Alasca Young,
Eu sinto tanto a sua falta, sabia? Desde que você foi embora eu sinto como se eu nunca mais fosse ser feliz, como se eu não pudesse mais sentir qualquer resquício de felicidade. Eu queria começar essa carta de outro jeito, falando que eu já estou melhor ou que eu vou superar tudo isso ou até mesmo falando de como minha vida está prosseguindo, mas seria mentira, e não eu nunca me dei bem com mentiras.
Você me mudou, Alasca. Porque você me fez ver tudo com um novo jeito, nada mais é como antes. Você me transformou em uma nova pessoa, mas ai você me deixou só. Não é justo. Mas também nunca ninguém disse que seria.
Eu continuo mal, mas eu sei que uma hora eu vou superar isso tudo, sabe, o arrependimento por ter te deixado ir, o luto pela sua morte, a procura pela verdadeira Alasca Young (e não a que eu idealizei), todas essas coisas... Mas tem uma coisa que eu nunca vou conseguir superar porque eu nunca vou saber a resposta: Quais foram suas últimas palavras, Alasca?
Disseram que sua morte foi instantânea, ok. Mas será que você conseguiu pronunciar alguma frase antes de dar o último suspiro e nos abandonar nesse labirinto? Eu não sei, e nunca vou saber. Essa é a maior frustração da minha vida, porque saber últimas palavras é meu vício, e vícios antigos são difíceis de abandonar.
Eu queria lhe pedir desculpas. Por tudo. Você me trouxe ao mundo, mas eu sinto que eu tirei você dele, porque, de certa forma, fui e Chip que ajudamos você ir ao encontro da sua própria morte. Eu me odiei por isso, mas também te odiei por ter morrido e me deixado com promessas que jamais seriam cumpridas. Por isso que eu não levo muito a sério esse negócio de odiar, porque no final eu sempre paro. Eu odiava a fumaça de cigarros, hoje já fumei mais de 4 tentando escrever isso. E não faz sentido, sabe, escrever para uma pessoa morta, mas ameniza a dor às vezes.
A gente parou com esse lance de apelido, sabe, eu e o Chip. Porque a gente era um trio, mas agora você está morta e não faz mais sentido. Eu deixei de ser o Gordo e também nunca mais chamei ele de Coronel. Acho que isso pode ser o recomeço, entende, de tudo. Porque a vida continua, por mais difícil que possa parecer. E eu realmente tenho que acreditar nisso no final das contas.
Eu te amo, Alasca.
M.H.
