Pouco antes de derrotar Yatsude, Hiei reclamou que Kurama não parava de
falar. Kurama disse "Vamos resolver isso depois". Eis o acerto de contas.
Kurama ajeitou Maya cuidadosamente num banco de uma praça qualquer. Hiei, que observava de longe, deu três passos curtos até o ruivo.
- Você fez algo mais do que apagar a memória dela? - perguntou Hiei, surpreendendo Kurama, que se virou.
- Como você...? - Kurama olhara nos olhos de Hiei, que deviou o olhar parecendo sem jeito. - Acho que te subestimei... - riu abafado pelo canto da boca. Kurama voltou-se para Maya, que agora estava fora de si, adormecida. Hiei virou a cabeça enquanto presenciava a cena.
- Você gosta dela? - pensou e falou. "Eu falei isso?"
- Não... não sei - fez uma pausa. Kurama olhou para Hiei, que parecia meio encomodado com a cena - Talvez eu goste... - O koorime olhou para Kurama ."Minha garganta secou...? - mas não do jeito que ela gosta de mim - sorriu.
- Hn. - sussurrou. Hiei afastou-se um pouco de Kurama, virando-se.
- Hey - gritou Kurama - Vamos aproveitar - Hiei virou para Kurama, espantando.
- O que? - Kurama riu.
- Está com fome?
Na casa de Kurama, uns cinco minutos depois;
- Então - disse Kurama sentando no sofá avermelhado e macio - Estamos sozinhos aqui, mamãe provavelmente está na casa de alguma amiga e...
- O que você quer dizer com isso? - interrompeu Hiei, que devorava um pedaço de bolo de chocolate por puro nervosismo. Hiei olhou seriamente para Kurama, que sorriu meigamente.
- Eu disse que a gente se resolver depois de derrotar o Yatsude - Hiei corou e ficou paralisado.
- Ah - "Baka" - pensou. Kurama largou um copo no chão e levantou-se, olhando para Hiei - A sala é muito pequena para lutarmos - disse Hiei com um tom bravo. Kurama riu enquanto deixara cair duas bolotinhas marrons mínimas, o koorime não deu atenção a elas. Hiei levantou-se, não estava gostando das risadas de Kurama. Pegou sua katana e esperou que Kurama fizesse algo, mas, Kurama não fez nada.
A cena ficou a mesma durante uns cinco minutos: Hiei em posição de ataque a Kurama com um sorriso que quase não se percebia. Frente a frente.
- O que você tá esperando? - perguntou Hiei, que parecia irritado com Kurama. Kurama aproximou-se do koorime. Tocou seu queixo, fazendo Hiei gelar.
Hiei ficara imóvel. Era a primeira vez que alguém tocara nele sem ter ódio nos olhos, muito pelo o contrário.
- Ninguém falou em briga... - Hiei encarou Kurama, sério - Eu disse que a gente ia resolver o assunto de calar a minha boca... - Hiei paralisou novamente. Kurama ia chegando cada vez mais perto do koorime, com passos cautelosos.
A katana de Hiei escorregou de sua mão, assim, caindo ao chão fazendo um barulho estranho. Um cheiro adocicado preencheu o ar.
- Tem várias maneiras de calar a minha boca, Hiei - disse Kurama, trazendo Hiei para perto de si. Hiei não conseguia reagir... mesmo se quisesse. Estava dopado, talvez pelo aroma no ar. "Caiu direitinho...", pensou Kurama. - O que você está esperando? - sussurrou ao pé do ouvido de Hiei. Hiei não podia fazer nada, a não ser seguir desejo estranho que o dominara. Aos poucos, Hiei ia fechando os olhos assim, aproximando sua boca a boca de Kurama, que o esperava. Kurama sentia o calor do corpo de Hiei, que parecia aumentar pouco a pouco. Kurama pegou no queixo de Hiei, abrindo sua boca. Hiei encaixou suas bocas. Suas línguas pareciam mais sincronizadas do que os dois lutando contra Yatsude. Aos poucos, o aroma ia sumindo do ar...
Hiei abriu os olhos, rompendo o beijo, empurrou Kurama. Estava pálido e incrédulo. Recolheu a sua katana no chão e foi em direção a janela aberta.
- Acho que valeu a pena ter apagado os sentimentos da Maya - disse Kurama, com um olhar malicioso. Hiei virou-se para a janela.
- É... - disse baixo sumindo da vista de Kurama.
- Volte quando quiser... - sussurrou.
