• Wonderland •

Precisar.

Sentir-se só faz parte da vida. Sentir-se só é injusto, mas não errado. Qualquer um pode compreender o significado de uma lágrima. Qualquer um sabe que a queda de uma lágrima é um rasgo no peito. Chorar dói. Aceite esse fato para que possas viver em paz. A solidão pode ser compreendida. Mas nem sempre compreender é aceitar.

E ela é só uma criança entre as demais. Uma criança sozinha que se encantou por sua própria perdição. Perdição que veio na forma de um amigo incomum. Na hora em que ela mais precisava.

Encontrar.

Foi casual, obra de um Deus, de um diabo ou de um homem. Ele estava ali, como o destino disse que estaria. Pena que ninguém escutou. Que teria sido evitado se qualquer um tivesse prestado atenção?

E quem mais encontraria abrigo em um velho caderno? Quem mais, senão Ginevra? E do diário, ela fez seu mundo. No diário ela encontrou um amigo. Em Tom Riddle ela conheceu o medo.

Nas páginas em que escrevia, criou seu porto-seguro, fugindo da realidade. Escondeu-se da verdadeira beleza. Quisera ela saber que a realidade era infinitamente preferível ao seu mundo louco e maravilhoso. Quisera qualquer um saber.

Possuir.

Como poderia saber que o sangue que lhe cobria era inteiramente seu? Como poderia saber que o sangue que profanou as pedras milenares das paredes fora lhe tirado a força? Por ela mesma. E temendo por si e pelos outros, ousou achar-se mais forte. Ousou tentar destruir seu próprio mundo, seu único abrigo e seu mais terrível amigo.

Será que ninguém disse a ela que não era capaz? Não.

Chegou mesmo a acreditar que ela poderia destruir o que ela mesma criada? Tola menina, nada poderia fazer depois que ele se fortalecera. E ele se fortaleceu de suas forças. De sua dor. De cada lágrima que banhou o papel. Ele nunca foi seu amigo. E nunca será. Mas você continuou a acreditar. Porque esse é o seu país das maravilhas. Tolinha. Agora já não derrama lágrimas. Agora, tinge seu corpo de carmim. Não como seus cabelos. Tinge-se de sangue. O seu sangue.

Viciar.

Mas não importa o seu medo. Não importa a sua dor, sua solidão ou suas lágrimas. Você está encantada pelos mistérios daqueles olhos, anseia com todas as suas forças, desvendar aquelas páginas que misteriosamente sempre a compreendem. Quem precisa que você pense, Ginevra? Deixe que eu penso por você. Quem se importa que você se arrepende, Ginevra? Deixe que suas lágrimas a consumam. Teme o fim de seu conto de fadas particular. Chora pelas participações que já terminaram. Mas não consegue voltar atrás. Necessita olhar mais uma vez naqueles olhos. Quer tocar mais uma vez aquelas páginas. Porque ama o som do seu nome nos lábios dele. Quer sentir que só por uns instantes, ele é seu. Apenas o seu amigo. Doce engano. Agora, afogue-se nas trevas dos olhos que tanto ama.

Matar.

Há inúmeras formas de se matar alguém. Acabar com a vida? Isso é para os fracos. Mate-a por dentro. Não deixe que ninguém a salve de si mesma. Afogue-a na própria alma.

Isso é tudo o que você ganha por amar, Ginny. Você nunca irá tirá-lo da cabeça. Ele não deixará que você o esqueça. Você não se deixará esquecer.

E isso é tudo o que você ganha por amar. Antes, você tinha dor. Agora, nesse instante de agonia, enquanto chora sofregamente pela simples verdade, você vê pouco a pouco, seu país das maravilhas transfigurar-se em inferno.

Era uma vez um diário.

E ela não viveu feliz para sempre.

FIM

Nota da Autora: Não é meu melhor trabalho. Nenhuma das fics que postei aqui é (de fato) o meu melhor trabalho. Mas eu gostei. Sei lá. Acho que só gostei porque FINALMENTE consegui escrever uma fic com esses dois. Não foi romântica, não foi fluffy e não; o Papai Noel não existe. Fazer o quê, né? Não dá para fazer uma fic deles no dia dos...OPA, ESSA IDEIA É BOA! 8D

Reviews, moçada! Ò.Ó