A notícia
- E então? Como ela está? Ela vai ficar bem, não é? - Perguntou o jovem loiro muito preocupado.
- Vou ser sincero com você, sua mãe tem apenas unia semana de vida. Aproveite enquanto pode. - Disse o homem a sua frente.
O jovem ficou sem palavras. Sua vontade era de dar um belo soco na cara daquele médico frívolo. Mas nesse momento o mais importante era sua mãe.
- Como não posso fazer mais nada irei embora. Tenha um bom dia.
O homem saiu, sem nem ao menos esperar uma resposta. O jovem loiro caiu no chão com lágrimas brotando de seus olhos. Não conseguia acreditar que sua amada mãe tinha apenas mais uma semana de vida. Ela era tão jovem para morrer, tinha apenas 38 anos. Por que isso tinha que acontecer justamente com ela? Por que tinha que acontecer com ele? Hyoga, um jovem de 15 anos. Possuía estatura média, seu corpo já apresentava músculos, mesmo que ainda pequenos, começavam a formar sua estrutura corporal. Tinha cabelos loiros na altura de seus ombros. Era dono de belos e brilhantes olhos azuis, pareciam mais dois diamantes. Era um jovem educado, inteligente, bondoso, esforçado, melhor dizendo, possuía excelentes qualidades. Claro que tinha defeitos! Porém suas qualidades eram bem mais perceptíveis.
Hyoga sempre fora muito apegado à mãe, Natássia. Era uma bela e fina mulher. Tinha um corpo digno das modelos mais bonitas do mundo. Seus longos cabelos dourados eram brilhantes e mostravam o quanto era linda. Também tinha olhos azuis. Natássia sempre foi muito carinhosa e bondosa. Sempre foi vítima da inveja de muitos. Tinha um bom caráter, era bonita, talentosa e tinha boas condições. Ela era uma bailarina famosa e seu dom de dançar só foi se aprimorando com o tempo. Mas depois que Hyoga nasceu, passou a dedicar mais de seu tempo a ele. Por esse motivo, Hyoga apegou-se tanto a ela. Era uma mãe atenciosa, carinhosa e correta. Hyoga admirava sua mãe. Hyoga a amava tanto que nunca ousou levantar a voz contra ela ou até mesmo desobedece-Ia. Hyoga sempre foi um filho atencioso e obediente. Porém, Natássia tinha uma doença rara de coração. E essa doença era incurável e mortal. Hyoga sempre soube disso, mas não esperava que essa doença se manifestasse tão cedo. Isso o abalou profundamente. Até aquele momento, a doença era controlada por meio de remédios: Mas os remédios não conseguiram evitar o agravamento da mesma.
Hyoga levantou-se, ainda com lágrimas nos olhos. Limpou-as e foi para o quarto onde sua mãe repousava. Natássia, ao ver o filho na porta, mostrou-lhe um sorriso encantador. Linda, a cada dia que se passava Hyoga achava sua mãe mais linda. Mas, logo, veio-lhe à memória o triste destino que a aguardava. Hyoga aproximou-se da cama e sentou-se em uma cadeira ao lado. Carinhosamente segurou a mão de Natássia entre as suas e elevou-as até o rosto. Natássia acariciou seu rosto e o fez encará-la.
- Não quero lhe perder! Por que isso tinha que acontecer? Não vou agüentar viver sem você! Não tenho forças para isso! Eu a amo mais que a própria vida! Por favor, não me deixe! - Hyoga chorava mais a cada palavra.
Natássia puxou o jovem para si, em um abraço. Sentiu as lágrimas escorrendo por seu peito e molhando seu pijama. Detestava ver seu filho triste daquela forma.
- Não chore meu filho. Eu sempre cuidarei de você, nem que seja lá de cima. Sempre estarei ao seu lado, no seu coração. Eu também o amo muito!
- Se me ama não me deixe! Minha vida nada significa sem a sua presença!
- Você é um belo jovem e ainda tem uma vida inteira pela frente. Não fique preso ao passado, isso só vai lhe fazer sofrer. Quero que viva e seja feliz! Mesmo que eu não esteja aqui com você, quero que se esforce e seja feliz, assim como se eu estivesse. Promete?
- Não consigo.
- Prometa pelo menos que vai tentar.
- Vou tentar, mas não posso prometer.
- Eu te amo meu filho, nunca se esqueça disso.
- Eu também te amo mãe.
Os dois continuaram naquele momento de mais puro afeto. Hyoga gostaria que aquele momento fosse eterno. Não queria sair daqueles braços reconfortantes e acolhedores. Sempre que era envolvido naqueles braços, sentia-se nas nuvens. Uma sensação de paz lhe invadia o interior. Não soube contar quanto tempo ficou daquele jeito, nos braços de sua mãe. Mas passou-se muito tempo.
Soltaram-se e ficaram se encarando. Assustaram-se com o estrondo da porta. Por ela entrou um homem alto de porte físico forte, mas não de forma exagerada. Tinha cabelos longos, até metade das costas, de cor azul- petróleo. Seus olhos eram azuis, muito profundos.
- Cheguei assim que pude. Como você está? - Ele parecia preocupado.
- Kamus! Que bom que chegou mon amour! - Disse Natássia.
Kamus era o esposo de Natássia, pai de Hyoga. Sempre foi um homem ocupado. Era dono de uma empresa de computadores, quase nunca parava em casa. Era um homem sério, às vezes até frio. Alguns diziam que ele não tinha sentimentos, mas estavam enganados, pois ele tinha sentimentos, só não demonstrava. Apesar disso, era educado e gentil e nunca escondeu seus sentimentos das pessoas que amava. Kamus aproximou-se de Natássia e a beijou.
- E então? O que o médico disse?
- Você saberia se estivesse aqui! - Disse Hyoga, ele estava nervoso.
- O que disse?.
- Isso mesmo que você ouviu! Você só trabalha! Nunca tem tempo para a família! – Hyoga já estava aumentando o tom de voz.
- Abaixe o tom de voz para falar comigo mocinho! Sou seu pai e exijo respeito! - Kamus estava ficando irritado com o atrevimento do filho.
- Se é meu pai, por que não estava ao meu lado quando aquele médico me disse que minha mãe vai morrer? Você sempre está ausente! Nunca deu a mínima para a família, prefere o trabalho! - Hyoga chorava muito.
- Você está me ofendendo! Não admito que fale assim comigo!
- A verdade dói, não é?
Kamus perdeu a paciência, deu um tapa no rosto de Hyoga. Kamus era um pai severo, gostava de respeito e disciplina. Porém, Hyoga nunca deu muito trabalho, pois era obediente. Mas dessa vez ele tinha passado dos limites.
O rosto de Hyoga ficou vermelho com o tapa. Sentiu-se péssimo. Virou-se e saiu do quarto, batendo a porta ao sair. Kamus suspirou pesadamente. Hyoga era assim, fazia as coisas sem pensar quando perdia a cabeça. Kamus voltou-se para Natássia, que assistiu tudo calada.
- Não acha que pegou pesado dessa vez?! Ele está nervoso. - Disse Natássia.
- Você sabe que não suporto quando ele me desrespeita assim. E dessa vez ele me irritou.
- Todos falam que Hyoga se parece muito comigo, mas a personalidade dele é igual a sua. Você também não consegue se controlar quando perde a paciência.
- Com tantas coisas boas para ele herdar, tinha que herdar logo um defeito desses.
Natássia riu. Kamus também sorriu, mas sentia-se mal. Alguma coisa aconteceu para deixar Hyoga naquele estado. Ficou preocupado.
- Você ainda não me disse o que o médico falou.
- Ele disse que minha doença se agravou, e que provavelmente eu terei só mais uma semana de vida. - Natássia deu um sorriso melancólico.
Kamus congelou. Natássia ia morrer? Sua Natássia? Não podia acreditar! Ela parecia tão bem. O que mais o surpreendeu foi que, mesmo ela sabendo o que ia acontecer, continuava tranqüila. Essa era sua Natássia, a mulher por quem se apaixonou e agora amava. Não sabia como seria sua vida sem ela, e também não queria imaginar.
- Hyoga sabe, não é?
- Sim, parece que o médico não fez questão de esconder.
- Que médico nós fomos arrumar?! Como ele dá uma notícia dessas para um adolescente de 15 anos sem consultar a mim, que sou o pai, antes?! Que falta de profissionalidade.
- Concordo. Mas não adianta chorar o leite derramado, o estrago já foi feito. Eu não gosto nada de ver Hyoga daquele jeito, me sinto culpada.
- Não deve se sentir assim, Hyoga é muito apegado a você, por isso está sofrendo tanto. Agora entendo porque ele estava tão nervoso. Acho que cometi um erro.
- Talvez, mas ele também não deveria ter dito aquilo.
- É.
Ficou silêncio por um momento. Kamus estava triste, seus olhos estavam marejados. Isso não passou despercebido por Natássia.
- Não fique assim.
- Eu te amo muito! Não quero lhe perder.
- Eu também te amo.
- Não quero nem imaginar como será minha vida daqui para frente. Será difícil viver sem você ao meu lado, me dando apoio, carinho, consolo, amor.
- Sempre estarei aqui. - Natássia colocou a mão no peito de Kamus, na altura do coração. - Nunca se esqueça disso.
Kamus a abraçou e depois a beijou. Foi um beijo apaixonado, como se fosse o último e não quisessem mais se separar. Kamus tinha que ser forte, não só para seu próprio bem, como para o bem de Hyoga. Precisava se manter firme nessa semana. Separaram-se, Kamus tinha uma coisa muito importante a fazer.
- Preciso ir atrás de Hyoga antes que aconteça alguma coisa.
Kamus saiu, deixando Natássia sozinha.
Já estava tarde. Em uma praça da cidade, uma garota caminhava procurando alguém. Era jovem e pequena. Seu corpo começando a ter forma. Era muito bonita. Seu cabelo loiro em um tom mais escuro estava preso. Seus olhos azuis escuro brilhavam com a luz da lua. Estava um pouco preocupada, procurava alguém ou alguma coisa.
Viu um jovem sentado em um banco da praça. Correu até ele e o abraçou. Sentiu as lágrimas do jovem em seu pescoço.
- Hyoga, por que está chorando? Fiquei preocupada ao receber sua ligação tão tarde da noite. Sorte que os garotos do orfanato já dormiram, senão não poderia ter vindo.
- Perdoe-me por lhe causar tantos problemas, Eiri.
- Não é problema nenhum. Mas agora me diga o que aconteceu?
- Apenas me abrace, preciso de você agora.
Eiri continuou abraçada a ele. Já fazia três meses que estavam namorando. Eiri também tinha 15 anos e estudava na mesma escola que Hyoga. Eiri era órfã, trabalhava em um orfanato. Era uma garota delicada e meiga. Sempre se preocupava com os outros, tinha um coração bondoso e muito grande. Muito sentimental, não gostava que brincassem com seus sentimentos. Não era muito inteligente, mas se esforçava muito, sendo assim uma aluna exemplar. Era muito atrapalhada e tímida. Hyoga se apaixonou pelo seu jeitinho doce de ser. E desde então estavam namorando.
Eiri não sabia por que Hyoga estava daquele jeito, mas devia ser uma coisa bem séria, pois nunca havia o visto chorar.
- Está mais calmo?
- Estou, obrigado.
- Quer me contar o que aconteceu? Se não quiser não precisa.
- Minha mãe.
- O que tem a senhora Natássia?
- Ela está doente. Tem uma doença rara e incurável. Com o tempo ela foi se agravando e agora minha mãe só tem mais uma semana de vida. - O cabelo de Hyoga cobriu-lhe os olhos.
Eiri estava surpresa. Não esperava que fosse tão sério. Sabia a admiração que Hyoga tinha pela mãe e sentiu-se mal ao pensar o quanto ele estava sofrendo. A única coisa que poderia fazer era consolá-lo, sentia-se inútil Seus pensamentos foram interrompidos quando sentia Hyoga lhe beijando. Percebeu que havia se distraído e Hyoga precisava de sua atenção naquele momento. Depois que se afastaram Hyoga a abraçou, chorando.
- Promete que não vai me deixar? Eu preciso de você!
Eiri sentiu seu coração se apertar. Não imaginava que Hyoga estava tão sensibilizado. Acariciou o rosto dele com a mão.
- Não vou te deixar!
Hyoga a abraçou novamente.
Kamus corria para a praça. Sabia que sempre que Hyoga ficava chateado ou queria pensar, ia àquela praça. Correu até encontrá-lo sentado em um banco com a cabeça apoiada no ombro de uma garota. Aproximou-se e reconheceu a garota.
- Eiri? O que faz aqui? Já é tarde.
- Eu a chamei. - Disse Hyoga levantando-se.
- Boa noite senhor Kamus. Fiquei sabendo o que aconteceu, sinto muito.
- Obrigado por se preocupar. Sinto por meu filho causar tantos problemas a você.
- Não se preocupe, ele não me atrapalha.
- Fico feliz em saber que Hyoga encontrou uma namorada tão bondosa.
Eiri corou violentamente não estava acostumada e receber elogios de Kamus. Kamus virou-se para Hyoga este estava de cabeça baixa.
- Hyoga! Vamos embora para... - Kamus foi interrompido.
- Pai, eu sinto muito por aquelas coisas que eu disse. Eu estava nervoso, mas isso não justifica.
- Não tem problema eu entendo porque você fez isso. Eiri venha conosco que eu te levo para casa.
- Tudo bem, obrigada.
Então eles foram embora. Hyoga ainda se sentia péssimo sua mãe ia morrer e tinha desrespeitado seu pai. Nunca foi assim antes porque tinha que começar logo agora?!
Deixaram Eiri no orfanato e foram para casa. Hyoga ainda estava cabisbaixo. Kamus percebeu que o filho não estava bem. Passou o braço em volta de seus ombros, como em um meio abraço. Andaram juntos por algum tempo.
- Hyoga não fique assim.
- Não me peça o impossível. Minha mãe tem uma semana de vida e eu, acabei fazendo o que não devia.
- Escuta esqueça o que você fez. Eu já lhe perdoei. Agora você precisa ficar mais animado. Sua mãe não gosta de vê-lo assim e nem eu.
- Não consigo.
- Hyoga você precisa pelo menos tentar. Você quer que sua mãe se sinta culpada na última semana de vida que ela tem? Tente pelo menos disfarçar sua tristeza.
- Não consigo toda hora que eu penso em minha mãe, a imagem dela morta em um caixão aparece automaticamente. - Os olhos de Hyoga ficaram marejados.
- Vamos fazer uma promessa! - Kamus parou de andar e segurou o rosto de Hyoga para que ele lhe encarasse.
- Que promessa?
- Vamos fazer esses últimos dias de sua mãe, os melhores de toda a vida dela. Você não acha que ela merece?!
- Sim, muito mais do que isso!
- Então, o que acha?
- Sim, eu concordo.
- Então tire essas lágrimas dos olhos e sorria.
Kamus limpou as lágrimas do filho que lhe mostrou um belo sorriso. Continuaram andando até chegarem a casa. Hyoga foi direto para o quarto, ver sua mãe. Kamus ficou na porta observando. Hyoga abraçou Natássia.
- Perdão por deixá-la sozinha mãe. Não vou sair mais daqui!
Natássia deu um beijo na testa de Hyoga.
- Você é mon ange, sabia?
Kamus observava a cena de longe. Não sabia o que aconteceria depois que Natássia partisse. Hyoga com certeza ficaria muito deprimido. E isso seria um problema, já que Kamus passava o dia todo trabalhando. Teria que arrumar um jeito de trabalhar menos. Mas não queria pensar nisso agora. Olhou para Hyoga e Natássia conversando. Seu precioso tesouro, sua família. Se pudesse daria sua vida para ver sua família feliz e unida, como naquele momento.
- Kamus! Kamus!
Kamus saiu de seu transe ao ouvir seu nome.
- Sim?
- Você está pensativo, o que foi? - Disse Natássia sorrindo. – Eu já lhe disse que você fica mais lindo quando está pensativo?
- Não fale essas coisas com esse sorriso. - Disse Kamus.
- Por quê?
- Você me deixa encabulado. - Kamus estava levemente corado.
Natássia começou a rir junto com Hyoga. Kamus riu depois de um tempo.
- Eu vou tirar essa semana de folga. Quero passar mais tempo com vocês, juntos.
- Que bom!
- Vou tomar um banho e já volto.
- Vou fazer o jantar. - Disse Hyoga.
Fazia dois meses que Natássia estava de cama, pois não podia fazer esforço. Hyoga cuidava dela todo esse tempo. Hyoga cortava alguns legumes para fazer uma sopa para Natássia. Estava meio distraído, pensava na semana. Queria que ela durasse eternamente. Tinha sete dias para fazer sua mãe feliz e no final... Não gostava nem de pensar. Ficaria sozinho, pois seu pai era muito atarefado. O que ia acontecer? Como conseguiria ficar sozinho? Sentiu as lágrimas quentes escorrendo por seu rosto. Estava chorando de novo. Sentiria falta de sua mãe.
-Ai!!!
Distraiu-se tanto que acabou cortando o dedo. Lavou-o e rasgou um pedaço da blusa para fazer um curativo qualquer até terminar de fazer o jantar. Terminou de preparar o jantar e o levou para sua mãe.
- Obrigada.
Nesse momento Kamus entra no quarto.
- Espero que tenha feito comida para mim também, estou morrendo de fome! - Claro que fiz, está lá na cozinha.
- Não vai trazer para mim?
- Você tem duas pernas, vai lá seu folgado!
- Você viu como esse garoto me trata mon amour?!
- Ele está certo, você é muito folgado! -Disse Natássia com cara de séria, mas não agüentando, caiu na gargalhada Junto com Hyoga.
- Vocês estão de complô contra mim, dois contra um não vale! Mas tudo bem, eu pego meu jantar.
Kamus saiu de lá sorrindo. Adorava esses momentos de brincadeira entre a família. Voltou com um prato quente de comida.
- Não vai comer Hyoga?
- Não, estou sem fome. Depois eu como qualquer coisa.
- E então? Agora quero saber o que você anda fazendo.
- Essa eu também quero saber! - Disse Natássia divertida.
- Nada de novo.
- E aquela sua namorada, hein? Ela parece ser uma boa' garota.
- Ela é. - Hyoga ficou corado.
- E você já pegou ela?
- PAI!!! Isso lá é pergunta que se faça? - Hyoga agora ficou roxo.
- O que? Eu quero saber, ora. - Kamus mantinha um ar de brincadeira.
- É claro que não! Eu respeito à privacidade dela, e acho que ainda é muito cedo para pensar nesse tipo de coisa! - Hyoga continuava roxo de vergonha, não estava acostumado a falar dessas coisas com os pais.
- Olha só como nosso filho é maduro, mon amour!
- Ele se parece com você quando tinha essa idade. Você falava a mesma coisa.
- Quer dizer que você conhece o papai desde a minha idade?
- Claro, nós éramos amigos de infância. Quando começamos a namorar ele tinha sua idade. Falava as mesmas coisas que você. E era muito tímido, muito mesmo. Eu adorava deixá-lo sem graça e ainda gosto. Ele fica com esse jeito durão e fechado, mas não passa de um gatinho manhoso.
- Nossa! Pai, agora ela te desmascarou.
- Ela sabe que isso não é verdade! Eu sempre fui um homem sério e fechado, e também nunca fui tímido.
- É mesmo? Eu me lembro muito bem do dia que seu querido papai lhe deu uma bela surra por você ter colocado fogo nas roupas dele.
- O meu pai colocou fogo nas roupas do vovô?
- Bem... é que... eu...
- E o dia que seu pai pegou você roubando chicletes na padaria?!
- Pai, você já roubou?
- É que... eu... bem...
- E o dia que... - Natássia foi interrompida por Kamus.
- Tá bom!! Eu admito que era um pestinha e que nem sempre fui sério como sou hoje! Mas nunca fui tímido nem manhoso.
- Mentira de novo!! Lembro-me do dia que você foi apresentar um teatro e caiu do palco porque estava muito nervoso e acabou tropeçando em seus próprios pés. Ou da vez que você entrou em uma briga e saiu chorando gritando pela mãe! Também teve...
- Tudo bem!!! Eu me rendo, eu era manhoso, tímido e um verdadeiro pestinha! Satisfeita?
- Mas mesmo sendo assim eu me apaixonei por você!
Kamus corou violentamente. Natássia e Hyoga riram muito. Kamus riu também. Fazia tempos que não conversavam daquele jeito. Kamus sentiu-se muito bem. Hyoga, porém, estava apenas disfarçando sua tristeza. Ainda sentia seu coração doendo por causa da notícia que recebera à tarde.
- Hyoga, o que é isso no seu dedo? - Perguntou Natássia.
- Hã? - Hyoga viu o dedo enfaixado e o escondeu. - Não é nada.
Kamus sabia que Hyoga estava escondendo um machucado e que não mostraria.
- Me deixaeu ver isso.
- Não, não é nada de mais.
- Mas eu quero ver!
Chegou perto dele e começou a fazer cócegas em Hyoga, que por sua vez, quase caiu da cadeira de tanto rir. Neste momento, Kamus segurou seu braço e viu o corte sangrando.
- Você precisa cuidar disso, vai acabar infeccionando. - Disse Kamus.
- Já disse que isso não é nada! Podem deixar que eu cuido disso.
- Mas que mania você tem de querer esconderas coisas. - Disse Kamus.
Natássia sabia muito bem porque ele fazia isso. Hyoga não gostava de ver as pessoas preocupadas consigo, então escondia doenças, machucados e até sentimentos. Isso não era muito bom, podia causar problemas no futuro. Nesse momento, sentiu seu coração falhar. Seu peito começou a doer, dessa vez a dor estava mais forte. Não estava conseguindo respirar. Kamus e Hyoga perceberam e logo foram acolhê-la. Kamus pegou um remédio no guarda-roupa e o deu à Natássia. Ela tomou e um tempo depois dormiu.
- Que bom que passou. - Disse Kamus.
Hyoga estava com o olhar perdido e cabisbaixo. Temia que sua mãe não acordasse. Kamus sabia que Hyoga estava abalado com o que aconteceu e sentiu-se péssimo, pois não podia fazer nada para ajudar.
- Hyoga, já é tarde, é melhor você ir dormir.
- Não posso! Vou ficar aqui até ela acordar.
- Mas você precisa descansar. Não vai ajudar em nada você ficar aí, só vai deixá-la preocupada.
- Eu vou ficar aqui. É melhor você ir dormir, deve estar mais cansado que eu, o dia hoje foi cansativo.
- Hyoga...
Kamus achou melhor deixar Hyoga fazer o que quisesse. Detestava quando não podia ajudar seu filho, sentia-se inútil. Mas Hyoga também era muito teimoso, isso não ajudava. Apagou a luz e deitou-se, estava cansado. Dormiu.
Continua...
Yooo ^^/
Fazia tempos que eu queria postar essa fic, só agora criei coragem XD!! Espero que gostem, pq foi a fic q eu escrevi que mais gostei *o*~~!!
^^v
