N/A: Bem, bem, bem, essa é uma idéia que me vinha sempre à cabeça, que queria escreve-la, porém não sabia como a faze-la acontecer. E então, enquanto lia um dos livros magníficos de Agatha Christie me veio todo cenário na cabeça e resolvi parar de ser uma preguiçosa e bater um pouco as teclas do meu computador.

Já estou no começo do terceiro capitulo e por isso não há preocupação até lá. Gosto muito dessa idéia e dificilmente irei larga-la [e também porque minha beta-reader e amiga Gih. Christ não deixaria.

Universo Alternativo estejam avisados. É uma história de época [aproximadamente em meados do século XVIII-XIX. Uns anos depois do fim escravidão. Época interessante não[amo os vestidos balões. Haha

Os nomes dos personagens vão ser os reais [nos comics antigos eles tinham uma vida além do emprego diário, então peguei os nomes dali.

Os desse capitúlo são obviamente os principais [os outros nomes colocarei em ordem de aparecimento na história.

Richard Grayson – Robin.

Rachel Roth – Ravena.

Notas no final do capítulo, aproveitem a leitura!

Aviso: A leitura é longa então peguem seu chá e relaxem!


Árvores, árvores e mais...Árvores.

Esse lugar me parecia mais monótono que deveria.

Mais bem, pelo que a maioria das pessoas da capital tinham me contado, não era um lugar tão parado assim, diziam até ser muito agitado, fervoroso. Confiava nas palavras dessas pessoas, se não nem esperava por nada do tipo.

Mas isso não me importava no momento e sim, rever meu amigo. Mas até que se divertir um pouco não seria tão fora de regra assim.

A paisagem era deveras agradável, parecia que tudo se encaixava bem, o clima, o tempo, começo de fim de tarde se arrastando, céu claro e sem nuvens, a estrada cercada por plantas exóticas.

Mesmo monótono, tinha até o seu próprio charme particular.

Desviei um pouco a minha atenção da cena e retirei do bolso o bilhete amassado, cheio de dobras e já um pouco amarelado. O abri lentamente e reli o telegrama a mim mandado há alguns meses.

Estava mais para uma carta, mas com a formalidade das palavras, soava melhor o descrevê-lo assim, pensava eu.

A letra rápida e corriqueira me dizia que quando essa pessoa a escrevera estava em pleno estado de vasta emoção, agitação, suponho.

Quando chegou a mim, me pegou de repleta surpresa.

Não via esse camarada há tanto tempo que até me alegrou um pouco, duvidava que o maior cabeça dura que eu conhecera ainda se lembrava de mim, ou melhor, do hiper-competitivo paranóico.

Aquilo ainda fazia eu franzir a testa com irritação, e isso me alegrava ainda mais.

Mas não fora issoque chamou atenção no telegrama e sim, suas palavras

Convidava-me a ir até sua nova morada, que assumia como terra natal agora, o que me surpreendia, parecia amar mesmo esse lugar. Dizia ter muitas coisas 'estupendas' para me mostrar, ou melhor, para eu ver com os meus próprios olhos.

Ele ainda conhecia a minha maior fraqueza, a minha curiosidade anormal e meu estranho chamativo para ver coisas novas.

Bem, pensei sorrindo um pouco e relendo as últimas letras da carta e a guardando no bolso da calça, sair da minha rotina diária, que é até às vezes repetitiva um pouco não ia doer em nada.

Nada mesmo.


.:Desalinhar:..

por

Steph S.R.

-

.capítulo um:

p r o v e n i e n t e


"Senhor Grayson, já chegamos a sua estadia" Disse um velho senhor a mim, me retirando dos pensamentos e notando que a paisagem havia mudado drasticamente, nem parecia mais aquele lugar que para aonde sua vista ia, era apenas visto um enorme matagal.

"Sim Alfred, obrigada por me avisar" Disse calmamente e já abrindo a porta da minha carruagem e seguindo para uma nova cidade, um novo país, Brasil.

Era uma novidade esse país, era normal para mim viajar por vários lugares diferentes, mas era a primeira vez que vinha por essas terras, que tanto escutei nas minhas conversas como um país enriquecedor.

Olhei lentamente pelo local, era uma cidadezinha de interior, aonde os barões e donos de terras ainda reinavam soberanos, tudo era bem calmo, mas ao contrário de ver as coisas caminharem em passos lentos que é bem característico para esse tipo de cidade interiorana, vi uma cidade agitada e em ponto de bala, até a atmosfera era diferente, parecia que...algo grande ia acontecer ali.

Enquanto continuava a olhar o local vi várias pessoas dessa terra, alguns senhores andando a passos largos, conversando com outros sobre negócios e lucros, pessoas simples trabalhando fortemente para ganhar seu lucro, senhorinhas andando com suas companheiras, a sombrinha acima de suas cabeças e os olhares grudados nas lojas e mercadorias.

E agora, olhando curiosamente para mim, típico de moças de todos os lugares do mundo, as pessoas não mudavam nem mesmo mudando-se de Oriente para Ocidente.

Mesmo sendo normal no meu dia-a-dia ainda não me acostumava com esse tipo de olhares ávidos em cima de minha figura.

Tirando um pouco a atenção dali, olhei para Alfred que continuava ali sentando obedientemente na charrete, parecendo ainda esperar uma ordem minha. Suspirei um pouco com aquilo, mesmo Alfred e eu nos conhecendo há tempos, e tendo uma familiaridade enorme um com o outro, nunca mudava o jeito sério e obediente por nada.

"Claro, isso se deve a um certo tutor meu" Resmunguei para mim mesmo enquanto caminhava para fora da carruagem.

"Alfred, pode ir, eu me arranjo por aqui, não se preocupe" Disse a ele já tirando minhas bagagens antes de Alfred querer levá-las como fazia quase sempre que estávamos juntos. Hábitos.

"Ah, e vá logo ver a sua família, sei que quer isso" Continuei, sorrindo um pouco e já andando a uma distância da carruagem. Antes de ficar fora da minha visão o vi acenar com a cabeça e já agitar os cavalos e sair rapidamente do local.

Típico de Alfred, ordens antes de tudo, até de uma sobrinha sua, sua única 'família', que não via há anos, Bárbara, eu suponho.

Andei um pouco pela cidade, apreciando as peculiaridades que ela possuía, como ainda uma maioria alarmante de negros trabalhando vigorosamente em serviços mais pesados, ora por dinheiro, ora para se provarem capazes como qualquer um, como eram.

Poderia parecer estranho para mim, que era um idealístico abolicionista e que acreditava piamente que não havia diferença nenhuma de pessoa e gênero, mas para eles era bem normal, esse preconceito tolo, afinal a escravidão havia acabado há pouco tempo por ali e velhos costumes continuavam fortes.

Deveria me lembrar de que eu não estava mais em meu escritório em Londres, enfileirado de papéis e mais casos, ou enquanto tomava meu chá quente da tarde em um dos pubs ou cafés de lá.

Notei enquanto caminhava que chamava mais atenção que queria. Agora não era apenas a atenção das senhorinhas que eram direcionadas a mim, e sim, de todos no local.

Obviamente se notara de longe que não era dessas terras, as roupas e trejeitos eram deveras diferentes, ainda estava com meu colete longo que sempre usava, o frio da Europa Oriental, mais precisamente da Rússia, era horrível naquela época do ano (vim direto de lá para cá, com pequenas pausas para descansar) e também porque era muito apegado a ele. Do mesmo modo que os olhos diferenciados e a pele quase pálida eram como gritos altos de estrangeirismo.

Resolvi então me sentar em um banco que havia ali por perto e ver se meu amigo vinha me buscar ou não, ele havia me prometido que viria, mas sabendo do jeito ocupado e cheio de tarefas dele já havia deixado a opção de ir para uma pensão ou hotel do lugar, estar sempre preparado também era parte do meu trabalho.

Sentando ali resolvi retirar meu chapéu e aproveitar a brisa momentânea que passara. O tempo era mais quente que eu era acostumado, dificultando bastante minha pequena caminhada, deveria logo me acostumar com os climas tropicais do lugar já que ia ficar por ali por um longo tempo, além da visita ali, eram as minhas primeiras férias depois de anos.

Como a senhorita Graniele, minha secretária, dizia sempre a mim, eu trabalhava demais para uma pessoa da minha idade, que normalmente estaria aproveitando os frutos da juventude, mas isso era muito contrário ao que eu seguia, desde muito tempo trabalhava e já era costumeiro meu levar o trabalho acima de tudo na minha vida, não era culpa minha que era apaixonado pelo meu emprego, o de detetive.

Trabalho que não era para muitos, como dizia o meu tutor, tinha que se ter um equilíbrio enorme para o tal. Inteligência, perspicácia, força física, psicológica, a lista ia a fim.

Só cheguei onde estou agora graças ao colégio que estudei, sempre formava bons alunos e grandes gênios em suas áreas mais diversas, como era órfão mesmo que tivesse todas as qualidades listadas para a profissão, isso ainda não ia ser o bastante.

Foi lá também que conheci meu amigo por quem estou aqui a esperar, Victor, nós dois juntos ganhamos a bolsa integral e nos conhecemos por isso, já fazia muito tempo desde aquilo, acho...que uns 8 anos.

Um grande tempo. Estava ansioso para poder revê-lo denovo, era um dos poucos amigos que possuía, meu emprego não me permitia, bem, confiar muito nas pessoas.

Com o tempo e convivência se descobria que até as pessoas que você julgaria fora de quaisquer suspeita, eram as mais suspeitas.

Desconfiança, um sentimento contínuo. No começo até me assustava com isso, 'E se eu errar em meu julgamento?' Era o pensamento que sempre vinha a mim nos meus primeiros casos, mas o tempo me fez ficar mais astuto e a confiar mais em minhas habilidades.

Não haveria passado com uma das maiores médias da história do colégio à toa não?

Enfim, embora havia mais contras que prós nesse emprego, eu o amava, aquilo era a minha vida e eu não tinha nada além daquilo. Os poucos amigos que possuía não via freqüentemente, família, nenhuma, todos mortos. Relacionamentos amorosos?

Ah, zero.

E isso não era porque eu era o mais rude e sem modos ser na face da terra, ou não era bem apessoado, ao contrário, as jovens até me chamavam de príncipe, ou qualquer coisa que elas ilustravam como perfeição.

Era porque...eu não permitia, por assim dizer, e também porque não havia nenhum interesse em mim nesse assunto.

Não era que as moças não me interessavam, algumas até alfinetavam meu interesse momentâneo, era só que elas pareciam muito falsas. Todas sempre elegantes, finas, educadas, inteligentes, deslumbrantes. Parecia às vezes que possuíam o mesmo molde, o mesmo modo de agir e pensar e isso me incomodava, e muito.

Como meus colegas antigos de classe zombavam sobre mim, "Richie prefere uma onça pintada a um cisne pacífico".

Acho que a gozação, no final das contas tinha um 'que' de verdade.

E também porque eu duvidaria que elas iam querer seguir com o estilo de vida com o qual eu era acostumado, de viagem a viagem, e sempre alguém em seu encalço.

Elas queriam a realeza cheia de confortos e boa vida, e não um nômade que deviam se desdobrar para cumprir tudo os que lhe era passado.

Saindo um pouco dos meus devaneios, vi que o movimento parecia estar maior. Agora havia um ir e vir de carruagens de todos os tipos, em sua maioria, luxuosas. Deveria estar acontecendo algo na cidade mesmo, provavelmente um baile ou algum evento do tipo, e parecia ser grande.

Um, será que era isso que Victor tanto falara que ia acontecer por aqui?

Bem, não era de mim ficar sentado esperando as coisas chegarem a mim, iria de frente encontrá-las, e era já.

No instante em que ia me levantar vi uma senhorinha correndo apressadamente para a minha direção, ou melhor dizendo, a do banco.

O que me era mais estranho é que ela não possuía uma acompanhante como a maioria das moças de sua idade já que era norma padrão da sociedade ter sempre uma acompanhante, em qualquer lugar que seja.

Por hora resolvi ficar ali e esperar mais um pouco, e de quebra ver o desenrolar da cena que acontecia no momento.

Aproximando-se a passos largos de onde eu estava, a senhorinha se sentou bruscamente no banco e começou a suspirar rapidamente em sinal de cansaço.

Mais uma coisa estranha, senhorinhas nunca estão desalinhadas e ver uma assim nesse estado mesmo intencionalmente provocara minha curiosidade, resolvi observá-la um pouco.

Parecia uma moça fina qualquer, que eu via corriqueiramente, vestido balão de tecidos finos e com um preço significante, cabelo feito impecavelmente para todo o tipo de situações. Mas se olhando mais de perto se via algumas diferenças pequenas, mas significativas.

Estava sem luvas, maquilagem e sem nenhum adorno, coisas padrão para a vestimenta de uma moça da sociedade. Havia sim, uma jóia, uma estranha jóia que havia em sua testa, ligada por algumas pérolas que estavam emaranhadas em seus cabelos, que eram de uma cor nada normal, violetas, como seus olhos que me fitavam agora, com um olhar questionador e levemente com uma de suas sobrancelhas levantadas.

Acho que ela havia me pegado lhe observando e agora fazia o mesmo.

"Alguma coisa de errado?" Ela disse cautelosamente enquanto olhava fixamente para os meus olhos, ação que mostrava algumas coisas, como que ela deveria ser honesta, a maioria dos mentirosos não conseguia olhar para os olhos de alguém fixamente por muito tempo, sempre olhavam para o canto dos olhos ou qualquer parte do rosto, tentando ao máximo desviar das pupilas dos olhos das pessoas.

Suspirei exasperado, continuava com o mau hábito de analisar tudo.

Retribui o olhar e sorri um pouco com a aparência esgotada da senhorinha."Apenas me sinto um pouco perdido por aqui, nada demais" Lhe disse enquanto passava as mãos pelos meus cabelos que teimavam em cair sobre meus olhos.

"Idem" Respondeu ela sorrindo levemente enquanto me via batalhar contra meus cabelos, deveria estar parecendo um menininho pequeno quando sua mãe acabava de pentear os cabelos e sentia incomodado com aquilo.

Parei um pouco e a olhei curioso. "Ah, mas a senhorita deve ser daqui não? Se sentir perdido em sua própria terra natal é um pouco digamos, cômico, se me permite comentar" A disse enquanto via ela apoiar seu queixo em suas mãos e suspirar um pouco.

"Sim, sim. Mas é que não estou acostumada com esse tipo de ocasiões, ou melhor dizendo, não quero me acostumar" Ela me disse enquanto batia o dedo indicador em sua bochecha.

Aquilo tinha pegado a minha atenção de imediato.

"O que está acontecendo por aqui então?" Lhe disse calmamente enquanto a observava fazendo o que pareciam manias para aliviar a tensão e o nervosismo, também tinha a coleção das minhas.

"Uma festa em homenagem ao prefeito, coisa muito útil mesmo" Disse ela com puro sarcasmo e desaprovação na voz, parecia não gostar mesmo desse tipo de festejos desnecessários. Também não era muito fã deles, era só uma demonstração de falsa harmonia na sua maioria.

Não achava que era disso que Victor falara tão animadamente em seu longo telegrama a mim. Era insignificante demais para tirar palavras como 'magnífico' e 'supremo' do meu camarada de estudos.

"Então... suponho que deveria estar em direção para lá neste momento, certo?" Disse enquanto a via franzir a testa levemente.

Isso parecia um sinal sutil de afirmação.

Ficamos em silêncio por alguns instantes, eu esperando sua resposta, enquanto ela parecia estar em profundo pensamento, de repente ela vira seu rosto em minha direção parecendo me examinar um pouco mais.

"Você chegou hoje de viagem não? Deveria estar descansando em uma hotelaria daqui, viagens da Europa até aqui são cansativos e causam um esgotamento grande, se não me engano" Disse ela levemente enquanto agora apertava com as pontas dos dedos o seu nariz.

Sorri um pouco com sua breve dedução, ela era boa nelas, e bem precisa. "Estou em encontro com um amigo, ainda o espero aqui" Lhe disse honestamente observando como ela agora olhava para os lados como o que parecia procurar alguém.

"Duvido que ele venha, todos da cidade estão indo para a fazenda Roth festejar" Disse ela me olhando seriamente com um pequeno tom amargo no final da frase.

Ela realmente não gostava de festas. Interessante, sinceramente.

Vendo o movimento contínuo de pessoas, a passos apressados, em sua maioria, na direção contrária de onde eu vim, era mais do que óbvio que o que a senhorinha, que até agora não conhecia o nome, dizia a mais pura verdade.

E falando nisso...

"Senhorita-"

"Senhor-"

Paramos no mesmo instante e começamos a rir.

Era estranho, mas senti como se tivéssemos...

"... uma 'ligação'" Disse ela rindo ainda um pouco da situação e sorrindo divertidamente para mim.

"Ham?" Disse meio surpreso de como ela completou a minha linha de pensamento assim.

"Talvez seja melhor você fazer uma 'ligação', sabe, uma pequena mensagem para o seu amigo, há vários mensageiros por aqui" Ela repetiu, elaborando um pouco, parece que ela notou meu devaneio momentâneo.

"Nem ao menos ele me deu um endereço de contato ou algo do tipo" Lhe respondi enquanto balançava os ombros e continuava a olhar em direção a senhorinha.

"Que sorte" Murmurou ela sarcasticamente para mim, parecia que ela estava pensando em algo porque seus olhos se estreitaram um pouco e começou a passar os dedos sobre a testa.

"Tive uma idéia. Que tal ir até a fazenda Roth? Provavelmente à noite a cidade inteira estará lá e muito provavelmente, seu amigo" Disse ela agora olhando para mim enquanto pousava as suas mãos sobre o broche que carregava. "Enquanto eu estiver com ele, posso ir e vir livremente por lá também" Completou ela.

Então era por isso que ela não gostava de festas?

"Se lhe não for incomodo senhorita Roth" Lhe disse sorrindo de lado com a pequena carranca que ela fez.

"Então é verdade que até na Europa conhecem nosso brasão" Disse ela transbordando um mau-humor imediato.

"Já tinha o notado, mas pensei que não fosse da família central, já que eles não o carregam dessa maneira" Disse enquanto olhava para o colar simples de linho que ela carregava.

"Detesto coisas chamativas, se é que me entende" Suspirou ela enquanto olhava em volta da praça, já com o movimento se diminuindo, todos pareciam já estarem em direção a comemoração da cidade.

"É de rara espécie ver alguém reservada entre os circenses" Disse me referindo ao povo nobre da corte, que mais parecia, às vezes, palhaços e equilibristas e soltadores de fogo, sempre fazendo do impossível para chamar atenção para si e ter os maiores aplausos.

Ela riu um pouco com o comentário "Mas até os circenses são menos arrogantes e pomposos que eles". Comentou ela secamente.

Quando ela parecia que ia falar algo, se ouviu um grito alto e estridente em nossa direção contrária. "... chel!" De imediato viramos em direção a aquela voz. Parecia que procurava por alguém.

Senti que a senhorinha ficara tensa, e quando a olhei vi que em seus olhos havia uma mistura de medo e apreensão.

Ela se levantou de imediato e olhou para mim. "Olhe, tenho que ir. Pode ir para a fazenda, e diga que é um bom amigo meu, é certo que lhe deixarão entrar. Até" Disse ela, já saindo correndo com uma rapidez que era desconhecida para mim que uma senhoria poderia haver de ter.

Continuei quieto ali enquanto via sua silhueta lentamente sumir da minha visão.

Olhei para o lado contrário e vi uma senhora que deveria já haver mais de seus 40 anos correndo ofegante e perguntando algo as pessoas, enquanto continuava a correr.

Ela veio em minha direção e perguntou apreensiva para mim "Você viu uma moça bem jovem, usando um guarda-sol lilás e chapéu com algumas flores?" Sacudi a cabeça respondendo que não enquanto a observava apertar as mãos em sinal de preocupação.

Nenhuma das moças que vi ali não possuía a mesmas características que ela me descreveria, mas..."Não seria uma moça com cabelos violetas e um olhar bem firme?" Perguntei a ela enquanto me levantava, já era hora de fazer algumas coisas.

A mulher logo exclamou e agarrou seus braços nos meus."Sim, sim! Ela mesma! Sabe aonde foi?".

Sorri um pouco, ela não queria mesmo ser encontrada não? "Foi naquela direção" Disse enquanto apontava para um pequeno caminho cercado de árvores longas e robustas em que a senhorinha foi. Mesmo que a senhora, que deveria ser uma dama de companhia, fosse por lá, era quase mínima a chance de a encontrara.

Quando terminei de lhe dizer à senhora apertou seu passo e foi naquela direção com um olhar de força e coragem, que ela precisaria.

Enquanto via ela desaparecer no horizonte, andei até uma pequena fonte que ali tinha e sentei na borda, enquanto passava os dedos calmamente pela água. "Se não queria mesmo ser encontrada não deveria vir para a cidade, é o lugar mais obvio que ela procuraria" Disse eu em voz alta para ninguém em particular.

De repente, a senhorinha sai de uns arbustos que havia perto da fonte e sorri um pouco para mim. "Boa observação a sua" Disse ela já indo em minha direção e sentando ao meu lado.

"Sabia que você a diria em que direção eu fui, você não me parece o tipo que engana senhoras inquietas" Disse ela, também agora passando às mãos pela água da fonte.

Parecia que ela, também, era boa em observações.

"Claro, isso é errado" Lhe disse divertidamente enquanto a olhava de canto de olho, ela parecia sorrir um pouco com o meu comentário.

Ficamos lá em silêncio, contemplando idéias e teorias próprias consigo mesmos quando ela falou"Qual é o seu nome? "

"E o seu?" Lhe perguntei de imediato.

"Deve responder antes de perguntar" Disse ela calmamente enquanto esperava uma resposta minha.

"Richard, prazer senhorita Roth" Respondi logo quando notei que ela não iria mesmo me responder, levantei a mão em sua direção esperando a sua resposta.

"Rachel. Apenas Rachel" Disse ela enquanto colocava sua mão na minha, e como um acordo, apertamos nossas mãos.

Quem nos olhasse naquele instante poderia dizer tudo, menos que estávamos nos apresentando informalmente, um desconhecido ao outro.

Quando terminamos de nos cumprimentar levantei logo e Rachel também. "Melhor irmos logo, senão papai mandara as tropas atrás de mim" Disse ela olhando para mim. Pelo tom sério, duvidava que aquilo seria sarcasmo.

Apenas acenei com a cabeça e a segui pelo esgueiro caminho, cercado por árvores e arbustos por qual ela aparecera antes.

"Conhece bem caminhos exóticos para uma moça da sua situação" Disse enquanto quebrava alguns galhos que teimavam a arranhar meu rosto e a agarrar em minhas roupas.

"Talvez, mas eles são bem necessários nesses momentos" Murmurou ela se virando rapidamente em minha direção e já voltando a olhar para frente. "Mas será que não está acostumado com isso Richard?" Terminou ela com um tom divertido na voz.

Não sei como ou porque, mas até meu nome parecia diferente aos meus ouvidos quando ela o disse daquela maneira. Um ligeiro arrepio me passou pelos cabelos da nuca.

"Na realidade Rachel,sou deveras acostumado. Todos reclamam de como eu posso rasgar minhas roupas tão facilmente" Respondi com o mesmo tom dela.

E era verdade, senhorita Graniele sempre me reprovava zangadamente por eu sempre chegar em um estado digamos, lamentável depois de uma investigação. Sempre fui mais ativo que a maioria dos meus colegas de carreira, adorava por a mão na massa, e por tal coisa, minhas roupas eram mais esburacadas do que um pano ruído por um rato travesso.

Ela parou um pouco, me olhou nos olhos daquele jeito firme que ela possuía e respondeu "Não parece o tipo de coisa que um britânico seja chegado".

Andei até onde estava parada e fiquei lado a lado a ela, esbarrando um pouco meu braço no seu. "Todos sempre me disseram que meu lado belga tenha a ver com essa pequena falha" Disse com um sorriso alegre enquanto a olhava.

Ela sorriu um pouco com minha resposta e olhou para frente. "Já chegamos a festa". Disse enquanto levantou uma das suas sobrancelhas levemente. Olhei na mesma direção e fiquei surpreso.

Havia uma verdadeira multidão de pessoas no local, estava todo iluminado e cheio de barulho, mesmo com a significativa distância de onde estávamos. Parecia que todos da capital e de todos os lugares tivessem se juntado e foram para cá. Lembrava-me um monte de formiguinhas juntas a colherem as folhas no chão, só que mais barulhentas e enfeitadas.

O sol já estava a ponto de sumir no horizonte fazendo o céu ficar com um tom todo especial que nunca eu vi por minhas terras, uma mistura de azuis, verdes, amarelos e vermelho fosco. Olhei de novo para Rachell e respondi tentando ainda esconder a minha surpresa momentânea. "Acho que sei porque odeia tanto festas"

Ela olhou para mim, o sol tocando de leve o seu rosto e fazendo ficar em um tom bonito de rosa, enquanto suspirava pesadamente de novo, fios de cabelo flutuando no ar, murmurando em um tom cansado. "É, eu acho que agora deve saber mesmo".

No mesmo instante, andou em direção a festa, com os passos cansados e fatigos e eu a segui.

Mas claro, não sem antes uma mútua e surreal risada de toda aquela cena. Ela, talvez por achar graça da minha expressão (eu ainda deveria estar meio chocado com a cena que presenciei agora, e ela tão acostumada com ela, que achou graça de mim). E eu, por ver as diferenças estranhas e talvez até um pouco charmosas daqui com a minha casa.

O Brasil não era em nada parecido com o suburbano, calmo, fino e frio Londres.

E eu ri porque aquilo não me entristecia em nada.

Nada mesmo.


O que acharam? Ficou bom ou ruim, ou talvez um lixo? Opinem! E me perdoem se os personagens estão meio OC [fora dos caracteres.

E se houver algum erro me perdoem denovo, e que não agüentei e tinha que postar logo o primeiro capítulo dessa fic.

Até a próxima!