Fio de Ariadne

Say it's the same sun spinning in the same sky
Say it's the same stars streaming in the same night
Tell me it's the same world whirling through the same space
Tell me it's the same time tripping through the same day
So say it's the same house and nothing in the house has changed
Yeah say it's the same room and nothing in the room is strange
Oh tell me it's the same boy burning in the same bed
Tell me it's the same blood breaking in the same head

Ela olhou para as altas paredes feitas de folhas que se erguiam a sua volta. A noite escura não dava nenhuma pista sobre o caminho e era bem provável que depois de algumas horas ela estivesse tão perdida que nem mesmo se recordava da saída. Como ela havia parado lá, nem mesmo sabia.

O Labirinto de Minos, em baixo do palácio de Creta, já não existia mais. Apenas a réplica feita de heras ocupava todo jardim mórbido da mansão. Um gosto peculiar para jogos perigosos e ela caiu tão maravilhosamente bem na armadilha. Ela, mesmo com sua esperteza e habilidades, não conseguiria sair de lá sem ajuda e não esperaria por ninguém.

Gritar era impossível, não havia uma viva alma ali dentro, apenas ela e as estátuas clássicas pontilhavam o caminho tortuoso, todas elas imagens de belas mulheres. Com sorte ela chegaria ao centro e quando a manhã chegasse alguém a ajudaria.

Ela tropeçou pelo que deveria ser a terceira vez. As sombras projetadas pelas arvores ganhavam ares fantasmagóricos e, mesmo que ela negasse, no fundo sempre teve medo do escuro. Um temor irracional, mas muito persistente.

Ela se ergueu novamente e olhou para a estátua com atenção. A imagem de uma mulher seminua com uma coroa de flores sobre a cabeça. Parecia tão real que ela não se impressionaria se a figura de mármore falasse. Talvez fosse uma obra da Medusa. Tantas figuras brancas tornavam aquele lugar ainda mais desagradável, como se ela fosse a próxima vítima. Medos irracionais...Ela era muito dada à eles.

Se seus estudos estivessem certos, no centro do labirinto haveria uma fonte e neste lugar estaria a relíquia que ela deveria levar de volta ao Santuário. Apenas um símbolo de amizade e boa vontade entre dois deuses cansados de batalha. Athena considerava aquele um presente adequado à Poseidon.

Dizia-se que a tal relíquia tinha poderes mágicos e servia para monitorar os oceanos, mas Shina não sabia como. Também não era importante, tudo o que ela tinha que fazer era encontrar a jóia e levá-la para Athena, algo que ela não estava tendo o menor sucesso.

Segundo a lenda, a pérola pertenceu a Anfitrite, a esposa de Poseidon. A rainha dos mares, uma nereida, era dona de notória beleza. A jóia foi dada a ela logo após sua aceitação ao pedido de casamento feito por Poseidon. Segundo Athena, era justo que a jóia retornasse ao tesouro do Deus dos Oceanos.

Um milionário ignorante adquiriu a pérola e a tornou parte de seu elaborado jardim. Aparentemente, o homem tinha um fraco por mitologia e achou interessante colocá-la no centro de um labirinto. Ironias a parte, Teseu era filho de Poseidon e foi ele quem venceu o Minotauro dentro do Labirinto.

Aquela história estava perdendo a graça...

Shina tropeçou mais uma vez. Estava escuro de mais para enxergar qualquer coisa. A amazona olhou para o alto e encarou o céu estrelado. Aos poucos a lua entrava em seu campo de visão. Já era quase meia noite e ela não tinha a menor perspectiva de conseguir algum avanço.

O clarão proporcionado pela lua cheia ajudou a iluminar o caminho. Foi quando ela olhou para o chão e se deparou com a causa de suas quedas freqüentes. Um fio finíssimo de cor escarlate estendia-se pelo corredor de heras, quase como uma armadilha travessa para fazer alguém tropeçar. Se este fosse o caso, estava funcionando muito bem.

Ela diria que uma criança estava por trás disso, se houvesse a menor possibilidade de uma criança conseguir sair do labirinto. Isso fez estalar uma idéia em sua cabeça cansada. Shina lembrou-se da princesa Ariadne.

A princesa de Creta que deu a Teseu um novelo de linha para marcar o caminho e saber como sair do labirinto. O fio tinha duas pontas, obviamente, uma levava a saída e a outra levava ao centro da armadilha. Shina precisava da pérola, não deixaria aquele lugar sem cumprir sua missão, mesmo que a desobediência fosse tão apelativa.

Ela seguiu o fio em direção ao centro do labirinto. Suas pernas corriam ao máximo possível para aproveitar a claridade efêmera fornecida pela lua. Não estava sendo fácil manter o ritmo, o cansaço já estava dando seus sinais.

Por sorte aquela não era uma missão perigosa e ela se deu ao luxo de deixar a armadura na entrada do lugar. Caso precisasse a armadura atenderia ao seu chamado legitimo e ela estaria protegida, enquanto o perigo não vinha ela usaria apenas sua túnica leve, bem apropriada para o calor daquela noite.

Não demorou muito para que ela finalmente avistasse a fonte com uma bela imagem de uma sereia, esguichando água por suas mãos unidas. Adornando o pescoço daquela figura, um pingente com uma pérola do tamanho de uma bola de tênis de mesa. Ainda que não fosse um artefato divino, o brilho da pérola já valia uma fortuna incalculável.

Ela se aproximou mais um pouco, com a mão estendida, pronta para capturar a pérola e deixar aquele lugar o mais rápido possível, mas sua atenção foi desviada para outra coisa. O fio escarlate permanecia esticado e ao segui-lo com os olhos ela encontrou o carretel de madeira, seguro nas mãos de alguém cuja presença ela ainda não havia notado.

Os olhos verdes se arregalaram diante da presença de um estranho. O brilho da lua não era o suficiente para permitir que ela enxergasse o rosto do estranho.

- Finalmente. – a voz do homem disse com tom de impaciência. Era uma voz familiar – Já estava começando a duvidar das habilidades da "Mulher Cavaleiro".

Ela então conseguiu ver o rosto dele. Uma surpresa que ela não esperava, mas ele estava ali, usando sandálias e túnica grega, com seu rosto levemente arrogante.

- Milo de Escorpião? – ela questionou.

Say it's the same taste taking down the same kiss
Say it's the same you
Say it's the same you and it's always been like this
Say it's the same you
Say it's the same you and it always and forever is
Say it's the same you
Say it's the same you and it's always been like this
Say it's the same you
Say it's the same you and it always and forever is
Say it's the same you
Say it's the same you

- Quem mais? – ele manteve o tom arrogante. Definitivamente aquilo a aborrecia.

- O que está fazendo aqui, cavaleiro? – ela sentiu-se mais confortável por saber que não se tratava de um estranho.

- Eu não preciso exatamente de um motivo para visitar minha própria casa. – ele disse despreocupado – E caso fosse necessário, posso dizer que estou aqui prestando um serviço a você.

- E que serviço você poderia me prestar? – ela o encarou descrente.

- Jamais sairia deste labirinto sem minha ajuda. Não é um privilégio seu, qualquer um que não conheça o local faria o mesmo. – ele deu de ombros.

- E devo presumir que você o conhece com a palma de sua mão? Faz-me rir! – ela debochou abertamente.

- Caso não tenha escutado, esta é a minha casa, ou pelo menos da minha família. – ele disse num tom impertinente – Quando criança este era meu parque de diversões. Conheço-o como a palma da minha mão.

- Você é o dono deste lugar? Por que não devolveu de imediato a pérola à Athena? – ela questionou furiosa – Teria poupado muito trabalho!

- Eu não sabia que meu velho a havia comprado. Faz um bom tempo que não apareço por aqui. – ele disse simplesmente – Se eu soubesse e se Athena tivesse se dado ao trabalho de me informar sobre a importância do artefato, eu mesmo teria pegado a pérola e entregado à deusa.

- Por que veio agora? – ela nunca estava satisfeita com meias informações. Milo não era o mais amistoso dos cavaleiros e sem dúvida não se daria ao trabalho de ajudar qualquer um sem um bom motivo.

- Fiquei sabendo que você foi mandada para cá e era bem provável que você nunca saísse daqui. Até mesmo os criados mais antigos na casa têm dificuldade. – ele deu de ombros e se aproximou da fonte. Escalando-a com destreza, ele logo alcançou a pérola e a retirou do busto da sereia de mármore.

Sem nenhum gesto brusco ou arrogante ele entregou a jóia à amazona.

- Considere isso um gesto de coleguismo. – ele disse estendendo a jóia a ela.

- Obrigada. – ela murmurou sem graça, enquanto segurava o objeto em suas mãos – Agora podemos voltar ao Santuário sem problemas. – ela girou o corpo, pronta para seguir em direção à saída do labirinto, mas antes que pudesse dar um passo a mão dele se fechou firmemente ao redor do pulso fino dela, parando-a.

- Eu disse que era um ato de coleguismo, não disse que seria de graça. – ele disse num tom malicioso. Ela sentiu sua pele arrepiar.

- Eu devia saber que você não aceitaria apenas agradecimentos. – ela murmurou.

- Eu deixei o Santuário para ajudá-la enquanto poderia estar desfrutando de um bom descanso na Casa de Escorpião. O mínimo que você pode fazer é retribuir minha gentileza. – ele disse manso. Era quase sedutor ouvi-lo falar com tanta presunção e malícia.

- Qual é o preço de sua gentileza conveniente? – ela questionou impaciente.

- Conhece a história de Teseu e o Minotauro? – ele perguntou.

- Sim.

- O que Teseu usou para sair do labirinto? – Milo deslizou seus dedos pela pele exposta do pescoço dela, provocando arrepios leves na pele alva.

- O fio de Ariadne. – ela respondeu num suspiro mal contido.

- E o que Ariadne pediu em troca de sua valiosa ajuda? – Milo sussurrou bem próximo ao ouvido dela.

- Casamento. – Shina disse num tom amedrontado – Ela o fez prometer que se casaria com ela. – Milo beijou o pescoço da amazona sem a menor cerimônia.

- Sorte sua eu não ser muito adepto à idéia de casamento. – ele disse provocador.

- O que você quer, cavaleiro? – ela questionou categoricamente. Milo riu um riso grave.

- Não está claro, Mulher Cavaleiro? – ele soltou com habilidade as amarras que prendiam a túnica dela nos ombros, deixando o tronco da amazona completamente nu – Eu desejo você, Shina.

Yeah tell me it's all the same
This is how it's always been
But if nothing has changed...
Then it must mean...
But the sun is cold - the sky is wrong
The stars are black - the night is gone
The world is still - the space is stopped
The time is out - the day is dropped
The house is dark - the room is scarred
The boy is stiff - the bed is hard
The blood is thick - the head is burst
The taste is dry - the kiss is thirst
And it's not the same you

Num movimento brusco ela o empurrou, enquanto tentava esconder os seios com o braço esquerdo. Não estava tendo muito sucesso, assim como não entendia a reação absurda e imoral dele.

Ela mal conhecia Milo, ele não passava de um contato, quando muito um colega de profissão. Nunca dera qualquer intimidade a ele e tudo o que conseguia fazer diante de uma atitude como aquela era encará-lo em choque. Sentia-se estranhamente desprotegida, mas não a ponto de chamar pela armadura.

Algo estava diferente nele. Terrivelmente fora do lugar. Milo não tinha a melhor fama, mas era orgulhoso de seu posto enquanto cavaleiro de Athena e ela tinha certeza de que alguém assim jamais atacaria uma mulher, muito menos uma amazona.

Ele não estava nem um pouco intimidado pela reação dela, ao contrário. Sem vacilar ele encurtou a distancia entre eles, agarrou-a pela nuca num movimento rápido e antes que Shina pudesse se defender, a língua dele invadiu-lhe a boca sem o menor decoro.

A sensação foi desconcertante, ao ponto de deixá-la tonta como só uma garrafa inteira de vinho faria. Ele não pedia permissão, nem mesmo estava ligando para qualquer reação dela. Ele era imperativo como um rei mimado. As mãos dele alcançaram o cinturão que ela usava para prender a túnica na cintura. Sem que ela pudesse impedir, a roupa escorregou por seu corpo até atingir seus pés, deixando-a nua.

Ele enlaçou a cintura dela com seus braços e dada a força dele havia pouco a ser feito. Jamais imaginou que um dia seria alvo da lascívia de um cavaleiro, aparentemente estava enganada.

Os beijos depravados dele a estavam deixando tão tonta que mal sentia suas pernas. Seu corpo inteiro foi arrebatado por um torpor inexplicável e ela se viu sem defesas. Ela acabou se sentando em um dos degraus de mármore ao pé da fonte da sereia, enquanto o corpo dele a cobria por completo sem descolar os lábios dos dela.

As mãos dele envolveram os seios expostos e o apertaram sem misericórdia, fazendo Shina gemer mais alto do que o esperado. Os beijos desciam da boca, percorrendo o pescoço até aparem no colo dela. A amazona fechou os olhos diante da impossibilidade de fuga...Ela estava inebriada de mais, até mesmo para pensar no quão reprovável era aquela conduta.

Milo só se afastou por um momento para retirar a própria túnica. Não parecia interessado na idéia de protelar o inevitável e de qualquer forma ele a possuiria. Ele buscou os lábios dela outra vez, mas Shina virou o rosto num ultimo esforço de resistir e manter-se consciente.

- Como quiser, minha cara. – ele sussurrou rouco junto ao ouvido dela e tornou a beijar o pescoço.

Impaciente, Milo separou as pernas dela com as mãos e acomodou-se. Mantendo as mãos firmes atrás dos joelhos da amazona e afastando-os o máximo possível, firmando as costas dela contra borda de mármore da fonte, ele permitiu que sua evidente ereção roçasse contra a entrada úmida de Shina. Involuntariamente, a amazona emitiu um gemido que seria desconcertante.

Contrariando seus instintos mais primitivos, Milo não a possuiu de uma vez. Preferiu torturá-la com a expectativa mais um pouco, roçando, instigando os sentidos dela e provocando-lhe um desejo que ela mesma jamais se permitiria.

Shina abriu os braços, entregue e sem forças, deixando que todo seu corpo fosse escorado pelo mármore dos degraus da fonte. O barulho da água, misturado as sensações que ele causava em seu corpo e mente estava levando-a a um estado de quase inconsciência. De um jeito inimaginável, ela estava pronta para recebê-lo e entregar-se, quase como uma oferenda viva.

Num único movimento repentino ele a penetrou. Shina não conseguiu conter o grito diante a súbita invasão, por um instante tudo ficou escuro e seu corpo vulnerável foi acometido de um surto de hipersensibilidade.

Aos poucos Milo impôs um ritmo, lento e firme que a tornava incapaz de conter os pequenos gritos entrecortados. Ele voltou a beijá-la enquanto se movimentava fluidamente. Shina sentiu em sua boca o inexplicável sabor de vinho tinto, como se litros fossem despejados garganta a dentro. A tontura aumentava, assim como a sensação de ter as pernas e braços pesados e altamente sensíveis. O ritmo acelerou sem perder a força. Milo não parou de beijá-la um instante se quer.

Milo emitiu um ruído animalesco no momento em que atingiu o orgasmo e levou Shina consigo. A onda de prazer sentida por ela, combinada aos efeitos tão similares aos da bebida levaram-na a inconsciência no instante em que Milo a deixou.

Ao contrário dela, ele estava totalmente desperto e alerta. Levantou-se, pegou a túnica que ela estava usando quando o encontrou e cobriu o corpo dela. A pérola de Anfitrite estaca caída no chão, junto ao corpo de Shina. Milo pegou a jóia e ficou observando-a atentamente.

Ele não dava muita importância à rixa dos deuses a menos que ele tivesse que lutar em um dos lados, mas admitia que a jóia era digna de admiração, assim como aquela amazona adormecida. Com um pouco de sorte, Shina despertaria logo e eles poderiam aproveitar a companhia um do outro mais uma vez antes de deixarem o labirinto. Eles já estavam perdidos de qualquer jeito.

It's not the same you
No it never was like this
It's not the same you
It's not the same you and it never really is
It's not the same you
It's not the same you
No it never was like this
It's not the same you
It's not the same you and it never really is
It's not the same you
It's not the same you
Oh it's not the same
This isn't how it's always been
Everything has to have changed...
Or it's me...

Nota da autora: Mais uma Milo x Shina. Não sei se vai ser uma shot ou uma long fic ainda, vai depender de vc's. Eu sei que Milo tá um tanto quanto...Bruto? Talvez um tanto sexual? Exagerado? Bem, na minha mente deturpada há uma explicação, mas se não quiserem tudo bem. Eu gostaria de ouvir suas teorias. Espero que gostem e comentem.

Bjux

Bee