Capítulo um

A festa natalina de Slughorn estava animada. Neville que estava ali para servir discordava.

- Uma bebida?

- Neville? – disse Harry em tom de surpresa ao vê-lo ali.

- Não entrei para o clube do "Slugue". Mas tudo bem, ele pôs Belby para entregar toalhas no banheiro... – Saiu cabisbaixo após Harry recusar a bebida.

Enfim, havia diversos comes e bebes, pessoas conversando animadamente, pessoas paquerando, e por fim, pessoas fugindo de pessoas. Era a festa do ano em Hogwarts. Harry Potter nem se quisesse poderia recusar o convite, e por fim estava ali, até que gostando do ambiente ao lado de Luna Lovegood. Já Hermione, estava ali mais para fazer ciúmes ao Rony com o Cómarco do que outra coisa. Ela era uma dessas pessoas que fugiam de outras pessoas.

Era por volta das onze quando Cómarco tentou beijá-la de baixo de um vistoso visco, e para a sorte da bruxa, alguém havia trombado nela, facilitando sua escapada dos braços do outro. Ela correu atrás de uma cortina, por ora ali estaria segura. Harry, notando-a foi até ela perguntar o que estava acontecendo, afinal ela parecia muito aflita. Poucos minutos depois, após sua explicação do porque se escondia, foi interrompida pela imponente figura de Snape a procura de Harry. O grifinório já ia saindo de mansinho e dando desculpas:

- Senhor Potter – cuspiu esta ultima palavra no grifinório

- Senhor, preciso voltar para a festa, meu par...

- ... pode sobreviver à sua ausência por mais um ou dois minutos – falava com seu habitual tom de desprezo, e lançou um olhar pior ainda à Hermione, supondo que esta seria o par do garoto. – Além disso, só quero transmitir um recado.

- Um recado?

- Do professor Dumbledore. Ele mandou lembranças e espere que você aproveite suas férias. – seu tom de ironia fez com que Hermione apenas ousasse a dar uma leve sorrida e olhar imediatamente na direção contraria à eles. Após Snape proferir tais palavras em tom zombeteiro, continou, agora, bem sério: - veja, ele foi viajar, e só vai voltar quando as aulas recomeçarem.

- Viajar para onde?

Snape, com seu jeito ferino e maléfico, apenas dignou-se a calar-se ante a pergunta idiota do garoto, e já ia saindo do local quando ouve a professora Sibila, com um copo de firewisque na mão, perguntando do paradeiro daquele "ser negro e misterioso das masmorras". No momento em que ouviu a bêbada falando, como uma ação de sobrevivência da espécie, recuou um passo trombando na aluna, também acuada por fugir de outro par. Harry já estava longe do "morcegão" faz tempo, abandonou a amiga para agüentar sozinha o professor.

- Cuidado Granger! – falou num sussurro, provavelmente com medo de certa pessoa ouvi-lo.

Hemione até o momento permanecera quieta, e assim pretendia continuar, antes Snape próximo do que Cómarco sufocando-a. Ela era um tipo de bruxa que odiava homens grudentos. Ela gostava de homens que desse ao menos espaço para ela respirar. Cómarco definitivamente não daria certo.

Também com medo dele ouvi-la e descobrir onde estava, apenas continuou em silêncio, mesmo que fosse culpa de Snape tropeçar nela, então ele deveria ter cuidado. Mas, de certo modo, Hermione estava acostumada a ver seu professor de poções, agora de DCAT, ser injusto. E esses meros detalhes nem a incomodavam mais.

- Por que a senhorita não vai dançar com seus coleguinhas? Ou ir atrás de "Slugue" e demonstrar como a senhorita é sabe-tudo e conquistar a fama ou mais prestígio? – disse na tentativa de fazer que a bruxa saísse daquele lugar e deixasse-o sozinho se escondendo. Ela não poderia perceber que ele, o temido mestre de Hogwarts, estaria se escondendo por causa de uma bruxa.

- Desculpe professor, mas não posso... além disso eu... – ia completar com "estava aqui primeiro", mas o medo de enfrentá-lo não a deixou. A frase morreu, e com uma sobrancelha erguida de Snape a desencorajou ainda mais. Porém, ela já havia tomado umas, e o medo de Cómarco a fez continuar sussurrando com um desabafo: - estou me escondendo de alguém.

Por incrível que pareça, Snape, apesar de não ter falado e nem demonstrado, se compadeceu pela garota, afinal ele estava na mesma situação. Para a surpresa de Hermione, após sua confissão, ele apenas ficou quieto. Permaneceram daquela maneira (em silencio e imóveis) por pelo menos uns quarenta minutos, quando ela se sentindo encorajada por não se sabe o que, perguntou à Snape se ele também estava se escondendo. A essas alturas do campeonato, Snape percebia que Sibila ainda o esperava, e sem coragem de sair dali, e por mais que ele não admitisse, estava até agradável o silencio de Hermione, resolveu responder:

- Não que isso seja da sua conta, mas, também, há para mim, pessoas desagradáveis o suficiente para que aguarde suas saídas, mesmo que tenha que agüentar sua presença. – Vindo dele, não era uma resposta tão ruim. Ele poderia ter estuporado, amaldiçoado, retirado pontos da grifinória ou apenas ter fingindo que não ouviu a pergunta. Mas ele respondeu e até mesmo cordialmente, apesar da última sentença "agüentar sua presença".

Hermione não era tão bobinha assim, e com seus dezesseis anos já saberia dizer que Sibila, com aquele jeitão de boba estava apaixonada por Snape. Além do mais, ela mesma ouviu Sibila chamando por ele várias vezes, e quando ela passava perto de onde estavam ela notava que a mandíbula de Snape se contraia até ficar branca e quase se partir. Mais uns vintes minutos se passaram após a última troca de palavras, e ambos, cansados de estarem ali ha tanto tempo (e por sorte ninguém os vira, afinal, Hermione concluiu que Snape havia jogado um feitiço de desilusão nas cortinas), estavam mais relaxados um com o outro e acostumados à presença.

Por um momento, Snape cruzou o olhar com a aluna à frente, aparentando tédio da festa e tédio por estar ali (assim como ele), mas seus olhares se cruzaram e por um longo minuto ninguém desviou. Suficiente para depois que Hermione olhou para seus sapatos, Snape continuar olhando-a, agora reparando ela como um todo. Estava apresentável.

- Pensei que Potter era seu par na festa.

Hermione olhou-o com uma expressão 'não-sei-o-que-falar', mas respondeu, mesmo que conversar com Snape fosse um tanto aterrorizador e intimador para qualquer um: - Não! Ele está com Di-lua... oh, me desculpe... – pronto, agora estava ruborizada e constrangida como há muito não ficava. Snape riu interiormente, o apelido combinava perfeitamente com a garota em questão.

- E você...´- continuou especulando um pouco impaciente, após perceber que a garota se calara por medo.

- Cómarco, professor.

- E por que não está com ele?

Hermione, mesmo que com certa incredulidade pela pergunta, hesitou ao responder, afinal, deveria escolher bem suas palavras.

- Na realidade, professor, não gostaria de ter vindo com ele, mas como deveria trazer um par e ele se mostrou interessado... Bem, é que vim com ele como amiga, mas ele não quer somente isso... ah, o senhor entende, não?

- Sim, por isso estou aqui.

Por um breve momento, a bruxa grifinória pôs se a pensar em como os garotos ao seu redor eram crianças e bobos, loucos para "pegar" alguém, não se importando com mais nada. Sua vida estava tão estagnada, amorosamente falando, que começava a perder esperanças em achar alguém compatível. Será que não existiria nenhum bruxo que fosse inteligente, amável sem ser grudento, maduro sem ser chato, charmoso sem ser metido, legal sem ser criança? Bom, ela exigia demais e...

- Acho seguro eu sair – interrompeu os pensamentos da bruxa – a festa está acabando e sugiro que vá para seu dormitório. Boa noite.

- Boa noite. Hermione continuou parada ali por uns instantes, após ver a saída do mestre de poções sempre com estilo.