- Shun! Volte pra cama, você não está se agüentando de olhos abertos.
- Hã... - murmurou ao acomodar sua cabeça na mesa. Hyoga o olhou novamente e voltou a ler o livro.
- Trinnn! - tocava o interfone. Ninguém se mexeu.
- Trinnn!
- Shun. - Hyoga encarou-o para que fosse atender.
- Ah... tá... eu... tô indo... Uahh! - bocejou.
- Ahn...?
- Bom dia! Sr. tem uma pessoa aqui pedindo para subir. É a Srta. June.
- Ahan... - Shun não ouviu sequer uma palavra. Desligou o interfone e se jogou no sofá. Pouco depois...
- Pééinnn! - toca a campainha.
- Shun quem era no interfone?
- Que...?
- Quem estava interfonando?
- Ahan... - murmurou.
- SHUN! - gritou Hyoga, já nervoso.
- AHHHH! O quê? - Shun pulou do sofá e deu um grito de susto.
- Pééinnn! - novamente a campainha.
- AHH! - gritou ao levar um susto, pois já estava se acomodando de novo no sofá. - Quem pode ser essa hora? Uahh!
E foi atender a porta, descabelado, quase dormindo e bocejando constantemente.
- Pééinnn!
- Já vai! $$#&... - Shun xingava baixinho, estava com tanto sono que cairia a qualquer momento. Abriu a porta.
- Oi SHUN! - gritou de felicidade, era June de Camaleão. Sorria de um jeito como se estivesse chegado ao céu.
- Ju... JUNE? - disse Shun acordando assustado.
- Sim, eu vim passar uns dias aqui! - soltando as duas malas que estava segurando e mais uma mochila em suas costas e se pendurando em Shun.
- Ai Shun! Que saudade! - Shun ainda estava assustado e se assustou mais ao ver o tanto de bagagem que a garota trazia, e pensou: - "Quantos meses ela pensa que vai ficar aqui?".
- Entre June... - voltando ao sono e pegando suas malas.
- Oi Hyoga! - a garota falava com tanto entusiasmo, que parecia que saíam flores de sua boca, para enfeitar aquele recinto tão masculino onde se encontrara. Quebrando aquele clima de tédio que até então pairava no local.
- Oi June.
- Que legal Shun! Adorei seu apê! Vê se passa uns dias na minha casa também! Ah! Você iria adorar, a gente ia na praia todos os dias! E eu ia fazer muitos doces para você! E também... - a garota não parava de falar e andar pelo apartamento, olhando as coisas, pegando-as para apreciar mais de perto.
Shun andava como um morto-vivo com as malas de June embaixo dos braços. Colocou-as ao lado do sofá e se sentou, tentando prestar atenção no que June falava.
- E foi minha amiga quem tinha me dado um desses! Eu não sabia que você tinha um Shun! Mas se você fosse lá pra casa, eu ia fazer alguns objetos de argila! Eu andei treinando muito! Sabe né? Eu não via a hora de chegar logo aqui! Quando comprei minha passagem eu dava pulos de alegria! - pulando em meio à sala, para demonstrar como havia feito.
June falava muito rápido e afobado, isso deixava Shun com mais sono ainda. E Hyoga parecia ignorá-la e se afundar cada vez mais no livro em que lia, desprezando aquele ar alegre que tentava empurrar todo o tédio e tristeza daquele lugar. June se sentou, ou melhor, se jogou no sofá ao lado de Shun, ainda falando da alegria de ter chegado e na ansiedade que sentira durante a viagem.
- Mas aí eu falei pra ela que eu não conhecia, mas ela insistiu! Eu fiquei com tanta raiva, mas... - Shun sem querer, se deita no colo de June, não se importando se a garota ia gostar ou não, só se importando em tentar cochilar um pouco.
- Oh! Shun! - Hyoga dessa vez prestou atenção, pensando que a garota ia reclamar.
- Sua pele está um caco! Mas não se preocupe que eu trouxe um creme! Ele é excelente! Em uma semana deixa a pele lisinha! - Hyoga a olhou com mais tédio e voltou a ler. Logo chega Ikki.
- Oi Ikki!
- June? Você aqui? Fazendo o quê?
- Vim passar uns dias aqui! Porque você sabe né? Eu tava tão só em casa que resolvi vir visitar o Shun! Mas não se preocupe, não vou atrapalhar nada e... - e continuou falando, falando e falando. E Ikki não cansava de se perguntar: - "Por que fui perguntar? Poderia muito bem ter iguinorado! AHHHHH!".
Hyoga já estava se enchendo e antes que pudesse pensar em dar um grito, foi caminhando para a porta da sala. Antes de sair Ikki avisou a Shun aonde ia.
- Estou indo para a academia.
- A tá! É muito longe? Tome cuidado Ikki! Porque as ruas são muito agitadas! E... - e antes que a deixasse falar mais saiu e fechou a porta.
- Que grosseria!
- Shun? Você está dormindo?
- Ahan... Hã? Não! - percebendo que já estava babando no colo da moça e que não tinha ouvido uma palavra do que disse.
- Nossa, parece estar muito cansado!
- Vou tomar um banho pra ver se desperto e depois a gente sai.
- Vamos sair? Que legal!
- Eu sempre corro em volta do quarteirão de manhã.
- Eu corro na praia!
- June, vou pôr suas malas no meu quarto tá? Se quiser algo é só pegar lá. - falou antes que ela disparasse a falar novamente.
- Tudo bem, Shun. - respondeu com um tom um tanto que triste. Não sabia por que, mas a tristeza de Hyoga a contagiou.
Aparece Hyoga, já arrumado, com uma calça azul um pouco apertada e uma camiseta sem manga branca e de meias brancas. Agora parecia que Hyoga estava mais feliz.
- Onde está o Shun? - perguntou para a garota que olhava tristemente a cidade através da grande janela.
- No banho. - Hyoga se surpreendeu com a resposta da garota, em tão poucas palavras e num tom quase que chorado.
- June, você está bem? - colocando as mãos nos ombros da garota.
- Sim Hyoga, estou! - disse a garota se encaminhando-se para a cozinha e deixando o loiro um pouco confuso. Levando as coisas do café da manhã, pondo um pouco de ordem na casa.
- Não June, deixe que eu arrumo!
- Isso me destrai.
- ... - Hyoga estava tão confuso, tentou animar a garota. Que também fazia esforço para se animar.
- Você gosta de praia né?
- É... eu adoro. - demorou um pouco para completar seu pensamento e voltou a falar. - Eu amo os animais que vivem na praia, o clima, tudo, tudo! - a cada palavra June ia se alegrando novamente. Até que disparou novamente e sua aparência já era a de antes, alegre e sorridente.
- Eu não sei bem o que é calor de verdade! Vivi por muito tempo na Sibéria!
- Nossa deve ter sido difícil né? Aquele frio, nem imagino como viveria num lugar desses! E as roupas? Sim, são muito lindas, mas são enormes! Ficam parecendo ursos!
- Hahaha! - pela primeira vez não se irritou com a tagalerice da garota. Até estava achando-a simpática.
- Ih! Lembrei que eu e Shun vamos sair! Tenho que me trocar! - saiu correndo para o quarto e sem pensar, meio que por pressa, abriu a porta.
- June?
- Oh! Me perdoe Shun! - batendo a porta e corando incrivelmente.
- Rsrsrs! - Cisne ri baixinho.
- Eu sou um desastre! Um desastre em pessoa! já te disse o que a ansiedade faz com uma pessoa? A pressa! Grrrr! Sempre me dando mal!
- Calma June! Você não viu nada de mais. Não é o fim do mundo! - diz Hyoga.
- O que não é o fim do mundo? Então você viu? Viu como eu sou um desastre? Não, eu não podia ter batido na porta? Mas é sempre a June que tem que passar pelas piores situações, sempre a June! Ai que vergonha!
- Rsrs! Você ainda está vermelha.
- Não me lembre disso! - estava com vergonha, mas não se esquecera do que vira. Que vira Shun do jeito que veio ao mundo!
- Estou pronto! - diz Shun vindo até a sala. June cora instantaneamente e sai correndo para o quarto.
- Nossa Shun, o que foi que aconteceu? - pergunta ironicamente como se não soubesse o que tinha ocorrido.
- A louca da June, entrou no quarto sem bater! E como eu tinha acabado de sair do banho...
- HAHAHAHA!
- Isso não é nada engraçado.
- Rs! Ahan... rs! - se segurando para não rir mais.
- Pronto Shun! - os dois a olharam, June estava mais linda do que de costume, mesmo com uma roupa comum. O cabelo preso no alto da cabeça, vestida com uma calça capri bem justa de cor azul e uma blusa de moletom não tão justa, de cor lilás e tênis branco. Já Shun estava com uma blusa de capuz também, de cor laranja e uma calça, um pouco justa de cor azul e tênis branco. Os dois se deslumbraram com a beleza e feminilidade da garota.
- Aonde vão?
- Vamos correr pelo quarteirão.
- Tchau, Hyoga! - disse June.
- T-tchau June! - ainda surpreso.
- A gente já volta. - diz Shun.
- Tá bom. - responde.
June ainda estava envergonhada, Shun estava envergonhado por ela estar envergonhada (O.o). No elevador, o silêncio continua. Até chegarem à rua e um homem falar.
- E aí belezura?
- Ei! Você não viu que ela está comigo?
- Hahaha! Pensei que você também fosse uma garota! HAHAHA!
- Ora seu... - Shun já ia se descontrolar.
- Deixe ele de lado, vamos! - e saíram correndo, fazendo Cooper.
- Obrigada Shun!
- Não precisa me agradecer, eu não podia deixar um cara qualquer mexer com você.
- Shun. Me desculpe. - pelo episódio do banheiro.
- Tudo bem.
- Eu não vou atrapalhar se ficar por uns dias né?
- Não June! É um prazer estar com você. - Shun disse sem pensar, mais para agradar a garota.
Mas agora não estava mais achando incômoda a idéia dela ficar por uns dias, ela tinha mudado, aquela euforia toda foi só ansiedade, alegria. Afinal fazia muito tempo que não se viam. Continuaram a correr e a conversar, June falava mais do que podia agüentar.
- Oh! - June torce o tornozelo e cai no chão.
- June? Você esta bem? - oferecendo a mão para a garota se levantar.
- Ai, como eu sou desastrada! Ai! Acho que torci.
- Venha! Se sente aqui! - pegando na cintura da garota e sentando-a em uma escada em frente um prédio antigo.
- Ai! Nossa que lindo! - olhou para cima e viu aquele prédio cheio de imagens lindas e anjos. - Shun, você parece um deles! - apontando para os anjos, Shun ficou vermelho.
- Vamos ver se machucou? - massageando.
- Acho que foi um mau jeito. Vamos!
- Consegue andar?
- Sim! - olhando para os anjos. Seus olhos começaram a lacrimejar.
- Esta doendo não está?
- Ah, sim, um pouco! - June nem sentia mais a dor, a dor em seu coração era mais forte, quase que agonizante.
- Ah. - suspirou. - Shun você está muito lerdo!
- Pode deixar que eu te alcanço!
- Vai ser difícil! - disse ela ganhando velocidade e deixando Shun para trás. - Tente me pegar! - gritou.
As pessoas os olhavam com tanta ternura, aqueles dois! Ai, ai...June já estava no outro quarteirão e ele no final do primeiro. Enquanto o farol estava fechado, June o esperou, fazendo caretas e o provocando.
- Estou na frente! E olha que eu ainda me machuquei!
- Ah! eu vou te pegar! - abriu o sinal e Shun saiu rápido como um meteoro. Em pouco tempo alcançou a garota e a pegou pelo braço.
- Não disse?
- Ah, Shun! - disse com ar de ternura. Eles estavam um de frente para o outro e se entreolhavam. Até que June...
- Te adoro Shun! - o abraçou, e ele ficou envergonhado de novo.
- Vamos voltar? - se separando da garota.
- Ahan! - voltaram andando. E pararam em uma sorveteria. Estavam lá, os dois tomando sorvete e sendo olhados com ternura.
- Shun, estou adorando ficar aqui com você! Nunca me senti tão feliz como agora! - Shun somente sorriu para a garota. Terminaram o sorvete e foram pra casa, conversando.
Os dois chegaram cansados em casa.
- Chegamos! - gritou June. "Nossa!" pensou Ikki, ele a fitou inteira, parado na cozinha, com um copo na mão. "Ela está mais linda do que de costume!".
- Estou cansado! - disse Shun se jogando no sofá.
- Onde foram? - perguntou Ikki, com um pouco de ciúme.
- Fomos correr um pouco! - disse June se aproximando de Ikki e pegando um copo de água, enquanto a garota bebia de olhos fechados, Ikki olhou cada curva de seu belo corpo, analisou tão bem que saberia descrever perfeitamente. E continuou olhando quando ela se virou para colocar o copo na pia. Passou por Ikki e foi até o sofá, se sentando no chão na frente de Shun.
- Hei June! Sente aqui! - disse Shun se sentando direito.
- Eu quero me deitar aqui no chão.
- Certeza? - fez que sim com a cabeça, se deitou e ficou olhando Shun se espreguiçar no sofá.
- Trouxe uns filmes. - disse Ikki.
- Eba! Adoro assistir filme! - batendo palmas. Se sentou e pegou as quatro caixas em cima da mesa.
- Esse aqui não! - Ikki tirou o filme da mão dela antes que pudesse ver.
- Ah Ikki, por quê? - perguntava com toda inocência do mundo.
- Esse é muuuito chato! - Shun, tentando contornar a situação.
- Deixa eu ver só a capa?
- NÃO!
- Ah eu sou muito curiosa! Deixa Ikki? - se pendurando nas costas de Ikki, que estava abaixado mexendo no vídeo, para ver se pegava o filme. Shun tinha que fazer algo.
- June! Por que você não senta aqui do meu lado? Não é mais interessante?
- Ai Shun... - disse pensando: "Que fofo!". Ikki olhou-os pelo canto do olho. June se sentou ao lado de Shun, Ikki colocou um filme de terror e se sentou em uma poltrona, fitando-os constantemente.
Volta ou outra June se assustava e se agarrava ao garoto, ficando envergonhada depois, e Shun sempre a respondia com um sorriso ou um: -"Está tudo bem!". Hyoga chega, já estava anoitecendo.
- Cheguei.
- Onde estava, Hyoga?
- Fui visitar um amigo meu.
- Ah. - disse Andrômeda, com um pouco de ciúme. Na verdade muito ciúme. Hyoga se deita no chão e fica assistindo. Fica ali por algum tempo, já no final do filme, sai.
- Não estou agüentando de cansaço. Vou dormir.
- Boa noite! Hyoga.
- Bo-boa noite! - Hyoga ficava nervoso, ela falava de um jeito tão sensual, mas ao mesmo tempo inocente, não era de propósito. Era o jeito dela.
- Também estou ficando com sono.
- Não é cedo para dormir? June. - disse Ikki, com um tom um pouco sacana.
- É... Acho que vou esperar o filme acabar.
- Quando quiser é só ir pro meu quarto. - disse Shun.
- Eu vou dormir com você? - Ikki olhou imediatamente para Shun, esperando uma resposta do irmão.
- N-não! Eu vou dormir na sala!
- Ah, eu posso dormir aqui, não se preocupe!
- Não June, eu insisto, durma na minha cama!
- Ah, então ta! - deu um sorrisinho. Ikki ficou aliviado. O filme acabou e Ikki colocou outro, dessa vez um suspense.
Os três assistiram até metade, Shun desde o começo já estava com um pouco de sono, dessa vez não caiu no colo de June. Ela o colocou no colo, passando as mãos em seus cabelos. Ikki observava tudo.
- Oh, June? Hã? Eu caí de novo no seu colo?
- Não, você estava com tanto sono, que eu te puxei para o meu colo. Tudo bem, pode ficar aí! - e na maior inocência passava suas delicadas e brancas mãos entre seus cabelos verdes.
Ikki já estava ficando com raiva, mas não ia sair dali tão cedo.
- Ikki. Poderia pegar um copo de água para mim?
- Posso. Quer comer algo? Tem torta.
- Eu quero! - passava a mão na face levemente rosada em seu colo.
- Ah! June... é melhor parar!
- Não está gostando, Shun?
- Não... não é isso! É que... hã... talvez eu não me controle!
- Oh, me desculpe! Eu não quis... - June se levantou e foi para a cozinha.
- Não June, não quis te ofender! Não é isso... ai caramba!
- Pode deixar Shun, eu não toco mais em você!
- Mas June... - pensou: "Ei! Por que estou me importando se ela toca em mim? Deveria não me importar! Mas... mas eu gosto! Como? Quando ela me toca, sinto um calor incontrolável, por quê? O simples toque de suas mãos em mim, como quando a peguei quando estava caindo, o simples roçar de sua pele na minha! Isso me deixa tão... tão... estranho!".
June estava na cozinha comendo torta ao lado de Ikki, que se segurava para não agarrá-la ali mesmo, era muito provocante! Seu jeito era provocante! Ikki teve que sair, senão não responderia por seus atos. Voltou para a poltrona. June terminou de comer e se sentou no sofá, longe de Shun, deixando um assento entre eles.
- June, vem cá!
- Não, estou bem aqui. - passou um tempo e Shun estava com mais sono do que antes. June percebeu e se sentou no chão.
- June, fique aqui.
- Você está com sono, tem que dormir.
- Posso me deitar no seu colo? Juro que não falo mais nada! - pensou: "Por quê? Por que tenho essa necessidade de ficar perto dela?".
- Não Shun! Vou dormir!
- Não vai terminar de assistir o filme? - perguntou Ikki.
- Não, Ikki! Vou tomar um banho e dormir. - pensou Ikki: "Tomar banho? Como seria June tomando banho? Ahh..." Ficou imaginando enquanto June saía.
- Boa Noite, Andrômeda! - dizendo um pouco zangada. Entrou no quarto e foi direto para o banheiro. A água caindo sobre seu corpo magnífico e surge um pensamento: "Não conseguiria ficar tão perto dele sem tocá-lo! Impossível!".
Após o banho deitou-se. Enquanto Shun e Ikki conversavam.
- Não acredito que vai deixar mais uma passar?
- Como assim Ikki?
- Você não vai fazer nada com ela?
- Ikki! Não seja tão bruto! Não acho que tenho que fazer algo, não quero forçá-la a nada. Nem estava pensando nisso! June é só minha amiga!
- Você é mesmo muito lerdo Shun! Ela está te dando mole faz tempo! E você não vai nem tirar uma casquinha? Ela é louca por você Shun! Ataca de vez! Chega tirando a roupa dela, e deitando ela na cama... como se faz com uma...
- Ikki! - interrompeu. - Eu não vou fazer nada com ela, e ela não está louca por mim! Não vê como ela é inocente, às vezes pode só parecer que ela se insinua. Porque realmente ela é pura!
- Pura? Hahaha!
- Por que ri?
- Shun, ela se entregaria a você! Só está esperando você dar uma brecha!
- Não pense isso da June!
- Não vou mais gastar meu tempo com uma garotinha sensível como você!
- Garotinha? Hunf! Você que pensa! - pensou: "Queria poder tocá-la profundamente! O que? Esses pensamentos... Não! Não posso!". Ikki já tinha saído e Shun foi até seu quarto para pegar um cobertor e um travesseiro.
- June? Quero pegar umas coisas!
- Pode entrar! - disse a garota, colocando a blusa. Ainda deu tempo de Shun ver o contorno de seu corpo, iluminado pela luz da lua.
- Me desculpe, mas eu bati na porta!
- Eu já estava trocada. - ainda zangada. Shun entrou e pegou tudo o que tinha que pegar, foi pra sala e se trocou lá mesmo. Se deitou.
O tempo passava, rolava pra cá, rolava pra lá... e não conseguia dormir. June a mesma coisa, só pensando. June resolveu tomar um copo de água para ver se se acalmava. Passou pela sala e viu Shun deitado, sem camisa. Shun sabia que era a garota e fingiu estar dormindo. Foi até a cozinha e bebeu água, voltou e por trás do sofá olhava Shun dormir, ou pelo menos fingir. Deitou-se no encosto do sofá, se equilibrando para ver Shun mais de perto. Shun pensou que a garota já tinha ido, mas não abriu os olhos, parecia estar com sono de verdade. De repente uma lágrima cai sobre a face de Shun, escorrida do belo rosto de June.
- Um anjo! - sussurrou. Foi tentar pôr as mãos nos cabelos de Shun, mas se desequilibrou e acabou caindo em cima dele.
- Ah! - Shun se assustou.
- Me perdoe Shun! - disse se levantando e chorando ainda mais. - Eu sabia, eu sou um desastre! Uma monstra! Tinha que ser comigo! Tinha que ser! - caindo de joelhos no tapete em frente o sofá.
- Calma June, não foi nada, eu só me assustei! A propósito, o que fazia?
- Eu estava vendo se você já tinha dormido! Me doeu na consciência ter ficado com raiva de você! Shun... me desculpa?
- Claro que sim June! - abaixou abraçando-a. Ao se distanciar, passou a mão em seu rosto, lhe enxugando as lágrimas.
- Shun...
- Hum?
- Eu... eu... EU SOU UMA IDIOTA! - e pôs-se a chorar novamente. Não queria dizer isso, queria ter dito seus sentimentos a ele.
- Calma June! Sente-se. - colocou-a no sofá e sentou ao lado dela, virando seu rosto para ele. Os dois viraram os corpos, para que ficassem um de frente para o outro, involuntariamente.
- June...
- O que? - disse alto e ainda chorando.
- Isso...
- Isso o q... - antes que pudesse terminar, Shun trouxe sua face para perto e a beijou delicadamente.
- Shun?
- Não fale... - e voltou a beijá-la, dessa vez beijou-a com mais intensidade, mais rápido. Passou a mão por seus cabelos. June passava suas mão na nuca de Shun.
- Pare June!
- De novo? Com licença! - já estava se levantando, quando Shun a puxou.
- Tudo bem! - deixou a garota acariciá-lo. Passando as mãos em seus cabelos e em seus ombros, mas Shun estava sentindo algo a mais, suas mãos não se controlavam e insistiam em passar da cintura da garota. Ela nem se deu conta.
- Tem certeza June?
- Do que Shun?
- De que quer ir além.
- Além? Sabia! Vocês homens só pensam nisso! - disse gritando não muito alto. - Pensei que você fosse diferente Shun. - baixando a voz e se retirando.
- June! - deixou que ela fosse, não queria magoá-la mais. E apesar do beijo ter sido bom, na hora, se lembrou de outra pessoa: Hyoga!
E o amado cavaleiro do Shun aparece no corredor. Acordou com o grito de Shun e June falando alto.
- O que aconteceu aqui? - Hyoga vinha pelo corredor escuro, quando estava chegando à sala, a única luz que entrava pela janela lhe iluminou a face e o resto do corpo.
- Ah, foi a June.
- O que você tentou fazer com ela?
- Não sei Hyoga, não consigo me controlar quando ela me toca! Me sinto muito estranho! É como se uma chama percorresse todo o meu corpo e...
- Entendo.
- Mas eu sinto também uma necessidade de estar perto dela, de ser tocado em cada parte de meu corpo...
- Han han! - Hyoga tossiu propositalmente para Shun não entrar em detalhes.
- Também sinto uma ternura, uma pureza vindo dela, como um anjo! Não estou mais achando ela uma chata!
- Hum... Interessante!
- Mas tem uma outra pessoa, por quem eu sinto uma coisa parecida. Eu adoro estar com essa pessoa, sua energia, seu jeito, sua áurea, até mesmo sua pele, seu abraço... Ah, tudo! Sua amizade não é só mais uma para mim, sinto algo especial, como se não pudesse perdê-la! Jamais! Um amor diferente... Seu jeito me encanta... sua coragem...
- Shun... não fale mais nada! - colocando a mão em sua boca e em seguida se aproximando e beijando-o. Beijou-o delicadamente, um simples contato de lábios.
- Hyoga! Como...? Como soube?
- Shun, nesse apartamento, quem convive todos os dias com você sou eu e o Ikki. Você não sentiria tal coisa pelo Ikki, ou sentiria?
- Não!
- Então logo percebi que falava de mim. Poderia ser alguém de fora, que você via durante sua caminhada pelas manhãs, mas você quase não se relaciona com ninguém... então logo descobri. E também o jeito que você me olha, a forma com que me toca...
- Mas então... então por que você me correspondeu? A não ser que...
- Sim Shun! Eu sinto o mesmo por você! Sinto um amor diferente do que se sente por um irmão ou amigo e diferente do que se sente por uma mulher! Como se eu não pudesse nunca me separar de você, te ter sempre ao meu lado!
- Hyoga...?
- Mas não quero que esse sentimento atrapalhe nossas vidas! Porque ambos sabemos que é eterno. Mesmo que fique com a June e eu com outra pessoa, ainda vou sentir isso por você Andrômeda.
- Mas eu senti um pouco de ciúme quando você disse que foi à casa de um amigo!
- Ah, Shun! Eu também sinto um pouco de ciúme de vocês dois. Mas sei que o que sente por ela é desejo e que um dia poderá acabar. Mas como já disse, nosso sentimento é eterno! - novamente se aproximou de Shun e beijou-o. Shun estava surpreso por Hyoga corresponder seus sentimentos.
- A gente não poderia se beijar então! Isso não é desejo?
- Shun, às vezes, o beijo pode ser mais puro do que o sexo, ou ao contrário. Se eu te beijasse e sentisse um desejo inevitável, com certeza a idéia de vocês ficarem juntos me perturbaria mais do que tudo. Eu ia querer seu corpo também e não só sua alma. Mas se eu te beijo e sinto ternura, sinto essa paz, é que o beijo é puro e não tenho outras intenções.
- ... - Shun só ouvia maravilhado com a compreensão do Cisne. Seus sentimentos eram exatamente iguais.
- Mas se você beija June e sabe que tem desejos e não quer satisfazê-los, é que seu beijo é impuro. Você a beija pensando em ir além, porém não deixa seu desejo se satisfazer, seu corpo se manifestar. Se sentisse o mesmo por mim quando me beijasse, seu beijo seria impuro.
- Ah, Hyoga! Não me apaixonei por seu corpo e sim por sua alma!
- Eu digo o mesmo! - disse se levantando. - E uns beijinhos de vez em quando não fazem mal a ninguém!
- Rsrs! - viu o seu querido amigo se afastando da sala e indo em direção ao quarto.
- Shun!
- Sim?
- Não deixe essa oportunidade passar, tente falar com June amanhã!
- Pode deixar, obrigado! - agora podia dormir sossegado, depois de ter tirado um grande peso de seu coração. E saber que Hyoga não ficaria magoado se Shun ficasse com June.
Estava tudo resolvido, ou melhor, quase tudo. Qual seria a decisão de June?
CONTINUA...
N.A: Eu disse, shounen-ai bem levinho... prometo um hentai da hora para a segunda parte. O que achou? Me contate plis!