Prólogo.
E lá estava ela, deitada na banheira, vendo o sangue escorrer de seus pulsos e pingar na água, deixando-a avermelhada. Ela lutava contra o torpor que fazia-a querer fechar os olhos e se entregar a morte, mas ela não queria, ela queria mostrar para seu inimigo que ela conseguiu o que ele sempre quis, estava, finalmente, desgastada, acabada, morta, literalmente morta. Então ela reuniu todas as suas forças restantes e se levantou da banheira, tonta, vesga, com a visão embaçada, e foi até seu inimigo, olhando-o e, pela primeira vez, sorrindo para ele, até que ela caiu desmaiada no chão, deixando uma pequena poça vermelha a cercar.
Primeiro.
Isabella estava sozinha, em frente ao seu pior inimigo, se analisando enquanto ouvia a voz comum a seus ouvidos. Era sempre a mesma coisa, parecia que ele não tinha mais argumentos para tentar ofendê-la, ela já sabia tudo, de cor e salteado de tanto que ele dizia para ela, então, qual seria a graça de atormentar alguém quando ela não precisa mais daquilo para saber o quão degrada está, emocionalmente e fisicamente, enquanto a mesma ladainha de sempre era dita e ela repetia enquanto ouvia?
"Você não é nada, você nunca será algo em sua vida, afinal, o que uma garota feia, gorda, com espinhas, pelos pelo corpo, e pele horrível teria de agradável para alguém? Você nunca terá amigos, você nunca será alguém, você nunca terá ninguém."
Ela repetia junto dele, se convencendo de que aquilo era a realidade, ela sempre soube disso, desde seus 12 anos de idade quando deixaram claro para ela que tudo que ele falava era verdade, quando até sua melhor amiga, ou então quem ela considerava sua melhor amiga, mostrou-a que tudo que ele dizia fazia sentido, e não só isso, como também era a mais pura e cristalina verdade.
Start of Flashback (...)
Era dia 12 de setembro, um dia antes do aniversário de 13 anos de Isabella. Hoje aconteceria o baile de primavera na Forks High School, ela não iria, não tinha par, seu inimigo dizia que era por causa de sua feiura constante, que ninguém nunca a convidaria para sair em público. Ela estava deitada na cama, lendo um livro qualquer quando ouviu vozes vindas da sala, sua mãe não estava em casa, então quem poderia ser? A garota se perguntava enquanto saia do seu quarto e notava que as vozes se tornavam familiares, sua mãe já tinha chegado, estava na cozinha, enquanto Alice e Rosalie, sua melhor amiga e sua irmã estavam na sala conversando.
"É obvio que a Bella não vai. Afinal que garoto a convidaria para ir para um baile? Tudo bem, ela é bonita, mas não o suficiente, imagine se um dia algum cara como o Jacob a chamaria para um lugar assim." Rosalie disse revirando os olhos enquanto caia numa risada debochada juntamente com Alice. Isabella não precisou ouvir mais nada, antes mesmo que Rosalie terminasse sua frase ela já tinha corrido para longe das escadas e se trancado no quarto, indo para o banheiro, se trancando junto ao seu inimigo, por mais que ele a odiasse e a recíproca fosse totalmente verdadeira, ele era o único que continuava com ela, por mais que fosse para importuná-la, jogar na cara tudo que ela já sabia, ele sempre estava lá, diferente das pessoas que ela achava que podia confiar.
"Como alguém pode mudar tanto de uma hora para outra?" ela se perguntava mentalmente enquanto deixava as insistentes lágrimas caírem. E desde desse dia ela se prometeu nunca mais se importar quando alguém a repudiasse. Ao menos não demonstraria, pois ela sabia que quando anoitecesse, ela estaria ou trancafiada em seu banheiro, chorando, se rendendo, se entregando para seu inimigo, ou teria algum pingo de lealdade á si e choraria silenciosamente em sua cama, abafando seus soluços com o travesseiro, evitando que sua mãe e sua irmã ouvissem algo.
End of Flashback (…)
Isabella sentia falta de poucas pessoas, mas a pessoa que ela mais sentia falta era seu pai, quando tudo começou seu pai ainda era vivo, ele sempre tentava coloca-la para cima, nunca deixava ela cair, queria sempre o bem maior para sua caçula, nunca deveria ter imaginado que as coisas chegariam no ponto que estão hoje. Seu pai nunca teria permitido que sua irmã falasse algo dela quando a mesma tinha apenas 12 anos. Ele nunca julgaria ela no quesito beleza e sempre se orgulharia dela do jeito que ela é, mas o destino tinha que jogar contra ela, como sempre, o destino tinha que fazer isso com ela, então quando ela tinha 10 anos seu pai foi brutalmente assassinado na saída do trabalho, nessa época a família Swan ainda morava em Los Angeles, o pai de Isabella era juiz, e no dia 13 de julho enquanto saia do trabalho ele foi assassinado, minutos antes do acontecido ele tinha ligado para a filha mais nova, confirmando que estava bem e que logo estariam em casa para fazerem a viajem de todo ano para o lago no dia da independência, mas depois do assassinato a família toda teve de viajar em fuga para Forks, a polícia disse que assim seria melhor, estavam com medo de que o assassino de Charlie tentasse algo contra a família. Desde desse dia Renné, mãe de Isabella e Rosalie, começou a ter fortes crises de depressão, teve que ser internada duas vezes por overdose de calmantes tarja preta, coisa que interferiu na infância e na adolescência de Isabella, afinal Rosalie era mais velha 3 anos, nunca ligou muito para a irmã, nem para a família, mas sempre foi muito apegada á avó paterna, sendo a que mais sofreu quando perdeu a vó.
Isabella ficou pensando sobre o passado, e quando notou estava sentada encolhida no chão, pensando nos prós e contras de jogar sua vida fora agora, afinal, ninguém veria, ninguém notaria e o principal, ninguém a salvaria.
