Nem que fosse o Ultimo.

Sinopse: O que acontece quando Tiago dá uma folga para Lily? Ela ficaria feliz... ou sentiria demais a sua falta.

- Pelo amor de Deus, Potter – Lily estava em uma sala de aula que se esvaziava lentamente – O que foi que eu fiz para você me atormentar tanto?

- Conquistou meu coração? – Tiago disse com um sorriso sedutor, ao que Lily fez uma cara de profundo tédio – Por que você não acredita em mim?

- Por que você é um canalha que usa o mesmo jogo de sedução com todo o ser que usa saias? – Lily perguntou, com a expressão impassível. Tiago fez cara de desarmado e Lily deu um meio sorriso – Não está escrito "imbecil" na mina testa.

A ruiva saiu da sala, que depois desse longo diálogo (se tratando de Lily Evans e Tiago Potter, óbvio), já estava vazia. Tiago foi sensato e deixou a ruiva ganhar alguma dianteira pelo corredor.

"Daria qualquer coisa para esse infeliz me deixar em paz" era o que Lily pensava toda a vez que Tiago a vinha infernizar, o que não era pouca coisa, porque ultimamente Tiago fazia um convite pela manhã, dois pela tarde e mais um pela noite, isso quando não resolvia mandar bilhetinhos carinhosos ou desenhos fofos.

Lily havia tentado várias técnicas, como ignorar, mandar o fulano para lugares feios, gritar que nem uma louca... Nada havia dado certo.

Ultimamente usava a técnica do questionamento.

Exemplo:

- Lily, quer sair comigo?

- Por que?

Geralmente funcionava, mas Tiago já estava pegando o jeito de contornar as perguntas.

- A morte da bezerra predomina novamente – Lily ouviu uma voz divertida. Era Vick passando a mão espalmada na frente dos olhos da ruiva e rindo – Onde é que você estava?

- Longe. Muuuuito longe – Alice respondeu pela ruiva – Minha intuição me diz que tem algo a ver com a pequena reunião entre ela e Potter feita no fim da aula de poções...

- Odeio ter que admitir, mas tem mesmo – Lily afirmou, e as duas amigas fizeram uma horrorosa cara de espanto. A ruiva nunca admitira nada parecido – Calma, calma... não é nada disso do que vocês estão pensando. Eu só tava tentando arrumar um jeito de fazer o Potter parar com essa perseguição...

- Eu tenho uma idéia – Marlene chegava com o rosto vermelho de descer seis andares correndo – Que tal você dar uns amassos com o Potter em algum canto escuro? Com certeza ele ia te deixar em paz... Já teria conseguido o que ele quer mesmo...

- Grande ajuda, Marlene – Alice revirou os olhos, em uma mania que todas elas tinham pego de Lily – A Lily ainda não surtou a ponto de virar vadia de armário...

- Garanto que funcionaria... – Marlene insistiu.

A pena arranhava o pergaminho. Dos sons de todo o mundo bruxo, aquele som era o que ela mais odiava. Aquele "Rec...rec rec... reec" lembrava muito dos deveres malfeitos, e dos deveres que ela fez sabendo que não ia usar para nada no futuro. E ela ouvia esse som quase todos os dias.

O som só ficava mais agradável quando ela fazia poesias, ou escrevia em seu diário, ou fazia desenhos de fadas e elfos.

O que ela não daria para ter a sua lapiseira lilás e a sua caneta de tinta preta? Esquecera em casa, e seus pais ainda não haviam mandado seu estojo de lápis de cor.

- Meu reino por um pensamento seu – uma voz rouca sussurrou em seu ouvido.

- AHHH! – foi o sussurro-resposta de Lily. Se o ouvido de Tiago estivesse mais perto, com certeza ele teria ficado surdo que nem uma porta – Potter! Quantas vezes eu já disse para você parar com essa mania?

- Em quinze dias? Vinte e três vezes – Tiago tinha a resposta na ponta da língua. Lily não podia acreditar que ele havia contado tudo – Eu tomo notas de tudo o que você fala.

- Eu tenho que aprender a calar a minha boca – Lily murmurou, olhando para o teto, e ainda tentando disfarçar um jeito de encobrir a pele arrepiada – O que é que você quer?

- Nada. Apenas vim garantir que você lembre da minha existência – Tiago deu um sorriso de plástico que fez a ruiva rir – Estamos tendo progressos!! Você até já está sorrindo! Eu preciso anotar isso!

- Largue de ser imbecil e diga logo o que quer – A ruiva se impacientou e encarou o maroto nos olhos – Antes que eu me irrite.

- Irei direto ao ponto, já que você não quer esperar – Tiago se aproximou da ruiva sem quebrar o contato visual e a beijou lentamente, fazendo-a esquecer de tudo por um instante. UM ÚNICO instante.

- O que é que você está fazendo? – Lily perguntou sem mudar o tom de voz, mas extremamente vermelha.

- Te dando um beijo – ele lhe respondeu. Parecia que estavam discutindo sobre o tempo ou coisa assim – Acontece quando duas pessoas se gostam e...

- Eu sei o que é um beijo, Potter – Lily disse entre dentes, finalmente enraivecida – Ao contrário do que você pensa eu não sou nenhuma freira, e já beijei antes...

- Mas eu não disse nada!

- Mas fez! – Lily retrucou automaticamente, os olhos arregalados – Se você pensa que eu vou ceder aos seus encantos com meia dúzia de frases clichês e com beijos roubados e blá, blá, pode esquecer!

- E se você pensa que eu vou desistir por três ou quatro ameaças de monitora – Tiago disse com firmeza, encarando no fundo dos olhos da ruiva – Também pode esquecer. Eu não vou desistir, me ouviu bem?

- Ouvi perfeitamente – Lily respondeu com frieza. Na verdade ela tentava arrumar um jeito de parecer impassível, e seu cérebro demorava para formular as respostas – Somente duvido que vá prosseguir com isso por muito tempo. E se prosseguir, eu vou virar o seu troféu...

- Veremos...

- É, veremos.

(Obs: Esse aqui foi somente um exemplo do que normalmente acontecia entre os dois. O total de beijos roubados foram cinco. Sendo um no meio da aula de poções )

Tiago seguiu o caminho para o dormitório masculino às cegas. Não sabia se ficava contente por ter conseguido mais uma vez sentir o gosto dos lábios de Lily, que tinha um leve toque amargo, ele não sabia do que exatamente, ou se ficava com raiva de ela mais uma vez ter duvidado de seus sentimentos, que na verdade ele mesmo duvidava.

- Será que dá para a pomba descer do telhado e responder as minhas perguntas? – Tiago sentiu uma paulada no ombro, e de repente viu o rosto de Sirius piscando de maneira feminina a dez centímetros de seu rosto – Não me obrigue a fazer isso de novo!

- Você ficou maluco? – Tiago deu um pulo para trás, caindo em cima da cama de Remo – Eu não sabia que você tinha mudado de time, Sear... O que as suas fãs vão dizer?

- Vai à merda, Tiago! Eu não ousaria desmunhecar na melhor fase da minha vida – Sirius deu um sorriso misterioso, e Tiago o olhou com uma expressão indagadora. Sirius ignorou – Me diz onde é que você estava. Já!

- Se você adivinhar eu te dou um beijo – Tiago disse desanimado – Tá, você não vai querer adivinhar com esse prêmio... Estava arrumando um jeito da Lily...

- Te notar. Eu imaginei que fosse isso – Sirius responde, com ar do professor de Adivinhação – O que aconteceu agora?

Tiago permaneceu encostado na cabeceira da cama de Remo, enquanto relatava tudo o que tinha acontecido na Sala Comunal.

Em certo momento, Sirius pegou um bloquinho de papel e parecia estar anotando tudo o que o amigo falava.

- Certo. Então você a beijou e ela disse que não ia se render por causa de meia dúzia de beijos? – Sirius perguntou, olhando de esguelha para o amigo.

- Pensei que você estivesse anotando – Tiago o olhou desconfiado.

- Aaah não!! Isso aqui é um desenho que eu fiz do armário – Sirius disse com um sorriso sem jeito, ao passo que Tiago poderia arrancar as tripas do moreno com o olhar – O que você dizia?

- Ah, eu não vou repetir – Tiago impacientou-se, levantando da cama e sentando no beiral da janela fechada – Valeu a tentativa, mas você não ajudou, Almofadinhas.

- Qual é cara! Eu consigo fazer duas coisas ao mesmo tempo! Eu entendi o que você falou – Sirius deu dois tapinhas no amigo e o encarou – Escuta, Pontas, pode parecer escroto o que eu vou dizer, mas... por que você não tenta dar um tempo pra Lily?

- O que? – Tiago desviou sua atenção dos jardins, encarando o rapaz sem nem piscar – Está dizendo para eu esquece-la?

- De jeito nenhum, meu caro Pontas – Sirius respondeu tranqüilo – Estou dizendo para você dar um tempo para ela pensar. (aqui Tiago faz uma cara de dúvida espantosa) Será possível que você fundiu seu cérebro?

- Eu só não consigo entender!

- Olha, vem, vamos até a cozinha comer alguma coisa e no caminho eu te explico.

Abriu os olhos.

Estava um dia claro de outono, porém o sol não estava com muita vontade de acordar, assim como ela.

Como ela detestava segunda-feira! O horário mais chato, as aulas mais complicadas, o sono dominando todo o seu ser.

Ela podia virar para o outro lado e fingir que o despertador não tinha tocado, ou dizer que ela não tinha dormido nada durante a noite, mas a época de poder fazer isso já tinha indo embora, então ela não teve outro remédio senão levantar.

- Bom dia, meninos – Lily disse sem muito ânimo, sentando-se à mesa da Grifinória.

- Credoo, que cara é essa? – Vick perguntou ao olhar pela segunda vez para a amiga – Parece uma daquelas lesmas-adubo da Sprout.

- Eu sei que eu acordei com a cara inchada, Vick – Lily revirou os olhos enquanto se esticava para alcançar a geléia de uva – Não precisa contar para a escola inteira.

- Bom dia, Evans – A ruiva ouviu uma voz dizendo seu nome, e se virou a tempo de ver um Tiago Potter com cara de sono sentando-se ao lado de Remo na mesa.

- Bom dia. – Ela respondeu, fazendo uma cara de intrigada para Alice – Me chamando de Evans? Será que os anjinhos dos céus atenderam as minhas súplicas?

O dia terminou e o máximo que Tiago dirigiu a Lily foi um "com licença" estritamente necessário, o que ao fim do dia garantiu um sorriso de orelha a orelha e uma guerra de travesseiros patrocinada pela monitora no dormitório do sétimo ano.

Duas semanas se passaram, com uma Lily cada dia mais feliz e sorridente, que ajudava as pessoas e não ralhava com primeiranistas que falavam alto depois das onze da noite.

Certos dias ela até chegava a acobertar alguns fatos que ela sabia serem dos marotos, tudo para evitar o contato que Tiago se esforçava em não manter, ou seja, na mente de Lily, aquilo era tudo o que ela tinha pedido.

- Lily, tudo isso é porque o Potter não quer mais sair com você? – Vick perguntou, dando uma piscadela quase imperceptível para Alice – Essa felicidade toda é por que ele não te quer mais?

- O que disse? – A frase causou o impacto que as amigas estavam querendo causar, pois aí sim a ficha caiu – Disse sobre o Potter não me querer mais?

- Foi. Pelo o que eu fiquei sabendo, ele desistiu de correr atrás de você – Alice respondeu, fazendo Lily virar a cabeça para ela – Não sei quem ele quer agora...

- Por mim, ele pode querer o capeta, amiga – Lily disse, com a expressão impassível – Eu conquistei a minha merecida paz, e talvez eu vá com o Fábio Prewett no próximo fim de semana em Hogsmeade...

- Ah, sim... ele é um cara legal – Vick disse titubeando, por essa notícia elas não esperavam. Toda a sorte do plano delas era de que o fim de semana de Hogsmeade estava a um mês e meio de acontecer.

As amigas deixaram a ruiva sozinha, pois iriam resolver alguns deveres pendentes na biblioteca antes de o fim de semana começar realmente.

Assim que se viu sozinha, Lily parou para pensar no que Vick tinha dito, que como a amiga esperou que fosse e a ruiva nem ao menos imaginava, tinha sido para causar impacto. "Tudo isso é porque ele não te quer mais?" ecoava em sua mente sem um motivo plausível.

A ruiva procurava afastar esse pensamento da cabeça, imaginando tudo o que poderia fazer agora que o Potter não a irritava mais, imaginando quantos sorrisos de graça ela já havia dado, e quantas manhãs incontáveis ela já não tinha acordado com um bom humor inexplicável, só de saber que não teria que inventar um milhão de maneiras de dar foras no garoto insistente.

Estava sendo bem melhor daquele jeito.

- Eu já disse, cara – Tiago reclamava olhando pela janela – Ela não está nem aí, esse plano imbecil não vai funcionar.

- O plano imbecil vai funcionar sim, Pontas – Sirius se justificou, com um tremendo ar de presunção – Porque fui eu que tive a idéia.

- Mas se você não percebeu, se passaram duas semanas e não aconteceu nada – Tiago fechou a cara e lançou um olhar para Remo, que fazia algumas anotações vagas em um pergaminho – Aliás, aconteceu sim: A Lily só parece melhor e melhor. Sorri de graça para qualquer um, acho até capaz de ela perdoar o Snape por aquele episódio no fim do quinto ano.

- Não seja imbecil, Pontas, a Lily não é nenhuma boba – Remo se manifestou finalmente, tendo antes uma crise de impaciência, amassando o pergaminho e depois tocando fogo – Como você mesmo disse, se passaram apenas duas semanas. Ou será que você esperava uma Lily Evans descabelada, com pijama de flanela e de joelhos da porta do nosso dormitório com o rosto vermelho de tanto chorar, gritando por seu amor três dias depois de você ter fingido desistir?

- Eu detesto isso, Pontas, mas o Aluado tá certo – Pedro disse, saindo do banho naquele momento (n/a: acho que eu já avisei que nas minhas fics o Pedro não é tão bobinho, pois senão não teria entrado para o clube do maroto (se é que isso existe) ele só tem um Q.I um pouco mais baixo, gente). – Deixa a Lily ser feliz um pouco, deixa ela respirar. Daqui a pouco ela percebe que você faz falta.

- Eu duvido muito que ela sinta, Rabicho – Tiago suspirou devagar, mas fez uma força tremenda para não assumir uma expressão triste. Mesmo ao lado dos amigos não queria demonstrar insegurança, ou que estava realmente apaixonado – Veremos...

- Você realmente gosta dela, não é? – Remo perguntou diretamente, era realmente muito difícil esconder algo de um maroto.

- O quê? – Tiago perguntou com um sobressalto, os garotos riram – Não! Quer dizer... eu não sei... ultimamente eu tenho pensado bastante nisso, eu... sabe, ela acabou se tornando especial para mim, sem querer...

- Cedo ou tarde isso acaba acontecendo – Pedro disse, olhando para as cinzas do pergaminho de Remo, com a cabeça em algum outro lugar – é daquelas coisas que a nossa avó fala e que acabamos dando risada...

- Mas que no final acabam se tornando verdade – Sirius completou, manifestando-se depois de algum tempo em silêncio, o que não era comum – é uma questão complicada a ser tratada, entendo... mas pelo amor de Deus, estamos em uma tarde de sábado discutindo sobre supostos casos amorosos e ditos de avó! Estamos parecendo garotas entediadas! O que acham de fazermos algo produtivo?

- A atitude de Sirius foi recebida e aceita com louvor, praticamente cem por cento do grupo aceitou. Diga-se que os três sorriram e fizeram uma baita festa enquanto levantavam-se e desciam as escadas para a Sala Comunal.

Tiago ficou por último, amarrando o cadarço dos sapatos, e Remo tinha feito o favor de espera-lo.

Como o Maroto que estava agachado pôde dar uma esquadrinhada na sala, viu um grupo de amigas sorridentes fazendo uma discreta guerra de almofadas a um canto. Deu um meio sorriso, mas logo viu a mais ruiva avistar o seu amigo monitor que estava de pé fazendo hora ao sei lado. A ruiva se encaminhou para onde estavam, fazendo assim, todos os medos de Tiago se confirmarem: situação embaraçosa a vista

- Hei, Remo! – A ruiva estava um pouco despenteada e com o rosto afogueado. Ela e suas amigas deviam estar numa daquelas sessões palhaçada, imaginou Tiago – Será que você poderia me emprestar aquele projeto da decoração do baile...?

- Claro, Lily. Mais tarde eu dou uma revirada na minha mochila e entrego para você – Remo sorriu discretamente o ver Tiago se levantando de onde estava – Já, Pontas?

- Aham – Tiago fez uma cara estranha, pois estava com medo de acabar fazendo uma besteira enorme, e arrumar um escândalo na Sala Comunal – Boa Tarde, Lily, resolveu tomar ar fresco?

- É, tô aproveitando a falta de marotagens na área – A ruiva sorriu levemente e deu uma piscadela. Tiago tremeu – Você pelo jeito resolveu se acalmar, não?

- Na verdade, estávamos saindo para o nosso Romeu aqui passear – Remo abraçou Tiago pelo ombro, sorrindo ao notar que o amigo estava gelado – Ele anda muito murchinho ultimamente, e o resto do grupo não agüenta mais ficar parado...

- Entendo. – Lily olhou para o alto, dando um suspiro de cansaço forçado – Isso significa que eu vou ter trabalho extra essa noite?

- Não se você não passar pelo corredor do quinto andar – Tiago sorriu maroto, segurando-se para não dar uma resposta inteligente – Não será muito grave, somente algo que envolva um Severo Ranhoso com os cabelos coloridos, ou com a calça transfigurada em calça de pijama...

Lily não pôde deixar de rir. O tom de voz de Tiago, como se não se importasse e o olhar que ele lhe lançou foram tentadores demais. Os marotos se despediram da monitora que não se empenhou realmente em mudarem de idéia e seguiram o caminho que pretendiam.

A ruiva se afastou desfazendo o sorriso que ainda mantinha nos lábios, sem perceber.

O jeito que ele a havia olhado, a maneira como sorria... todas as coisas que ele fez de maneira natural... Não, ela não podia estar pensando no crápula do Potter daquele jeito.

Ela abiu os olhos com a claridade que entrava por uma festa do cortinado de sua cama, como naqueles filmes de romance, ela pensou, e sorriu sonolenta. Havia terminado todo o dever de casa na noite anterior, e teria o dia livre para fazer o que quisesse.

Depois de tomar um banho rápido, a ruiva se arrumou de qualquer jeito e saiu do dormitório para tomar café da manhã com as amigas que já não estavam mais na cama.

- Bom dia, meninas – ela as cumprimentou jovialmente – Por que ninguém me chamou?

- Chamamos – Vick respondeu concentrada na quantidade de suco que colocava em sua taça – Mas a bela adormecida aí me mandou para um lugar feio...

- Jura? Me desculpe, Vick, eu não me lembro de ter feito isso – Lily ruborizou, mas riu – É que eu fiquei até tarde adiantando meus deveres...

O resto da frase de Lily, ninguém ficou sabendo. Tudo porque uma ilustre aparição no Salão Principal chamou atenção de todos: Severo Snape com um lenço florido na cabeça, tentando caminhar discretamente até a mesa da Sonserina, mas metade do salão explodiu em risadas antes mesmo que ele desse três passos.

- Ele está parecendo a minha avó quando faz permanente nos cabelos! – Alice exclamou ofegando de tanto rir – Por que é que ele está com essa coisa ridícula na cabeça?

- Porque está com o cabelo verde-limão – Lily enxugou as lágrimas dos olhos, para em seguida começar a rir de novo.

- E porque ele não aprendeu direito a fazer transfiguração humana – uma voz risonha disse atrás das meninas, era Sirius. Estava mais vermelho do que os cabelos de Lily de tanto que ria.

- Ainda bem que eu não impedi vocês de fazerem isso – Lily declarou calmamente, dando uma piscadela para os meninos – Eu estava mesmo precisando dar umas risadas... Foi genial!

Os marotos de inclinaram como se estivessem apresentando uma peça teatral, e seguiram o caminho que os levava aos lugares vagos da mesa da Grifinória.

- Meninas, eu estava pensando em dar uma volta pelos terrenos – Lily disse, retomando o assunto – O que vocês acham?

- Seria uma ótima idéia – Alice disse, remexendo o seu cereal com leite – Se eu e a Vick não estivéssemos atoladas até o pescoço de dever de casa.

- Antes que você se ofereça a nos ajudar, Lily, eu tenho uma proposta a te fazer – Vick declarou, pois sabia que a ruiva seria bem capaz de fazer todos os deveres novamente – Dê um tempo para você, se arrume e vá dar uma volta. Você está precisando relaxar um pouco.

- Bom, eu ajudaria vocês a fazerem os deveres, mas você teve uma idéia melhor – Lily deu uma piscadela alegre para Vick – Como recompensa, os meus deveres estão dentro do livro de História da Magia, na minha bolsa. Mas por favor mudem as palavras, senão levaremos um zero!

A notícia causou um pequeno escarcéu entre as duas amigas: Abraços e beijos de amizade em Lily e declarações de "eu não vivo sem a minha monitora descabeçada" e etc. não pararam de chover, durante uns cinco minutos.

A ruiva saiu do Salão Principal ainda rindo da festa que recebeu, e seguiu para a torre da Grifinória para se arrumar.

Depois de alguns minutos, ela estava pronta para não fazer nada. Sorriu de seu pensamento, e desceu para os jardins.

Depois de não encontrar lugar nenhum, resolveu andar pela propriedade, talvez dar a volta no castelo, ou passar pelas estufas.

Gostava de fazer isso, andar sozinha para se entender, para calcular tudo o que poderia ser e fazer. Fazia isso com freqüência até o quarto ano, até que os deveres começaram a afastar desse "Hobby".

Foi andando devagar, suas sandálias de salto plataforma amassando a grama.

Era estranho, ela estava se sentindo pesada por dentro, como se houvesse algo que ela estivesse ignorando. Essa sensação não era normal nela, então ela resolveu "explorar" o sentimento.

Engraçado, o Potter a havia deixado em paz, mas a felicidade que ela parecia ter desejado tanto, agora não parecia tão atraente. Ela sentiu que de alguma forma, essa tão desejada felicidade era levemente forçada. Levemente não, era forçada. Bastante.

"Legal, o que eu estou pensando? Tantas coisas para pensar e eu vou pensar logo em quem eu não preciso? Senhor, eu estou ficando louca", pensou a ruiva, em um monólogo interno silencioso.

Naquele momento ela tinha que pensar, tinha que resolver todo o tipo de pendência que tinha consigo mesma, era uma espécie de cobrança que sua consciência lhe fazia.

Voltou a deixar seus pensamentos fluírem com liberdade, sentando-se ao pé de uma árvore na orla da floresta, escondida de todas as janelas de Hogwarts.

Ela não conseguia acreditar na conclusão em que havia chegado, e reavaliou a situação pelo menos três vezes.

Potter estava lhe fazendo falta!!!!

Não que ele não estivesse presente durante os últimos dias, estava normalmente, e esse era o problema. Estava tudo normal demais.

Nenhum convite, nenhuma palhaçada... Lily estava tão acostumada com essas coisas vindas de Tiago, que só foi dar valor quando perdeu. Ah, não! Perdeu? Ela não poderia ter perdido, ele jurou que não ia desistir! "Isso foi antes do centésimo rodo que ele tomou te convidando para sair, Lily. Você estava preocupada demais planejando qual seria o próximo fora para prestar atenção no que eu dizia: Todo mundo cansa um dia!". Tinha um caso perdido, um coração apertado, um buraco dentro de si mesma e uma consciência "muy amiga". Não lhe faltava mais nada.

Levantou-se de onde estava com uma tremenda dor nas costas, mas ainda assim levantou somente pela dor no estômago, que reclamava de fome.

Devia ser pelo menos quatro horas da tarde, ela calculava ter ficado se remoendo durante pelo menos seis horas seguidas. Era um recorde mundial, ela não podia acreditar que perdera seis horas para calcular que SENTIA FALTA DE TIAGO POTTER.

Entrou no dormitório e se deparou com suas amigas largadas em diversos lugares. Alice estava sentada-deitada em sua cama, Vick estava largada em um dos tapetes do quarto e Marlene olhava pela janela, sentada do peitoril largo da parte interna.

- Você estava sozinha até agora? – Vick perguntou com os olhos arregalados quando a amiga encostou a porta.

- E eu estaria com quem se vocês três estão enfiadas aqui dentro? – Lily perguntou, sentando-se na beira da cama e massageando as costas – Papai Noel não existe para me fazer companhia.

- Não me culpe por minha preguiça – Alice disse sonolenta, enquanto se endireitava – Você poderia estar com o Potter, por exemplo...

- Por que você fez essa cara de enterro? – Marlene perguntou, olhando Lily de maneira indagadora – Foi só citar o Tiago que...

- De onde você tirou que eu fiz cara de enterro? – Lily não percebera a expressão na hora, mas soube ser verdade depois que a desfez – Você deve ter fundido seu cérebro...

- Mas eu também vi... – Arriscou Alice do seu canto, seguido de um aceno afirmativo de Vick, indicando que a terceira também havia visto – O que há?

- Alucinação coletiva – Lily justificou na cara larga, mais por não querer preocupar as amigas do que por orgulho.

- Me engana que eu gosto – riu Marlene, espreguiçando-se e sentando-se na cama de Lily – Vamos, pare com essa palhaçada e diga o que aconteceu.

- Você falou com ele? – Vick perguntou, aproximando-se da cama de Lily.

Lily contou a sua conclusão, depois de muito ensebar, e de uma chuva de almofadas errantes em sua cabeça.

- Você está querendo dizer que quer sair com ele? – Vick perguntou, incrédula – Depois de ele ter desistido de você?

- Vick, não seja insensível! – Alice lançou um olhar severo para a amiga – o que temos é uma suposta desistência.

- Qual é a diferença? – Lily desabou para trás. As vezes ela pensava que Vick não tinha tato e que podia ser mais compreensiva diante dos sentimentos alheios – Nos dois casos a palavra desistência aparece mesmo...

- Mas temos uma Suposta no caso real – Marlene argumentou sabiamente – Analisando friamente, Lily, nenhuma de nós viu o Potter com outra garota por aí.

- Até aí não é uma coisa muito concreta – Lily era otimista ao extremo quando precisava – Existem muitos armários pelo castelo afora...

- Se você colaborar e parar de ficar se lastimando, vai ser de grande ajuda – Vick se ergueu de onde estava, indicando que iria discursar – Pense! Você é monitora e faz ronda todos os dias, Lily. Você encontrou algo de sobrenatural em algum armário?

- Isso não significa nada...

- Não me venha com a sua teoria maluca de que Potter é um ET de marte e que pode se teletransportar para a lua para poder namorar longe de você – Marlene interrompeu Lily um tom de voz mais alto, fazendo a ruiva se calar na mesma hora – Você sabe que isso e cabeçadurismo seu, e que não existe nada parecido.

Lily não ousou retrucar. Mais pelo fato de que Marlene tinha uma almofada enorme na mão do que pelo próprio argumento.

- O que é que você vai fazer? – Alice perguntou calmamente, tentando não deixar a ruiva nervosa.

- Tomar um banho – respondeu calmamente, levantando e dirigindo-se ao seu guarda roupas – depois eu penso um pouco no que fazer.

A fuga pela porta dos fundos não iria ajudar em nada, ela pensava, pois já estava tentando dar uma remendada na situação cinco minutos depois, e por mais que tentasse não pensar, ela sempre acabava batendo na mesma tecla. Lembrou-se que aquela conversa já havia se passado havia quinze dias, e ela continuava insistindo de que aquilo era uma maluquice da sua cabeça, uma fase da lua ou Áries em quadratura com Urano, que fazia as pessoas imaginarem coisas que não existiam. Agora via que de nada ia adiantar ficar arrumando desculpas esfarrapadas como as que estava arrumando.

"A verdade é que você está com medo de enfrentar a situação", dizia uma voz irritante em sua cabeça, ao passo que Lily retrucava "Eu nunca tive medo de enfrentar situação nenhuma, por que eu teria agora?" e a resposta ferina que recebeu foi "Por que você não tem certeza do que o Potter quer fazer com você, e você passou tanto tempo sem arriscar nada que agora está com medo de deixar tudo para trás"

"Tem razão, é isso mesmo! E agora, o que eu devo fazer?" Lily perguntou, dando-se por vencida.

"E você quer que eu saiba?"

Lily balançou a cabeça resignada e voltou a fazer os deveres, aqueles que ela tinha parado de fazer para devanear sobre conversas antigas e discussões com sua consciência.

Depois de errar pela quinta vez o nome da planta que curava venenos de cobra comum, Lily se irritou com sua mão cheia de tinta, que acabou manchando o pergaminho, que por sua vez ficou parecendo um chiqueiro, e amassou todo o dever, atirando o para dentro da lareira, juntamente com a pena, cuja ponta engrossou e já não dava mais para diferenciar o "j" do "q".

- Cacete! – Resmungou Lily esfregando um papel velho na mão, limpando a sujeira – Que inferno!

- O que sua mãe iria dizer se te ouvisse praguejando como uma desvairada? – perguntou uma voz atrás de si, fazendo-a se sobressaltar – Assustada?

- Desprevenida. – Ela retrucou rapidamente, nem bem ele tinha terminado de falar – O que é que você quer?

- Só estava de passagem – ele disse vagamente, olhando pela janela distraído – Você pelo jeito estava fazendo os deveres...

- Estava tentando, mas acho que no momento não estava com cabeça para isso – ela respondeu, também olhando para as sombras da floresta – Onde é que você estava?

- Dando uma volta pelos jardins – ele respondeu sinceramente – sozinho.

- Sozinho? – ela ergueu uma sobrancelha. O bicho que se retorcia em suas entranhas sorriu aliviado como ela não pôde fazer na hora – Pode ser perigoso...

- O que? – ele arregalou os olhos, e deu uma gargalhada gostosa. Lily fez cara de interrogação – Você está se preocupando comigo?

- Não... erm... bem. Você poderia ser detido confessando isso para uma monitora – Lily tentou se recompor, mas estava vermelha como pimentão – E se eu estivesse me preocupando?

- Hum... Isso é tão difícil de imaginar que eu não tenho uma resposta à altura – Tiago respondeu sinceramente, mas sem perder a pose – Te daria um beijo estaria a sua altura?

- Não. – Lily rebateu de primeira, revirando os olhos em seguida – Você não estava só de passagem?

- Nossa! – Ele exclamou arregalando os olhos e se virando – Você me mandou embora na cara dura... Nunca mais me procure, Evans.

Tiago disse em tom de brincadeira, mas o sobrenome dela, junto com o resto da frase e a situação causaram tamanho desespero que ela se levantou:

- Não! – Sentiu sua mão se fechar no pulso do moreno. Ele se virou e olhou para ela com a sobrancelha erguida. Ela o soltou rapidamente – Não vá... a conversa tava boa... quero dizer...

- Não precisa se explicar – Tiago deu um sorriso suave, longe daquele sorriso desdenhoso que ela esperava que ele fosse dar depois do "momento suicida de Lily" – A conversa realmente estava boa.

Tiago se encaminhou para a lareira, reavivando o fogo, em seguida sentou-se próximo do fogo. Estendeu as mãos em direção ao calor:

- Adoro essa sensação de estar aquecido – ele disse a esmo, olhando para a claridade dourada que iluminava seu rosto – Mesmo não estando frio, é tão aconchegante...

- Eu nunca parei para pensar nisso – ela confessou, e em seguida estava sentada ao lado de Tiago, com os braços igualmente estendidos – Sensação de proteção, de estar dentro de casa e ninguém poder te fazer mal.

Estar ao lado de Tiago em um momento tão aconchegante era bom, ela percebeu naquela hora que não tinha mais volta, percebeu que ele lhe fazia bem. Se seguisse seus impulsos, nesse momento estaria encostada no ombro do moreno, mas ainda lhe restava um pouco de autocontrole.

- Lily, você deixou esse corpo? – Viu uma mão passando diante de seus olhos – Que bom, pensei que você tivesse morrido. Onde estava?

- Não muito longe – ela disse, arrumando os cabelos. Não podia acreditar que tivesse ido tão longe na presença de alguém – Me desculpe, acabei me perdendo em pensamentos...

- Não é a primeira vez que eu vejo que você devaneando – ele assumiu, olhando-a, preocupado – Está acontecendo alguma coisa com você, Lily?

- Não é da sua conta – ela disse rispidamente, parecendo notar pela primeira vez que era Tiago que estava ao seu lado – Não tem necessidade de estar preocupado comigo.

- De volta a antiga Lily – ele revirou os olhos. Lily não sabia se ele estava tentando imita-la, mas se estivesse, estava sendo perfeito – Estava demorando. Escute, eu acho que estava muito bom o nosso relacionamento de conhecidos, e se eu perguntei é porque eu estou preocupado com você, se você não quiser falar, basta apenas não falar.

- Me desculpe – Tiago dando lição de moral em Lily, Lily pedindo desculpas... Se as coisas continuassem nesse ritmo, em breve porquinhos iriam passar voando pela janela – Eu não quis ser rude com você.

- Está tudo bem – Tiago sorriu simpático para a ruiva, novamente um sorriso lindo, diferente dos que dava quando estava galinhando – Não querendo ser chato, mas você não vai me falar o que te aflige?

- Um dia talvez eu fale – Lily respondeu calmamente, levantando-se do chão – Hoje eu estou com sono demais, e amanhã tem aula. Até amanhã, Potter.

Tinha sido como estar no céu, como poder encostar em uma nuvem e saber, ao contrário do que os cientistas dizem, que elas são feitas do mais puro algodão.

Falar com ela era o mesmo que andar sobre a água e dar um mergulho ao mesmo tempo. Como ouvir um rock agitado em um momento de alegria. Enfim, uma sensação indescritível, mas muito boa de se sentir.

Ele subiu para o dormitório acreditando que o mistério da humanidade tinha sido resolvido, e que nada poderia abalar o que estava sentindo.

Ela era doce, simples, não tinha nenhum tipo de charme forçado, era tudo natural.

Ele podia repetir essas conversas para o resto da vida dele, se fosse escolher uma cena para repetir.

Foi dormir satisfeitíssimo, e acreditou assim que fechou os olhos, que estaria com um tremendo ataque de bom humor na manhã seguinte.

E novamente ela encostou o pergaminho na mesa e espreguiçou-se como um gato. Levantou e circulou a sala por duas vezes.

Decidiu que iria passar do banheiro dos monitores para tomar um banho antes de ir para a Sala Comunal. Se ela continuasse a se sentar daquela forma para fazer os relatórios que pediam, estaria com as costas inutilizadas antes dos trinta anos.

Trancou a sala dos monitores e em menos de três minutos já tinha afundado na água quente da banheira-piscina.

Enquanto mergulhava na água ainda sem sabão, imaginava como poderia estar agüentando a falta de Tiago, que mesmo estando presente, estava distante, e mesmo que ela quisesse manter qualquer tipo de relacionamento com o moreno, seria inútil, já que até mesmo suas amigas já tinham dito que Tiago não a queria mais.

Não a queria mais. Essa frase era tão forte que lhe causava arrepios até mesmo debaixo da água, fazendo-a sentir-se como uma das milhares de mulheres que haviam no mundo, sem nenhuma diferença ou semelhança. Alguém que apesar de nem mesmo ter sido usada, sentia-se como um nada.

Resolveu deixar esse assunto para outra hora, de preferência uma que não tivesse mais absolutamente nada para pensar.

A verdade é que tudo que ela tinha era nada mais nada menos o que ela tinha escolhido para si mesma. O que diabos ela estava pensando quando humilhou a pobre alma de Tiago Potter tantas vezes? Certo, ele não era nenhum anjo de canduras, nem de ponta cabeça, mas o ego dele podia estar ferido por causa dela. Analisando friamente, ela também não gostaria de tomar o monte de rodos que Tiago tomou em menos de três anos. Se bem que ele também havia sido teimoso... Por que ele tinha que ter se metido com ela? O que ela, a monitora certinha e insuportável, que cansou de dar merecidas detenções a ele e seus amigos, teria de diferente das outras garotas? Ela só se perguntava por quê...

- Lily, se toca! Você fez a merda, você que responda por ela e fim de assunto – Lily monologava, fazendo sua voz ecoar pelo banheiro, cuja porta ela tivera o bom senso de aplicar um feitiço de imperturbabilidade – Se você o quer, vá atrás... Se bem que ele vai fazer questão de te pisotear, e quando aceitar qualquer coisa, vai ser depois de você ter levado o dobro de foras e te ver bem cheia de terra...

N/A: Lembreeeei de colocar uma nota no fim d capítulooo

D

eu sempre esqueço de fazer isso e acabo passando como uma autora fria e malvada que nem comenta o fim do capítulo

Espero que vocês gostem desse cocozão que eu fiz, e espero que comentem, nem que for pra xingar a minha mão por ter colocado no mundo ser de tamanha bizarrice no lugar do cérebro e etc...

Quero agradecer a todos os leitores que chegaram até aqui... Se tudo correr bem e eu tiver uma boa aceitação, eu posto outro capítulo (talvez o ultimo u.u) sábado ou domingo. E se eu não tiver nenhuma crise de criatividade emocionalmente abalada... hueheuheuheu

Beeeeeeeeeijos!!!!!