Título: Uma Aventura de Animais

Autoria: FireKai

Aviso: Esta história é contada como uma fábula, onde os animais falam e vivem situações parecidas com as dos humanos. Só existem animais neste mundo, não existem humanos nenhuns.

Aviso 2: Esta história foi originalmente escrita por mim num dos meus fotologs e agora foi adaptada para formato fic.

Sumário: Vanda, uma vaca que vive na aldeia Muu parte numa aventura para salvar a sua mãe, Mimosa Vaca, que foi raptada. Pelo caminho irá encontrar outros animais, que ajudarão ou dificultarão o seu objectivo. Conseguirá Vanda salvar a sua mãe?

Uma Aventura de Animais

Capítulo 1: Começa a Aventura

Vanda, uma pequena vaca leiteira branca e preta, agora vestida com o seu uniforme azul da escola chegou à sua casa.

"Mãe, já cheguei."

Vanda olhou à sua volta, surpreendida por ver a casa toda revirada. Depois ficou assustada. Teria sido um assalto?

"Mãe, onde estás?"

Vanda percorreu rapidamente a casa, mas não encontrou a sua mãe em lado nenhum. Ao olhar para a mesa da cozinha, viu que estava lá um papel.

"Hum, o que é isto? Oh, um bilhete?" perguntou ela, a ninguém em particular, visto estar sozinha. Começou a ler o bilhete. "Vanda, raptei a tua mãe e vou casar com ela, quer ela queira, quer não. Não nos procures, senão vais ter problemas. Assinado: Tomás Touro."

Vanda soltou um gritinho abafado. A sua mãe, Mimosa Vaca, tinha sido raptada pelo temível Tomás Touro, um conhecido vilão e ladrão que vivia longe dali.

"Raios! Não vou deixar que aquele touro rapte a minha mãe e eu não faça nada. Vou salvá-la!"

Em pouco tempo, todos os habitantes da aldeia Muu estavam reunidos. O ancião Manfredo Mocho tinha acabado de fazer um discurso.

"O quê? Como é que não podem fazer nada?" perguntou Vanda, irritada.

"É perigoso. O Tomás Touro é um conhecido vilão. Se nos opusermos a ele, vamos ter problemas." disse Manfredo.

"E a minha mãe? Ninguém se preocupa com ela?"perguntou Vanda, olhando à sua volta para os outros habitantes. "Estão todos com os corninhos a abanar de medo e não fazem nada!"

"Se queres tanto salvá-la, vai lá tu." respondeu Barnabé Bode, que era o dono da mercearia da aldeia.

"Pois é o que eu vou fazer! Não me chame eu Vanda Vanessa Vaca se não salvar a minha mãe."

O gato Gabriel, um gato de pêlo negro com algumas listas cinzentas deu um passo em frente. Ele e Vanda eram amigos desde pequenos.

"Eu vou contigo, Vanda. Vamos lá salvar a tua mãe do Tomás Touro."

"Vais é morrer se o enfrentares." disse Barnabé Bode.

"Eu tenho sete vidas. Não vou falhar a salvar a Mimosa Vaca." disse Gabriel.

"Obrigada Gabriel." agradeceu Vanda, sorrindo. "Ainda bem que pelo menos posso contar contigo."

"Claro. Até já estou farto desta aldeia. É muito aborrecida, por isso vamos lá sair daqui e salvar a tua mãe."

"Vocês ainda se vão arrepender. O castelo do Tomás Touro ainda é bastante longe. Terão de atravessar as Planícies Verdes, a Floresta Sombria e a Montanha Enevoada para lá chegarem." disse Manfredo.

"Eles que vão. A ver se ficam por lá. Não fazem falta nenhuma." disse Patrícia Porca que não gostava nada da Vanda, nem da sua mãe.

"Cala-se Patrícia! Você é uma estúpida e uma grande porca!" gritou Vanda.

"Isso sei eu. Sou uma grande porca e com muito gosto."

"Estúpida." murmurou Vanda.

No dia seguinte, Vanda e Gabriel estavam prontos para partir. Os outros habitantes da aldeia não se foram despedir deles.

"Aqueles estúpidos nem vieram dizer adeus. Nem os meus pais. Ah, mas quando voltarmos, se voltarmos, eu vou dizer a toda a gente que a minha mãe anda metida com o Carlos Cão, o padeiro." disse Gabriel.

"Credo, um cão e uma gata? Isso não pode dar coisa boa. Bem, vamos embora."

"Oh Vanda, olha que tu estás muito gira, com esse uniforme de exploração. Mas era preciso trazeres tanta roupa?"

"Claro, pensas que eu sou como as outras vacas que andam para aí com as tetas à mostra? Eu sou uma vaca de respeito."

"Acho muito bem. Vamos lá então salvar a tua mãe."

"Vamos. Mãezinha, vou salvar-te e impedir que o Tomás Touro case contigo."

De seguida, cada um com uma mochila às costas, o Gabriel e a Vanda partiram na sua jornada.

Vanda e Gabriel caminharam durante dois dias, parando ocasionalmente na beira de um rio para se refrescarem. Para Vanda, estava tudo a ser mais fácil.

"Raios partam, quer dizer, eu tenho de procurar comida enquanto tu basta baixares-te e comeres erva." resmungou Gabriel.

"Ora, come erva também."

"Achas que eu sou algum gato vegetariano ou quê? Eu quero é carne! Tenho de ver se apanho alguns ratos e lhes dou uma trinca."

"Isso é um horror." disse Vanda, abanando a cabeça e os cornos. "Matar outros animais... sinceramente..."

"Ora, eu tenho de comer. Tu também matas formigas."

"Eu?"

"Claro. És uma vaca e um bocado pró gorda, por isso de certeza que já pisaste muitas formigas."

De seguida, Vanda ficou vermelha de fúria por Gabriel a ter chamado gorda e deu uma patada a Gabriel, que foi atirado contra uma árvore e perdeu os sentidos por uns minutos.

No dia seguinte, os dois continuaram a caminhar, entrando agora nas Planícies Verdes, que eram basicamente umas grandes planícies verdes, com algumas árvores e alguns rios.

Andaram durante mais dois dias. Gabriel já estava a ficar cansado e Vanda também.

"Bolas, é que a tua mãe não podia ter sido raptada pelo Malvino Marmota, que vive logo ao lado da aldeia Muu." queixou-se Gabriel. "Tinha logo de ser raptada por um vilão que vive super longe."

"Ora, pára de te queixares. Vieste comigo porque quiseste. Se quiseres, volta para trás."

"Nem pensar. Também não te posso deixar sozinha. Depois ainda eras atacada ou algo assim. É mais seguro ir-mos os dois."

Vanda ficou mais contente, porque ao menos Gabriel preocupava-se com ela. Era um verdadeiro amigo. Eles continuaram a caminhar, até que começaram a ouvir gritos. Correram na direcção dos gritos e viram que, em cima de uma árvore, estava um porco e por baixo da árvore estava uma raposa, tentando subir a árvore.

"Deixa-me em paz!" gritou o porco, amedrontado.

"Não deixo. Vais dar uma boa refeição." disse a raposa, continuando a tentar subir a árvore.

Gabriel e Vanda aproximaram-se a correr.

"Ei! Pára!" gritou Vanda. A raposa olhou para os dois recém chegados. "Deixa esse pobre porco em paz."

"Ah, dois chatos." disse a raposa, aborrecida. "Hum, se bem que a vaca é capaz de dar uns bons bifes. Carne de vaca e carne de porco... deve ser o meu dia de sorte!"

"Ei, nem penses em atacar-nos." disse Gabriel, dando um passo em frente. "Eu sou o temível Gabriel e esta é a minha amiga, a vaca Vanda. Não vamos deixar que continues com os teus actos de malvadez."

"Ai sim? Pois eu sou a Rita Raposa e vou acabar com vocês!"

Rita começou a correr na direcção de Vanda e Gabriel, que fugiram um para cada lado. Rita foi atrás de Vanda.

"Anda cá, vaca!"

Vanda virou-se e destapou as tetas.

"Isso querias tu. Jacto de Leite!"

Um jacto de leite irrompeu das tetas de Vanda e acertou na raposa Rita, atirando-a ao chão. Enquanto ela se tentava levantar, Gabriel soltou sobre ela e usou as suas garras para atacar a cara de Rita, que gritou com dores.

"Ai! Malvados. Vão pagar por isto!" gritou ela, saindo dali a correr.

Vanda e Gabriel aproximaram-se da árvore, onde o pequeno porco ainda estava.

"Podes descer. Não te vamos fazer mal." disse Vanda.

"Se bem que uma carninha de porco não fazia mal nenhum... quero mesmo comer carne..." murmurou Gabriel, mas Vanda não o ouviu.

Apesar de hesitar durante uns segundos, o porco acabou por descer da árvore.

"Vocês salvaram-me." disse ele. "Obrigado."

"De nada. Como te chamas?" perguntou Vanda.

"Eu chamo-me Pedro. Pedro Porco."

"Muito prazer. Eu sou a Vanda e este é o meu amigo Gabriel."

"O que andam por aqui a fazer? Nunca vos vi antes." disse Pedro.

"Estamos de viagem para o castelo do Tomás Touro, para salvar a minha mãe, que foi raptada." respondeu Vanda.

"A sério? Isso é entusiasmante... e perigoso. Já estou cheio de medo, só de pensar." disse Pedro, tremendo.

"Que porco mais medricas." disse Gabriel, franzindo o sobrolho.

"Bem... é difícil ir nessa viagem, mas eu aqui sozinho também estou em perigo... posso ir com vocês?"

"Tu queres vir connosco?" perguntaram Vanda e Gabriel ao mesmo tempo.

"Sim. Vamos todos. Eu de qualquer maneira não tenho casa e andava por aqui sozinho. É mais seguro estar com outras pessoas do que sozinho. Levam-me convosco?"

"Por mim, tudo bem." disse Vanda.

"Está bem. Se morreres de medo, sempre te posso assar e comer." disse Gabriel.

Pedro soltou um gritinho e Vanda deu um encontrão a Gabriel, que se calou. De seguida, o grupinho, agora com Pedro, seguiu viagem.

O grupinho continuou a sua viagem. Pelo caminho, voltaram a encontrar a raposa Rita, que continuava furiosa e tinha andado a segui-los.

"Agora é que vão mesmo morrer!" gritou ela, saltando de uns arbustos e caindo em cima do Gabriel, tentando mordê-lo.

"Credo! Socorro!" gritou Pedro, alarmado, correndo de um lado para o outro. "A raposa vai matar o gato!"

"Sai de cima dele, estúpida!" gritou Vanda. "Cornada de Vaca!"

Vanda arremessou contra Rita, que foi atirada no ar e bateu contra uma árvore, desmaiando.

"Obrigado." agradeceu Gabriel, levantando-se. "Aquela raposa é maluca."

"Vamos mas é seguir viagem enquanto ela está desmaiada." disse Vanda. "Pedro, pára de correr feito parvo! A raposa já desmaiou. Anda."

Pedro acalmou-se e seguiu os outros dois, apesar de olhar para trás uma última vez. As horas foram passando e os companheiros continuaram a caminhar.

"Então Pedro, não tens uma casa? Não tens família?" perguntou Vanda, curiosa.

"Ter até tenho, mas eles não querem saber de mim." respondeu Pedro tristemente.

"Expulsaram-te de casa ou algo assim?" perguntou Gabriel.

"Mais ou menos. Eu tenho dois irmãos. Há uns meses, os nossos pais disseram que era altura de seguir-mos as nossas vidas e construirmos as nossas casas."

"E?"

"E pronto, eu trabalhei... um pouco e construiu uma casa, mas era de palha e houve uma ventania e deito-a abaixo. Ainda pedi abrigo aos meus irmãos, mas eles não me deram abrigo... bolas, nem toda a gente tem jeito para fazer casas de madeira ou tijolo como os meus irmãos fizeram!" exclamou Pedro, zangado.

"Coitadinho." disse Vanda, abanando a cabeça.

"Eu sei como é que isso é. O problema dos irmãos." disse Gabriel. "Os meus pais acham que o meu irmão é muito melhor que eu, só porque ele usa umas botas. Como se isso interessasse para alguma coisa..."

Depois de mais dois dias a andaram, eles avistaram a aldeia Mée, de que apenas tinham ouvido falar quando ainda estavam na aldeia Muu.

"Temos de parar ali." disse Gabriel. "Quero ter uma boa noite de sono deitado numa boa almofada fofa e quero um bom pedaço de carne."

"Gabriel, não temos tempo a perder." disse Vanda. "A minha mãe pode estar, neste momento, a ser obrigada a casar com o Tomás Touro."

"Eu sei, mas preciso de descansar. Ou é isso ou dou uma dentada no porco. Preciso de carne!"

Pedro encolheu-se e escondeu-se atrás de Vanda. Ela suspirou e abanou a cabeça.

"Está bem. Esta noite vamos ficar na aldeia Mée."

Os três companheiros seguiram o seu caminho e minutos depois entraram na aldeia Mée. A aldeia estava agitada. Chegando a meio da aldeia, os três companheiros viram uma grande passerelle. Vanda virou-se para uma ovelha velha que estava ali perto.

"Desculpe, mas o que se passa aqui?" perguntou Vanda.

"É o desfile anual da aldeia Mée. Um desfile de moda, onde as mais belas jovens desfilam e a mais bonita é coroada." respondeu a ovelha velha. "Ah, vai começar!"

Os três companheiros ficaram a olhar para a passerelle. Várias jovens começaram a desfilar. Primeiro foi uma pequena porca com um laço cor-de-rosa, depois uma cadela de pêlo negro, depois uma ratinha com cara de parva, depois uma formiga que praticamente ninguém conseguiu ver e a seguinte jovem foi uma pata.

A pata, de nome Patareca Pata, tinha as penas todas brancas e uns pequenos óculos por cima do bico. Estava vestida com um vestido rosa pálido. Começou a caminhar pela passerelle.

"É pá, naquela pata é que eu dava uma trinca." disse o Gabriel, levando de seguida um encontrão da Vanda para o calar.

Patareca caminhava alegremente, parecendo confiante. Isto é, até tropeçar na borda do vestido, começando a cambalear para a frente, pisando a formiga e depois caindo em cima do público, onde ainda magoou um pequeno pinto. Quando se tentou levantar, tropeçou novamente, caiu contra uma tábua da passerelle e a passerelle desmontou-se como um castelo de cartas.

"Ups..." disse Patareca, olhando para aquela confusão.

Todos os habitantes da aldeia e as outras concorrentes olharam furiosos para Patareca.

"És mesmo uma desajeitada!" gritou uma cabra.

"Olha para isto, que deu tanto trabalho para fazer!" gritou o chefe da aldeia, um cão bastante grande.

"Esta pata é mesmo estúpida." disse um periquito, irritado.

"Desculpem, não foi por querer." disse Patareca.

"És uma parva! Estragas sempre tudo!" gritou uma cadela.

"Não vales nada. Olha, quase mataste a pobre da formiga." disse uma centopeia.

Patareca começou a ouvir gritos de todos os habitantes e desatou a chorar.

"Coitada..." murmurou Pedro.

"Ei! Parem de gritar com ela!" exclamou Vanda, avançando. "Ela não fez de propósito."

"Não te metas, vaca!" exclamou o chefe da aldeia. "Senão, arranjas problemas."

"Ai é? Pois bem, você é que vai ter problemas." disse Vanda, furiosa.

Gabriel pôs-se ao seu lado, enquanto os aldeões pareciam estar a preparar-se para lutar com eles. Pedro começou a tremer por todos os lados, com medo que os aldeões fossem bater nos seus amigos e nele próprio. Depois, teve uma ideia.

"Fujam! Vêem aí os lobos malvados. Fujam depressa!" gritou ele.

Segundos depois, os aldeões começaram a gritar, assustados e saíram dali a correr, deixando Patareca, Vanda e Gabriel para trás com Pedro.

"Temos de sair daqui. Vêm aí os lobos." disse Patareca.

"Foi uma mentira. Não vêem aí lobos nenhuns. Só gritei isso para dispersar os aldeões." explicou Pedro.

"Ena, estás a ficar mais esperto, porco." disse Gabriel, sorrindo.

"Vocês iam metendo-se em confusões por minha causa." disse Patareca. "É melhor irem embora, antes que haja problemas. Eu só trago azar..."

"Ora, não digas isso. O que aconteceu foi um acidente." disse Vanda.

"Eu até achei engraçado." reforçou Gabriel.

"Eu acho que me vou embora da aldeia. Eles estão todos fartos de mim..."

Patareca começou a afastar-se, mas Vanda foi atrás dela.

"Ei, se te vais embora, vais para onde?" perguntou ela.

"Não sei... logo se vê."

"Queres vir connosco?"

"Para onde?"

"Vamos salvar a minha mãe, que foi raptada por um touro malvado." explicou Vanda.

"Isso parece perigoso."

"Pois... se calhar é demasiado perigoso para ires connosco."

"Não. Eu quero ir! De qualquer maneira, eu já sou tão desastrada e tenho tanto azar que não vai haver diferença se for de encontro contra o perigo. Eu já sou um perigo para mim própria."

Vanda, Gabriel e Pedro, agora com Patareca com eles, acabaram por sair da aldeia e dormirem debaixo de uns carvalhos.

E assim termina o primeiro capítulo. Vanda e Gabriel, agora também com Pedro e Patareca, começaram a sua jornada para salvarem a mãe de Vanda, que foi raptada. O que se passará com eles a seguir? Não percam o próximo capítulo.