A Canção de Alice
Ela caminhava pelas ruas ladrilhadas
Pelas tardes, com as pernas cansadas.
Dos olhos tristes, lágrimas de dor escorriam
E os lábios, de sorrir, logo desistiam.
Era linda... Em seu vestidinho amassado.
Na cabeça, um laço amarrado.
Era linda.
Alice era linda.
Os passos curtos...
Os risos mudos...
Perfeita em sua solidão.
Perfeita em sua imperfeição.
Alice... Todos a amavam.
E logo admiravam
A garotinha a passear
Com tristeza no olhar.
Caminhava sempre por aquela rua torta...
E seu cadáver frio foi encontrado junto à porta.
Os ladrilhos da rua cintilavam. O sol já se punha e várias pessoas se alertavam, Alice costumava passar aproximadamente naquele horário.
A bela garota acordava tão cedo que muitos duvidavam que ela chegasse a dormir e sempre voltava de onde veio pelas ruas ladrilhadas que cortavam a cidade no entardecer.
As perninhas da jovem tremiam, mas ela era obrigada a continuar atravessando aquela cidade dia após dia.
Aquela tarde não era diferente. Ela passou, lentamente e com as pernas tremulas, pela grande mansão no fim da cidade, se encaminhando para qualquer lugar, trajando o costumeiro vestidinho azul rendado e os sapatinhos negros arranhados.
Não percebeu dois curiosos pares de olhos negros a observá-la, até que as sombras da estrada a engolissem... Como todos os dias.
Tais olhos pertenciam a dois irmãos da família mais rica da região, Uchiha. Ambos, como todos os dias, observavam a doce "Alice" a se afastar. O mais velho sorria, o mais jovem não.
Observavam, a distancia, a fraqueza de Alice, como já haviam feito no dia anterior e em todos os outros... "Alice" parecia interessante.
Alice... Alice...
Acompanhe-me esta noite, minha linda Alice...
Acompanhe-me na última valsa.
A última de sua vida.
Aquela tarde, contudo, as coisas não decorreram como sempre.
"Alice" passava, como todos os dias, pela portão de entrada da casa dos Uchiha. Contudo, desta vez, o portão se abrira, revelando o filho mais velho daquela família mirando-a, num chamado silencioso.
Tentador... Sim, era tentador. Um belo e rico rapaz a convida-la com os olhos para uma rápida visita, quem sabe até um jantar...
- Venha, "Alice". - O rapaz tocou a mão alva e pura da jovem - Vamos para a terra dos sonhos.
Embora estivesse confusa, "Alice" se deixou iludir por aqueles olhos. "Os olhos que iludem" como as pessoas costumavam dizer... Os olhos que a transportavam ao "País das Maravilhas".
- Seja bem-vinda, "Alice". - Ele a sentou sob uma poltrona macia - Sinta-se em casa.
- Meu nome não é Alice. - A garota respondeu, piscando algumas vezes seus olhos perolados - Sou Hyuuga Hinata.
Ah, bela Alice...
Coelhinha, caiu na armadilha?
Caiu na ilusão?
Perdeu-se naqueles olhos?
Acorrentou-se ao ilusionista?
Itachi deu a ela roupas novas e rendadas. Queria sua "Alice" linda como sempre. Hinata olhou-se no espelho, estava linda! Mas... De que adiantava? De certo modo já sabia que jamais poderia sair daquele lugar. Estava ali apenas graças a sua fraqueza.
Batidas leves na porta... A linda garotinha já sabia o que era: Jantar. Sabia o que poderia acontecer depois, mas ela sempre confiava nas pessoas... Pobre tola.
A escadaria fria de mármore se assemelhava, de certo modo, a seu anfitrião... Gelado.
Aproximou-se, receosa, da grande sala de jantar onde Itachi a aguardava. Os pratos sobre a mesa eram os mais diversos, tudo para agradar o delicado paladar da doce Hyuuga.
Sente-se ao meu lado, Alice...
Beba este veneno, Alice...
Passe a eternidade ao meu lado.
E dance comigo...
Dance a última valsa de sua vida.
E, depois de tudo, feche seus olhos de vidro
Para nunca mais voltar a abri-los.
O jantar já havia se findado. A gentil hospede decidiu passear pelos amplos corredores gélidos daquela casa.
Por mero acidente, ou mesmo obra do destino, Hinata encontrou o Uchiha mais jovem. Seus olhos estavam arregalados e a pele muito pálida... Parecia um corpo já sem vida.
Ele deslizou os olhos pelo corpo da jovem "Alice" e quase sorriu.
- Vá embora. - Foi o que Sasuke disse - Pequena Alice, vá antes que não possa mais sair deste lugar assim como "eles".
- E-eles?! - A menina alisou os cabelos negros - Não me chame de Alice. Me chamo Hinata.
Sasuke começou a se afastar, como se não houvesse escutado absolutamente nada.
Ah... Alice... Tão fraca... Tão suscetível ao medo...
Venha Alice.
Caminhe com seus pés até mim.
Se tentar fugir, eu vou te perseguir.
Venha, Alice. Apenas venha.
O irmão mais jovem a assustava... O mais velho também... A casa era frívola e já estava ficando tarde. Hinata suspirou. Sim, hora de ir embora.
Tocou a maçaneta docemente, contudo, uma mão firme a impediu. Os olhos de Itachi brilhavam. Ela gritou.
Eu quero Alice
Eu desejo Alice...
Sempre ao meu lado...
Gastando noites em claro para me satisfazer.
A jovenzinha foi jogada para dentro de um quarto escuro e frio. Gritou novamente e mais uma vez... Gritou por várias vezes, durante quase um mês.
Logo os gritos desapareceram. Tudo desapareceu. Alice desapareceu. Seu cadáver estava encostado sobre a porta de um armário, ao lado de um casal sem vida.
Itachi estava louco e decidiu que aquele mundinho era muito obscuro para as pessoas que ele amava.
Sinto falta de Alice...
Daqueles olhos de vidro que tudo observavam...
Do sorriso inexistente...
Da fraqueza...
Alice, te afastei da escuridão deste planeta...
Te enviei para um lugar iluminado.
Mantenho sua pele de porcelana sempre ao meu lado...
Mas agora você já não pode responder
Pois o coelho branco levou Alice para o País das Maravilhas...
Com toda aquela doçura...
E toda aquela fraqueza.
N/A: Preciso admitir... Estou com medo desta oneshot não estar fazendo muito sentido e-e"
Eu escrevi baseado em um sonho, então talvez as informações estejam confusas... Eu fiz o que eu pude e-e""
Meu próximo dos 30 cookies vai ser yaoi, viu povo? SasuNaru xD/
