Substantivo masculino,

1. Local onde se realiza as cerimônias de uma religião.

2. A parte mais íntima da alma.


Porque o que Levi desejava é acercar-se dela, alçar a Voz e chamar — Petra! — nos ares da Alma que os seus pulmões nunca antes tinham atingido. E ela tornaria gentilmente a sua cabeça (os cabelos castanhos florescendo), mirando-o de volta na úmida curiosidade de seus olhos devotos. Dos dias em que ela o adorava, como se ele fosse a própria magnitude e certeza dos Muros, o que tinha restado? Somente o cheiro com o qual o Vento da Manhã, frescor de Brisa e Orvalho e cor de palha ourada, inflava as cortinas de seu quarto e uma carta incompleta. Estava impregnado na escrivaninha, nas cortinas. O cheiro dela limpava suas narinas, machucava seu crânio.

Ela estivera sempre lá, tanto quanto estava, então, no Ar e manchava o entrelaçado tecido das suas Memórias com gotas de sangue e um par de olhos extintos, que extinguiam todo e qualquer Sentimento. Também restara o doce cheiro para além do Muro Rose, onde a pele de seu corpo se fundia lentamente ao do tecido sujo que a selava para sempre.

Chutar o seu... O seu corpo tinha caído tão vazio, tão quieto. Oco. Sem nenhum estridência. Como o cachorro que aceita piamente os pontapés do seu dono.

Saía o sol dentre as árvores e inundava o quarto. Os olhos de Petra amanheciam todo o quarto com o seu alegre Crepúsculo e julgou vê-la ao parapeito da janela, quando um pássaro pousou, todo macio em seu Castanho tenro de plumas cálidas, e olhou Levi com dois globos túrgidos como duas gotas do mais ensombrado Lago. Eram tão religiosos quanto os dela, e o miraram por longo tempo.

Um Suspiro se libertou de Levi. Sentiu seus olhos inflamarem, exaustos. A luz crescia, invadindo o quarto numa enchente violenta. O pássaro começara a cantar. Levi falhara. Falhado em exprimir tudo que agora jazia encerrado para sempre nas suas costelas. Ainda assim as Palavras mancavam, ávidas, como que desesperadas para sobreviver, como pássaros agitados numa gaiola, e se salvavam silenciosamente por entre seus lábios estreitos. — Petra! — o papel se apertava entre seus dedos. As cortinas dobravam a Luz como Água. Como a Água quente nos seus olhos. — Petra. — A Luz enchia. Seus olhos vertiam. Levi nunca soube o que os pássaros cantavam, só que era pura Fé.