Mary Sue: a Hora da Verdade Continua!
– A Beldade nos Trópicos –
Capítulo I – Cinema em Casa!
Era uma noite quente de verão, Mary Sue caminhava pela beira da praia, deixando a água do mar molhar seus delicados pés descalços. O céu estava perfeitamente claro e estrelado. O suave brilho do luar deixava Mary Sue ainda mais linda e vaporosa. A deusa afastou-se um pouco da beira do mar e se sentou na areia. Abraçou os joelhos e olhou pensativa para a imensidão do horizonte. Estava tão linda nesse estilo despojado-praiano que os turistas japoneses pararam para tirar fotos suas.
Após fazer algumas poses para os nipônicos, Mary Sue voltou à sua viagem introspectiva digna das páginas de James Joyce. Pensou sobre como era estar de volta ao Brasil, sobre como seu pai mais uma vez desaparecera de sua vida, sobre como sentia falta dos amigos que fizera em Hogwarts.
Deitou-se na areia e fechou os olhos. Ficou pensando nos bons momentos que vivera na Inglaterra, no Baile em sua homenagem, em como ficara linda e maravilhosa em todos os momentos, mesmo com o Chapéu Seletor na cabeça. Lembrou-se de Harry, dos beijos dele. Era como se pudesse sentir seus beijos nesse momento mesmo. Então percebeu que não era apenas uma lembrança de um beijo, e sim um cachorro vira-lata lambendo a sua cara.
– Chispa daqui! – gesticulou, afastando o animal e limpando o rosto.
A bela jogou-se novamente na areia. Voltou a pensar em seus amigos de Hogwarts. Dessa vez com os olhos abertos – "Vai que o cachorro volta". Riu um pouco ao lembrar de como Lilá e Hermione viviam se estranhando até virarem super amigas.
– Puxa, como eu gostaria que eles estivessem aqui! – pensou alto.
Mal Mary Sue disse isso, uma enorme luz verde faiscou nos céus. Uma enorme chama esmeralda riscou o horizonte.
– MEU DEUS! – gritou Mary Sue. – Isso é OBVIAMENTE uma fenda espaço-temporal transposta de um vórtice submodelar-paradoxal, inverso ao padrão nanotecnofreqüencial determinado pelo eixo rotacional do planeta Terra!
Às vezes Mary Sue se surpreendia com a sua própria perfeição: além de linda, era inteligentíssima.
Uma explosão se fez ouvir e uma mulher vestindo roupas de couro apareceu nos céus, dando uma pirueta tripla e caindo de pé no chãoà beira-mar. Era esguia, tinha os cabelos curtos e usava um par de óculos escuros.
– Ol�, Mary Sue! – ela disse.
– Hermione? É mesmo você? – perguntou incrédula. Depois emendou. – É claro que é você! Quem mais seria brega a ponto de usar óculos escuros a essa hora da noite? Gostei de ver o seu cabelo! Abandonou a peruca e está usando ele curtinho, é?
– Agora não há tempo, Mary Sue! Ele pode estar chegando a qualquer momento.
– Ele quem, Hermione?
– Meu nome agora é Trindade!
– Trindade? Como a autora de fics?
– Não, anta! Como Santíssima Trindade. Pai, Filho e Espírito Santo. É uma referência bíblica, sacou?
– Uai! E por que você, que é uma mulher, representa uma Trindade de dois homens e um Espírito? Por que não Maria? Ou Madalena? Ou... Como é o nome daquela moça que vira estátua de sal?
Hermione não chegou a responder. Uma brusca luz verde faiscou de novo e uma explosão se fez ouvir.
Um enorme homem negro trajando roupas de couro surgiu também rodopiando pelos céus e carregando uma espada nas mãos.
Ele parou diante de Mary Sue e estendeu a mão para ela, mostrando uma pílula azul e uma vermelha.
– Se quiser saber de toda a verdade, tome a pílula azul!
Mary Sue pegou a pílula e olhou mais de perto.
– Peraí! – falou a bela. – Isso aqui é Viagra!
O negrão tirou os óculos escuros e lançou um sorriso charmoso. Mary Sue o reconheceu e o abraçou.
– DINO! Que bom te ver! Que espada enorme é essa?
– Bem... Não sou mais Dino! Agora sou Morfeu! – disse o rapaz, antes de acrescentar marotamente. – Se está impressionada pelo tamanho da espada, posso te mostrar outra coisa que a deixaria ainda mais impressionada!
Outra explosão, e apareceu o terceiro corpo a girar no céu. Ele também trajava couro e seus cabelos eram negros e arrepiados e, ao tirar os óculos escuros, exibiu olhos verdes inconfundíveis.
– HARRY! – gritou Mary Sue, correndo em sua direção. – É você mesmo?
– Sim, minha amada! Eu voltei para seus braços! – Harry ficou quieto e olhou em volta. – ESPERE!
Hermione/Trindade e Dino/Morfeu ficaram tesos e assumiram posição de combate. Surgiu um homem vestindo um terno negro e um par de óculos escuros.
– Agente Smith! – falou Harry. – Veio aqui a mando da Matrix, eu imagino!
– Tá maluco, menino? – falou a figura. – Meu nome é Pedro Pettigrew, e estou aqui a mando da Bellatrix!
– Não interessa! – gritou Hermione/Trindade. – É um inimigo e deve morrer! Avada Kedavra!
Um raio de energia percorreu o ar, passou a metros de distância de Pedro Pettigrew e acertou uma velhinha que passeava com seu cãozinho. A senhorinha caiu dura no chão.
– Hermione, acho que você deveria tentar atirar sem os óculos escuros... – recomendou Harry.
– Foi mal! – disse a bruxa-trouxa, guardando-os no bolso.
– Se vocês não se incomodarem, vou esperar ali, sentadinha, enquanto vocês resolvem essa pendenga, OK?
Mary Sue sentou-se delicadamente na areia, enquanto o pau comia solto entre a trinca de couro e Pedro Pettigrew.
Ouviu-se um estampido, e logo a luz verde vomitava mais pessoas. Dessa vez, quatro. Três delas giraram pelos céus como os anteriores, mas, ao invés de usar couro, estavam devidamente trajados com o que há de mais novo na alta costura européia. O quarto caiu chapado no chão, como uma jaca, produzindo um baque surdo e seco.
– LILÁ! PARVATI! – Mary as reconheceu imediatamente. – E você também Draco! Que bom ver vocês!
– Eu vim também! – levantou-se Rony da areia. – Elas, quer dizer, ELES ("Sorry, Draco") me deixaram ser o Bosley!
– Ainda nessa de Panteras? Vocês vieram aqui só para me ver? Que super!
– Na verdade, viemos aqui para enfrentar nossa mais nova inimiga!
– Quem?
– ELA, BELLATRIX LESTRANGE!
Uma bela mulher no alto de seus quarenta anos e longos cabelos negros surgiu de pé, há poucos passos de distância. Prontamente, todos sacaram suas varinhas e começaram a dar tiros de magia por todos os lados.
– PELO AMOR DE DEUS! – gritou Mary Sue. – PAREM DE DAR TIROS PARA TODOS OS LADOS!
Todos pararam imediatamente e olharam para ela.
– Que história é essa de Bellatrix Lestrange? Não tão vendo que essa aqui é a Demi Moore? – Mary Sue se aproximou. – CARA, DEMI! Sou SUPERFÃ sua! Você é LINDA! Quero chegar na sua idade lindona que nem você!
– Obrigada! – respondeu a estrela com um sorriso franco.
– Como você faz para ficar assim tão linda, hein?
– Ai... Eu falo, mas ninguém acredita: não faço nada! Nem dieta, nem exercício!
– CLARO QUE EU ACREDITO! Eu também não faço nadaesou essa maravilha toda que você está vendo!
– Que bom que você me entende! – suspirou Demi. – É sempre muito bom poder encontrar por aí pessoas que partilhem do mesmo tipo de brilhantismo e magnificência que a gente, sabe?
– Claro que eu entendo! Mudando completamente de assunto... Eu sinto que há entre nós uma intimidade instintiva, uma coisa cósmica e transcendental... De AMIGONAS mesmo... Uma força tão grande que me dá a liberdade de fazer perguntas de cunho particular... – Demi balançou a cabeça concordando, exibindo no rosto uma expressão de profunda aquiescência. – Eu queria saber: e aquele gatinho que você tá pegando, hein? Sua papa-anjo!
– Ele é ótimo, não? – a estrela deu uma gargalhada sonora.
– Ele é maravilhoso! Você AR-RA-SOU, garota!
– Com licença! – Rony interrompeu o momento "Nossa! Encontrei a minha contrapartida fraterna perdida há tempo nos veios da eternidade!". – Será que a gente poderia refazer essa cena toda e, que tal se, ao invés de encontrarmos a Demi Moore, encontrássemos o Rodrigo Santoro?
– Sai daqui, Rony! – esbravejou Mary Sue.
– Essa amizade toda significa que eu posso tirar a fantasia de Pantera? – perguntou Draco. – Esse salto agulha tá me matando!
Mais uma vez um forte estampido fez-se ouvir. O brilho verde rasgou o céu e o último corpo da noite despencou pelos ares, espatifando dentro do mar.
– O QUE FOI ISSO? – chocou-se Demi.
– Ah! – explicou Mary Sue. – É só uma fenda espaço-temporal transposta de um vórtice submodelar-paradoxal, inverso ao padrão nanotecnofreqüencial determinado pelo eixo rotacional do planeta Terra!
– Na verdade... – interveio Hermione, já livre da fantasia de Trindade. – É um recorte no fluxo interdimensional adensado por uma película subatômica retroativa capacitada pela transfusão de energia hermética provocada por alterações no movimento magmático do interior do planeta Terra! Mas, na prática, o efeito é o mesmo!
– Vocês não deveriam estar dizendo isso na frente dela. – advertiu Lil�, apontando para Demi Moore. – Ela é uma trouxa.
– Bem, na verdade, teoricamente eu estou sendo paga para me passar por Bellatrix Lestrange... – ponderou Demi. – Mas, de qualquer forma, eu é que não seria idiota de sair por aí botando a boca no trombone sobre o que eu acabei de ver! Imaginem! Depois de anos de ostracismo, eu não ia querer me passar por maluca! Posso até ver as notícias: "Anos no esquecimento tornam Demi Moore uma louca fanática por ETs e feitiçaria"! OU PIOR AINDA: "Demi Moore supera Michael Jackson no rol das celebridades mais loucas do planeta"! AH, NÃO! NINGUÉM MERECE!
– A propósito... – interveio Parvati. – Alguém não deveria ajudar essa pessoa que acaba de cair no mar e parece estar se afogando?
– Deve ser a Gina! – falou Draco. – Vou já salvar minha namoradinha!
– Você está namorando a GINA? – chocou-se Mary Sue.
– Sabe como é, né? Seqüências são sempre mais comerciais... Já viu a quantidade de shippers que D/G tem? Precisamos agradar a audiência!
Mary Sue balançou a cabeça e deixou o louro ir ao resgate de sua, ahn, amada! Rony ainda tentou impedi-lo, alegando que talvez aparecessem alguns dos salva-vidas gatos de Baywatch, se eles esperassem mais um pouco.
Logo Draco saía das águas carregando um corpo mole nos braços.
– Ela está bem? – perguntou Harry, também livre do couro.
– Est�! – respondeu Draco, deitando-a na areia.
Mary Sue se aproximou e, assustada, arregalou os olhos.
– ESSA COISA NÃO É A GINA!
– Bem... Não! Na verdade, a Gina desapareceu! – explicou Draco. – Mas como precisávamos de um D/G de qualquer maneira, procuramos a coisa mais próxima! Aí arrumamos o Gollum!
– Myyy Preciousssss! – gemeu a criatura na areia.
– É... Se colocar uma peruquinha ruiva nele, até que lembra um pouco... O jeito é o mesmo! – concluiu Mary Sue.
– Pobre Gineca! – suspirou Parvati.
– Bem, não adianta chorar sobre o leite derramado! – Mary Sue tentou animar a galera. – O importante é que vocês estão aqui! Estava morrendo de saudades!
– ABRAÇO DE GRUPO! – anunciou Lilá com um grito.
Todos se apertaram num grande enlace coletivo. Ficaram em silêncio por alguns instantes, até que Demi/Bellatrix tomou a palavra:
– Só para constar... Dino, essa bunda que você está apertando não é a minha. É a do Rony!
– DROGA! – o garoto rapidamente recolheu a mão!
– Não seja tímido, Dino! Pode deixar a mão aí! Eu não ligo! – cochichou Rony.
