Capítulo 1 - Once Upon a Time
Abri os olhos lentamente, mal tinha dormido a noite. Lucy tinha me feito passar a noite em claro chamando – melhor, chorando – por mim. Olhei para o lado, Ian não estava lá. Mas onde estaria? Ambos estávamos tão cansados, a diferença é que eu não conseguia dormir por muito tempo. Nem quis incomodá-lo não sabia se ele iria fazer algum trabalho hoje. Estava preocupada se Lucy acordaria de novo, e se eu caísse no sono agora seria muito difícil de acordar... Ian não era de sair essa hora. Olhei o relógio na parede. Final de tarde. Droga. Tinha perdido a noção do horário.
Rolei para o outro lado da cama e me deparei com Ian me observando.
– Boa tarde, amor – eu disse com a voz rouca.
– Boa tarde dorminhoca – ele me deu aquele sorriso torto de tirar o fôlego. Eu podia me acostumar com tudo nesse mundo, menos com a beleza dele.
– Dorminhoca? – olhei para ele ceticamente
– Sim, dorminhoca. Também não dormi a noite, mas eu sou um homem da madrugada, pela manhã eu hiberno. Milagre é estar acordado essa hora. O que não faço por você?
– Por mim? – dei uma risada leve – Você já fez muita coisa por mim.
– Ah, mas só estou retribuindo o que você fez. Me deu uma filha maravilhosa. E cuidamos de um meninão lindo – ele sorriu.
Sim. Eric era realmente muito lindo, quem não soubesse da nossa história poderia crer que ele era nosso filho de verdade. De verdade não. De sangue. Eric tinha cabelos cor de mel, olhos azuis – bem parecidos com o de Ian – e era branquinho igual ao pai. Já Lucy tinha a pele morena, olhos azuis, cabelos pretos e bochechas vermelhas (totalmente apertáveis). Era adotado, mas isso não fazia a mínima diferença. Eric era como se fosse meu filho de verdade.
Dei um sorriso estonteante para ele.
– Agora levante dessa cama que nós vamos dar uma volta com nossos filhos – ele sorriu.
– Tem certeza? – fitei-o apreensiva.
– Sem receios tudo bem? Os fotógrafos vão nos deixar sossegados se nos dermos o que eles querem, simples fotos.
Assenti lentamente.
– Mamãe! – Eric veio correndo em minha direção e se jogou na cama.
– Eric! – olhei para ele tentando o repreender.
– Que foi? – ele me olhou confuso.
Dei uma risada. Era algo praticamente impossível ficar com raiva dele.
– Você – me aproximei dele e levantei a mão – se deu mal, porque agora eu vou te pegar!
Ele me olhou assustado, mas logo sua expressão fui substituída por sequências de gargalhadas enquanto eu fazia cócegas nele.
Ian acompanhava nossas risadas, mas só nos observava.
– Venha papai! – Eric disse, ainda rindo.
Ian balançou a cabeça negativamente. Será que tinha acontecido algo?
– Papai, você está triste? – Eric indagou. Olhou para Ian e logo em seguida para mim – Mamãe? Você e papai brigaram?
– Não. Eu só estou bolando meu plano maligno – Ian olhou para Eric.
Suspirei aliviada. Que gracinha a dele. Certo, ele era um ator, mas não precisava me matar do coração. Se bem que eu já tinha pregado muitos sustos nele com essa de atuação.– Plano maligno? – Eric se aproximou de mim e se escondeu entre meus cabelos.
– Sim – Ian se aproximou – Você não me deu escolha a não ser pegar você e sua mãe.
Ian deitou em cima de nós, enquanto fazia cócegas nos dois. Eu não tinha cócegas, mas ele estava conseguindo arrancar boas gargalhadas de de algum tempo ficamos os três deitados na cama.
– Papai, estou com sono. Pode me contar uma historinha pra dormir?
– Posso, mas vou levá-lo pra cama.
– Não! – Eric berrou – Deixa ficar aqui, depois você me coloca lá. Por favor, por favor, por favor – ele nos fitou suplicante.
Ian e eu trocamos olhares.
– Tudo bem, fique aqui até você dormir. – olhei para ele
– Você quer ouvir que história hoje? – Ian perguntou.
– Uma história nova – Eric deu um sorriso com covinhas.
– Sabemos disso. Seu pai quer saber qual história.
– Ah. – Eric pareceu pensativo – Que tal... Como conheceu a mamãe?
– É melhor se aconchegar em sua mãe filho, porque essa história é longa e com um final feliz – ele sorriu.
Respirei fundo. Sabia que esse momento pra cutucar meu passado chegaria. Se eu estava pronta? Essa era uma pergunta que eu não sabia a resposta ainda. Era engraçado imaginar que tudo terminaria onde foi iniciado. Achei que não teria nem sossego com Ian, muito menos uma continuação de minha história com ele.
Eu comecei a falar
– Tudo começou quando...
