LIGHTHOUSE
Leave a light on in the wild
Cause I'm coming in a little blind
Em sabedoria dos seus últimos suspiros, Aemon Targaryen tinha duas certezas: os seus olhos não poderiam ver mais as cores do mundo, mas os seus sentidos permitiram-lhe conhecê-lo. Os cento e dois dias do seu nome revelavam conquistas arrebatadoras. Podia ter sido rei, mas não foi. Podia ter governado sete reinos na palma das suas mãos, agora enrugadas, mas não quis. Aemon nada conquistou, apenas foi conquistado pelas palavras, pelo peso dos aros grossos entrelaçados uns nos outros. A sua corrente marcava tudo aquilo que ele havia reclamado para si: sabedoria, sensatez e melancolia. Um Targaryen não chora, um Targaryen arde por dentro até ao final da sua vida.
Aemon viveu para ver uma dúzia de comandantes na Muralha. Aemon viveu para para ver o retorno dos outros. Aemon viveu na esperança de voltar a ver dragões com os seus próprios olhos. Aemon morreu sem os sentir, como conquista abstracta.
Eu senti-os em mim. Eles são descendentes de R'hllor. Eles existem.
Os olhos dele humedeceram.
Por favor, mulher, não alimentes esperanças vãs em mim. Não acendas aquilo que se voltou a apagar. De repente, sentiu os dedos calorosos dela na sua face. Sentiu o hálito doce e quente dela nas suas narinas.
Minhas palavras são vãs comparando ao que sentes no teu coração. E tu sabes. E sabes também que tudo tem um preço, maester… Sentiu a mão dela a descer até à sua e de repente o calor transformou-se em frio. Um gelo cortante que cortava a sua num pequeno corte. Ouviu sangue a cair sobre algo, mas Aemon apenas contraiu os lábios e nada mais.
Sabes que só assim a posso ajudar. Ele sentiu os lábios dela comprimirem-se contra as suas rugas, dando um pequeno, leve e rápido beijo, abandonando-o apenas com uma pequena cicatriz.
Enquanto chovia torrencialmente sobre o seu corpo, o vento fustigava contra a sua cara, tão forte que a sua corrente baloiçava ligeiramente no seu peito. Agarrou-a e afagou-a. Sentiu um sabor metálico na boca. Proveniente do mesmo sabor que tinha deixado à mulher vermelha. Sentia que tinha vendido a sua alma, mas não havia preço para tal valor.
Inspirou profundamente e soube que algo era diferente. Soube que realmente criaturas do seu sangue existiam. Ponderou estar louco, mas nenhum homem em sua perfeita consciência não o pondera. E pela primeira vez em anos sorriu. Sorriu por estar certo. Sorriu por acreditar na mulher vermelha. Sorriu porque acreditou no seu coração. Conquistou o homem, matando o rapaz. Reavivou a chama do seu sangue de dragão, mas ela depressa se apagou. Ele era Aemon Targaryen. E agora a sua vigía terminou.
Dreamer of a lighthouse in the woods
N/A: Fanfic inspirada na música Lighthouse de Patrick Watson.
Não que esteja propriamente de volta ao fandom, mas tinha que escrever algo para o Mini-Challenge de Game of Thrones do Ledo Engango, so, that it is. Espero que gostei, e mesmo que não, deixem sempre reviews!