Saudações caros amigos...

Mil perdoes pela demora em lançar Senhor dos Dragões, mas devido a correria do dia a dia e eu com trabalho até o pescoço, levei mais tempo para aprontar esse capitulo do que eu imaginava.

Nessa nova fase da saga da Terra Média, os capítulos serão mais longos e iram variar entre Santuário e Asgard, no decorrer da historia vocês vão entender.

Vamos voltar no tempo um pouquinho e lembrar da primeira fase.

Freya e Harmonia selam uma importante promessa, após a volta dos cavaleiros a deusa asgardiana desaparece, enquanto uma misteriosa jovem aparece com um passado ainda incógnito.

As lendárias valkirias ressurgem e com elas a incerteza de uma nova guerra na Terra Média.

Elfos, anos e todos os seres mágicos que caminham sobre a Terra, fizeram presença em O Despertar das Valkirias e com eles, um ser nascido no seio da Terra que desde tempos imemoriais manter o equilíbrio entre os seres vivos.

Com isso, cavaleiros buscam por aproveitar na nova chance que receberam, enquanto outros, ainda não têm noção do perigo.

Segredos do passado começam a se revelar e por fim, irão se findar aqui.

Então, sem mais delongas desejo uma boa leitura e lhes apresento:

.:: O Senhor dos Dragões ::.

By Dama 9

Nota: Os personagens de Saint Seya não me pertencem, apenas Amélia, Celina e os elfos e as demais valkirias são criações únicas e exclusivas minhas para essa Saga.

Capitulo 1: Emmus.

.:: A História dentro da história ::.

.I Ato.

O vento gelado do estremo norte açoitava-lhes a face, mais isso, algo tão insignificante e ínfimo jamais as deteria.

-Preparem-se! Eles estão chegando; uma jovem de melenas lilases falou, tendo a longa espada de metal negro a cintilar em suas mãos.

-Seja o que os deuses quiserem; Freya sentenciou, com os orbes violetas cintilando perigosamente a medida que a tensão entre eles aumentava.

-VALKIRIAS! PREPAREM-SE; Alexandra avisou, enquanto os longos cabelos prateados esvoaçavam com o vento e as unhas aos poucos alongavam-se tornando-se garras, os orbes azuis ganharam um brilho perigoso e felino.

Os cavalos relincharam exasperados, alguns bufando ariscos, querendo debandar, mas sendo domados com destreza por suas ocupantes.

Atrás delas um exercito de homens e mulheres que serviam a Asgard e aos demais reinos esperavam com lanças e espadas em riste.

-Acalme-se Argos; Eraen sussurro para o corcel negro que acalmou-se por instantes, diante do comendo dela.

Um cosmo aterrador se manifestou, quando aos pés de Muspell uma infinidade de gigantes debandou.

-ESPEREM! –Freya ordenou, erguendo uma mão, detendo o primeiro impulso dos guerreiros.

Todos estavam agitados porque sabiam que antes da noite cair, aquela batalha seria decida e somente os deuses sabiam qual seria o lado vencedor.

-ATAQUEM!

.I.

Desceu as escadas com calma, embora pudesse usar telecinese para chegar até lá, preferiu fazer aquela caminhada, sabia que muitos dos cavaleiros já estavam se encaminhando para a reunião no ultimo templo, mas pelo menos nesse momento iria se permitir a isso.

Aproximou-se do primeiro templo, vendo seu antigo pupilo sentando nas escadarias com um olhar perdido, fazia tanto tempo que não conversavam que às vezes se perguntava o quanto da vida dele havia perdido.

Desde cedo o considerara como um filho, embora sendo seu pupilo, ainda fora um dos poucos que confiara e chamara de amigo, mas agora, depois de tanto tempo às vezes pensava que não mais o conhecia.

Sentia uma aura diferente a envolver o pupilo, uma segurança que não lembrava-se de ter visto antes, ele agora era auto suficiente e não precisava mais de si, podia escolher seus próprios caminhos e tomar suas decisões, já era mestre, não mais pupilo.

Suspirou pesadamente, estava realmente ficando velho; Shion pensou. Mas não era só isso que lhe preocupava, havia sua filha também, mesmo falando com Ilyria, sentia que isso não era o suficiente para conhecê-la.

Com todos esses anos separados, agora de certa forma sentia medo de se aproximar e conhecê-la.

-Mú! –Shion chamou-lhe a atenção.

-Uhn! –o cavaleiro murmurou, virando-se para o mestre. –Sim, mestre;

-Algum problema? –ele perguntou vendo que o cavaleiro parecia bem mais pálido que o normal.

-Não, problema algum; o ariano respondeu com a calma inabalável. –Mas quer alguma coisa comigo?

-...; Shion assentiu um tanto quanto desconfiado, havia alguma coisa estranha, ele estava também um pouco rouco e seu timbre de voz estava se igualando ao de um velho conhecido seu; ele lembrou-se intrigado. –Vai haver uma reunião no ultimo templo;

-Reunião? Esta acontecendo alguma coisa? –Mú perguntou, enquanto o mestre sentava-se a seu lado.

-Mais ou menos; ele respondeu vagamente.

Franziu o cenho, o mestre parecia tão calmo, diferente dos outros dias que normalmente estava mais preocupado em afastar os pervertidos da filha, com ameaças terroristas sobre condenação por alta-traição e afins.

-Esta acontecendo alguma coisa, mestre? –Mú perguntou cauteloso.

-Não; Shion respondeu com os obres fitando o nada.

-Uhn! Andou se estranhando com Celina de novo? –ele insistiu, sabendo que possivelmente as personalidades conflitantes andaram se chocando novamente.

-Bem...; o Grande Mestre balbuciou.

-Deveria conversar com ela, Celina não gosta de brigar com o senhor, mesmo que isso seja necessário algumas vezes; Mú comentou.

-Ela te disse algo? –Shion perguntou curioso.

-Não é necessário, conheço bem a pupila que tenho, mestre; ele respondeu calmamente. –Celina pode ser auto-suficiente, mas ainda precisa de confiança e apoio, tentar protege-la, vai apenas faze-la se fechar ainda mais para as pessoas;

-Eu sei, só que...; o cavaleiro ponderou.

-Porque não deixa ela decidir quem quer perto de si, em vez do senhor? –ele sugeriu.

-Como? –Shion perguntou confuso.

-Celina já é maior de idade, sabe bem o que quer da vida ou não, vocês foram criados em épocas diferentes sobre conceitos diferentes, às vezes algo que seja absurdo para o senhor, possa não ser para ela e vice versa, mas se não deixa-la tomar as próprias decisões, vocês vão apenas entrar em conflito e vão se afastar; ele continuou.

-...; o cavaleiro assentiu. –Gostaria de ter um meio de fazer isso; ele suspirou.

-E tem; Mú falou calmamente.

-Qual?

-Porque não passa um tempo com a Celina, façam coisas juntos, conversem e de preferência, tente conter seus impulsos de pai homicida sim... Isso certamente vai deixá-la mais segura; ele explicou.

-Mas ela esta treinando; Shion comentou.

-Nos próximos três dias ela vai estar de folga, porque não aproveita; Mú sugeriu.

-Folga?

-...; Mu assentiu com calma. –Vou precisar fazer uma viajem e volto daqui três dias, nesse meio tempo vocês podem aproveitar para se acertarem; ele respondeu.

-Pra onde? –Shion perguntou curioso.

-Visitar um... Amigo e como até ir e voltar demora um pouco, decidi fazer isso em três dias; ele explicou dando a entender que não se estenderia nesse assunto.

-...; ele assentiu silenciosamente.

Era tão estranho conversar com ele agora, era como se estivesse com um completo estranho, talvez todos aqueles anos longe houvesse mudado tantas coisas que lhe desse essa impressão; Shion pensou, por um momento teve a sensação de que as situações houvesse se invertido e não fosse ele o mestre ali.

-Obrigado;

-Não por isso; Mú respondeu levantando-se. –Bem, acho melhor ir pegar a armadura, afinal às reuniões lá em cima ainda requerem isso; ele falou com um meio sorriso.

-Um dia ainda mudamos isso; Shion brincou, seguindo-o

-...; ele assentiu. –Até daqui a pouco;

-Até; o ariano respondeu vendo o pupilo se distanciar, franziu o cenho por um momento, era impressão a sua ou os cabelos dele estavam ficando mais claros? –ele se perguntou.

Balançou a cabeça levemente para os lados, deixaria para pensar nisso em outro momento, agora deveria voltar para a reunião e depois pensar no que faria com Celina naqueles dias, seria interessante poder passar aquele tempo com a filha e acertar de uma vez as diferenças e tudo o mais; ele pensou animado, enquanto desaparecia indo surgir no ultimo templo.

.II.

Um buquê de lírios jazia entre suas mãos, enquanto caminhava em meio às ruínas do que um dia fora um castelo.

Ainda se lembrava dela surgir em meio a aqueles salões repletos de luz, mas ela ainda seria a estrela de maior brilho naquele castelo de sonhos e magia.

Aos olhos dos outros ela não era imortal, mas para si sempre seria sempre uma deusa. A sua deusa... A sua senhora.

-Eraen; ele sussurrou, ajoelhando-se no chão em frente a um perfeito esquife de gelo eterno, onde o corpo de uma bela jovem de longos cabelos lilases repousava, num sono tranqüilo, livre de perturbações. –Minha Eraen;

-o-o-o-o-o-

Entrou em casa, encontrando a pupila na cozinha tentando preparar algo para comerem, porém viu-a parar no mesmo momento, voltando-se para si.

-Mestre, ta quase pronto; Celina avisou.

-Tudo bem, não tenha pressa; ele avisou com um meio sorriso.

-Foi impressão a minha ou papai esteve aqui? –ela perguntou.

-Esteve para avisar que vai haver uma reunião lá em cima; Mú explicou.

-Aconteceu alguma coisa? –Celina perguntou preocupada.

-Não sei, mas deve ser apenas rotina, não se preocupe; ele respondeu.

-...; a jovem assentiu.

-Vou me trocar e subir ao ultimo templo, depois nos falamos; Mú completou afastando-se, ouvindo-a murmurar algo como confirmação.

Deu um baixo suspiro, uma semana já havia se passado desde que Mia supostamente viajara, não queria pensar o pior, mas quando fora procurá-la, apenas encontrara Marin, que lhe dissera que a jovem viajara sem dizer para onde ou quando voltava.

Não queria pensar no pior, mas sua mente parecia gritar dizendo que de alguma forma a culpa era sua. Que fora por tanto ter falado que queria conversar com ela, que a mesma se sentira pressionada e queria ficar sozinha, de preferência bem longe de si; ele pensou, indo até seu quarto.

Tentou se convencer que estava ficando neurótico, mas era difícil. Muito difícil! Respirou fundo, sentindo a mente dar voltas, apoiou-se na parede, fechando os olhos por um momento esperando-os voltarem ao foco, quando algo mais atordoante o envolveu.

-Venha querido; a jovem de melenas lilases falou sorrindo, lhe estendendo a mão.

O garotinho de vivazes olhos verdes recuou três passos, hesitante e temeroso. Negando com um aceno.

-Tenho medo; ele murmurou.

-Ele não lhe fará mal; ela falou descendo do belo corcel negro e se aproximando do garoto.

-Tenho medo; o garotinho repetiu apontando para algo alem do corcel.

A jovem seguiu o olhar dele vendo algo sobrevoar a região, as longas asas esverdeadas de incrível envergadura pareciam cortar o ar com agressividade e tudo o mais que se colocasse em seu caminho, aos poucos num vôo rasante o imenso dragão de escamas esverdeadas pousou no chão a poucos metros de onde eles estavam.

O corcel negro relinchou exasperado, como se aquela simples presença o deixasse irritado, o garotinho recuou encolhendo-se instintivamente, agarrando-se aos braços dela.

-Kari, já disse para parar de assustá-lo; ela o repreendeu, no momento que o dragão ficava sobre as duas patas e uma luz esverdeada o envolvia para logo em seguida dar lugar a imagem de um rapaz de cabelos castanhos e orbes verdes num tom nublado.

-Perdoe-me senhora, não pretendia fazer isso; ele responde com um sorriso malicioso.

-Se fizer isso de novo, acabo com você; a jovem avisou com as unhas se alongando perigosamente como garras.

-Não vai; ele garantiu. –Mas acho que não deveria mimá-lo tanto. Logo será um homem e não pode se dar ao luxo de ser um fraco, não em nossa ordem; Kari rebateu em tom de velada provocação.

-Minha ordem, Kari; Eraen sentenciou levantando-se com o pequeno em seu colo. –E lhe garanto, ninguém em nenhum dos mundos será um senhor melhor do que meu filho; ela sentenciou, colocando-o sobre o corcel e montando em seguida.

O dragão manteve-se estático e mudo depois de ouvir o que ela falara. Eraen era a senhora dos dragões e mesmo que não quisesse lhe devia obediência, mas para sua desgraça, agora ela tinha um herdeiro. O novo senhor...

-Mestre!

Virou-se para trás ouvindo a voz de Celina, piscou seguidas vezes tentando entender o que era aquilo que vira, não era uma lembrança, porque nunca vira aquelas pessoas antes, mas o que era então, porque tinha aquela sensação de conhecer aquele lugar? –ele se perguntou confuso.

-Esta se sentindo bem? –ela perguntou se aproximando.

-Sim! Foi só uma tontura; Mú justificou.

-Quer que eu traga água, alguma coisa? –a amazona sugeriu prontamente.

-Não se preocupe Celina, estou bem, foi só um mal estar; o ariano falou com um sorriso calmo. –Mas é melhor eu ir me arrumar logo;

-...; Celina assentiu sem contrariá-lo, vendo-o entrar em seu quarto, fechando a porta em seguida. Estranho, seu mestre parecia preocupado com algo; ela pensou confusa antes de voltar para a cozinha.

-o-o-o-o-o-

Olhou a mala pronta em cima da cama, depois da reunião falaria com Celina e partiria; Mú pensou, dando um baixo suspiro.

Pegou o celular no bolso de trás da calça, discando rapidamente alguns números, ouviu o toque do telefone algumas vezes antes de ser atendido do outro lado.

-Alô; ouviu uma voz feminina falar.

-Oi; ele falou com a voz calma.

-Mú?

-Eu mesmo; o cavaleiro respondeu sentando-se na beira da cama.

-Sua voz esta estranha, esta acontecendo alguma coisa? –a jovem do outro lado perguntou.

-Mais ou menos, só queria avisar que chego ai hoje à noite; ele explicou.

-Que bom, pretende ficar quanto tempo? –ela falou em tom de empolgação, tirando-lhe um fino sorriso dos lábios.

-Uns três dias mais ou menos; o cavaleiro respondeu.

-Ótimo, então eu lhe espero; a jovem falou fazendo uma breve pausa. –Mas tem certeza que esta bem mesmo, eu te conheço, mesmo a distancia sei que esta escondendo alguma coisa, vamos, me diz; ela insistiu em saber.

-Quando chegar eu falo, por telefone não dá; Mú respondeu.

-Está certo, estou lhe esperando então; ela completou.

-Até depois;

-Até;

Desligou o telefone guardando-o no bolso novamente, olhou para a mala. Sim, depois da reunião partiria.

.III.

Sentou-se em frente à lareira, vendo os pedaços de madeira serem envoltos pelas chamas, agora faltava pouco; ela pensou, fechando ainda mais o casaco de peles no pescoço, para evitar o vento gelado que entrava no castelo.

Mime e Alberich haviam ido buscar sua armadura com Nandor e por garantia pediram que ficasse no palácio, embora nos últimos dias àquele lugar sempre tão pacifico tenha deixado a tranqüilidade de lado.

Primeiro com o acidente que envolvera a si, Mime e as irmãs Heinster, até ai tudo bem, mas o que acontecera com Loki e Anieri veio para ressaltar ainda mais aqueles que estavam do lado certo e outros, que bem... Deixaram evidentes que não estavam em busca de redenção nem nada do tipo, optando por continuarem ainda ordinários; ela pensou em meio a um baixo suspiro.

Não lhe agradava a idéia dos amigos terem saído com uma tempestade se armando, para irem a Muspell atrás do anão ferreiro, mas aquela era a única alternativa que tinham agora.

A tensão aumentava a cada dia, principalmente entre os moradores do castelo, que sabiam o que viria com a reunião do conselho, seria interessante ver a expressão de puro terror daqueles vermes quando fossem enxotados de Asgard.

Não via à hora de terminar com tudo aquilo e voltar pra casa; parou um momento ponderando diante de seu próprio pensamento, há muitos anos desejara voltar para Asgard e retomar aquilo que lhe era de direito, não tinha muitas ambições, apenas que a justiça fosse feita, embora não tivesse isso como uma vingança.

Apenas, queria garantir que a próxima geração não sofresse o que ela e os amigos sofreram para chegarem onde estão, por vezes, vendo os entes queridos perecendo nas mãos de pessoas inescrupulosas.

Mas o que era mais difícil de agüentar, era a saudade dele; a jovem pensou abaixando a cabeça, sentindo os fios prateados aos poucos voltarem à cor negra e os orbes antes azuis, perderem a cor, tornando-se acinzentados. Não queria ter deixado o santuário daquela forma, sem dizer para onde ia ou quando voltava, mas não estava preparada para contar a verdade ainda.

Tinha medo de como ele poderia reagir ao contar o que era e quem realmente era. Isso poderia ser besteira, Saori já lhe dissera isso, mas a jovem mesmo sabia que não era fácil deixar as barreiras de lado e sentar para conversar.

Estava intrigada, as ultimas vezes que havia conversado com ele, notara o tom enigmático e calculado com que ele falava, como se estivesse estudando o melhor momento para lhe falar algo, que alias, ainda não sabia o que era; suspirou frustrada.

A ultima vez que haviam tido tempo de conversar fora a mais de um mês, quando se encontraram casualmente no vilarejo, naquele dia que fora procurar por Isadora na floricultura, para comprar algumas gérberas e ele lhe abordara. Com aquele mesmo sorriso encantador e olhar intenso.

-Amélia;

Foi tirada de seus pensamentos ao ouvir uma voz conhecida lhe chamar, não precisou de muito para sentir outros cosmos rodeando a área, dando a entender que não estaria mais sozinha ali, como desejava inicialmente, para poder colocar os pensamentos em ordem.

-Como vai Coralina? –Amélia perguntou com um olhar calmo e pacifico, sentindo a pele aos poucos aquecer-se com o calor emanado das chamas na lareira.

-Bem, mas... Me desculpe; a jovem de melenas alaranjadas falou num fraco sussurro, abaixando a cabeça com ar desolado.

-Tudo bem, já passou; ela respondeu sem abalar-se.

-Mas...;

-Coralina, já passou. Não se martirize pelo que já aconteceu e não pode ser mudado, preocupe-se em não errar de novo e isso já é o suficiente; Amélia completou.

-...; Coralina assentiu, ainda hesitante.

-Então, porque não se senta e conversamos, como nos velhos tempos? –a jovem sugeriu, mas viu o olhar da jovem que ainda parecia preocupado e temeroso.

Coralina jamais foi à mesma depois de perder os pais, teve de assumir a responsabilidade de cuidar de Ceres muito nova e deixou Asgard quando Durval começou a caçada. Graças aos deuses, Sindar praticamente adotara as duas garotas e levara-as para viver em seu reino sob sua proteção.

Ao atingirem a idade necessária para começarem a treinar, deixou que partissem para Helsink, onde poucos parentes da família ainda residiam e que poderiam dar-lhes o suporte necessário para viverem lá até que fosse necessário voltar, mas essa necessidade de amadurecer rápido, a tornara uma pessoa mais racional e fria, sempre desconfiada não deixava qualquer um se aproximar, por isso não a recriminava por ter simplesmente 'perdido a cabeça' , quando a vira se aproximar de Ceres com Mime. O instinto de proteção falou mais alto e se a situação fosse inversa, sabia que não faria diferente.

-Chame Ceres e as outras também, não se preocupe. Não mordo; Amélia brincou com um fino sorriso nos lábios, mas o suficiente para deixar os caninos salientes levemente amostra.

Não precisou de muito para que todas entrassem quase correndo na sala, algumas ainda com olhares desconfiados, como Leda, Nora e Sisi, mas até Anieri já estava menos introspectiva do que há alguns dias atrás, principalmente por não mais se sentir ameaçada com a presença da jovem de melenas negras.

-Amélia, porque não avisou que iria chegar? –Ceres perguntou, correndo sentar-se ao lado dela no tapete felpudo, em frente à lareira.

-Eu avisei ao Mime que estaria voltando, mas como tinha algumas coisas para resolver, pedi a ele que não falasse nada até eu estar aqui; ela explicou, - Mas e vocês, o que andaram fazendo? Eldar me disse que foram mandadas a Helsink para completar o treinamento;

-Faz poucos meses que chegamos, mestre Sindar nos deixou ir, já que tínhamos alguns parentes vivendo lá. Ele achou que com o mundo nessa loucura toda, lá poderíamos ficar com um pouco mais de tranqüilidade que aqui, pelo menos; a garota de melenas acobreadas explicou.

-Sindar... Esse só se faz de insensível pra não perder a pose; Amélia brincou, tirando um riso suave de Coralina.

Ambas sabiam bem que o príncipe gerente dos elfos das sombras, jamais se dava ao luxo de 'bancar' o sensível e perder sua autoridade diante daqueles que precisava manter controlados. Sindar embora não fosse tão serio e responsável quanto Eldar, ainda sim, era uma boa pessoa e prezava por aqueles que viviam consigo.

-Realmente, mestre Sindar é uma ótima pessoa; Ceres falou veemente. –Embora ele tenha ainda aquele péssimo vicio de falar as coisas pela metade; ela resmungou.

-Não é pela metade, ele só não gosta de dar algumas informações de mão beijada; Coralina defendeu.

-Uhn! Com uma defesa dessas, não precisa nem de estratégia de ataque; Anieri brincou.

-Mas é verdade, Sindar sempre falou 'Aquilo que vem fácil, vai fácil' e eu concordo com ele; a jovem de melenas alaranjadas falou enfezada com o duplo sentido da brincadeira despropositada da jovem.

-E ele esta certo, já chegamos até aqui, não adianta mudar o ritmo agora; Nora falou manifestando-se pela primeira vez, enquanto sentava-se ao lado de Sisi num sofá não muito distante da lareira.

-E vocês, todas nasceram aqui? –Amélia perguntou.

-...; todas assentiram.

-Mas morei praticamente a vida toda no Canadá; Anieri foi a primeira a falar.

-Eu sou francesa, quero dizer... Meio francesa; Leda falou com um fino sorriso nos lábios. –Meu pai era de Asgard e minha mãe francesa, depois que o primeiro marido dela morreu, ela veio para Asgard onde o conheceu e acabou ficando por aqui. Mas quando eu comecei a treinar, fui morar com minha meia-irmã na França; ela explicou.

-Sua irmã é uma amazona, não é? –Sisi perguntou.

-Era, agora a armadura dela pertence à outra garota, mas durante muito tempo foi obrigada a dar umas belas surras em uns pervertidos pra se aquecer; ela brincou.

-Bem... Como qualquer uma de nós, nasci aqui, mas passei os últimos anos vivendo em Gales; Nora falou por fim.

-Ouvi dizer que é um lugar muito bonito; Amélia comentou.

-É, o lar da magia celta, não tem como não ser abraçado por aquele ambiente mágico, tudo transpirara a historia lá. Eu particularmente, não tenho nada a reclamar dos últimos anos, o treinamento foi difícil, mas tudo lá compensa; a jovem falou com ar nostálgico.

-Amélia, não se engane, provavelmente essa nostalgia toda vem de algum Lancelot que ela conheceu por lá e esta escondendo o jogo; Anieri alfinetou.

-Hei! –Nora reclamou com os orbes serrados perigosamente.

-Meninas, vamos acalmar os ânimos, se querem se aquecer usem outros métodos; a senhora de melenas grisalhas falou entrando na sala, puxando consigo um carrinho com varias canecas fumegantes sobre o mesmo.

-Eu ajudo; a jovem de melenas esverdeadas adiantou-se.

-Bem... Falando em cavaleiros; Leda começou.

-Ah não, lá vem ela com aquela historia de olhos vermelhos de novo; Adélia reclamou.

-Oras, vai dizer que não acredita? –a jovem de melenas violeta perguntou com os orbes perigosamente estreitos.

-Eu não disse isso, apenas não sou fã de contos de fada; ela respondeu.

-Do que estão falando? - Flér perguntou curiosa, entrando na sala acompanhada de Hilda e Aldrey.

-Olhos vermelhos; Leda respondeu.

-Não conheço essa historia; Hilda respondeu.

-Nem eu; Aldrey falou sentando-se no tapete com as demais garotas, fitando a jovem com o olhar brilhante esperando pela historia.

-Ótimo; a guardiã do lobo prateado falou voltando-se para Adélia com um sorriso vitorioso.

-Ai. Ai. E lá vem historia; ela falou dando-se por vencida e pegando uma caneca que Alana lhe entregava, sentou-se no tapete para ouvi-la.

-Amélia, aqui; Ceres falou passando uma caneca para ela.

-Obrigada; a jovem agradeceu imediatamente assoprando o conteúdo da mesma, para não correr nenhum risco de se queimar com o chocolate quente. –Mas então, quem é esse? –ela perguntou.

-Esse não, ele é o cara; Leda ressaltou veemente.

-Amélia, ignora aquele lance de cueca pra fora da calça e capa vermelha. Prepare-se para conhecer o super man da vida da Leda; Nora provocou;

-Hei! Vai me deixar contar ou não? –ela perguntou enfezada.

-Tudo bem; a jovem deu de ombros, ainda com o sorriso provocante nos lábios.

-Tudo começou quando...

-Ih, se começa assim...; Adélia falou.

-Grrrrrrrrrrrr...;

-Parem com isso; Alana falou em tom serio, fazendo as duas garotas se aquietarem. –Pode continuar Leda;

-Bem...; a jovem começou, mas voltou-se para Adélia e Nora esperando pela interrupção que não veio, suspirou aliviada quando viu que teria paz para contar. –Há muitos séculos atrás, quando o mundo ainda vivia num completo caos, uma ordem se ergueu para combater esse mal e todos os cavaleiros que compunham esse grupo foram chamados de 'Ordem dos Dragões', ninguém nunca soube realmente quantos eram, mas houveram muitos momentos antes do sol perder-se completamente no horizonte, que seu brilho era ofuscado pela silhueta de algo grandioso, que parecia ter o completo poder sobre os céus;

Com um olhar de soslaio, conferiu se ninguém pretendia lhe interromper e continuou com mais confiança.

-Mas infelizmente, naquela época, nem mesmo aquela ordem estava alheia a esse caos, a desordem se instaurou entre eles e a Terra Media foi ameaçada novamente, nenhum dos reinos desejava combater aliando-se a outro, tido como inimigo. Apenas um rei, tomou a frente dos exércitos e garantiu que nós ainda pudéssemos caminhar sobre essa Terra. Ele se chama Emmus, e ficou conhecido como 'O Senhor dos Dragões';

-...; Todas assentiram, compreendendo as palavras da jovem e ansiosas por ouvirem mais.

-Emmus governou o reino dos céus, com sabedoria e bondade, graças a ele uma união entre Asgard, Alfhein, Svartalghein e Muspell a paz reinou durante séculos na Terra. Dizem que Emmus tinha longos cabelos verdes, quase esmeralda e olhos da mesma cor, que pareciam pedras cintilantes dotadas de uma chama mística e intensa; Leda falou com um olhar compenetrado, como se tais fatos viessem de suas lembras e não de informações alheias. –Enquanto governou a Ordem do Dragão, a aliança perdurou, mas embora tivesse um tempo de vida maior que o nosso comum, ele não era eterno. Quando a hora de deixar esse mundo chegou, a ordem ficou sob a administração de sua única filha;

-Quem? –Amélia perguntou curiosa.

-Bem, isso não importa agora, porque a história que eu tenho pra contar não tem nada a ver com essa; Leda falou, fazendo-as quase cuspirem o chocolate que haviam acabado de tomar.

-LEDAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

-Estou brincando, mas precisavam ver a cara de vocês quando comecei a falar; ela provocou com um olhar do tipo 'fui vingada' , vendo que Nora e Adélia estavam a ponto de pular sobre si. –Mas a historia de verdade vai começar agora;

-Puff! –Nora resmungou.

-Foi apenas há alguns anos que passei a conhecer a historia, sobre Olhos Vermelhos; Leda falou adquirindo um tom mais sério. –Eu admito que sou bem cética com relação a algumas coisas, mas eu acredito que ele realmente existe;

-Uhn! Essa de príncipe encantado no cavaleiro branco, não rola mais; Coralina falou rolando os olhos.

-Não, não mesmo; Leda falou deixando o sofá que estava, para sentar-se de maneira mais confortável no tapete. –Mas seria legal se um cara como ele existisse, pelo menos existira um pouco de esperança para os outros inúteis que vivem nessa terra;

-É, nisso eu tenho de concordar; Nora falou.

-Hei! Da pra contar a historia, ou vão ficar deixando a gente esperando a noite toda; Aldrey reclamou, chamando a atenção das demais.

Sempre viram a jovem tão calma, se bem que, ninguém consegue ficar muito tempo com Alberich sem pegar alguns 'tiques' dele, mas ouvi-la falar daquela forma, realmente aborrecida pela espera, foi surpreendente.

-Concordo com ela; Amélia falou tentando apaziguar a timidez da jovem, que retrair-se ao ver todos os olhares caírem sobre si.

-Foi minha irmã que me contou essa historia, por isso acredito nela; Leda falou com um olhar vago. –Olhos Vermelhos era um cavaleiro muito poderoso, não sei como surgiu isso, mas dizem que ele um dia havia prometido jamais amar alguém, não que considerasse isso uma fraqueza. Ele apenas não desejava apegar-se alguém e vê-la partir sem mais nem menos. O porquê dessa decisão tão radical, ninguém sabe, apenas que enquanto pode ele viveu assim. Sem jamais apegar-se a alguém. Foi quando a conheceu...;

-Quem? –Hilda perguntou curiosa.

-Uma jovem que mudou a sua vida; ela falou com um fino sorriso nos lábios. –São poucas as historias que se houve por ai da relação deles, mas todas os definem da mesma forma;

-Qual? –Aldrey perguntou.

-Como amigos; Leda respondeu.

-Impossível; Nora resmungou.

-Não, não é; Amélia falou com um olhar enigmático. –Porque acha que um homem e uma mulher não podem ter um relacionamento livre de segundas intenções? –ela rebateu.

-Por falta de bons exemplos; Coralina foi a primeira a responder. –No dia que conhecer um cara que faça isso e for solteiro, nem pretenso namorado, apresenta pra gente, ta; ela completou gesticulando displicente.

-Vai ser difícil; a jovem de melenas negras falou com um meio sorriso.

-Amélia esta certa, não é porque vocês não vêem bons exemplos, que eles não existem; Hilda falou veemente.

-Hilda, você é suspeita; Amélia falou antes que as outras pudessem indagar a mesma coisa. –Todas nós sabemos que a relação entre você e Siegfried não é mais de 'bons amigos' há muito tempo, alias, duvido muito que tenha sido assim algum dia, então, é melhor procurar outro 'bom' exemplo, antes que o foco vire para o seu lado; ela completou com um sorriso matreiro.

-Bem...; a jovem balbuciou. –Pode continuar Leda, por favor;

-Já não era sem tempo; Leda resmungou. –Mas sim, eles eram apenas amigos. Dizem que havia um segredo que os unia, que fazia aquela necessidade de se protegerem mais forte. Quando estavam juntos nunca deixavam o lado um do outro, embora fossem bastante parecidos;

-Como? –Flér perguntou confusa.

-Ela havia jurado jamais entregar seu coração a alguém por isso ser uma franqueza, como ele, ela não desejava apegar-se a alguém e depois, vê-lo partir sem que pudesse impedir;

-Essa é aquela parte que eles se apaixonam e vivem felizes para sempre? –Nora perguntou em tom jocoso.

-Só nos seus sonhos querida; Leda vociferou com os orbes estreitos perigosamente.

-Meninas; Alana teve de intervir novamente. –Continue Leda;

-Por ambos desejarem a mesma coisa, nada aconteceu entre eles alem de amizade;

-Sei; Nora resmungou recebendo como resposta um olhar envenenado.

-Um laço muito forte os uniu e graças a isso, surgiu à história de Olhos Vermelhos; Leda falou. –Dizem que um dia a terra foi invadida e um eclipse ocorreu, cobrindo a Terra toda de sombras, libertando seres malévolos que viviam nas entranhas da Terra. O mundo entrava numa era de Caos sem que houvesse uma alma santa para proteger-nos, até ele aparecer...;

-Ai vem; Nora suspirou pesarosa.

-Alguns falam que ele tinha longos cabelos lilases e orbes verdes, os mais antigos costumavam chamá-lo de Emmus, principalmente pelos conhecedores da antiga lenda, outros de Olhos Vermelhos; Leda explicou. -Quando em meio à luta, um dos espectros atingiu sua amiga, na mesma hora seus olhos tingiram-se de vermelho liberando um poder antes desconhecido ate mesmo por ele, embora a batalha fosse ferrenha, muitos amigos se juntaram àquela causa, conseguindo banir aqueles seres da terra, mas ninguém com poder mortal ou imortal foi capaz de impedi-la de morrer;

-Mas...; Aldrey balbuciou com os orbes marejados.

-Naquele dia o sol voltou a raiar sobre o mundo, mas nuvens negras o encobriram por completo, enquanto sem consolo, ele chorou horas afio sobre o corpo dela; a jovem de melenas violeta falou. –Ate que pedindo que cuidassem dela, desapareceu;

-Onde ele foi? –Amélia foi a primeira a perguntar.

-Ninguém sabe quantos lugares ele percorreu, apenas que seu único desejo era encontrar a entrada para o mundo dos mortos;

-Ele pretendia traze-la de volta, ou o que? –Sisi perguntou.

-Ele foi buscá-la; Leda falou com um fino sorriso nos lábios. –Dizem que enfrentou deuses, cavaleiros e espectros na árdua descida por uma encosta escarpada até chegar à entrada do mundo dos mortos. Ele enfrentou todos que se colocaram em seu caminho e venceu, indo encontrá-la em meio aos campos floridos dos Elíseos;

-Mas...; Amélia ponderou ao ouvir a citação ao 'paraíso' grego.

-Muitos decidiram enfrenta-lo, impedindo-o de conseguir o que queria, mas ele a trouxe de volta. Apenas estreitando ainda mais o laço que os unia. Hoje, essa amizade ainda existe, o que nos da uma tenra esperança de que alguns seres pouco pensantes que conhecemos, possam mudar; ela completou por fim.

-Eu ouvi dizer que ele tinha cabelos loiro-esverdeado e orbes rosados; Nora comentou.

-E eu, que ele tinha cabelos negro-esverdeado e olhos verdes; Adélia falou.

-Não importa, em qualquer das versões os fatos são os mesmos; Leda falou veemente.

-Eu ainda prefiro lilás e verdes; Amélia comentou casualmente.

-Realmente, seria bom de existissem mais pessoas assim; Sisi comentou com um olhar vago.

-Imagina, arriscar a vida por alguém, indo até o outro mundo para salva-la; Flér comentou em meio a um suspiro.

-Pois eu conheço bem um cavaleiro que não se importaria de fazer isso pela senhorita; Amélia alfinetou.

-Ahn? –ela murmurou confusa.

-Amélia, nem tente. Essa é devagar quase parando; Anieri brincou.

-Do que estão falando? –Flér perguntou vendo-as rirem.

-Nada; as garotas falaram de maneira veemente.

-Nossa, reunião aqui e ninguém nos chama; uma voz bem humorada soou na entrada da sala, chamando-lhes a atenção.

Viraram-se imediatamente, vendo alguns cavaleiros se aproximarem, entre eles Fenrir e Fenris, os gêmeos, Haguen e Thor.

-Bem meninas, a conversa esta boa, mas já esta tarde. Vamos Ceres; Coralina falou levantando-se.

-Mas...; a garota tentou contestar, mas diante do olhar da irmã, preferiu não discutir. –Boa noite meninas, até amanhã; ela completou acenando antes de se despedir.

Deixou a sala a passos firmes e o queixo erguido de maneira petulante, pouco se importante por ter quase derrubado um certo alguém que pretendia colocar-se em seu caminho, mas diante do olhar envenenado preferiu recuar.

-Eu também já vou, boa noite; Leda falou.

-Mas já, agora que chegamos; Bado falou com ar tristonho.

-Por isso mesmo, o ar esta pesado demais com você aqui; ela vociferou com os orbes serrados de maneira perigosa.

Antes que alguém pudesse falar alguma coisa ela já havia deixado à sala, restando apenas os demais ali.

-Porque não se sentam? –Amélia sugeriu vendo que eles pareciam um pouco atônitos junto com as demais garotas.

-Obrigado, mas não... Viemos apenas ver se estava tudo bem aqui; Fenrir foi o primeiro a falar, embora mantivesse o olhar pousado sobre a jovem de melenas azuladas.

-Não se preocupe Fenrir, esta tudo bem; Hilda falou calmamente, embora estivesse intrigada com o paradeiro de Siegfried.

Logo pela manhã ele havia dito que tinha algumas coisas a resolver, até achou que ele, Mime e Alberich haviam saído juntos, mas depois de falar mais cedo com Amélia, descobriu que não, como ele já havia saído, não teve a quem perguntar aonde ele estava e por que ainda não havia voltado.

-Mesmo assim princesa, do jeito que as coisas estão, precisamos ficar em alerta; Haguen falou em tom preocupado, tentando conter a voz tremula, sentindo-se extremamente nervoso com o olhar da jovem de melenas negras que parecia ler sua alma, alias, que pelo olhar que lançava a todos ali, sabia perfeitamente que andaram com o ouvido colado na porta, ouvindo conversa alheia.

-Ninguém aqui é inútil, que não saiba se defender; Nora reclamou.

-Não foi isso que ele disse, senhorita; Thor interviu. –Estamos apenas preocupados com a segurança de todos que vivem aqui; ele completou fazendo-a se aquietar.

-De qualquer forma, já esta na hora de irmos dormir, amanhã temos muito o que fazer, não meninas? - Alana falou levantando-se com a pronta ajuda de Anieri.

-Então, eu vou aproveitar e ir também. Aqueles dois enrolados não vão voltar tão cedo; Amélia falou.

-Quer que lhe acompanhe, senhorita? –Fenrir se ofereceu gentilmente.

-Não é necessário, mas obrigada mesmo assim; a jovem completou com um sorriso calmo. –Boa noite a todos;

-Boa noite; eles responderam enquanto deixava a sala.

Não iria conseguir esperar Mime e Alberich, sabia que aqueles dois teimosos iriam precisar de ajuda, para transportar todas, mas não, tinha que ter dado ouvido a eles; ela pensou assoprando a franja repicada que caia sobre seus olhos.

Estava chegando à porta quando sentiu uma mão fechar-se de forma delicada sobre seu pulso, fazendo-a voltar-se para trás. Virou-se encontrando os olhos acinzentados de Fenris sobre si.

-Fenris?

-Eu, bem...; o cavaleiro balbuciou desviando o olhar por um momento antes de continuar. –Só queria que soubesse que eu sinto muito;

-Uhn?

-Alexandra era uma pessoa incrível e o que Durval fez não tem perdão, mas... Fico feliz que esteja de volta; ele completou com um fino sorriso.

-Obrigada; Amélia agradeceu.

-Tem certeza que vai bem sozinha? –ele perguntou preocupado.

-Tenho, até mais;

-Ate; o cavaleiro respondeu, vendo a jovem caminhar pela plataforma que ligava o palácio até a estrada que levava em direção ao vilarejo. Sabia que ela cortaria caminho pelo bosque, já que era mais fácil.

Deu um baixo suspiro, finalmente às coisas iriam mudar e a oportunidade que vinha pedindo aos deuses nos últimos anos também. Como Alberich, não queria a redenção, mas apenas agora, havia encontrado um motivo verdadeiro pelo que lutar e admitir a si mesmo, quantas vidas já destruirá por causa de uma ambição incontrolável, por vezes enlouquecedora.

Mas agora sim, tudo seria diferente e sabia que valia a pena lutar por isso.

Continua...

n/a: Fenris é o Fenrir de A Grande Batalha dos Deuses. Optei por usar essa derivação do nome do Deus Nórdico, devido ao fato de que na saga existe um Fenrir e no filme outro diferente, como os nomes de Freya irmã da Hilda e Freya irmã do Frey no filme e a Deusa Freya, por isso também optei por utilizar a derivação de dublagem (Gota Mágica) Flér, como explicado em O Despertar das Valkirias.