N/A: Bom, povo, ta aí. Assistindo "De repente 30", me inspirei a escrever uma história em cima de uma fic em inglês que eu li (que nunca era atualizada). Espero que curtam.

Agradecimentos a Mai, que deu a idéia do título da fic. Na verdade, não tive idéia nenhuma. Sou péssima com títulos.

CAPITULO UM

- Oi.

Ela virou o rosto e viu um homem que deu um beijo nas costas da sua mão. Só agora ela tinha percebido que ele a segurava.

Ele era loiro, com os cabelos caindo nos olhos, e pode ver a cor azul escura neles.

- Oi. – respondeu, ainda sentindo meio sonolenta.

- Como se sente? – ele perguntou, com um sotaque diferente.

Ela suspirou e tentou perceber se sentia alguma dor, ou coisa parecida.

- Estou bem. – respondeu, se sentindo estranha. Havia algo diferente ali: quem era ele? Não conseguia recordar de um homem como ele. Será que era amigo de Christian da faculdade?

Ele era mais velho, devia ter uns vinte e cinco anos, e era lindo. Lindo demais. Mas aquela sonolência não deixava ela prestar atenção. Parecia daquela vez que tinha tomado analgésico pra dor de cabeça, e tomou uma bronca da mãe por não ter acordado a tempo de ir pra escola.

- O que aconteceu? – ela perguntou.

- Não se lembra?

- Não. – ela tenta abrir os olhos, que ainda estavam cansados.

- Você está no hospital. Você teve um acidente de carro.

- Acidente de carro? – ela abriu bem os olhos. – Não lembro de estar num carro.

- Não? Deve ser efeitos do trauma. Você tá se sentindo tonta? Enjoada? – o homem levantou e colocou um jato de luz vindo de uma lanterna nos seus olhos.

- Não, não. – ela respondeu, fugindo da luz, e viu seu braço direito engessado. – Meu braço! O que houve?

- Você quebrou o úmero, e bateu a cabeça com força, mas não houve nenhum traumatismo.

- Como está o meu pai?

- Seu pai? – o homem riu. – Cameron...?

- É, o meu pai se chama Cameron. Ele também se machucou?

O homem riu novamente. Ela o olhava, sem entender. Ele também parecia estar confuso.

- Seu pai não estava no carro. – ele disse, como se fosse uma resposta óbvia.

- Não? Eu estava com quem então?

- Sozinha. – ele respondeu, com os olhos bem abertos.

- Sozinha? Mas... – a cabeça dela começava a girar. Nada fazia sentido ali. – ... eu não sei dirigir.

O homem loiro começou a rir.

- Por que você está rindo? Quem é você?

- Quem sou eu? – ele continuava a rir.

- Onde está a minha mãe? – a cabeça dela começou a girar novamente, e ela começou a ficar sem ar. O equipamento que marcava o coração dela disparou, e ela se sentia agitada, e aquilo lhe deixou em pânico. Ela queria sair daquela cama, e procurar sua mãe e seu pai.

- Relaxa , fica calma! – o homem gritou. – Enfermeira!

O médico rapidamente tirou uma seringa de uma gaveta e injetou num dos tubos que estavam ligados às veias dela. E o medicamento logo fez efeito, porque ela se acalmou e logo pegou no sono.

XXX

Chase estava sentado na sala de diagnósticos se sentindo perdido. Estava confuso em relação ao que tinha acontecido. Ainda sentia seus nervos a flor da pele quando Cuddy entrou e disse que Cameron tinha sofrido um acidente de carro. Naquele momento, ele entrou em pânico. Aquelas duas palavras, "acidente de carro", martelavam no seu cérebro.

Cam tinha tido um acidente de carro!

Aquilo era tão assustador que não ouviu o que Cuddy tinha dito depois.

- Chase!

- O quê? – ele voltou à realidade, e viu House o olhando com curiosidade.

- Você que é bem... intimo da Cameron, vá lá ver se ela acordou.

- Claro. Mas... – precisava saber como ela estava. – Ela vai ter alguma seqüela...

- Não. Não houve dano neurológico. – Cuddy informou.

E ele, aliviado e suspirando, foi na direção do quarto dela.

E agora, quase uma hora passada daquela conversa um tanto estranha, e depois de saber que ela estava bem, as palavras dela o deixaram confuso.

"Como está o meu pai? Meu pai se chama Cameron. Ele também se machucou? Eu não sei dirigir."

Será que ela tinha sonhado com aquilo?

Mas ela entrou em pânico. Ficou agitada e nervosa. Deve ser algum dano neurológico, sim.

House entrou na sala, e viu Chase perdido em pensamentos:

- E então, como ela está?

- Bem em parte, mas ela parece confusa, sem muita noção do que aconteceu.

- Faz parte do trauma.

- Mas ela entrou em pânico, House. Acho que ela está com algum tipo de choque pós-traumático.

- Por que você diz isso?

- Ela não lembra do acidente. Não lembra de estar dirigindo. Até achava que o pai estava dirigindo o carro.

- Achava que o pai estava dirigindo o carro? – e Chase confirmou. – Ela mencionou a mãe?

- Mencionou. Como se fosse uma...

- ... criança. – e Chase estreitou a testa. – Chame um psiquiatra. Peça pra ele fazer uma avaliação. Ela realmente pode ter tido algum problema psicológico devido ao trauma.

- Certo. – respondeu, e House seguiu para o seu consultório, se sentando a frente do computador.

Chase ficou pensando no que ele mesmo disse. Criança.

Será que Cameron pensa que é uma criança? – ele se assustou. – Não, não, não pode ser. É impossível.

XXX

Algumas horas depois, o médico psiquiatra Dr. Newman chegou ao grupo de diagnósticos. Cuddy e Wilson também estavam presentes.

Chase estava preocupado. Queria vê-la de novo. Falar com ela. Saber como ela estava, como ela se sentia.

- Perda de memória? – Foreman perguntou ao homem sentado num dos bancos da sala de diagnósticos.

- Exato. – respondeu o médico. - E não é algo comum. Ela não lembra de nada nos últimos dez anos.

- Como é? – Chase perguntou, chocado.

- Ela acredita que ainda tem dezessete anos. Ela sequer lembra de estar dirigindo. A última coisa que ela se lembra era que estava no ensaio das... líderes de torcida.

- Líder de torcida? Cameron foi líder de torcida? – perguntou House, entusiasmado.

- House... será que podemos nos concentrar aqui? – se intrometeu Wilson. – Mas como isso aconteceu? Simplesmente ela esqueceu?

- Na verdade, sim. O cérebro pra se proteger do trauma resolveu... fugir. Ele se refugiou num momento confortável da vida dela. O momento em que ela tinha 17 anos. Era líder de torcida e tinha um namorado jogador de futebol. As únicas preocupações dela era qual vestido usar no baile de formatura, e quando chegaria a carta de admissão da Escola de Medicina.

Namorado jogador de futebol?

- Essa é a realidade que ela acredita que vive.

- O senhor informou a ela sobre tudo isso? – perguntou Chase.

- Sim, nós conversamos por horas. E ela me demonstrou ser uma garota bem... avançada pela idade dela. Ela é inteligente, esperta, tem um raciocínio rápido. Ela compreendeu e pareceu acreditar em mim. Apesar de que não deve ser difícil, não acreditar, quando se tem um espelho na sua cara.

- As rugas não mentem a idade. – brincou House.

– Você sabe quando a memória pode voltar? – Chase perguntou ainda, amedrontado.

- Infelizmente não. Pode ser hoje a noite. Pode ser daqui a um ano.

Foreman chacoalhou a cabeça, inconformado.

Não acredito nisso! – Chase pensou, arrasado.

- Algo muito importante no momento é encontrar os pais dela. Eles estão vivos? É fácil encontrá-los?

Chase confirmou que sim. O psiquiatra continuou:

- Seria bom chamá-los. Eles tem que saber. E eles aqui vai deixá-la um pouco mais tranqüila. É bom deixá-la calma e equilibrada. A gente não sabe quando a memória dela vai... dar o ar da graça.

- Vou entrar em contato com eles. – disse Cuddy, saindo da sala.

Chase ainda estava surpreso

Parecia que tudo era um sonho.

Ela não lembrava nada. Não lembrava dele. Não lembrava do que tinham tido. Não lembrava de que ele a amava.

- Bom, eu vou falar com ela novamente.Vou ver se ela tem alguma dúvida.. Um atestado médico é sempre bom. – ele se levantou, e se virou para Chase. – Posso falar com você?

- Claro. – respondeu, seguindo o médico.

No corredor vazio, Dr. Newman se virou para Chase, que ainda permanecia mudo, cheio de pensamentos rodeando seu cérebro.

- Você e a dra. Cameron são amigos? – o psiquiatra perguntou.

- De certa forma.

- São namorados? Amantes?

- Fomos. – ele foi sincero. – Não somos mais.

- A muito tempo?

- Uma semana e meia.

- Bom, isso é importante. Então ela via você com mais freqüência que os outros, certo?

Faz sentido. Ele confirmou.

- Bem, dr. Chase. O seu relacionamento com ela vai ajudar bastante a fazê-la lembrar do passado. Ela está um pouco vulnerável, precisando de companhia. Ela está confusa, quem ela quer são os pais, mas eles são de... Chicago, certo?

- Acho que sim. Não tenho certeza.

- Vai demorar um pouco pra eles chegarem. E por mais que ela compreenda que não tem 17 anos, tudo ainda vai ser digerido com mais facilidade se ela tiver alguém que a apóie. Um amigo. Vocês não estão mais juntos, mas... você pode desempenhar esse papel?

Faria sem que você me pedisse.

- Claro. Eu... – os olhos dele o traíram.

- Você a ama. – ele afirmou e Chase o encarou. – Posso ver. Não tenha vergonha. Vai ser bom pra ela também.

- Obrigado por tudo, dr. Newman.

- Não há de que, dr. Chase. – ele seguiu na direção do quarto de Cameron, mas se virou novamente para Chase. – Sabe de uma coisa? Acho que essa é uma nova chance pra vocês, dr. Chase.

Chase sorriu.

- Quem sabe. – ele disse, esperançoso. Quem sabe!

XXX

- Olá, srta. Cameron. Como se sente?

- Melhor... de alguma maneira, dr. Newman. Onde estão meus pais?

- Eles já foram chamados. Já estão vindo. – ele sorriu. – Queria saber se há alguma dúvida sobre o que nós conversamos?

- Ah... bom... só mesmo sobre quem eu sou, onde eu moro, sobre minha vida pessoal, estas coisas...

- As pessoas ao seu redor: sua família, seus amigos, seus colegas de trabalho irão lhe ajudar com isso. Eu não sou tão intimo de você, pra te contar do seu namorado, ou como você gosta do seu café. Só o que eu sei é que você uma das médicas do grupo do Dr. House. Uma ótima médica por sinal.

Cameron riu.

- Não se preocupe, Allison. Aos poucos sua memória irá voltar.

- Quando? – ela se preocupou.

- Não é possível prever, pode ser daqui a cinco minutos, pode ser daqui a um mês.

- Mas eu vou lembrar?

- Vai. É só você relaxar. Não fique nervosa, não pressione demais o seu cérebro. Pelo jeito ele gosta de fugir.

Cameron riu novamente.

- Obrigada, dr. Newman.

- Não há de quê. – ele disse e saiu, encontrando Chase na entrada da porta.

Ele entrou, e a viu, sorrindo.

- Oi. – Chase entrou na sala.

Cameron levantou os olhos verdes e tentou sorrir.

- Oi. – ela disse. – Eu queria te pedir desculpas. É muito... estranho isso. Parece que estou sonhando.

- Compreendo.

- Quem é você? – ela perguntou. – Eu não...

- Sou Chase. Dr. Robert Chase. Nós trabalhamos juntos.

- Eu e você?

Chase confirma com a cabeça.

- Então eu sou realmente... uma médica?

- É sim. – ele disse, e ela sorriu. Ele pareceu sincero.

- Então eu realizei um sonho. Eu queria ir pra faculdade de medicina...

- E foi.

- Eu me especializei em quê? Eu sou...

- Imunologista.

- Sério? Uma especialista em doenças auto-imunes?

- Dentre outras coisas.

- E eu estou no grupo do Dr. House? – ela repetiu as palavras do psiquiatra.

- É. Ele tem um grupo de diagnósticos, e eu, você e Foreman trabalhamos pra ele.

- Foreman?

- É, dr. Eric Foreman. Ele é neurologista.

- Então, o que faz um grupo de diagnósticos?

- Nós tentamos diagnosticar um paciente que outros médicos não conseguem.

- Você disse "tentamos". Nós conseguimos?

- Noventa por cento. – ele disse com um sorriso.

- Incrível. – ela gostou. - É um bom emprego?

- É um dos melhores. Se sairmos daqui, poderemos trabalhar em qualquer lugar devido a essa... experiência com House.

Cameron riu. Ela estava impressionada com este "Dr. Chase". Ele era lindo. Agora podia prestar atenção melhor nele.

Tinha os cabelos loiros. Um pouco mais cumpridos do que achava que um médico usaria. Tinha olhos azuis. De um azul meio escuro, quase violeta. Tinha a pele bem clara, e um boca vermelha redondinha... E um jeito delicioso de pronunciar as palavras.

- Você tem um sotaque diferente.

- Sou australiano.

- Austrália? É um dos lugares que eu gostaria de ir. Está na minha "lista top".

- "Lista top"?

- É. Eu tenho uma lista com coisas que eu quero fazer, coisas que quero ver, aprender, estudar... E surfar na Austrália é uma delas.

- Surfar na Austrália?

- Eu sei. É bobagem. – ela riu.

- Claro que não. Você sabe surfar?

- Não.

- Então, um dia eu te levo até Torquay, e te ensino a surfar.

Cameron sorriu. Nossa, ele é encantador.

Ela começou a pensar melhor. Ele falava com ela de maneira diferente, quase como se fossem velhos conhecidos. Mas pensando bem, talvez seria mesmo.

Eles deviam ser amigos. Ela podia saber disso ao ver o jeito que ele a olhava, do jeito que ele sorria. Quase como isso acontecesse sempre.

- A quanto tempo nós... trabalhamos juntos?

- Três anos.

- Três anos? – ela levantou as sobrancelhas. – É muito tempo. Nós somos amigos?

- Mais ou menos.

- Mais ou menos? Por que?

- Não sei. Quer dizer... somos...de certa maneira.

- Não entendi. De que maneira? Nós fomos... namorados?

Chase enrubesceu.

- Mais ou menos. – ele respondeu.

- Mais ou menos? – ela riu. – Dr. Chase, eu não...

- Não. – ele interrompeu. – Não me chama assim.

- E como quer que eu te chame?

- Chase. Só Chase. Como você me chamava antes. Até mesmo, Robert.

- Robert... tudo bem.

Chase pareceu envergonhado.

- Vai me responder? – ela perguntou.

- Nós não fomos propriamente... namorados.

- Deixa eu ver se eu entendi. – ela se arrumou na cama. – Nós não fomos namorados, mas tivemos um relacionamento?

Chase confirmou.

- Isso tá meio confuso.

- Cameron... – ele não estava afim de explicar. Será que devo?

- Não. Me chama de Allison.

Chase ainda parecia envergonhado.

- Allison... – ele começou. -... nós tínhamos uma espécie de... acordo.

- Acordo? Que tipo de acordo?

- Bem... nós decidimos que só teríamos... – melhor dizer de uma vez. Mas antes que ele terminasse, uma voz perguntou áspera perguntou:

- Interrompo?

Chase se virou, e viu House e Foreman na porta. Decidiu apresentá-los.

- Allison... estes são os dr. House e dr. Foreman.

- Olá. – ela disse.

- Allison? – House deu um olhar malicioso para Chase. – Já chegamos nesse ponto?

Chase levantou os olhos para o teto. Não tenho uma folga em momento nenhum.

XXX

N/A: Essa segunda conversa entre Chase e Cameron era um pouquinho diferente. Mas decidi que ficaria tudo muito... rápido se deixasse como tava antes. O Chase, mesmo um "pobre amador, apaixonado, um aprendiz do teu amor", sabe que não pode por o carro na frente dos bois com Cameron. Ainda tudo é muito novo pra ela.