Asgard – O Regresso do Guerreiro

Asgard

Parte I

O regresso do Guerreiro

edição: 1

© Copyright 1997-2001

Sara C.P. Rodrigues

estória não pode ser modificada ou reproduzida sem a total autorização do autor.

Baseado na série de Kurumada Saint Seiya.

INTRODUÇÃO

Esta estória é a continuação da saga de Asgard, que novamente é o cenário da saga que irá se desenrolar aqui. Os nomes dos personagens foram pesquisados, segundo a mitologia nórdica. O objetivo aqui era trazer de volta Hilda de Polaris, que possuía uma personalidade forte na série Saint Seiya, além é claro de outros importantes personagens que apareceram pouco na trama. Contudo, Atena e seus cavaleiros não aparecem. Será uma estória completamente a parte da série, onde os personagens são mais humanos e divertidos. Espero que gostem e se divirtam. A primeira parte está finalizada, mas somente agora depois de cerca de quatro anos consigo colocar no computador. A Parte II está escrita no papel, falta passar para o computador e ainda falta a Parte III que conclui a saga. Na medida do possível vou digitando a Parte II e escrevendo a Parte III.

Dedico este fan-fic para os fãs de Saint-Seiya e em especial para a Kiki que acompanhou a estória.

Como esta é a primeira versão com certeza haverá erros de português que serão resolvidos com tempo. Desculpem qualquer falha.

Capítulo 1 – A PARTIDA

ASGARD

As Guerras em Asgard já tinham acabado, Hilda finalmente estava feliz em poder novamente viver em paz. Porém seu coração ainda estava cheio de dor e sofrimento, todos os guerreiros deuses haviam sido destruídos e ela não deixava de pensar que tudo fora sua culpa, se tivesse lutado um pouco mais, Poseidon nunca a teria forçado a fazer aquilo. Fler sua irmã lhe dava todo apoio necessário, mas nem isso seria capaz de aplacar sua dor. Hilda soube o que houve com Atena na batalha contra Hades, porem nada pode fazer, pois veio a saber depois que já havia acabado a guerra sagrada. Sim ela lamentava muito a morte de Seiya, um cavaleiro digno de sua admiração. Só não entendia como Poseidon depois de toda destruição provocada ainda ajudou Atena. Ela nunca entenderia a relação de amor e ódio entre Atena e Poseidon. Fora do castelo de Valhalla, Hilda olhava a tempestade de neve, aquele inverno seria mais rigoroso que os anteriores, uma lagrima caiu de seus olhos, ainda sentia muita dor mesmo passado já um ano desde a morte de Siegfried. "Nunca o esquecerei Siegfried".

-Hilda?- pergunta Fler que adentra a sala, Hilda rapidamente enxuga a lagrima, ela teria que ser forte, pôr Fler que sofreu muito com tudo.

-Hilda veja- ela mostrava uma carta- são noticias da Grécia- ela olhou para a irmã que tentou esboçar um sorriso.

-Estava chorando Hilda?

-Não minha querida, não e nada.

-Não minta para mim irmã, sabe que não pode carregar tudo sozinha, vamos irmã, estou aqui para ouvi-la. Ela tomou as mãos de Hilda.

-Não se preocupe com tolices, agora me diga quais as novas?

-Atena diz que agora esta tudo em paz no Santuário e espera que um dia possamos visitá-la.

As duas ainda ficaram pôr um bom tempo conversando, o fogo soltava labaredas enormes, ate que finalmente Hilda resolveu ir dormir. Em seu quarto sozinha ela podia lamentar sem despertar preocupação aos demais.

-Por que Odim, por que tudo isso tinha que ter acontecido.

E assim Hilda dormiu , ela sonhava que corria por entre uma floresta que ela nunca havia visto antes, uma figura surgiu a sua frente, ela não conseguia visualizar direito e então ela se aproximou. Ele tinha um olhar de angustia e tristeza.

-Siegfried! – exclama ela.

-Preciso de sua ajuda Hilda, por favor me ajude- ele estendia as mãos em sinal de suplica.

-Como Siegfried?- e quando ela aproximou-se para tocar-lhe as mãos, a imagem desapareceu.

-Siegfried não me deixe de novo, volte –gritava ela –Siegfried- gritava e chorava- até que Hilda se via acordar ainda chamando por ele e chorando, naquela noite ela não dormiu mais.

No dia seguinte Fler notou as profundas olheiras em Hilda.

-Não dormiu bem minha irmã?

-Perdi o sono Fler. Bom acho que vou cavalgar um pouco.

-Mas a neve está espessa.

-Não importa- ela saiu assim mesmo colocando uma pesada capa, ela tomou as rédeas de seu cavalo negro e seguiu sem destino até alcançar a floresta perto do palácio, o frio cortava seu rosto, mas não importava ela seguia m frente. De repente Hilda só sentiu bater em algo e a escuridão se fez.

Hilda só se lembra de acordar num lugar estranho sendo cuidada por uma mulher alta, poderia se dizer que parecia um guerreiro devido ao seu porte.

-Que bela pancada levou?- disse a mulher – teve sorte que meu irmão estivesse caçando por lá, senão a esta hora estaria morta.

-Obrigado- sorriu Hilda- mas quem é você?

-Meu nome é Elendir e meu irmão é Gunther.

-Agradeço por terem salvado minha vida- ela fez menção de se levantar- preciso retornar para casa todos devem estar preocupados.

-Se eu fosse você ficaria, ainda não está totalmente recuperada.

Ela tinha razão Hilda começou a sentir vertigens ao tentar se levantar.

-Diga onde é sua casa que meu irmão levará uma mensagem para seus familiares, assim todos ficarão mais tranqüilos – Elendir sorria segurando uma bacia com água nas mãos –Mas até agora não me disse seu nome.

Não havia alternativa ela precisava se revelar.

-Desculpe não ter dito quem sou, que falta de educação a minha com pessoas que me salvaram a vida. Eu sou Hilda.

-Hilda!- exclama Elendir- Por Odim!—ela imediatamente se ajoelha- senhora faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para servi-la.

-Vocês já fizeram muito por mim, mas por favor peça para avisar a minha irmã no palácio, Fler, que estou bem.

-Imediatamente senhora- Elendir se levantou e respeitosamente saiu em busca de Gunther.

Elendir foi até o irmão , um homem alto de cabelos azuis claro quase branco e olhos verdes bem claros, que cortava vigorosamente madeiras.

-Gunther?

-Como ela está?- perguntou ele largando o machado.

-Acordou e está bem. Você não imagina quem é ela.

-Não imagino mesmo! Que mulher se atreveria a andar a cavalo em meio a tanta neve, deve ser alguma louca.

-Gunther! Cuidado com as palavras, ela é uma pessoa muito importante.

-Há,há,há –ironizou ele- a única pessoa com importância em Asgard é a senhora Hilda e esta nunca viria sozinha, ainda mais para estes lados.

-Pois é irmão parece loucura, mas ela é Hilda.

Gunther arregalou os olhos.

-Não pode ser!

-Mas é, e acho bom se apressar para avisar a senhora Fler em Valhalla sobre o estado dela.

Gunther imediatamente se aprontou e partiu. Ele conhecia muito bem aqueles caminhos avistou rapidamente o palácio e logo a seguir já estava a frente dos portões de Valhalla.

-Pare aí estranho –disse um guarda- identifique-se.

-Sou Gunther e trago noticias da senhora Hilda para a senhora Fler.

-Pode entrar.

Gunther entrou no enorme palacete e ficou espantado com tamanha beleza, ele desmontou o cavalo e deixou com um dos guardas . Ele sempre ouvira falar dali, mas nunca chegara antes. Enquanto era conduzido até Fler pensava "Então foi aqui se desenrolou a batalha entre lendários guerreiros deuses e os cavaleiros de Atena. Aqui que ressurgiu a armadura de Odim e a lendária espada Balmung". Gunther foi levado a presença de uma mulher loira com olhar aflito, "Ela deve ser Fler"- ele pensou e ajoelhou-se após o guarda fazer o mesmo.

-Senhora Fler, este homem diz Ter uma mensagem da senhora Hilda.

-Hilda? Por favor me diga onde está minha irmã.

Gunther contou-lhe tudo o que houve e disse que Hilda ainda não tinha condições de retornar, Fler um pouco mais aliviada agradeceu-lhe e pediu para retornar caso precisasse avisar algo.

-Acredita que minha irmã poderá retornar em breve?

-Não se preocupe senhora, escoltaremos ela até aqui.

Fler olhou os olhos dele, ele era verdadeiro e por algum motivo que desconhecia acreditava nele.

-Gunther, é este se nome não? Deixo Hilda em suas mãos , cuide bem dela.

-Pode confiar senhora, breve ela estará de volta.

Fler se despediu dele oferecendo –lhe muitas coisas, suprimentos, remédios, etc. Quando Gunther saiu por entre os portões Fler observava lá de cima "Como sinto falta de Siegfried e Hagen nestas horas".

Já de volta Gunther foi dar as novas a Hilda.

-A senhora Fler pede perdão por não vir.

-O que ela faz muito bem-diz Hilda- agora sem nenhum guerreiro deus em Valhalla, Fler deve tomar conta em minha ausência. Obrigado mais ma vez Gunther.

-Cumpri com meu dever senhora.- ele sorria.

-Gunther agora deixe-a descansar- dizia Elendir- ela precisa de muito repouso.

Hilda novamente sozinha adormeceu e de novo teve o mesmo sonho com Siegfried.

-Acorde senhora- falava Elendir.

Hilda acordou assustada e com lagrimas.

-A senhora está bem?

Hilda assentiu- Foi um pesadelo.

-A senhora chamava por Siegfried, não era um dos guerreiros deuses?

-Sim, mas...- e então tudo o que ela havia guardado em seu intimo via à tona, ela chorava copiosamente. Elendir carinhosamente a abraçou, pois via sua dor, Hilda como num desabafo começa a contar sobre a batalha e como se sentia. Apesar de conhecer pouco Elendir já se afeiçoara muito e por uma razão qualquer, talvez a solidão que vivia agora ela lhe contava tudo.

-Não deve ser tão rigorosa consigo- dizia Elendir- não foi sua culpa. Além do mais tenho certeza que onde quer que os guerreiros deuses estejam, eles estão felizes por saber que a senhora foi trazida de volta a razão.

Ah! Elendir porque então Siegfried me aparece tanto em sonhos?

-Porque a senhora ainda não aceitou sua morte e se culpa pelo que ocorreu.

Hilda fica m silêncio, aquilo lhe fazia sentido. Elendir se levantou e trouxe um copo com um líquido quente.

-Tome isto, vai ajudá-la a dormir melhor.

Hilda tomou e conversou mais um pouco até cair em sono profundo. No dia seguinte já disposta, ela resolveu retornar. Elendir e Gunther a escoltavam pela floresta.

Os três cavalgavam devagar por entre as arvores, naquele dia felizmente não nevava. De repente uma pequena faca é lançada em direção a Hilda, a faca transpassa a capa sem atingi-la e finca numa arvore.

-Cuidado! –berra Gunther, ele num salto desmonta de se cavalo, Elendir também. Gunther toma Hilda rapidamente do cavalo e se põe em posição de ataque.

Desta vez milhares de facas vieram na direção deles, Gunther ficou a frente de Hilda protegendo-a do ataque. Elendir vai na direção do inimigo e num golpe com pé acerta o adversário.

-Vamos ver agora o que pode fazer- diz Elendir com seus olhos azuis coléricos. Parecia que estava tomada por uma gigantesca força, seus cabelos vermelhos agitavam-se a cada gesto.

O adversário usava armadura semelhante aos dos guerreiros deuses, mas tinha outro formato. A armadura era em vermelho rubro. Elendir eleva seu cosmo alaranjado e lança o Burning Flames.

O inimigo acabou se safando e lança outro golpe que atinge Elendir em cheio. Gunther furioso eleva seu cosmo azulado e lança o Golden Axe, desta vez acertou o inimigo. Pingando de sangue o inimigo cai de joelhos, Gunther se aproxima e pergunta:

-Diga quem é maldito! Por que tentou matar-nos, fale maldito.

Nisto o inimigo sorri e sem entender como, Gunther é lançado ao solo, o oponente tem uma faca nas mãos e tenta golpear Gunther, este resiste com as mãos, mas vai perdendo a forças. Elendir se levanta e golpeia o homem, este cai morto em cima de Gunther.

-Está bem senhora?- pergunta Gunther que estava se levantando.

-Sim.

-Conhece ele?

-Nunca o vi

Venham cá e vejam isto- diz Elendir- vejam esta marca.

Os dois se aproximaram do homem morto viram uma espécie de tatuagem na mão esquerda, o símbolo era uma linha vertical reta com uma linha cruzando logo abaixo do meio, inclinada da direita para a esquerda. Hilda arregalou os olhos ela conhecia.

-Nauthiz!

-O que significa?

-É um símbolo antigo e quer dizer escuridão.

-A senhora faz idéia quem seja então?

-Infelizmente não.

-De qualquer forma é melhor levá-la rapidamente a Valhalla.

E assim chegaram no palácio. Hilda se alegra em rever Fler, as duas se abraçam. A seguir Hilda lhe conta o que acabara de acontecer na floresta.

-Oh! Hilda será que teremos problemas novamente?

-Não se preocupe Fler, desta vez temos a armadura de Odim e Balmung nada irá nos acontecer. Lutarei por Asgard.

Hilda neste instante mostrava porque era a representante de Odim, Elendir e Gunther observavam com admiração.

-Senhora, pedimos permissão para partir- diz Gunther.

-Elendir e Gunther agradeço o que fizeram por mim e gostaria de pedir que ficassem conosco aqui em Valhalla.

Os dois se entreolharam sem entender .

-Vocês tem grande poder e como lhes disse não temos mais guerreiros deuses, ficaria contente se tornassem guerreiros para servir a Odim e Asgard.

-É uma honra servi-la senhora- diz Gunther.

-Também me sinto honrada. Aceitamos com prazer. – era um sonho para ambos poder estar em Valhalla e servir à Asgard.

Hilda depois de um longo período se sentia contente, o palácio não estaria mais tão solitário.

HOLANDA

Dankwart tinha consigo apenas uma pequena bagagem. O navio partiria logo com destino a região mais ao Norte da Europa. Ouviu-se um apito, e então Dankwart subiu rapidamente a escada que dava acesso ao navio. Novamente o som de um apito, chamando os passageiros, e finalmente o terceiro apito, a escada e retirado, a âncora é levantada e o navio parte. Dankwart olha da proa o cais se distanciar. "Até que enfim depois de muitos anos retorno para meu lar Asgard. Breve estarei contigo meu irmão".

ASGARD

Os dias passaram, a princípio sem problemas. Gunther e Elendir estavam tão bem em suas novas funções que parecia que desempenhavam a anos.

Naquela noite Hilda novamente sonhara, mas agora Siegfried lhe falava um pouco mais.

-Hilda, só você pode me despertar, Balmung...

-Despertá-lo como? Você está morto! E eu o levei a isto.

Não minha querida, não se torture mais me ajude...Primeira terra.- a imagem desaparecera novamente.

-Siegfried!- gritava ela.

Ela acordou suando e respirando ofegante.

-Odim o que está acontecendo? Ele morreu.- ela se vestiu com uma pesada capa por cima da camisola e foi até a sala onde agora estava guardada a armadura de Odim e Balmung. Ela se aproximou e tocou a espada.

-Se tivesse uma única chance de traze-lo de volta eu o traria, não mediria esforços para isso, mas você está morto, não há mais nada que eu possa fazer a não ser Ter sua lembrança como própria punição de tudo o que fiz. Ah! Por Odim eu cometi muitos pecados enquanto estava sob influência daquele maldito anel...em nenhum momento era eu. Só houve uma única vez que fui verdadeira.- Hilda ficou perdida em suas próprias lembranças- é a única coisa da qual não me arrependo.

Hilda havia adquirido um lado mais forte em sua personalidade, ainda tinha o ar meigo e doce, todavia, depois do episódio do anel, ela se mostrava mais firme e determinada. Sentimentos que havia deixado encobertos durante os anos. Sim ela tinha amadurecido.

O dia amanheceu em Asgard, Hilda estava com uma pilha de papéis antigos nas mãos.

-Já de pé?- pergunta Fler.

-Sim, estou atrás de maiores informações sobre aquele símbolo.

-Achou alguma coisa?

-Na verdade, a única coisa que dizem estes manuscritos é que Nauthiz pertence ao reino de Hel.

-O Hel? Isto é apenas uma lenda.

-Muitas coisas eram só lendas e no entanto comprovamos com nossos olhos que não. Nós somos a lenda da era moderna.

Fler abaixou a cabeça, Hilda tinha razão.

PRÓXIMO A ASGARD

Dankwart cavalgava rumo a Asgard, muito feliz, não se importava nem com a neve, nem com o vento cortante. "Nossos caminhos foram diferentes irmão, você estava destinado a ser um guerreiro e eu a ser um aventureiro pelo mundo, há,há,há, não vejo a hora de lhe contar tudo, já que é a única família que tenho."

Poucos minutos depois ele já avistava Asgard e não pôde conter a emoção ao ver de novo sua terra, ainda tinha guardado dentro de si a discussão com o pai que levou a ir embora, na época ele tinha apenas 17 anos e seu irmão 14 anos, e tudo porque ele não queria ser um guerreiro.

Finalmente ele chegou a entrada de Asgard, um guarda gritou:

-Identifique estranho.

-Abram eu sou Dankwart irmão do guerreiro Hagen.

O guarda surpreso deixa-o entrar, porém no momento em que ele dirigia-se a Dankwart, este correu na direção oposto, onde estava uma mulher.

-Fler?Fler?- ele chamava.

Ela se virou surpresa e deixou cair o que tinha em mãos.

-Por Odim! Não pode ser! Dankwart!

Dankwart a pegou pela cintura girando-a no ar como criança.

-Veja só, quando parti deixei uma garotinha e agora me deparo com uma linda mulher.

-Ora Dankwart você também está bem mudado, nem parece aquele rapaz franzino.

Depois de muitos risos e boas vindas, ele pergunta:

-Como está Hilda? E meu grande amigo Siegfried?

Fler abaixou a cabeça e tomou um ar triste.

-Hilda está bem agora, ela é a representante de Odim sobre a Terra.

-Puxa- ele assobiou- Ela realmente conseguiu. E meu irmão Fler está por aqui? Estou louco para dar um abraço nele.

Fler sem saber como dizer, começa a chorar.

-Fler? Onde está Hagen?

-Ele...-ela balbuciava- ele...está morto.

Naquele momento parecia que um iceberg caia sobre Dankwart, ele não podia acreditar que seu irmão estivesse morto. Neste instante Hilda apareceu e não precisou de explicações para saber o que acontecia.

-Bem vindo Dankwart, infelizmente as novas não são boas, gostaria que fosse tudo diferente, mas ocorreram muitas coisas durante sua ausência. Por favor acompanhe-me, você deve estar cansado e com fome por causa da viagem longa, precisa tentar se recompor, quando se sentir melhor conversaremos.

-Como posso ter fome ou cansaço principalmente agora depois de tão funesta notícia. Não descansarei até que me contem tudo o que houve.

Diante do olhar decidido, Hilda nada podia fazer.

-Acompanhe-me então.

Acomodados numa sala Fler, Dankwart e Hilda sentaram-se diante de uma lareira. Hilda sentia-se profundamente mal, seria difícil, mas ela devia faze-lo por Hagen.

-Asgard como sabe é a terra na qual nós vivemos sob condições pesadas, mas isto foi imposto pelo grande senhor Odim e a única coisa que podemos fazer é lutarmos para nos adaptarmos da melhor forma possível sempre de forma pacífica. Coube a mim a missão de cuidar para que isso acontecesse. Há cerca de um ano e meio, porém, um ser demoníaco me fez ficar sob sua influência.

-Quem foi este ser tão poderoso que foi capaz de fazer isto com você.

-Ele era o deus Poseidon.

-Poseidon?

-O deus dos mares, com sua sede de tomar o mundo e derrubar Atena, me deixou sob sua influência através do anel dos Nibelungos.

-O anel dos Nibelungos? Mas como?

-Segundo a lenda o anel foi jogado no mar, e o mar é o domínio de Poseidon, logo ele deve ter ficado com o anel.

-Mas que desgraçado!

-Dankwart sei que fui fraca por não lutar e até hoje não me perdôo por isso. E sob tão maléfica influência fiz renascer os guerreiros deuses- a partir daí Hilda e Fler contaram toda a estória. Dankwart ouvia a tudo atentamente.

-Felizmente Poseidon foi derrotado e desde então tento reconstruir Asgard da melhor forma possível.

-Fiz tudo que podia para abrir os olhos de Hagen- dizia Fler- mas infelizmente não consegui. Por favor, não sinta ódio de Hyoga ele não teve outra alternativa, até mesmo ele tentou falar com Hagen, mas ele estava totalmente cego e surdo.

Dankwart se levantou ainda um pouco confuso com toda aquela estória.

-Por favor Fler me leve até o túmulo de Hagen. –ele se levantou e se virava para sair junto com Fler quando ainda escutou Hilda dizer:

-Não sei se algum dia poderá me perdoar por tudo, mas saiba que eu também perdi, perdi muito nesta luta e até hoje sofro as conseqüências.

Ele nada disse e apenas se retirou. Fler o levou até o túmulo de Hagen, depois da luta eles o transferiram de onde Hyoga o deixou para um novo lugar. Ao lado havia ainda túmulos de Mime, Alberich, Thor, Fenrir e Shido. Nunca encontraram os corpos de Bado e Siegfried e por isso só havia uma lápide simbólica.

-Fler por favor me deixe sozinho- ela obedeceu.

Naquele instante Dankwart começou a chorar.

-Hagen de Merak, um guerreiro deus, era seu sonho não? Porque Hagen? Porque?- ele se inclinou sob o túmulo e permaneceu lá por um bom tempo lamentando por tudo que disse e não disse a ele. O vento passou um pouco mais forte fazendo os cabelos escuros dele voar, na verdade ele tinha esse tom escuro de cabelo por causa da mãe que descendia dos celtas. Milhares de imagens passaram em sua mente de quando eram crianças. E então ele olha ao redor e vê a lápide de Siegfried.

-Odim até Siegfried o guerreiro imortal foi morto! Que desgraça. Mas eu juro a você meu amigo e a você meu irmão de que Asgard nunca mais ficará a mercê de inimigos novamente.

A estatua de Odim agora novamente em pé tinha o brilho das sete safiras, porém uma estava com um brilho diferente. Dankwart percebeu isto e se aproximou dela. Tinha a forma da ursa maior com suas sete estrelas.

-O que significa isto?- indaga ele, uma safira tinha como que reacendido e um facho de luz azul apareceu indo em direção aonde estava Dankwart, a safira se soltou e seguia esta trajetória. Ele a pegou nas mãos.- Odim? O que é isto? –ele olhou para a estatua. Esperando obter alguma resposta que não viria.

Dankwart retornou ao palácio com a safira e com mil perguntas na mente. Foi até seu quarto e deixou a pedra em cima de uma pequena mesa, no outro dia iria ter com Hilda. Ele acendeu a lareira, e a seguir foi tomar um banho, naquele momento era tudo o que precisava, talvez a água levasse embora as coisas ruins. Já na cama ele tentou dormir, e depois de algumas tentativas o sono finalmente veio. Porém ele teve um sonho estranho. Sonhou com Hagen e com suas enigmáticas palavras.

-Meu irmão não guarde rancor de Hilda e nem de Fler, cuide delas já que eu não poderei mais, por favor.

-Hagen...

-Faça o que seu coração mandar Dankwart, encontre seu verdadeiro caminho.

-O que quer dizer com isto?

-Você sempre soube, por isso voltou, não entende? Quanto à safira, ainda há esperança enquanto o brilho não apagar.

-Não entendo.

-Entenderá. Adeus querido irmão, nunca tenha medo porque estarei ao seu lado. Seja feliz.

-Hagen não vá ainda tenho coisas a dizer...- mas ele se foi.

Nisto Dankwart acordou em lágrimas, era apenas um sonho, mas lhe parecia tão real. Já era alta madrugada, o céu estava estrelado com o brilho da estrela Polar e da constelação da Ursa Maior.

-Ainda há esperança enquanto o brilho não apagar...- ele repetia e olhava a safira em cima da mesa. -Mas que diabos isto que dizer...- ele tomou a pedra e pensava, mas nada fazia sentido.

Assim que o dia amanheceu ele foi a procura de Hilda.

-Aconteceu algo estranho ontem Hilda

-O que houve?

-Eu estava observando a estatua de Odim quando notei que havia um brilho especial numa das safiras, de repente ela se soltou e veio até a mim.

-Uma das safiras você está dizendo?

-Não é possível- disse Fler que estava presente também.

-Vejam isto- ele tirou a pedra do bolso e mostrou para as duas, elas estavam pasmas. Ele continua- E não é tudo, nesta noite sonhei com Hagen e ele me disse que havia esperança enquanto houvesse brilho, notem o quanto esta pedra brilha.

-Mas me diga Dankwart, você sabe qual estrela representa a safira?

-Sim.

-E qual é?-pergunta Fler.

-A estrela Dubhe.

-Siegfried!- exclama Hilda, ela pega a pedra e aperta nas mãos, seus olhos estão marejados de lágrimas.

-O que foi Hilda? Tem idéia do que seja?

-Eu não quis dizer nada porque achei que fosse apenas sonhos sem nexo, fruto da minha dor, mas depois disto eu não estou certa.

-Que sonhos?- pergunta Fler- Você nunca me disse nada.

Sempre sonho com Siegfried me pedindo ajuda e depois ele some. Mas ele está morto –ela eleva a voz zangada, mas não com eles, mas diante do impossível- ele nunca mais retornará nunca mais...desculpem preciso sair- Hilda sae como um relâmpago diante deles e vai ficar sozinha.

Dankwart e Fler ficam perplexos, mas entendem a reação inesperada dela.

-As coisas não mudaram, não é mesmo Fler? Ele sempre foi especial para ela.- ela concorda com cabeça- Isto tudo é muito estranho, preciso ir a um lugar agora.

-Onde vai?

-Hagen me fez um pedido e vou cumprir- ele dizia se retirando.

Gunther e Elendir apenas observavam que havia algo estranho por ali, mas permaneciam calados.

Dankwart estava na caverna, o único lugar onde havia lava em todo Asgard.

-Faz tanto tempo- ele se concentra, um cosmo rubro se forma em torna dele e ele faz surgir ondas de lavas uma e outra e em seguida desvia-as com um forte ar congelado, sim ele ainda dominava o cosmo tão bem quanto Hagen. –Você tinha razão Hagen, aventurei-me em busca de algo que sempre senti falta e na verdade estava dentro de mim. Turbilhão Ardente- lavas subiram em um feroz redemoinho.

Fora da caverna alguém observava discretamente tudo, só se via uma capa esvoaçando ao vento.

Quando Dankwart retornou, Fler o aguardava.

-Hilda já está melhor.

-Ela é forte Fler, acho que dentre nós desde criança ela sempre foi a mais segura e forte. Agora não se preocupe.

-Tem razão Dankwart, mas sempre quando se fala em Siegfried, ela fica assim. Às vezes gostaria que a lenda fosse verdadeira.

-Sim a lenda, o guerreiro imortal...-ele começa a pensar e como num flash ele começa a compreender.- Onde está Hilda?

-Em seu quarto, mas...-ele não esperou ela acabar de falar foi correndo na direção do quarto de Hilda, bateu e entrou apressadamente.

-Dankwart? O que é isto?- Hilda leva um susto, pois já estava deitada.

-Desculpe, mas é importante, por favor me responda o que Siegfried lhe disse no sonho exatamente?

-De novo esta estória.

-Por favor Hilda.

-Está bem. Está bem. Ele disse que precisava de ajuda e algo sobre Balmung, disse que eu precisava despertá-lo e algo sobre Primeira Terra.

-É isso!

-Isso o que?

-Vai achar que o que estou dizendo é loucura, mas acredito que Siegfried de alguma forma está vivo.

-Pare de dizer bobagens

-Hilda escute a safira é a prova não vê? Conhece a lenda, Siegfried é o guerreiro imortal.

-Mas descobriram seu ponto fraco e o atingiram.

-Pelo que me descreveu ele foi atingido não nas costas onde é o sinal exato, mas próximo ao coração. Talvez isto não fosse o suficiente para matá-lo. Além do mais ele subiu aos céus e ninguém mais o viu.

-Se o que está me dizendo for verdade o que significam Primeira Terra e Balmung.

-Balmung como bem sabe foi dada a Siegfried na lenda, talvez seja a forma de traze-lo de volta. Primeira Terra, eu não sei...espere é isso o lar de Siegfried na lenda é nas terras ao norte da Noruega, sim é lá que ele deve estar. Hilda temos que resgatá-lo.

-Isso me parece loucura.

-Loucura ou não eu já perdi meu irmão, não vou deixar um amigo morrer. Partirei amanhã mesmo com ou sem você Hilda e levarei Balmung mesmo que a ira de Odim caia sobre mim. - ele virou decidido para ela e a encarou nos olhos e segurou firmemente sues ombros- Hilda não adianta esconder de mim o que sente, ele pode estar vivo e esta é sua chance de tê-lo de volta. –ela sabia que ele tinha razão, ela tinha que ir.

-Partiremos amanhã- ela responde, ele sorri satisfeito.