Stormwind City. A capital de toda a Alliance. A capital de todos os Humanos de Azeroth.
Apesar de não possuir a arquitetura grandiosa de Exodar ou a organização de Darnassus, Stormwind City possuía o seu charme. Possuía um porto movimentado, onde grandes embarcações iam e vinham, especialmente de Northrend e Kalimdor. Para além do porto, haviam os canais da cidade, que corriam por cada pedacinho da capital. De The Mage Quarter até The Dwarven District, a água corria fresca – mas não necessariamente limpa, não se engane. No centro da cidade havia The Cathedral Square, o centro espiritual de toda a capital. Sacerdotes e Bispos orientavam as pessoas e ensinavam os caminhos da Luz. Nos fundos da Catedral, foi construído um grande cemitério para honrar os nobres cavaleiros e heróis que perderam as vidas em defesa do reino. Mais abaixo, cruzando o canal, havia The Trade District, o centro comercial da capital. Casas de Leilões, Bancos, Estalagens, Armeiros e Mendigos se apinhavam ali para as feiras semanais. The Mage Quarter era o centro mágico. Se está a procura de um Mago, já sabe onde ir. Hoje é um dos lugares mais verdes de Stormwind, já que The Park foi perdida para sempre no ataque de Deathwing. The Dwarven District foi apenas um pedacinho da cidade que os Anões e Gnomos pegaram para si. O ar é pesado e cheio de fumaça e fagulhas. O chão treme com as batidas sobre bigornas. Mas, para alguns, é como estar de volta ao lar. Old Town é o que restou do pequeno vilarejo que um dia foi a capital, antes da Primeira Guerra.
E, por fim, Stormwind Keep, a coroa da cidade. Localizada entre The Dwarven District e Old Town, ela é a sede administrativa composta por nobres, bibliotecários e representantes de outros pequenos reinos espalhados por Eastern Kingdoms e Kalimdor. Ela também é a casa e o local de trabalho do Rei Varian Wrynn, monarca e protetor dos Humanos e da Alliance como um todo. Heróis de ambos os continentes vinham para vê-lo, de tempos em tempos, para trabalhos que apenas eles eram capazes de executar. E esses heróis bem conheciam o Rei e seu filho, o Príncipe Anduin Wrynn, sempre ao lado do pai na sala do trono.
Mas, ás vezes, o filho não tinha o mesmo tato diplomático que o pai para com os heróis.
- Que notícias você traz de Westfall? – O Rei encarou a Caçadora Elfa Noturna, que jazia ajoelhada e estava suja, ferida e vestia um couro tão rasgado que mais parecia trapos.
- Os Defias estão se reerguendo sob a liderança de Vanessa VanCleef, Vossa Majestade. – A moça respondeu, com a cabeça baixa.
- Enviarei um batalhão de soldados para Westfall agora mesmo! Com o ressurgimento da Irmandade Defias, um antigo inimigo do reino está de volta. Eu gostaria que voltasse para Sentinel Hill e reporte aoMarshal Gryan Stoutmantle que estamos enviando reforços. Espero que não seja tarde... Espere aqui um instante enquanto vou buscar sua recompensa pelo esforço que fez pela Alliance hoje.
Enquanto o Rei Varian saía para uma sala lateral buscar a recompensa, o Príncipe Anduin vinha da Biblioteca Real. E deparou-se com uma Elfa Noturna esfarrapada e cansada esperando na sala do trono.
- Saudações, cidadã. Está esperando uma audiência com o meu pai?
A Elfa Noturna apenas sorriu de maneira amarelada, balançou a cabeça e fez uma vênia, deixando a sala do trono e indo para a saída. Podia estar suja e esfarrapada, mas era muito mais do que uma mera cidadã de Stormwind querendo uma audiência com o seu rei. Ela não podia suportar tal comparação.
Pouco depois de a moça deixar a sala, o Rei Varian estava voltando com um baú em mãos, mas ficou confuso ao notar que a Elfa Noturna não estava mais ali. Apenas o seu filho.
- A Elfa Noturna não quis esperar?
- Acho que não, senhor meu pai. Talvez estivesse cansada de esperar.
O Rei apenas resmungou em resposta. Não tinha demorado tanto assim para pegar as recompensas, tinha?
- Eu preciso fazer planos para destruir os restos da Irmandade Defias. Por favor, entregue meus agradecimentos para Lady Jaina, em Theramore. Ela sempre foi uma amiga leal e uma rápida aliada. Vá para o Mage Quarter e fale com o Archmage Malin. Ele lhe proverá de transporte rápido para Theramore. Apenas deixe-me pegar as ordens para que ele não duvide de sua palavra, heroína.
A Elfa Noturna afirmou com a cabeça e observou o Rei novamente sumir na sala lateral. Com um profundo suspiro, ela deixou a postura ficar mais relaxada e até se deu ao trabalho de tirar uma sujeirinha do corpete de couro que usava.
- Saudações, cidadã. Está em uma audiência com o meu pai?
A Elfa Noturna ergueu o olhar e viu o Príncipe Anduin sair de uma porta atrás do trono. Com uma vênia e um sorriso amarelo, ela murmurou para si mesma.
- Acho que uma viagem de barco será revigorante...
E assim ela deixou a sala a passos rápidos e pesados. O Príncipe apenas deu de ombros. Quando o Rei voltou, olhou em volta e a Elfa Noturna já havia ido embora.
- E eu que pensava que os Elfos Noturnos eram pacientes.
O Príncipe apenas anuiu com a cabeça. E o Rei suspirou, deixando-se cair no trono.
- Inacreditável! – O Rei exclamou ao ver a enorme cabeça de Nefarian, o nefasto filho de Deathwing, aos seus pés.
O Humano Guerreiro ao lado da Elfa Noturna cutucou-lhe as costelas, com um sorriso de orelha a orelha. Ela apenas se encolheu na armadura amassada e ensangüentada. Mas sorriu para o rapaz e para o grupo de aventureiros que estava reunido no salão. Até mesmo os Guardas Reais saíram de seus postos para verem o maior espólio da batalha contra o Lorde do Clã de Orcs Blackrock: sua cabeça.
- Não há necessidade de ser dito o que fizeram hoje, heróis da Aliança. Esse dia será recordado nos anais da história. Uma vitória que provavelmente não é provada na Aliança há anos – se é que um dia já houve algo parecido!
Os heróis e Guardas vibraram.
- Por favor, mandarei preparar os melhores quartos na estalagem e um banquete real hoje a noite. Por favor, será tudo por conta do reino hoje. Descansem, o que vocês fizeram pelo reino foi muito mais do que muitos fizeram por Azeroth. Guardas, levem a cabeça de Nefarian para Afrabiasi! Deixem-na exposta para que todos saibam que o Senhor dos Blackrock caiu!
Os Guardas arrastaram a cabeça para longe da sala, enquanto os heróis ainda esperavam a sua recompensa. O Rei fez um movimento com a cabeça enquanto caminhava para a tão conhecida sala lateral.
- Um momento, vou buscar as ordens para a Estalajadeira Allison.
E os heróis esperaram. Até que o Humano Guerreiro apenas suspirou.
- Eu preciso muito de um banho, uma boa cerveja e comida. Poderia pegar as ordens com Vossa Majestade, heroína querida? – Ele sorriu para a Elfa Noturna, que apenas sorriu com a brincadeira. E concordou.
Um a um, os aventureiros deixaram a sala do trono. E a Elfa Noturna mais uma vez ficou sozinha, em silêncio, observando as tapeçarias que ornamentavam a sala, distraída.
- Saudações cidadã. Algum problema aflige você ou seu vilarejo?
Novamente a moça ficou rígida. Ela parecia morder a língua, mas sorriu brevemente para o Príncipe e, sem dizer nada, deixou a bastilha. Poucos minutos depois, o Rei Varian já estava novamente na sala, discutindo algo com seu Mestre de Armas. Ao notar que nenhum dos aventureiros estava ali, suspirou aborrecido.
- Esses jovens de hoje não praticam mais a arte da paciência...
- Certamente, senhor meu pai. – Anduin concordou, observando o corredor que levava à saída da bastilha.
- Grandes fardos foram colocados sobre os ombros do meu filho em sua curta vida, e eu temo que essa responsabilidade só tenda a aumentar. Ele nunca vai aprender sobre liderança se permanecer confinado à bastilha, mas estou relutante em mandá-lo sem escolta. – O Rei olhava para a Elfa Noturna, trajada em sua armadura recém polida e afirmou com a cabeça. – Suas ações já são lendárias desde o início do cataclismo. Você seria um excelente mentor para o Príncipe Anduin. Por favor, apresente-se à ele. Há alguns negócios na cidade que vocês dois podem atender em meu nome.
A Elfa Noturna abriu a boca para dizer algo, mas o Mestre de Armas pareceu ter um chamado mais urgente. O Rei apenas ergueu a mão para a moça.
- Anduin já deve estar chegando. Esse assunto, infelizmente, não pode esperar. Dê-me licença. – E Varian sumiu na sala lateral.
Muitos minutos se passaram. E a Elfa Noturna perdeu-se nas tapeçarias da parede mais uma vez, apenas para ser retirada de seus devaneios pela voz infantil.
- Saudações, cidadã. Que assuntos tem para tratar com meu pai?
Mas dessa vez a Caçadora se virou para o Príncipe de olhos estreitos, respirando fundo. E soltou tudo de uma vez.
- Cidadã é o vosso traseiro real! Já travei mais batalhas essa semana do que vossa realeza trocou de cuecas a vida inteira!
E ela foi-se novamente, pisando duro e bufando irritadiça. O Príncipe Anduin ficou estarrecido no meio da sala do trono. E a voz do Rei Varian fez-se presente.
- Acho melhor ensinar-lhe boas maneiras com os aventureiros antes de lhe largar na cidade para saudar os outros "cidadãos"...
