a porta e vendo seis pessoas à porta.

Uma rapariga loira deu um passo em frente. Chamava-se Nina Alves.

Nina: Viemos por causa do anúncio do jornal.

Susana: Mas que anúncio? Não pusemos anúncio nenhum no jornal!

Nesse momento apareceu a velha Eugénia por detrás da Susana.

Eugénia: Ora, ainda bem que apareceram várias pessoas.

Susana: Avó, afinal o que é isto?

Eugénia: Elas vieram por causa do anúncio que foi posto no jornal a meu mando. Quero alguém que cuide de mim e da casa.

Susana: Avó! Isso é uma parvoíce! Estou cá eu e o Fábio.

Eugénia: Vocês não fazem a ponta de um corno! Eu é que tenho de fazer tudo. Por isso, eu acho que preciso de alguém para tomar conta de mim. Agora não atrapalhes.

A Eugénia puxou a Susana para o lado.

Eugénia: Bom dia a todas. Façam favor de entrar.

As seis entraram e seguiram a Eugénia até à sala.

Eugénia: Vou falar com cada uma de vocês na cozinha. Quem é que foi a primeira a chegar?

Uma mulher gorda levantou-se e seguiu a dona Eugénia até à cozinha. Depois dela, seguiram-se as outras cinco.

Enquanto isso, a Susana foi falar com o Fábio para o quarto.

Susana: Já viste isto?

Fábio: Bom, a velhota fartou-se de fazer tudo sozinha. É normal.

Susana: Não interessa! Se vem mais alguém cá para casa vai ser uma complicação.

Fábio: Pois, nisso tens razão. Assim vai ser mais difícil matar a velha parecendo que foi acidente...

Passou-se o dia. No dia seguinte, a velha Eugénia reuniu a Susana e o Fábio.

Eugénia: Já escolhi a nova empregada. Entra.

A Nina entrou na sala.

Eugénia: Esta é a Nina Alves e vai ajudar-me e cuidar da casa.

Nina: Olá.

No momento em que viu que a Nina era a nova empregada, a Susana passou logo a não gostar dela.

Parte 6 – Um amor antigo

No dia seguinte, era o dia da festa de São Jumentino. A Zuleica tinha posto uma barraca de vidência à porta da sua casa. A dona Deolinda tinha posto a tal barraquinha com comida em frente ao seu café.

Várias pessoas andavam ali pela rua e havia várias atracções. Na casa dos Torres...

Nina: Quer ir dar uma volta, dona Eugénia? - perguntou ela, atenciosamente.

Eugénia: Quero. Eu adoro esta festa. - disse ela. - Vamos lá.

Elas iam para sair de casa, quando a Susana e o Fábio apareceram.

Susana: Nina, onde é que estás a levar minha avó?

Nina: Vou levá-la a dar uma volta.

Susana: Ora, nem pensar! Ela tem de estar em casa!

Eugénia: Eu é que sei!

Susana: Você pode apanhar uma constipação e morrer! - disse ela. Depois percebeu que isso até seria vantajoso. - Quer dizer... vá, vá.

A Eugénia olhou desconfiada para ela e ela e a Nina saíram de casa.

Susana: O que é que vais fazer hoje, Fábio?

Fábio: Tenho coisas para fazer. - disse ele. - Até já.

Ele saiu de casa rapidamente.

Susana: Onde foi ele? Que chatice! Deixou-me aqui sozinha!

O Fábio foi ter com a Zuleica e o Zé.

Fábio: Então, a ricaça ainda não apareceu?

Zuleica: Não. Ela há-de aparecer hoje, por isso tens de estar a postos.

A Nina e a velha Eugénia estavam a ver uma barraquinha com bugigangas.

Nina: Olhe este colar, não é bonito?

Eugénia: Sim, para pessoas jovens como tu é bonito.

Nina: Mas é caro... bem, não tenho dinheiro para ele. - disse ela, encolhendo os ombros. - Paciência.

Eugénia: Eu compro-o para ti.

Nina: Não! Nem pensar! - disse ela, rapidamente. - É muito caro. Não.

Eugénia: Mas eu compro o colar na mesma.

Nina: Já disse que não. Guarde o dinheiro para coisas para si e para a sua neta.

A Eugénia sorriu-lhe. A Nina era exactamente o oposto da Susana.

Enquanto isso, a dona Deolinda estava com a Rita na barraquinha de comida.

Deolinda: O que é que será que o Fábio está ali a falar com os teus pais?

Rita: Nem quero saber.

Deolinda: Estás mesmo zangada com eles.

Rita: Dona Deolinda, se quer saber as coisas, seja logo directa. - disse ela. - Estou zangada com eles porque eles são péssimos pais. São uns charlatães.

Deolinda: Ah, bem me parecia...

Entretanto a Nina e a Eugénia chegaram perto da Deolinda e a Rita.

Eugénia: Olá.

Deolinda: Eugénia, vá lá, saíste de casa finalmente.

Eugénia: É. Agora tenho aqui a Nina, que me acompanha.

Nesse momento, a Deolinda e a Eugénia viram um velhote que se vinha a aproximar.

Deolinda: Ah!

Eugénia: Não pode ser!

Deolinda: É o Eustáquio Alberto!

Nina: Eustáquio Alberto?

A Rita aproximou-se da Nina e sussurrou-lhe ao ouvido.

Rita: Era um homem que foi disputado pela dona Eugénia e a dona Deolinda quando elas eram mais novas. Mas depois foi-se embora para os Estados Unidos. A dona Eugénia refez a vida, mas a dona Deolinda decidiu ficar solteira.

Nina: Ah, um amor antigo...

O Eustáquio Alberto aproximou-se delas.

Eustáquio: Olá. Eugénia, Deolinda, bonitas como sempre.

As duas velhotas ficaram a olhar para ele.

Deolinda: Então, voltaste?

Eustáquio: Sim. Voltei e vou viver aqui neste bairro.

Deolinda: Ai que o meu coração não aguenta!

A Deolinda desmaiou e a Rita teve de a agarrar.

Ao longe, o Fábio olhou por acaso para ali.

Fábio: Bem, devia era ter sido a outra velha a desmaiar, a ver se batia a bota, mas pronto...

Nesse momento, a Zuleica viu a Felícia a aproximar-se.

Zuleica: Fábio, é ela!

O Fábio pôs-se a postos. O Zé saiu dali rapidamente.

Felícia: Olá Madame Zuleica. - disse ela.

Zuleica: Olá.

Felícia: Então, já tem a informação que eu quero.

Zuleica: Claro. Já tenho a informação e melhor, eu descobri o seu filho e ele está aqui. - disse ela. - É este rapaz! O Fabiano Fontana.

Fábio: Fabiano? Eu chamo-me...

Zuleica: Fabiano! - disse ela, olhando aborrecida para ele. - O teu nome é Fabiano.

O Fábio compreendeu que se era uma farsa, era melhor não usar o seu nome verdadeiro.

Zuleica: Ele é o seu filho desaparecido!

Felícia: A sério? Meu filho!

A Felícia abraçou-o.

Felícia: Tenho tantas coisas para te perguntar.

Fábio: Eu respondo tudo... mãe...

A Felícia sorriu-lhe.

Felícia: Meu querido, apesar de tudo, quero que faças o teste de ADN. – disse ela, abanando a cabeça.

Fábio: Está bem.

Parte 7 – A Rita sai de casa

A Rita e o Eustáquio Alberto levaram a Deolinda para dentro do café. A Nina e a Eugénia seguiram-nos. Pouco depois, a Deolinda voltou a si.

Deolinda: Ai... estive a sonhar. Sonhei que o Eustáquio Alberto tinha voltado e... ai! Cruzes Credo! Tu estás mesmo aqui!

Eustáquio: Claro que estou.

Deolinda: Isto é muita emoção no mesmo dia. - disse ela.

Eugénia: Hã Deolinda, o coração ainda bate forte pelo Eustáquio, heim?

A Deolinda corou imenso.

Deolinda: Não digas isso, Eugénia!

A Eugénia riu-se e o Eustáquio Alberto ficou a olhar para elas.

A Nina ficou a falar com a Rita.

Nina: Este bairro parece animado.

Rita: Lá isso é.

Nina: Vives aqui há muito tempo?

Rita: Sim. Desde que nasci. Vivo com os meus pais, infelizmente...

Nina: Ora, não digas isso. - disse ela. - Deve ser bom ter pais... eu nunca conheci os meus...

No dia seguinte, o Fábio foi falar com a Rita.

Fábio: Sabes, devias participar do plano para ficar com o dinheiro da ricaça.

Rita: Não quero saber disso!

Fábio: Devias querer saber. Os teus pais estão metidos nisto.

Rita: Já disse que não me interessa!

O Fábio aproximou-se da Rita, acariciando-lhe os cabelos.

Fábio: Podíamos ser bons amigos.

Rita: Não quero ser tua amiga. - disse ela. - Além disso, tu estás a aproximar-te demais. A Susana não vai gostar disso.

O Fábio afastou-se.

Fábio: Tudo bem. Adeus.

Ele foi-se embora. Mais tarde, a Rita foi falar com os seus pais, o Zé e a Zuleica.

Rita: Vocês têm de desistir desse plano absurdo!

Zé: Nem penses!

Zuleica: Filha, com isto, vamos ficar ricos!

Rita: Vocês estão a iludir uma pessoa cujo único objectivo é a felicidade junto de uma pessoa que perdeu há muitos anos. A tal ricaça só quer encontrar o filho ou filha. Vocês não têm o direito de a enganar desta maneira!

Zuleica: Não sabes o que dizes!

Rita: Sei muito bem! Vocês são uns vigaristas! Tenho vergonha que sejam meus pais!

Zé: Então sai daqui! Sai da nossa casa! - gritou ele.

Rita: Pois é o que vou fazer!

A Rita correu para o seu quarto, pôs as suas roupas numa mala e desceu rapidamente.

Zuleica: O que vais fazer?

Rita: Vou-me embora!

Zuleica: Filha, o teu pai estava a ser precipitado.

Rita: Não quero saber. Adeus!

Ela saiu da casa.

Zuleica: Zé, olha o que fizeste!

Zé: Ela é uma ingrata. Depois de tudo o que fizemos por ela!

Zuleica: Coitada...

A Rita foi até ao café da Deolinda.

Deolinda: Então, o que é isso Rita?

Rita: São as minhas malas. - respondeu ela. - Saí de casa.

Deolinda: A sério? Conta-me tudo.

A Rita contou o que se tinha passado.

Deolinda: Ah, aldrabões de uma figa!

Rita: E agora não tenho onde ficar...

Deolinda: Ora, ficas na minha casa. De qualquer maneira, sou eu sozinha. Tenho um quarto vago.

Rita: A sério? Oh, muito obrigada. - disse ela, abraçando a Deolinda.

Deolinda: Não tens de quê, minha querida. És muito boa para os pais que tens. - disse ela. - E vai saber-me bem ter companhia.

Rita: Isto é, até você conquistar o Eustáquio Alberto e depois vão viver juntos e ele vai aquecer-lhe os pés quando estiverem a dormir.

Deolinda: Ó filha, isso é que era bom! Mas ele tem os pés muito gelados. - disse ela.

Rita: Tem?

Deolinda: Q-quer dizer... é o que diziam quando ele e eu éramos mais novos... claro que eu nunca dormi com ele nem nada disso!

Rita: ¬¬ Claro, claro...

Enquanto isso, na casa dos Torres, a Nina estava a arrumar a cozinha, enquanto cantarolava. O Fábio olhou para ela e ficou a vê-la cantar, enquanto quase se babava. A Susana apareceu ao seu lado.

Susana: Acorda, paspalho.

O Fábio virou-se para ela.

Fábio: O que foi?

Susana: Espero que não estejas a pensar atirar-te à Nina. - disse ela, ameaçadoramente. - Tu sabes muito bem que tu és meu!

Fábio: Eu sei, querida.

Susana: Espero bem que saibas. Se tu me trais, vais arrepender-te, podes ter a certeza!

Parte 8 – A Nina salva uma vida

No dia seguinte, o Fábio decidiu que era hora da velha Eugénia bater as botas de uma vez por todas. Então, ao pequeno-almoço, ele pôs queijo estragado no prato dela sem que mais ninguém visse. O queijo tinha um aspecto normal, mas não era.

O Fábio, a Susana e a Eugénia começaram a tomar o pequeno-almoço, enquanto a Nina os observava. A dada altura, depois de comer o queijo, a Eugénia começou a tossir.

Susana: Então avó, o que foi?

A Eugénia agarrou-se à barriga.

Eugénia: Dói-me a barriga.

Nina: Eu vou fazer-lhe um chá. Pode ser que a dor de barriga passe.

Susana: Não é preciso chá nenhum. - disse ela. - É normal você ter dores. Já não é nova.

Eugénia: Eu sei, mas mesmo assim, dói-me muito...

O Fábio quase sorriu, perante o sofrimento da Eugénia.

Nina: Eu vou fazer o chá.

Susana: Já disse que não! - gritou ela, levantando-se. - Não me desobedeças!

Nina: Você não manda em mim! A minha patroa é a sua avó, não é você! - gritou ela, zangada.

A Susana ficou vermelha de fúria. A Nina ignorou-a e foi para a cozinha fazer o chá. Alguns minutos depois, voltou com o chá para a sala.

Nina: Aqui tem. Ainda lhe dói muito a barriga?

Eugénia: Sim. Parece que cada vez é pior.

Nina: Então beba o chá, que pode ser que passe.

A Eugénia bebeu o chá. A Susana olhava furiosa para a Nina. O Fábio mantinha-se paciente. Passados uns minutos, a Eugénia continuava mal.

Nina: Eu acho melhor chamar uma ambulância para a levar ao hospital. Pode ser alguma coisa grave.

Fábio: Não é preciso uma ambulância. - disse ele, rapidamente. - Daqui a pouco a dor deve desaparecer naturalmente.

Susana: Claro. Esta rapariga é que é uma alarmista do pior.

Nina: Eu estou é preocupada com a sua avó, coisa que você não está!

Susana: Ora, como te atreves, sua anormal! - gritou ela, furiosa.

Nina: Anormal é você!

O Fábio entrepôs-se entre elas, não fossem elas começar a brigar.

Fábio: Tenham lá calma.

Eugénia: Nina, é mesmo melhor chamares a ambulância.

Nina: Claro. É para já.

Ela foi buscar o telefone e começou a marcar o número, mas a Susana tirou-lhe o telefone da mão.

Susana: Já disse que não!

Nina: E eu disse que ia ligar!

A Nina fechou a mão e deu um murro com toda a força na cara da Susana. A Susana deu um passo atrás, a Nina tirou-lhe o telefone das mãos e marcou o número.

A Susana, com a cara vermelha, olhou furiosa para a Nina, mas ela já estava a terminar o telefonema.

Nina: Já está. Eles vêem já.

Susana: Tu vais pagar por isto!

Nina: Ai sim? Pois se quer lutar, eu luto. Fui criada num orfanato. Tínhamos poucas coisas e havia pessoas como você, egoístas e que queriam tudo para elas. Eu tive de lutar com algumas crianças para poder brincar com alguns brinquedos. Asseguro-lhe que dou uns bons murros e pontapés.

Susana: Hunf, sua selvagem...

A Susana saiu da sala. Dez minutos depois chegou a ambulância. A Eugénia foi levada e a Nina acompanhou-a. Fizeram-lhe exames e detectaram a causa do mau estar. Depois medicaram a Eugénia e mais tarde ela pôde voltar a casa.

Nina: Peço imensa desculpa. Não sei como é que o queijo estava estragado...

Eugénia: Não faz mal querida. Salvaste-me a vida. Se tivesse ficado com aquele mau estar por muito mais tempo, não iria resistir.

A Eugénia sorriu-lhe.

Eugénia: E tens bons reflexos. É bem feito que a Susana tenha levado um murro.

Algumas horas mais tarde, a Felícia foi buscar o Fábio a casa do Zé e da Zuleica, para eles irem fazer o teste de ADN.

Chegados à clínica...

Fábio: O teste tem de ser mesmo feito com sangue?

Felícia: Porque é que perguntas?

Fábio: Porque não gosto de agulhas e sangue e isso tudo... não posso dar só um cabelo meu e pronto?

Felícia: Acho que é possível. Vou informar-me.

Ela foi falar com uma recepcionista e voltou pouco depois.

Felícia: Pronto, é possível fazer o exame só com cabelo. Se é o que tu queres...

Pouco depois a Felícia foi levada para uma sala e o Fábio para outra. Saíram de lá com um saquinho transparente com um fio de cabelo cada um e entregaram-no a um dos cientistas.

Cientista: Ora bem, aqui estão as vossas amostras, um cabelo de cada um. – disse ele, pegando nas amostras.

Felícia: Quanto tempo vai demorar até sair o resultado?

Cientista: Por ser para si, dona Felícia, que pagou bem pelo serviço, demorará apenas 10 dias.

Parte 9 – A decisão da Eugénia

Passaram-se cinco dias. A Zuleica foi falar com a Rita.

Zuleica: Filha, tens de voltar para casa.

Rita: Não, não tenho.

Zuleica: Foi tudo uma precipitação, querida.

Rita: Não quero saber. Quero afastar-me de todos os vossos esquemas.

Zuleica: Está bem. Não tens de te meter neles. Voltas só lá para casa.

A Rita abanou a cabeça.

Rita: Desculpa mãe, mas não. Eu fico aqui a viver com a dona Deolinda até arranjar casa.

Zuleica: Pronto, se é essa a tua decisão, eu compreendo.

Algum tempo depois, o Eustáquio Alberto entrou no café para falar com a Deolinda.

Eustáquio: Olá Deolinda, minha flor.

A Deolinda corou.

Deolinda: Eustáquio, o que queres? Queres um cafezinho?

Eustáquio: Não. Quero convidar-te para jantares comigo hoje à noite.

Deolinda: Eu? Hoje?

Eustáquio: Sim. Quero levar-te a um restaurante finíssimo.

Deolinda: B-bom... não sei...

A Rita aproximou-se da Deolinda.

Rita: Vá dona Deolinda. Eu tomo conta do café.

Deolinda: Pronto, está bem.

Nessa noite, os dois foram jantar fora ao restaurante "Cozinha Xique".

Eustáquio: Deolinda, todos estes anos, senti a tua falta.

Deolinda: A sério?

Eustáquio: Claro. Perdi muito tempo... Deolinda, o que achas de nós vivermos juntos?

A Deolinda engasgou-se.

Deolinda: Vivermos juntos?

Eustáquio: Claro.

Deolinda: Era o que eu mais queria.

Eustáquio: Então, vamos viver juntos, minha querida!

Em casa dos Torres, eles tinham terminado de jantar. A Eugénia tinha feito questão de que a Nina se sentasse à mesa com eles.

Susana (pensando): Que descaramento. A empregadeta a comer connosco à mesa! Onde já se viu? Hunf.

A Nina levantou-se para tirar os pratos da mesa.

Eugénia: Susana, ajuda a Nina.

Susana: Eu? Era só o que faltava! Está a pagar-lhe, por isso ela que trabalhe.

Eugénia: Faz o que te digo!

Susana: Já disse que não! - gritou ela.

Nina: Deixem estar. Eu levo tudo sozinha.

A Nina apressou-se a levar os pratos e o resto da loiça dali para fora.

Eugénia: Susana, tu não fazes nada do que te digo!

Susana: Não me chateie.

Fábio: Vá, não discutam. Não vale a pena.

Pouco depois, a Susana, o Fábio e a Eugénia foram ver televisão.

Nina: Eu vou deitar-me.

Eugénia: Já?

Nina: Bom... amanhã tenho de me levantar cedo.

Eugénia: Bem, à hora normal.

Nina: Não... é que às seis da manhã vou fazer voluntariado na associação de apoio aqui na cidade. Eles estão a precisar de pessoas para ajudar e eu ofereci-me como voluntária.

Susana: Queres é ter uma desculpa para passares a manhã toda nisso.

Nina: Não. No máximo, às dez da manhã estou de volta.

Eugénia: Ora, se é por uma boa causa, não te preocupes com as horas.

Nina: Obrigada. - disse ela, sorrindo. - O meu sonho era ter dinheiro para poder ajudar várias instituições e orfanatos. Como vivi num, sei bem pelo que passam lá e o que faz falta.

Susana: Baboseiras. Pobres são pobres e mais nada. Os orfanatos estão cheios dessas crianças nojentas. Não gosto nada desse tipo de gente.

Fábio: Eu também não.

Nina: Não deviam falar assim! - disse ela, zangada. - Lá por que vocês tiveram uma boa infância, não devem desdenhar na infância dos outros, principalmente quando essa infância é má.

Susana: E quem és tu para me dizer o que eu devo dizer ou não? - perguntou ela, desdenhosamente.

A Eugénia tossiu. Todos olharam para ela.

Eugénia: Tomei uma decisão.

Fábio: Que decisão?

Eugénia: Face ao grande egoísmo da minha neta Susana e, sendo que a minha fortuna é grande, acho que ela deve também ser usada para ajudar outras pessoas. - disse ela. - Não vou esquecer os laços de sangue, é claro, mas mudei de ideias quanto ao testamento.

Nina: Testamento?

Eugénia: Sim. Amanhã vou mudar o meu testamento e vou deixar metade do que tenho à Susana e a outra metade à Nina.

Susana: O quê?! - gritou ela, levantando-se. - Não pode fazer isso, avó!

Eugénia: Faço o que quiser. O dinheiro é meu. E agora, vou deitar-me. Até amanhã.

E saiu da sala. Logo de seguida, a Nina saiu dali também.

Parte 10 - Revelações

No dia seguinte, a Eugénia acordou por volta das nove da manhã. Quando se levantou, viu que a Nina lhe tinha deixado um recado num papel.

"Não quero que a sua neta fique privada do que lhe é reservado por direito. Não mude o testamento. Não vale a pena deixar-me nada. Obrigada na mesma. Eu hei-de conseguir ajudar os outros à minha maneira."

Eugénia: É boa rapariga... por isso é que vou mesmo mudar o testamento.

A Eugénia desceu para tomar o pequeno-almoço. A Susana já estava levantada.

Susana: Então, já mudou de ideias quanto ao testamento, certo?

Eugénia: Não. Eu vou mudar o testamento ainda hoje. É só tomar o pequeno-almoço e ir ter com o meu advogado. Como o escritório dele é perto, até vou a pé. Faz bem andar a pé.

Susana: Avó, você não pode fazer isso! Você mal conhece a Nina. Ela é uma interesseira!

Eugénia: Interesseira és tu. E o teu namorado também. - disse ela. - Se não fosses da família, não levavas de mim nem um centavo.

A Susana saiu dali furiosa. Pouco depois, a Eugénia terminou o pequeno-almoço e saiu para ir ter com o seu advogado.

Susana (pensando): Não vou deixar que a herança seja repartida. Nem pensar! Se a minha avó morrer antes de alterar o testamento, vai tudo para mim. Por isso... adeus avó!

A Susana saiu de casa e entrou no seu carro. Era um carro velho, porque a Eugénia não tinha dado muito dinheiro à Susana para o comprar. A Susana fez-se à estrada. Passado uns minutos, avistou a Eugénia. Ela ia a atravessar a passadeira.

Susana (pensando): Perfeito. É agora que ela vai desta para melhor!

A Susana acelerou e foi em direcção à Eugénia a toda a velocidade. Mas antes do embate do carro, a Eugénia deixou cair a bengala no chão e desequilibrou-se, caindo para trás. O carro da Susana passou a milímetros da Eugénia.

Susana (pensando): Raios! Se ela não tivesse caído, eu teria acertado nela!

A Eugénia levantou-se e atravessou o resto da passadeira.

Eugénia (pensando): Credo, aquele condutor ou condutora quase me matou. Foi uma sorte eu ter caído para trás...

A Eugénia fez o seu caminho, chegou ao gabinete do advogado e mudou o testamento. Alguns dias depois, a Zuleica e o Fábio foram à clínica buscar os resultados do teste de ADN, antes que a Felícia se lembrasse de ir lá. Assim eles podiam alterar o resultado.

Fábio: Bom dia, vinha buscar o meu teste de ADN.

Recepcionista: E em que nome está?

Fábio: Em nome de Fábio... quer dizer, Fabiano Fontana.

A recepcionista procurou os dados no computador.

Recepcionista: Lamento mas o seu teste já foi levantado por Felícia Fontanelas, a outra parte que fez o teste.

Fábio: Ah... bem, obrigado...

A Zuleica e o Fábio saíram da clínica.

Fábio: E agora? Vamos ser descobertos!

Zuleica: Não sei bem o que fazer. Vamos voltar para o bairro e falamos com o Zé também.

Meia hora depois, a Zuleica, o Zé e o Fábio juntaram-se no café da Deolinda para falarem. A Deolinda e a Rita iam olhando para eles.

Zé: Deviam ter ido lá mais cedo.

Zuleica: Não vale a pena pores as culpas em cima de nós. Temos é de pensar em como escapar da fúria da Felícia.

Fábio: O que é que ela pode fazer?

Zuleica: Bem, pode entregar-nos à polícia por fraude.

Fábio: Eu não quero ir preso!

Nesse momento, entrou no café a Felícia. A Zuleica, o Zé e o Fábio ficaram pálidos ao vê-la.

Felícia: Ah, estão aqui. Precisava de falar com vocês. - disse ela, falando para a Zuleica e o Fábio.

Zuleica: J-já foi buscar o resultado do teste?

Felícia: Já.

Fábio: Ah, então já sabe tudo...

Felícia: Sim, sei de tudo mesmo. - disse ela. - E tenho muita coisa para vos dizer.

Nesse momento, o Fábio deu um passo em frente.

Fábio: Dona Felícia, perdoe-me pelo que fiz! A culpa é da Zuleica e do marido dela! Eles é que me obrigaram a mentir e a enganá-la! - disse ele, apontando para o Zé e para a Zuleica. - É tudo culpa deles! E o cabelo que foi para análise nem era meu! É da filha deles, a Rita, que está metida nisto também!

A Rita saiu de detrás do balcão, furiosa.

Rita: O que estás a dizer? Isso é mentira! Eu não estou metida em nada!

Fábio: O cabelo usado no teste é teu!

Rita: Não é possível! - disse ela. - Espera... naquele dia em que passaste a mão pelos meus cabelos... tu tiraste-me um cabelo e usaste-o!

Fábio: Eu não tinha motivo para isso.

Rita: Claro que tinhas! Assim não podiam provar que estavas metido no esquema da falsificação do teste, porque tu não tinhas usado o teu cabelo para o teste. Assim, iam acusar-me a mim!

O Fábio recuou um passo. O seu plano tinha sido descoberto. Nesse momento, a Felícia falou.

Felícia: Mas... então... como é possível? O teste deu positivo! Os dois cabelos foram analisados e são compatíveis.

A Felícia olhou para a Rita.

Felícia: Tu... és minha filha!

Parte 11 - Morte

Rita: Não pode ser! Eu não posso ser sua filha. A minha mãe e o meu pai estão aqui!

Felícia: Zuleica, afinal o que é isto?

A Zuleica ficou pálida.

Zuleica: B-bem...

A dona Deolinda saiu de detrás do balcão.

Deolinda: Conta a verdade, Zuleica!

Zuleica: Não há nada para contar!

Rita: Dona Deolinda, você sabe a verdade?

Deolinda: Sei sim. - disse ela. - Há vinte e cinco anos, tinham a Zuleica e o Zé casado e estavam a tentar ter um filho, mas não conseguiam. E então eu sugeri-lhes que adoptassem uma criança. Eu conhecia um orfanato e levei-os lá. Tu tinhas apenas uns meses. E pronto, eles adoptaram-te e o segredo ficou entre nós os três. Mas agora, estava na altura de tu saberes.

Rita: Então... não são mesmo meus pais...

Deolinda: Ó filha, agora até deve ser um alívio. Se eu soubesse que eles iam ser tão maus pais, nem os tinha levado ao orfanato.

Felícia: Então, és mesmo minha filha. Oh, querida!

A Felícia abraçou a Rita.

Felícia: Temos tanta coisa para falar, querida. - disse ela. Depois virou-se para a Zuleica, o Zé e o Fábio. - Quanto a vocês, vou processar-vos por me terem tentado enganar!

Deolinda: E eu vou testemunhar contra vocês se for preciso.

Zé: Ora, não queria encontrar o seu filho desaparecido? Pois bem, graças a nós, encontrou.

Felícia: ¬¬ Deve pensar que é esperto, não? Vocês vão passar uns bons anos na prisão!

A Zuleica e o Zé entreolharam-se e saíram do café a correr. O Fábio ficou.

Fábio: Eu estou inocente. - disse ele.

Deolinda: Não acredito.

Rita: E eu também não! Tu fizeste tu para não seres incriminado, mas és tão culpado como os outros!

Em casa dos Torres, a Susana tinha ido até à cozinha, onde estava a Nina.

Susana: Sabes, és mais esperta do que pareces.

Nina: Desculpa? O que queres dizer com isso?

Susana: Enganaste-me bem. Pensei que fosses uma pobretanas humilde, simplória e burra, mas não. Conseguiste dar a volta à minha avó.

A dona Eugénia ia para entrar na cozinha, mas ficou à porta a ouvir a conversa.

Nina: Eu não fiz nada.

Susana: Fizeste sim. Conseguiste dar-lhe a volta e agora metade da fortuna dela vai passar para ti. Deves estar ansiosa para que ela morra de vez.

Nina: Isso não é verdade! Eu gosto muito da dona Eugénia.

Susana: Deves é gostar da conta bancária dela!

Nina: Não fales assim de mim! Eu não sou como tu! - gritou ela.

Susana: Ai não?

Nina: Não. Tu só pensas em dinheiro. És uma parva e gananciosa! Tens a mania de que és melhor que os outros, mas não és!

Susana: Tu é que vieste meter-te onde não eras chamada. A fortuna devia ser só minha!

Nina: A culpa disso não é minha.

Susana: Claro que é. Com essa cara de burra e sonhos idiotas, conseguiste convencer a minha avó. - disse ela. - Mas agora, eu vou esperar e vou conseguir que a minha avó mude o testamento outra vez, deixando tudo a mim.

A Nina parecia furiosa.

Nina: Só pensas em dinheiro!

Susana: Claro. Eu tive de aturar a minha avó durante muito tempo. Achas que foi por gostar dela? Claro que não! Eu queria era o dinheiro dela! - gritou ela. - E sabes que mais? Se ela não fosse tão sortuda, já teria morrido há muito tempo.

Nina: O que queres dizer? Tu... tentaste matar a tua avó?

Susana: Achas que te vou responder que sim? O que posso dizer é que ela sofreu muitos acidentes... mas teve sorte.

A dona Eugénia estava pálida. A sua própria neta tinha tentado matá-la. Afinal os acidentes eram intencionais. Nesse momento, ela agarrou-se ao peito e caiu no chão.

Ouvindo o barulho, a Susana e a Nina correram até à porta e viram a dona Eugénia no chão.

Nina: Oh, dona Eugénia!

Susana: Não morra avó! Não morra antes de mudar outra vez o testamento!

A Nina aproximou-se da Eugénia, sentiu-lhe a pulsação e depois encostou o ouvido ao peito da idosa.

Nina: Ela... ela morreu.

Parte 12 - Final

A Susana saiu de casa, transtornada com o que tinha acontecido. Afinal, quando queria que a avó vivesse para mudar o testamento, ela morreu. A Susana foi rapidamente até ao café, pois o Fábio tinha dito que ia para lá.

Quando ia para entrar, ouviu o Fábio a falar e teve o impulso de ficar parada. O Fábio tinha-se aproximado da Rita.

Fábio: Rita, minha querida. Tens de acreditar em mim. Estou inocente. Gosto bastante de ti.

Rita: Não gostas nada! A tua namorada é a Susana.

Fábio: Eu nem gosto dela. Só estou com ela por pena, mais nada. Ela é uma rapariga parva, ciumenta e burra.

A Susana ficou vermelha de fúria.

Fábio: Se me quiseres, eu largo-a já hoje!

Susana (pensando): Ai é? Pois bem Fábio, agora vais ver o que acontece.

A Susana saiu dali rapidamente.

Rita: Não me chateies, Fábio. Vai-te embora daqui!

Fábio: Mas eu amo-te!

Deolinda: Vai-te já embora rapaz! Tu queres é dinheiro! Agora que sabes que a mãe dela é rica, queres aproveitar-te disso.

Rita: Fora daqui!

Fábio: Vais arrepender-te disso. - disse ele. - Eu ia ser a melhor coisa que te podia acontecer.

O Fábio saiu do café.

Felícia: Minha querida, não te preocupes. Eu vou processá-los aos três e mete-los na prisão!

Rita: Não. Não faças isso. - pediu ela. - O Zé e a Zuleica... a bem ou a mal, criaram-me... não quero vê-los presos.

Felícia: Mas...

Rita: Eu sei que eles fizeram mal, mas por favor, perdoe-os.

A Felícia suspirou.

Felícia: Se é isso que queres...

Rita: E perdoe ao Fábio também. Ele é muito ganancioso.

Felícia: Está bem. Não vou fazer nada agora. Mas vou tê-los sobre olho. Se eles continuarem a enganar pessoas, faço com que eles vão parar à prisão!

O Fábio regressou a casa, mas quando entrou a Susana vinha a trazer uma mala consigo.

Fábio: Para que é essa mala?

Susana: É tua.

Fábio: Minha?

Susana: Sim. Tem aqui a tua roupa. Agora, pega nela e desaparece daqui para sempre!

Fábio: Mas porquê? O que se passa?

Susana: Ouvi o que disseste à Rita no café. - disse ela. - Com que então estás comigo por pena é? Pois bem, fora daqui!

Fábio: Ai é? Está bem! De qualquer maneira, não passas de uma pobretanas! Só vais ser rica quando a tua avó morrer. És patética. Ela ainda é capaz de viver mais uns vinte anos e nunca mais vês dinheiro nenhum!

A Susana sorriu.

Susana: Bem, andas desinformado, sabes? A minha avó morreu hoje! E, apesar de só ficar com metade da fortuna, tornei-me muito rica.

O Fábio ficou pálido.

Fábio: A sério? B-bem... perdoa-me pelo que disse!

Susana: Isso querias tu. Agora que te cheira a dinheiro, já mudaste de opinião, não é? Pois bem... fora daqui!

A Susana lançou a mala contra o Fábio e empurrou-o porta fora.

Susana: E nunca mais voltes!

E fechou-lhe a porta na cara.

Fim!

Destino das Personagens:

Zuleica Castro e Zé Castro: Tiveram de mudar de profissão. A Zuleica tornou-se empregada doméstica e o Zé foi trabalhar para as obras. Agora levam vidas honestas, até porque a Felícia está de olho neles.

Susana Torres: Ficou rica, comprou uma boa casa e um bom carro e mudou-se do bairro de São Jumentino. Agora está rica e feliz. A Nina ainda tentou provar que ela tentou matar a avó, mas não conseguiu e a Susana continuou com a sua vida. Para ela, o crime compensou… isto se tivesse feito tudo bem para concretizar o crime.

Nina Alves: Também ficou rica. Usou uma parte do dinheiro para ajudar várias instituições. Tentou provar que a Susana tinha tentado matar a avó, mas não conseguiu. Agora está em África a fazer voluntariado.

Recepcionista da Clínica e Cientista da Clínica: Continuam a trabalhar na clínica e agora até estão a sair juntos.

Dona Eugénia Torres: Morreu. Fim para a pobre velhota.

Senhoras para o anúncio para o emprego: Tiveram de procurar outro emprego, porque a vaga ficou para a Nina.

Fábio Fontes: Vendo que os seus golpes não estavam a resultar e sem ter para onde ir, o Fábio tornou-se prostituto e a Felicia perdeu-lhe o rasto.

Felícia Fontanelas e Rita Castro/Fontanelas: A Rita foi viver com a mãe verdadeira numa enorme mansão e agora estão a dar-se muito bem, tentando reviver o tempo perdido.

Albertino Fontanelas: Morreu e agora está noutro lugar qualquer, céu, inferno… debaixo da terra, etc.

Deolinda Pardal e Eustáquio Alberto: Vivem juntos e estão felizes. O Eustáquio Alberto começou a usar meias quando ia para a cama, por causa dos pés gelados. A Deolinda deixou de ser tão coscuvilheira.

E assim, mais uma história chega ao fim. Espero que tenham gostado. Mandem reviews!