Eu corria pela estrada cercada por flores. Era uma paisagem linda.
Era uma pena uma coisa horrível dessas estar acontecendo em um lugar tão lindo. Era cruel.
O caçador corria atrás de mim, e a cada passo que eu dava, os meus pulmões estavam mais falhos e minhas pernas, mais cansadas. Eu não conseguiria. Ele iria me alcançar e me matar.
Já o vi fazer isso.
Eu estava tão nervosa que tropecei em uma das inúmeras pedras em meu caminho, rolando pelo chão e machucando-me. O sangue escorria pelos meus braços e joelhos, as lágrimas caíam por minha face.
Era isso. Eu estava condenada. Iria morrer.
- Ora, ora, pequena Chas. Parece que você está em apuros, não? – Louis perguntou, chegando perto de mim e agachando-se até ficar à minha altura. – Eu te falei Chastity. Eu te falei que você não gostaria do nosso jogo. Você agora será condenada. – dizendo isso, ele passou o dedo pelo meu braço machucado e ensopado de sangue, para em seguida colocá-lo em sua boca. Um sorriso de satisfação passou pelos seus lábios, e seus olhos se fecharam em exultação. – Sabe, seu sangue realmente tem um gosto excepcional.
- Por favor... Não me... Deixe... Morrer... – eu implorava, as lágrimas agora caíam com mais intensidade, e eu estava entorpecida, à beira da morte.
Eu sentia isso.
- Chas, Chas, Chas. Doce e inocente criança, implorar não vai lhe adiantar de nada! Você só gastará os teus poucos minutos de vida com coisas bobas! Então, porque não gastá-los com algo que valha à pena? Você não quer morrer como uma perdedora que fará de tudo até na hora da morte, quer?
- Louis... Eu...
- Shh... – ele colocou a mão delicada em meus lábios, e seus olhos verdes brilharam à luz do luar. – Poupe seu fôlego. Use-o para fins proveitosos. Como, por exemplo, gritar por ajuda na hora de sua morte. Isso sempre acontece.
- Não me... Mate. Não... – ele tinha razão. Os meus pulmões falhavam agora mais do que nunca, e tudo à minha volta escurecia.
- Chegou a hora, Chastity. A hora da sua morte.
- Você... Não tem... Compaixão... Comigo? – perguntei, o ar escapando de meus pulmões.
- Sim, Chas. Eu tenho. E é exatamente por isso que devo matá-la. – ele deu um longo suspiro, e eu me lembrei da primeira vez que o vi.
Parecia um habitual calouro na faculdade, querendo festa e mulheres.
E, depois eu descobri, sangue.
- Você não pode ficar sozinha. Perdoe-me por ter falhado com você, com o juramento de que não deixaria que nada te acontecesse. Mas eu... – ele suspirou mais uma vez, olhando para mim como ninguém nunca havia olhado. - Preciso fazer isso. Preciso que você morra. É para o seu próprio bem. Eu não posso viver se não faço idéia de como você está. Desculpe.
E, dizendo isso, Louis segurou em meu pescoço delicado e deu-me um último beijo, para depois virá-lo em direções opostas.
Foi rápido.
Foi indolor.
Queria dizer que foi perfeito.
