REESCRITO / REVISADO

Hey, pessoal, Wasap:) Bom... Essa fic foi a minha primeira totalmente romântica. Valeu-me muitos reviews e me animou muito a escrever. Na época, eu não conhecia quase nada do mundo das fics, e desde lá aprendi algumas coisas, inclusive a melhorar minha escrita. Como eu estava bastante insatisfeita com os primeiros capítulos de duas das minhas fics, essa e "Quando o presente e o futuro se encontram", eu resolvi reescrever alguns e revisar outros. Tomara que alguém se interesse e leia-os.

Uma última consideração, normalmente os primeiros capítulos nunca são tão bons como os seguintes, isso ocorre porque nos primeiros capítulos a gente sempre tem que fazer apresentações e esclarecer alguns pontos, muitas vezes como se ninguém conhece os personagens (o que às vezes acontece com alguns dos personagens menos conhecidos). A minha fic não é exceção. Por isso, queria pedir que lessem pelo menos uns três capítulos antes de julgar minha fic. Se não gostarem, então a falta deve ser minha mesmo, hehehe. Obrigada e boa leitura.

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Vidas que se cruzam

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Capítulo1: Um encontro

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Tsukino Usagi era uma mulher comum, com amigos comuns, com uma vida comum. Ou isso é o que a maioria das pessoas dizem quando questionadas que tipo de pessoa é. Contudo, ninguém é totalmente comum. Todos têm suas manias, seus defeitos, seus talentos, excentricidades e singularidades que fazem de todos únicos. Usagi também era assim.

Loira e de olhos azuis, de estatura baixa e face delicada. Pediatra, independente, solteira. Qualquer um ao vê-la diria que era encantadora. Qualquer homem diria que gostaria de sair com ela. Qualquer um invejaria sua vida. E, verdade seja dita, a vida dessa mulher de vinte e cinco anos não era nada má. Entretanto...

Como toda manhã, Ami – uma jovem cirurgiã e amiga desde infância de Usagi, e com quem esta morava – ia acordar a loira, que diferente de Minako – irmã de consideração de Usagi, com quem também morava - era muito, mas muito preguiçosa. Ainda que quem a tivesse conhecido quando era adolescente, diria que não a reconhecia. A mulher que agora era uma responsável pediatra fora conhecida por sua infantilidade, sono e apetite incontrolável.

- Usagi-chan! Usagi-chan, acorde! Já está na hora, você vai se atrasar! – chamava Ami enquanto balançava a outra com força, esta abraçando o travesseiro e se recusando a abrir os olhos.

- Já estou indo, mamãe! Por favor, me deixa dormir mais, não quero ir pra escola! – Reclamou Usagi ainda em seu sono. Ami suspirou, aquilo era tão típico da amiga...

- USAGI!!! – finalmente gritou Ami no ouvido da outra.

- AAAIII! – gritou Usagi de volta, pulando da cama. - Ai, Ami-chan! Não precisava exagerar! - disse ela girando o dedo no ouvido.

- Hunf, é o que você pensa! Vamos, está na hora de ir trabalhar!

- Já estou indo, onde está Mina-chan?

- Já saiu. Esqueceu que hoje ela tem uma excursão com os alunos dela?

- Ah, é... Aiai.. Vou me trocar. - disse ela tentando se desvencilhar dos lençóis e indo para o banheiro.

Quase meia hora depois e a mulher ainda não havia aparecido na cozinha. Ami já começava a batucar os dedos na mesa, levemente irritada.

- Usagi-chan! Eu já estou saindo, seu café está na mesa! – Não agüentou mais e soltou a plenos pulmões. Para quem conhecia a jovem cirurgiã que era Ami apenas no trabalho ou de vista, nunca imaginaria que haveria alguém que realmente conseguisse fazê-la levantar a voz, fosse o mínimo que fosse.

- Está bem! Já vou! – respondeu a outra do alto das escadas, botando a cabeça para fora da porta do banheiro.

"Todo dia é isso..." pensou Ami suspirando. Levantou-se, sem poder aguardar mais pela amiga e, pegando as chaves de seu carro, seguiu para a porta da frente, foi em direção a seu carro, entrou e partiu para o trabalho.

Ami normalmente trabalhava em um hospital particular, apesar de às vezes socorrer alguém no pronto-socorro. Trabalhava principalmente com emergências e tinha um grande amigo que era seu companheiro de trabalho, Mamoru Chiba. Ele também era cirurgião e os dois se conheceram depois que ela se formou e conseguiu emprego lá. Ele já trabalhava no local havia quatro anos e era muito bom no que fazia, além de bonito, ainda que não fizesse muito o tipo da jovem de olhos e cabelos azuis.

Assim que a mulher chegou ao hospital, após cumprimentar as recepcionistas, seguiu em direção a sala de seu companheiro de trabalho. Rotineiramente os dois se reuniam e discutiam alguns dos casos que tinham pendentes e quais as melhores formas de tratar algum paciente. Mamoru era uma pessoa em quem se podia confiar e Ami não ficava atrás.

- Bom dia, Mamoru-san! - disse a médica entrando na sala de Mamoru.

- Bom dia, Ami-san! Atrasou-se, isso é um milagre ou o quê? – os profundos olhos azuis, um tanto quanto divertidos, do moreno miraram a mulher com curiosidade. Esta fechou levemente a expressão.

- Antes fosse... O "atraso" é uma amiga que mora comigo, sempre me dá trabalho para levantar. Sempre... E hoje aconteceu de eu também levantar um pouco tarde e acabar me atrasando ainda mais por causa dela. – disse ela suspirando em reprovação, enquanto o companheiro apenas ria.

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Usagi finalmente terminou seu "pequeno" café-da-manhã milagrosamente em tempo de chegar ao trabalho sem se atrasar. Pegou suas coisas e foi para a garagem, buscar seu carro. A jovem pediatra trabalha no centro da cidade e, ainda que fosse um trabalho que exigisse muito para quem um dia fora conhecida como a que menos gostava de estudar na sala, valia a pena todo sacrifício. Usagi adorava as crianças que atendia, eram grande parte do seu "mundinho" e faziam toda a diferença em sua vida. Apenas sentia uma pontada no coração de quase sempre ter que vê-las doente. Todas com os rostinhos tristes, ela ganhava o dia quando uma voltava a seu consultório para uma última consulta, saindo com um sorriso no rosto porque não estava mais doente.

Apesar disso, aquele dia não lhe trouxe aquele aperto no peito ao vê-las enfermas, apenas tinha algumas consultas de praxe e logo poderia sair mais cedo, quem sabe ir visitar uma de suas melhores amigas, Rei, a quem não via há muito tempo.

Terminada suas consultas da manhã, a mulher se despediu dos companheiros de trabalho e seguiu em direção a um dos maiores edifícios de Tóquio, onde morava a jovem e promissora publicitária e chefe de produção, Hina Rei.

- Olá! - disse Usagi assim que a mulher abriu a porta de seu enorme apartamento. Normalmente o porteiro não permitiria que ninguém subisse sem antes avisar o morador. No entanto, o homem já conhecia de longa data a jovem médica que praticamente vivia no apartamento da amiga durante as férias.

- Usagi-chan! - disse com surpresa a mulher de longos cabelos negros ao atender a porta, desequilibrando-se quando sua amiga pulou nela. - Quanto tempo!

- Sim! – respondeu a pediatra sorrindo de orelha a orelha. – Estava com saudades!

- Estou vendo, entre! - disse Rei abrindo passagem, quando a amiga finalmente a soltou.

- Obrigada! – agradeceu Usagi, ainda sorrindo. Conversaram durante longo tempo e até cozinharam juntas, como costumavam fazer quando mais novas. Assim que terminaram, no entanto, Rei ouviu o telefone e foi atender.

- Moshi-Moshi?

- Olá Mamoru-kun! – Usagi voltou o rosto para a amiga, levemente curiosa. Já estava tarde e ela precisava voltar para casa. Mais que isso, talvez fosse algum namorado da amiga, a isso Usagi sorriu meio de lado, e sinceramente não queria atrapalhar. Levantou-se e acenou para a publicitária, já se retirando. A isso Rei fez sinal para que esperasse, mas a loira não pareceu ver e saiu.

- Sim, Mamoru-kun, como quiser. Diga-me quando e onde encontrar vocês que irei com o maior gosto. Sim, amanhã é perfeito! No mesmo lugar de sempre, então... Ok, boa noite para você também. - e desligou. Suspirou profundamente, antes de voltar sua atenção para onde estivera conversando com Usagi e seu rosto ficou vermelho. – Usagi folgada! Deixou toda louça para eu lavar!

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Dia seguinte...

Usagi, por mais assustador que fosse, acordou cedo, antes mesmo de Ami e, por se sentir culpada de sempre incomodar a amiga que acordava mais cedo que o normal para conseguir acordar ela, resolveu não ir chamá-la e saiu de fininho para não fazer barulho. Ainda era muito cedo e, aproveitando o dia de folga que havia tirado, Usagi resolveu aproveitar o tempo para passar consigo mesma, coisa que não fazia há muito tempo. Fazia três meses que não tinha nem fim de semana, ocupada demais com seu trabalho para se preocupar com descanso.

A jovem médica seguiu até um dos parques de Tóquio que sempre ia visitar com as amigas quando adolescente. O lugar lhe trazia lembranças, mas mais que isso, trazia-lhe um sensação de paz. Encaminhou-se até um dos banquinhos brancos do local, próximo de um lago. Sentou-se e fechou os olhos, inclinando levemente a cabeça para traz, seus braços apoiando-se no encosto do banco. Suspirou longamente... Como era bom não fazer nada...

Chiba Mamoru, renomado cirurgião de Tóquio, ainda mais por sua pouca idade, estava seguindo para mais um dia de trabalho de carro. Mais adiante havia um sinal e por "sorte" ele fechou bem quando iria passar. Parou, não muito preocupado com o tempo. Era um belo dia para um passeio, constatou levemente enfadado, seu trabalho nunca lhe dava nenhuma folga.

Casual e despreocupadamente, voltou-se para seu lado direito, observando o parque ao lado da avenida por onde sempre passava para ir trabalhar e onde nunca tivera o prazer de passear. Foi então que algo lhe chamou a atenção, inclinou levemente a cabeça para adiante, como se isso o ajudasse a ver melhor, mas como estava um tanto quanto distante, só percebeu que se tratava do perfil de uma mulher loira... Estava sentada em um banco na pracinha, parecia desfrutar bastante de sua confortável solidão. Tentou ver melhor, mas foi tirado de sua contemplação por uma buzina estridente. O sinal havia aberto. Pisou levemente no acelerador e continuou seu caminho.

Usagi, enquanto relaxava confortavelmente sentada naquele banco de praça, ouviu uma súbita buzina e foi tirada de seus devaneios. Piscou uma vez, antes de seu olhar desviar para um dos lados, levantou-se e seguiu para o local que prendera seus olhos, uma cafeteria. Ainda queria tomar um café, pois não tinha tomado o desjejum. Hm... Talvez até fosse visitar Ami depois...

Assim que desimpediu o trânsito, Chiba Mamoru voltou a olhar para praça, buscando pelo perfil que atraíra seus olhos... Mas não a encontrou. Em seguida havia um cruzamento e lembrou-se que devia virar à esquerda... Voltou sua atenção ao trânsito, tentando tirar certa loira de seus pensamentos.

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- Ora, ora... Parece-me que agora é sua vez de chegar atrasado, Mamoru-san! - disse Ami rindo um pouco ao perceber que o homem que entrava em seu escritório sobressaltara-se levemente. Devia estar no mundo da Lua. Ele a olhou e sorriu fracamente, antes de desviar o olhar para a janela da sala.

- Sabe, Ami-san... Acho que vi uma linda mulher hoje. – disse o médico, sem parecer ter sequer tomado em conta o comentário da companheira.

- Como assim "acho"? - disse Ami ainda rindo um pouco.

- É que não a vi direito, mas senti isso. - disse Mamoru, voltando o olhar para a mulher, antes de desviá-lo para a janela de novo, pensativo.

- Isso não combina com você, Mamoru-san. – Disse a jovem com um sorriso meio condescendente. – Bom... Você chegou agora, mas eu já peguei o que vim buscar aqui, se é que você não se importa. – Vendo que o homem nem parecia notá-la ou o que dizia, saiu sem esperar resposta, mesmo porque não viria nenhuma.

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Já era quase meio-dia, Usagi tinha se atrasado para ver sua amiga, pois parara em certa loja... Para admirar alguns bichinhos de pelúcia e comprar um. Não importava que os outros zombassem de que não tinha mais idade para isso. Sabia que iria estar velhinha, deitada na cama, e teria pelo menos um deles consigo. Saiu da loja toda feliz com sua aquisição e, antes que outra coisa chamasse sua atenção, olhou o relógio e lembrou-se que Ami não iria para casa no almoço naquele dia. Resolveu comprar algo para ela, a amiga nunca almoçava no hospital, duvidava que saísse no meio do expediente para colocar algo no estômago.

Seguiu até um restaurante e escolheu o que Ami mais gostava. Completada sua "missão", Usagi seguiu até o hospital, que felizmente era apenas a uns dez minutos de carro dali.

- Hm, então é aqui que Ami trabalha! – falou Usagi consigo mesma, um pouco admirada ao observar a fachada do local. Ami antes trabalhara em outro hospital e fazia apenas alguns meses que viera para esse, logo pois, a loira não o conhecia. Era muito grande e bonito, apesar de se tratar de um "lugar para enfermos".

- Bom, irei fazer uma surpresa! - disse ela quase entrando no prédio, sorrindo consigo mesma, seu ursinho em uma das mãos, o almoço da amiga na outra.

Entretanto, não logrou adentrar, algo a impediu, um tanto quanto repentinamente. Piscou duas vezes, tentando se equilibrar, alguém fizera a delicadeza de trombar com ela...

- Desculpe-me, eu não te vi! - disse ela apressada, ainda sem observar a figura a sua frente, tentando equilibrar a marmita que, ainda que fechada, faria um grande estrago se caísse bruscamente no chão.

- Que isso, a culpa foi minha e... – o homem parou de falar subitamente, meio caminho de ajudar a jovem médica a se "estabelecer". Usagi, por sua vez, voltou o olhar para o homem que tentava lhe ajudar e assim que seus olhos se cruzaram conseguiu se estabilizar. E não conseguiu desviar o olhar.

Ficaram se encarando por alguns instantes, na frente da porta do hospital. Dois tons de azuis que se encontravam, enquanto uma leve brisa passava por eles naquele instante...

Foi o homem que quebrou o contato, piscando duas vezes e voltando seu olhar para as "mercadorias" que a jovem trazia.

- Er... Desculpe-me senhorita, deixe-me ajudá-la. - disse o homem pegando o, relativamente grande, urso das mãos da jovem. Com o movimento Usagi também voltou a si, piscando duas vezes. Ao ver o que ele tirava de suas mãos ficou rubra, sabendo exatamente que tipo de pergunta seguiria - É para sua irmã? Pois acredito que não tenha filha, tão nova. - A isso Usagi ficou ainda mais vermelha.

- É... na verdade... O urso é para mim mesmo. - disse ela sem graça, rindo um pouco. O momento anterior esquecido. – Hehe, não perdi a mania por eles ainda. – completou, encolhendo levemente os ombros, sorrindo de olhos fechados. O homem a observou por um segundo e não pôde deixar de notar o ar doce daquela mulher... Inocência escrito no rosto dela. Sorriu um pouco.

- Sei... Combina com você. – As palavras atraíram o olhar de Usagi, fazendo-a perder momentaneamente a sensação de embaraço. Observou-o por um instante e, diante do sorriso acolhedor, não pôde deixar sorrir levemente também. Em seguida, os dois se encontravam calados novamente. Não era uma situação incômoda, mas nem um deles parecia saber o que era...

- Bom, acho que estou te atrapalhando, sinto muito. – disse Usagi sorrindo sem graça mais uma vez, percebendo que estivera encarando-o por muito tempo e que ele devia estar achando-a uma estranha. Esticou o braço e pegou o urso dos braços do homem. – Não precisa se incomodar com isso... O senhor estava saindo e eu entrando. Só vim visitar uma amiga e trazer-lhe almoço, logo me desocupo da carga extra. – disse em tom meio de brincadeira. Após ter seu urso de volta, inclinou-se levemente. - Desculpe-me novamente. – E, desviando-se do homem, seguiu novamente para dentro do hospital. - Adeus! - disse ela rápido, sem deixar espaço para o outro falar qualquer coisa. O homem voltou-se para chamá-la, mas ela já havia entrado e já desviava-se para um dos corredores adjacente.

"Nem perguntei o nome dela" pensou o homem consigo mesmo...

Chiba Mamoru voltou-se mais uma vez para as escadas da frente do hospital, seguindo seu caminho. Voltou a cabeça para trás por um momento, sorrindo ligeiramente, meio desapontado com sua falta de articulação numa situação como essa.

- Para quem já a viu duas vezes, quem sabe não a vejo de novo... – e seguiu para seu carro. Mesmo que frustrado, algo lhe dizia que saíra ganhando naquele dia... O que era? Ainda ia descobrir...

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Yukino Usagi estava na recepção do hospital em que a amiga trabalhava, enquanto uma simpática atendente lhe informava onde poderia encontrar a médica que buscava. Entretanto, verdade fosse dita, Usagi não prestava a mínima atenção no que ela dizia, seus pensamentos longe.

"Que homem..." era o que passava pela cabeça da jovem pediatra... "Quem será ele...? Estava de branco, então pode ser que...

- Usagi-chan! – Usagi saiu de seus devaneios ao escutar seu nome. Voltou-se para a direção em que o ouvira e sorriu.

- Olá, Ami-chan! – respondeu Usagi seguindo em direção a médica que aparecia na recepção do hospital. Tentou abraçá-la, mas voltou seu olhar para seus braços, lembrando-se que estavam ocupados. Olhou de novo para Ami e riu sem graça. Ami apenas balançou a cabeça, divertida.

- Mas que surpresa! O que faz aqui, Usagi-chan? – disse a mulher segurando o urso da amiga para ajudá-la. Diante do gesto, Usagi voltou o olhar para o urso, lembrando-se de momentos antes. Mas desviou tais pensamentos, sabendo que a outra ia acabar olhando-a estranho.

- Vim te trazer o almoço. – disse esticando o braço com o almoço para a amiga, e trocando de carga com esta. - Como sabia que não voltaria para casa cedo hoje, vim te fazer uma surpresa.

- Oh, obrigada! Estou com muita fome! - disse ela segurando o pacote, mas parou antes de abri-lo ao perceber que a amiga estava distante. "Igualzinho o Mamoru-san" pensou.

- Viu um "lindo homem", é? - falou Ami brincando. Usagi arregalou os olhos.

- Como adivinhou?! - Ami achou engraçado a coincidência e apenas respondeu "apenas imaginei" e continuou abrindo seu lanche. Usagi ainda a olhou por alguns momentos e então lembrou.

- Ai! Agora lembrei. Disse que ia fazer companhia para Rei-chan em um almoço de negócios ontem à noite quando ela me ligou depois que fui a sua casa.

- Então ande! Sabe como ela "adora" quando você se atrasa. - disse Ami sorrindo. Usagi sentiu uma gota descendo pela cabeça, rindo sem graça, esperando que a amiga não continuasse. Ami sorriu divertida e resolveu acanhá-la ainda mais - Lembra das nossas brigas no colegial quando você se atrasava para ir ao templo?

- Hehe... E como... - disse Usagi tendo lembranças assustadoras de sua amiga Rei com os olhos vermelhos em chama. – Bom.. Estou indo então! Até logo, Ami-chan! – disse Usagi beijando a amiga e saindo.

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O homem estava sentado em uma das mesas daquele restaurante em que fora almoçar. Na verdade, mal tocara na comida. Não que o almoço não estivesse bom, mas a lembrança de certa mulher não saía da cabeça daquele homem.

- Mamoru-kun!!! - A mulher de cabelos negros chamou o companheiro um pouco mais alto. Este pareceu se surpreender consideravelmente.

- Uh? O quê? Quero peixe frito! – O médico disse meio distante, tentando disfarçar que não estivera prestando atenção em nada a sua volta. A mulher que o chamara riu um pouco, juntamente com uma outra que estava a seu lado.

- Está voando pelos céus azuis da imaginação, Mamoru-kun? Não é o garçom, sou eu. Não respondeu minha pergunta, o que acha desse slogan? – a jovem mulher que o chamara, de longos cabelos negros e olhos de um castanho avermelhado, empurrou uma folha de papel que estava na mesa em direção ao médico. Este dirigiu sua visão para a frase e analisou-a por um segundo.

- Creio que está muito bom. Digno de sua loja, Tomoe-chan. – Mamoru voltou o olhar para a outra mulher que o acompanhava, uma bonita mulher de pele muito alva, cabelos negros e olhos de um azul quase violeta. Esta sorriu e ele devolveu o sorriso. Depois, o médico voltou seu olhar para a outra moça. – Mas diga-me, minha cara, não disse que uma amiga sua iria almoçar conosco? – Mamoru tentava pensar em outros assuntos, tentando a todo custo o que não conseguira a manhã toda, esquecer a mulher de cabelos dourados que vira no parque.

Entretanto, Mamoru, ainda que meio avoado, não pôde deixar de perceber a expressão que se fechou da mulher a quem dirigira a pergunta. Levantou uma de suas sobrancelhas, levemente intrigado pela mudança de humor da amiga.

- É! Ai que raiva daquela lá! Naquela idade e ainda não aprendeu! - disse ela nervosa.

Usagi olhava de um lado para o outro, tentando encontrar um lugar para estacionar seu carro. Após finalmente achar sua vaga, a mulher fechou seu carro e correu em uma direção, suando. Mas não da correria, suava frio... Entrou no local em que sua amiga lhe esperava, rezando para que esta não lhe matasse na frente de tanta gente.

Pediu informação para a recepção e assim que a recebeu, seguiu para a direção indicada, distraída, morrendo de medo da bronca que levaria na frente de todo mundo. Rei estava virada de frente para ela, uma mulher muito bonita de cabelos negros se sentava ao lado dela e um homem de cabelos também negros estava de costas.

- Olá, Rei-chan... - disse Usagi sem animação já esperando pela bronca. Sem que percebesse, preocupada demais com a reação de Rei, o homem voltou seu olhar para ela. Mas nem conseguiu notar, pois Rei já começava a censurá-la...

- Quando ela chegar, ela vai ver só... – Mamoru riu levemente, sentindo dó por quem fosse com quem sua amiga estivesse irritada. Conhecia a explosiva Hino Rei já fazia bastante tempo e o humor da jovem publicitária não era algo com que se pudesse brincar.

- Não precisa ser muito dura com a moça, Rei. – disse ele tentando acalmá-la, mas só recebeu um olhar assassino da moça. Calou-se imediatamente, ainda que um resquício de riso estivesse em seus lábios. Foi então que...

- Olá, Rei-chan... – a voz trouxe um leve arrepio à espinha de Mamoru. Que não conseguiu se conter e voltou seu olhar para a dona da voz. Entretanto, a mulher não pareceu notá-lo e ele teve que piscar duas ou três vezes para ter certeza que seus olhos não lhe enganavam... Se coincidência existia, ela estava brincando bastante com ele hoje...

- Como se atrasa assim, Usagi-chan! – O homem escutou a voz de sua amiga, mas não conseguiu voltar o olhar, ainda observando a mulher quase ao seu lado. - Você não aprende nunca e blá blá blá... - Rei continuou e Usagi só fechou os olhos apertadamente e repetia milhares de desculpas, enquanto Mamoru a olhava fixamente, ainda sentado.

A jovem loira, por sua vez, finalmente pareceu perceber que mais alguém além de Rei a observava fixamente. Abriu os olhos e viu a última pessoa que imaginava ver tão cedo. Parou de repetir "desculpas", passando a retribuir o olhar que recebia daquele homem a seu lado.

Rei parou subitamente, percebendo que a amiga mal prestava atenção no que dizia, ou melhor, percebendo a interação que impedia sua amiga de prestar atenção no que dizia. Recuperou a postura e resolveu apresentar os presentes, sem antes repetir.

- Você não aprende nunca, nee Usagi? Depois eu continuo... Usagi... Usagi!!! - Repetiu ela mais alto, finalmente tirando os olhos de Usagi daqueles olhos azuis que se chatearam um pouco ao perceber que não recebiam mais atenção. – Bom, esta é Tomoe Chiba. Tomoe-chan, esta é Usagi Tsukino, uma grande amiga, apesar de não parecer... - disse isso fechando a cara de novo, o qual foi retribuído com uma gota na cabeça de Usagi.

- Prazer em conhecê-la, Tsukino-san! - disse Tomoe se levantando e estendendo a mão para Usagi que retribuiu.

- O prazer é meu! - disse a pediatra sorrindo.

- E este é Mamoru Chiba. Mamoru-kun, esta é Usagi Tsukino. – disse Rei enquanto as outras duas soltavam suas mãos e Tomoe se sentava de novo.

- É um prazer conhecê-la... Tsukino-san. - disse Mamoru levantando-se e, para surpresa de todos, beijando a mão de Usagi, que ruborizou.

- O prazer é meu... - disse ela com um sorriso envergonhado, encolhendo levemente os ombros. Rei e Tomoe trocaram olhares, mas não falaram nada.

O almoço seguiu normalmente, na verdade, apenas entre Tomoe e Rei. Mamoru e Usagi não paravam de se olhar, ainda que de esguelha. Mamoru não conseguia dissipar a sensação de que queria conhecer aquela jovem melhor. Sabia o que era atração a primeira vista, ainda que nunca fora de acreditar em amor a primeira vista. Entretanto, diante daquela mulher, tinha a sensação de que não se sentia apenas atraído por ser uma mulher bonita, e isso nunca lhe ocorrera antes.

Contudo, Usagi agora o olhava levemente incomodada, tentando não deixar que ninguém percebesse. Havia pensado algo há alguns minutos, algo que fizera o brilho de seus olhos diminuir consideravelmente. "Tomoe Chiba... então ele é..." pensou consigo mesmo, chateada.

Para sua surpresa, no entanto, não teve tempo de se lamentar. Enquanto Rei e Tomoe discutiam sobre trabalho, Mamoru a espantou consideravelmente ao dirigir-lhe a palavra, principalmente com o que disse.

- Tsukino-san, foi você quem vi hoje, não é? - disse ele, mas se arrependeu imediatamente, por acaso não tinha pergunta menos direta e melhor para fazer?! Felizmente, para seu alívio e prazer, a jovem sorriu e respondeu-lhe.

- Sim, que coincidência, não?

- É verdade... Posso saber quem ia visitar hoje? - disse ele tentando puxar assunto.

- Uma amiga minha que trabalha lá, Ami Mizuno. - Mamoru espantou-se levemente, mas sorriu internamente, "será essa sua amiga dorminhoca, Ami-san?". Vendo que Mamoru não dizia nada mais, Usagi não soube o que falar. Contudo, para seu assombro e horror, soltou a última coisa que queria realmente saber.

- Há quanto tempo é casado com a Tomoe-san, Chiba-san? - e tapou a boca rapidamente, arregalando os olhos. Viu o olhar de Rei e Tomoe se voltando para ela... E não ouviu nada do que esperava...

Ficou ali, parada, sem idéia alguma do que acontecia, enquanto todos riam alto, uma risada longa e gostosa. Um ponto de interrogação surgiu na cabeça de Usagi.

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(Continua)

Mary Marcato

18/02/03 (Revisado dia 30/01/06)

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Comentários da autora: Eu fiz várias mudanças em algumas cenas e em outras não mudei quase nada. É possível que haja mudanças consideráveis em algumas situações, se alguém tiver o interesse de ler, ou até mesmo deixar um review, eu ficaria muito feliz. Até o próximo cap:)