Aviso: esse fic poderá conter lemon, por isso se alguém aqui é alérgico é só fechar no X lá em cima, ok? Boa leitura a todo mundo!

Recadinho: o fic está dividido em duas partes. Durante a semana tentarei postar o segundo capítulo. Mas nada certo. Esse fic é o segundo de Gundam Wing, o primeiro com uma história arrumadinha, diferente do primeiro desse anime que eu publiquei. Espero que gostem.

Casais: Heero x Duo, menção de Quatre x Trowa

Disclaimer: Gundam Wing não é meu, infelizmente. Se fosse, eu seria uma mulher feliz...


Heero Yuy olhava pela janela do luxuoso apartamento, observando o céu escurecer, anunciando a tão prometida chuva que a TV informara no dia anterior. Não aproximava-se muito do parapeito, conhecendo suas reações. Era acrofóbico, mas nem por isso hesitava em ocupar lugares nos andares mais altos. Aqueles eram os melhores, era o que ele dizia.

Naquele setembro chuvoso, Heero "comemorava" o segundo ano de seu divórcio com a herdeira de uma cadeira de hotéis, Relena Peacecraft. Naqueles dias, ele ficava um tanto deprimido, irrequieto, instável. Não que o divórcio o magoasse ou que a ex-mulher fosse o grande amor de sua vida (o que não era), mas ele sentia-se assim quando a data da separação se aproximava.

Talvez devia ser pela sensação de impotência que lhe abatia sempre que pensava no casamento e no seu desenlace.

Relena Peacecraft era uma das mulheres mais desejadas da América. Linda, loira, inteligente, rica e famosa, aliava todas essas qualidades a uma bondade raramente vista. Ela poderia ter o homem que quisesse a seus pés, mas quis Heero Yuy, um publicitário em ascensão. Não mediu esforços para que fossem apresentados, saíssem, namorassem e, em tempo recorde, oficializassem o noivado.

O casamento havia sido discreto para os padrões da sociedade e após a cerimônia e durante os dois anos que se seguiram, o casal teve seus passos imortalizados através de fotos e notícias. Eles eram tidos como o casal mais unido e bonito. Se dependesse de Relena, aquela seria a mais pura verdade e duraria por longos anos.

Mas para Heero era sufocante. Ele sentia-se incompleto, mesmo com toda a atenção que a esposa lhe dedicava. Era como se tudo que conquistara, materialmente falando, não tivesse a menor importância. Ele apenas sobrevivia, sem nenhuma perspectiva de que algo emocionante pudesse lhe acontecer.

Após a comemoração do terceiro anos de casamento, Heero resolveu terminar com o que ele chamava de "conveniência". Contactou o amigo e advogado Trowa Barton e depois de muitas lágrimas por parte de Relena, ele se mudou da casa que dividia com ela em Malibu para um loft espaçoso e em Nova York.

Desde então, Heero continuava a exercer sua profissão, com clientes importantes e uma rotina agradável, porém, incompleta da mesma maneira. Questionava-se às vezes, o que havia feito de errado, talvez o término do casamento não fora a melhor opção, mas acima de tudo, perguntava-se por que não havia satisfação com o dinheiro, amigos e trabalho que tinha que havia angariado durante os anos.

Suspirou profundamente, forçando-se a não pensar naquilo, aprendera que quanto menos pensava naquele "probleminha", mais se convencia de que ele não existia. Quarta-feira era dia de pôquer na casa de Trowa e era uma das coisas rotineiras que ele mais gostava. O amigo sempre trazia parceiros diferentes para o jogo, muitos deles, futuros casos seus. Heero apenas divertia-se com aquilo tudo, era curioso, para dizer o mínimo, ver a busca de Trowa por um namorado. Pelo menos ele mostrava-se disposto a tentar, coisa que não acontecia consigo mesmo.

Saiu do prédio, levando duas garrafas de vinho, como sempre combinavam. No caminho para a casa de Trowa, o rádio tocava músicas depressivas ou programas religiosos. Deixou em uma estação que transmitia propagandas e não trocou mesmo quando começaram a falar sobre horóscopos. Curiosamente, era sobre seu signo que narravam.

"Para uma mente irrequieta, busque um equilíbrio e não guarde-se para surpresas. Aquele que trouxer o alívio é o que mais lhe surpreenderá. Não arrependa-se de arriscar. É no lugar mais obscuro, porém familiar, que se encontra o verdadeiro tesouro da vida."

-Quanta baboseira... –ele resmungou, parando o Porshe preto à frente da casa de Trowa.

Podia ouvir a conversa vinda de dentro da casa, enquanto se aproximava. Os convidados pareciam bem mais animados que o grupo da semana anterior. Tocou a campainha duas vezes antes que um rapaz loiríssimo e com impressionantes olhos azuis atendesse a porta. Ficou preso à eles por alguns segundos, até que este o sorriu, convidando-o a entrar. Logo cruzou olhares com Trowa, que mantinha a expressão "ele é meu" no rosto e que Heero conhecia tão bem.

Entregou as garrafas de vinho ao amigo, caminhando até a mesa de madeira redonda, coberta de feltro verde. Apreciou os detalhes, tão pertinentes à Trowa, que tinha mania de perfeição. Logo o rapaz loiro sentou-se ao lado dele e começaram a conversar. Quatre Winner era o advogado recém contratado pelo escritório que Trowa era um dos sócios e parecia ser um rapaz tão inteligente como o amigo. Quando começaram a conversar, Heero pôde perceber que os dois tinham uma sintonia impressionante.

Pigarreou alto, sentindo-se um pouco incomodado ao ver o amigo tão absorto na conversa com Quatre que nem percebia sua presença. Foi preciso um barulho na cozinha para que eles finalmente parassem de conversar. Herro aproveitou para perguntar se não iam começar aquele jogo. Tinha alguns projetos para entregar no dia seguinte e não pretendia sair muito tarde dali.

-A culpa é toda do ser que está na cozinha! –Trowa disse, gritando a última palavra. –Vamos l�, saia dessa cozinha. É pior que a minha mãe. Vai acabar virando uma esposa exemplar!

Heero arregalou os olhos. Trowa só poderia estar enlouquecendo. Ele havia convidado uma mulher para jogar com eles. Aquilo só poderia ser brincadeira. Era bem verdade que ele queria uma namorada, mas o amigo não precisava ser assim tão descarado, levando uma desconhecida para sua casa, tencionando apresenta-los.

Estava absorto em pensamentos e nem percebeu que a pessoa saíra da cozinha e caminhava na direção deles, segurando um prato de aperitivos, com uma expressão não muito amistosa no rosto.

-Esposa exemplar só se for para alguém muito sortudo!

Heero saiu da catatonia momentânea em que se encontrava, levantando os olhos rapidamente, procurando a pessoa que acabara de entrar na sala. Deparou-se não com uma mulher, mas com um rapaz. Um rapaz de longos cabelos cor de mel, presos em uma trança justa e impressionantes olhos brilhantes.

Aliás, os olhos realmente chamaram mais a atenção de Heero do que qualquer outra coisa. Não que o conjunto não o agradasse (e ele não entendeu de onde aquele pensamento veio), mas os olhos eram uma coisa à parte. Eles eram violeta. Perfeitamente expressivos, vivos, compreensivos, amistosos. Tudo o que ele próprio não era.

Sentiu um cômodo frio no baixo ventre quando Trowa começou a falar, finalmente apresentando-os.

-Heero, este é Duo Maxwell, vizinho de Quatre e campeão de pôquer lá na vizinhança deles.

Os olhos violeta cruzaram com os cobalto de Heero e ambos controlaram as respirações ao trocarem um breve aperto de mão. Quatre foi o responsável pela quebra do silêncio, fazendo com que os dois rapazes partissem para o jogo, finalmente.

O loirinho, discretamente olhou para Trowa e piscou um dos olhos, recebendo um sorriso maroto logo em seguida.

O jogo começou e em pouco tempo todos já sabiam muito da vida de Duo. Aliás, o rapaz era o bom humor em pessoa, apesar da vida trágica que levara. Era órfão, e, criado pelos tios, aprendeu rapidamente que deveria cuidar de si mesmo e não esperar ajuda de ninguém. Formara-se no colégio com louvor e freqüentava no momento a faculdade de NY, cursando Arquitetura. Possuía um talento como poucos, pelo que Quatre dizia e da mesma maneira que o rapaz era extrovertido, corava diante dos elogios em curto espaço de tempo.

O jogo fluiu de maneira impressionante e realmente Duo era melhor jogador que todos os outros três. Fazendo dupla com Quatre, ele levou a melhor nas cinco rodadas que disputaram, levando Trowa a mudar a tática.

-Vamos mudar de parceiro. Isso não é justo! Vai, Quatre...faz dupla com o Heero.

-Nada disso, gatão. Eu quero fazer par com você... –Quatre disse, sedutor. Duo caiu na risada e Heero apenas virou os olhos. Um Trowa surpreendentemente corado baixou a cabeça, mas concordou com a troca de parceiros.

-Infelizmente eu não vou poder participar dessa rodada. Faculdade amanhã de manhã. –Duo disse, levantando-se. –Q, pode continuar, eu pego um táxi.

-Mas...

-Nada de discussão. Trowa, a noite foi ótima, vamos marcar uma partida dessas pra outro dia, quem sabe no fim de semana, tudo bem? E Heero, muito prazer em lhe conhecer. –Duo disse, não demonstrando qualquer malícia naquela frase. O moreno apenas assentiu, ainda estranhamente preso aos belos olhos do rapaz.

Enquanto Trowa levava Duo até a porta, Heero e Quatre conversavam sobre o moreno. Aparentemente, o loiro sabia da fama que o companheiro de profissão tinha, especialmente a respeito das noites de pôquer. Mas mesmo assim, ele se fazia de inocente, apenas revelando à Heero, que sentia-se atraído por Trowa e que ele não iria deixa-lo em paz, enquanto não o tivesse.

-Perdi alguma coisa? –Trowa perguntou, sentando-se ao lado de Heero na mesa de jogo.

-Não muita coisa, estávamos apenas nos conhecendo melhor. –Quatre respondeu, e teve a reação que esperava. Trowa ficou ligeiramente corado.

-Bom, sem Duo aqui, acho que não podemos jogar direito. Que tal um filme? –Quatre perguntou, já deixando a mesa de jogo e caminhando para a sala.

-Tem certeza de que é a primeira vez que ele vem aqui? –Heero murmurou aos ouvidos de Trowa, que deu de ombros.

Caminharam para a sala de Trowa, que era enorme, toda em tons de branco, com sofás de couro preto. Uma enorme TV de plasma estava pendurada na parede, como se fosse um quadro. Quatre já estava sentado em um dos sofás, sem os sapatos. Heero e Trowa começaram a rir diante da imagem.

-Eu aceito o filme. Mas para outro dia. Vou voltar pro trabalho. Você sabe como é, meu amigo. –Heero disse, desculpando-se. Abraçou o moreno, murmurando para que o loiro não pudesse ouvir. –Aproveite bem a noite.

-Já vai indo, Heero?

-Sim, Quatre. Tenho uma reunião importante na agência amanhã, mas não podia perder o pôquer. Trowa sabe bem como essa rotina me faz bem.

-Tudo bem, então. Prazer em te conhecer. –o loiro disse, sorrindo.

-Igualmente –Heero respondeu, reparando na postura de flerte de Quatre.

Saiu da casa de Trowa, tendo a certeza de que ele e Quatre teriam umanoite agradável. Esperava que dessa vez, o amigo resolvesse se envolver com alguém a sério. Seguiu dirigindo calmamente, o rádio desligado dessa vez, observando a paisagem da estrada, quando viu uma pessoa andando pela estrada mal iluminada. Freou um pouco mais adiante e pensou em dar a ré. Mas primeiro tinha que ter certeza de que não estava tendo uma alucinação.

Não.

Ninguém tinha cabelos como aqueles.

Imediatamente deu a ré, cantando os pneus. Olhou pelo retrovisor e percebeu que o rapaz havia se encolhido no canto da estrada. Parou ao lado dele, sorrindo verdadeiramente.

-Quer uma carona, Duo?

-Eu...eu acho que prefiro ir andando. –Duo respondeu, parecendo um pouco incomodado com os olhares que Heero lhe lançava.

-Por favor, eu não vou morder. Qual é o problema?

-Provavelmente vou te tirar do seu caminho. –ele respondeu, os braços cruzados, numa posição de proteção.

-Olha, eu tenho o carro. O que seria alguns litros de gasolina? Não me importo. Você parece ser uma companhia agradável.

Duo virou os olhos, finalmente concordando com a carona. Abriu a porta do Porshe e entrou, sem desviar olhares para Heero, que resolvera dirigir também e não falar nada.

Ficaram por alguns minutos do trajeto em silêncio, Heero apreciando a vista e querendo olhar na direção de Duo, que cantarolava uma música conhecida.

-Canta bem. –Heero começou, tentando puxar assunto. Era idiota a maneira como estava se sentindo perto daquele garoto.

-Obrigado. –ele respondeu, polidamente.

Depois daquelas palavras trocadas, parecia que finalmente Duo havia resolvido conversar mais com Heero. O rapaz mostrava-se muito mais enigmático do que o moreno imaginava. Duo não era apenas expansivo, mas também sabia como ninguém guardar algum segredo ou qualquer coisa que lhe fosse por demais doloroso. Aquilo lembrou-lhe ele mesmo.

Para a tristeza (não admitida) de ambos, chegaram rápido demais a casa de Duo, em um bairro de classe média. As casas eram bastante parecidas e aquela parecia ser uma vizinhança realmente amistosa.

-Bom, está em casa. Não disse que não te atacaria? –Heero disse, sorridente.

-É, você não seria louco. Eu tenho spray de pimenta, sabe? –Duo respondeu, no mesmo tom.

Ficaram sérios ao mesmo tempo, apenas olhando-se. Duo pigarreou, abrindo a porta, pronto para sair do carro, quando Heero puxou-lhe pela manga da blusa cinza.

-Escuta, Duo...eu quero lhe dizer que você foi uma grata surpresa nessa noite. –ele começou, não sabendo porque precisava dizer aquilo ao rapaz. –Não é sempre que eu me abro, contando as coisas que te contei. Acho que você é...bom, alguma coisa que eu ainda não descobri. –ele finalizou, passando a mão pelos cabelos.

Duo sorriu, apertando a mão que lhe segurava o braço.

-Você é um homem especial, Yuy. Eu também não descobri o que você é, mas... –ele olhou para baixo, antes de completar. -...gostaria de entrar e conversar mais um pouco?

Heero arregalou os olhos cobalto. Se não havia entendido errado, Duo o estava paquerando. Logo ele, que nunca sentiu atração por outro homem. Era estranho. Sentia-se muito bem ao lado daquele rapaz maravilhoso, mas não exatamente o que estava esperando em termos de companhia, se falassem sobre relacionamentos.

-Me desculpa. Acho que estou indo longe demais. –Duo começou, abrindo a porta do carro. Mais uma vez foi parado por Heero.

-Eu aceito o convite.

Continua...