CAOS
Capítulo 1
O que acontece na vida de uma pessoa absolutamente normal quando se depara com um agente do caos, e como isso a transforma em alguém que jamais imaginou que pudesse ser.
N/A: Baseado nos personagens de Batman The Dark Night
Deu uma última olhada no uniforme antes de sair de casa, quando seguiria até o seu local de trabalho.
Harleen estava feliz e empolgada por ser escalada pelo departamento policial para cuidar de um caso extremamente delicado, e que vinha atormentando todos os moradores de Gotham City.
O fato de ninguém conseguir entende-lo e agüenta-lo não fez com que ela sentisse medo. Encarou aquilo como um desafio.
Entrou no carro e, só por aquela manhã, desejou não escutar as notícias do dia. Era sempre a mesma coisa, e ela sentia náuseas só de se lembrar.
Preferiu ouvir um pouco de música.
Quando chegou à Arkham, teve uma estranha sensação.
Um burburinho se formava na porta de entrada do prédio, com vários carros policiais e da imprensa.
Ela franziu o cenho e procurou por alguém que pudesse dar à ela alguma explicação para tudo aquilo.
Viu Jim Gordon com as mãos na cintura, parecendo nervoso.
-Bom dia, comissário. O que está havendo? – perguntou em tom baixo, para evitar transtornos, chegando ao lado dele.
-Bom dia, Drª. Quinzel. Aquele filho da mãe...escapou outra vez. – a voz trêmula era perceptível.
-Quem? – Harleen perguntou, inocente. Não seria possível ele ter escapado de uma instituição tão segura como aquela.
-Você não escutou no rádio hoje de manhã? – Gordon perguntou, incrédulo.
Suspirou cansado quando Harleen respondeu "não" com a cabeça.
-O Coringa. Outra vez.
E lá estava. Harleen sentiu vontade de gritar, em sinal de plena frustração.
-Como? Como isso foi possível? – perguntou, desacreditada.
-Eu gostaria muito de saber, cara Harleen. – Gordon se virou, dando um tapa amigável no ombro dela – Mas preciso tomar um balde de café para que isso seja possível.
Harleen entrou na sala de reuniões e se assustou quando viu Gordon, Harvey Dent e Batman sentados em uma mesa redonda, em silêncio.
Prendeu a respiração e ia se retirando, quando Gordon a chamou.
-Harleen.
Ela se virou lentamente, encarando os três.
-Sim?
Ele a chamou com um gesto e ela se aproximou cautelosamente.
-Sente-se. – dessa vez, Dent falou.
De forma mecânica, fez tudo o que pediram. Batman estava bem à frente dela, p que a deixou bastante desconfortável. Medo? Para ela, era estranho aceitar o fato de uma pessoa vestida de morcego salvar a humanidade todos os dias. Chegou até a pensar que, por justiça, ele deveria estar internado em Arkham, assim como seu principal inimigo, e sendo tratado por ela.
-Doutora Harleen – Dent falou – Imagino que Gordon já tenha contado sobre o ocorrido, não é?!
Ela fez que "sim" com a cabeça.
-Isso é muito grave. O Coringa matou dois guardas que vigiavam sua cela de forma misteriosa.
-A perícia constatou que foi aplicado um jato de ar por uma seringa na corrente sanguínea de cada um. A conseqüência disso foi parada cardíaca. – Gordon explicou.
-Como essa seringa foi parar nas mãos dele, e através de quem? – Batman perguntou com sua voz sombria de sempre.
-Alguém deve tê-lo ajudado, e nós precisamos descobrir quem foi. – Dent concluiu.
Harleen se remexeu desconfortável na cadeira. Onde eles estavam querendo chegar?
-Harleen. – Gordon chamou, fazendo-a pular de susto – Você parece nervosa.
Ela respirou fundo antes de começar.
-Onde vocês querem chegar? – perguntou, desconfiada.
Gordon se inclinou sobre a mesa, juntando as mãos.
-Você deve tomar o máximo de cuidado.
Ela piscou sem entender.
-Por quê?
-Você foi a última pessoa que conversou com ele. Depois da sua sessão, ele escapou da cela e agora está foragido.
-E...? – Harleen não estava sendo ingênua, ela realmente não entendia o grau da preocupação deles.
-Ele certamente vai atrás de você! – Dent disse, um pouco alterado.
Harleen começou a gargalhar.
-Sem chances.
-O que aconteceu da última vez que o viu? – Batman perguntou sério, de uma forma que irritava Harleen.
-Me desculpe, mas é antiético falar sobre a sessão com pessoas de fora. – Harleen foi curta e grossa.
-Se não disser, a principal suspeita se torna você. – ele completou, fazendo o corpo dela estremecer.
-Nesse caso, Harleen, não há problemas. Nós precisamos de testemunhas. – Dent a acalmou.
Ela ficou em silêncio, olhando para os três.
Ela levantou o olhar, que antes se concentrava em uma ficha criminal, para ver dois homens enormes jogarem o paciente no sofá, ambos saindo sem dizer uma palavra sequer.
Lá estava a figura mais temida de Gotham City, bem à sua frente. Estava preso numa camisa-de-força e sua expressão não era uma das melhores.
-Bom dia. – disse, sem olhar para ele, guardando a ficha num ficheiro.
Houve um silêncio.
Ela ergueu uma sobrancelha e olhou para ele.
Ele tinha um olhar obscuro,parecendo irritado. Não estava com a maquiagem, mas mantinha o hábito de lamber os lábios vez ou outra.
Harleen trouxe sua cadeira de trás da mesa, colocando-a bem próxima a ele. Sentou-se e ajeitou os óculos.
-Meu nome é Harleen Quinzel.
Ele ergueu uma sobrancelha, se mostrando claramente desinteressado.
-Nossa sessão hoje será bem leve. Não vou fazer perguntas porque começaremos com isso na próxima vez.
Ele parecia entendiado.
Ela se incomodou um pouco.
-Está tudo bem?
-Pensei que as perguntas começassem na próxima sessão. – respondeu, não desgrudando os olhos dela.
-Bem...teoricamente, sim. Mas essa pergunta não faz parte do tratamento. Você parece desconfortável.
-É assim que se sente quando alguém te prende numa roupa, e por loongos e longos dias. Isso está começando a me irritar um pouco.
-É por uma boa causa.
-É mesmo?! – ele tinha um visível tom de sarcasmo na voz – Qual boa causa?
-Essa não é a questão, senhor. Me conte sobre o seu dia.
Ele lambeu os lábios.
-Foi bem agradável. Quero dizer...começando agora, foi bem agradável.
-Por quê?
-Eu gostaria muito de ver um rosto novo há tempos. E agora, eles me mandaram um anjo. – ele ronronou.
Harleen corou com o comentário, mas sabia que aquilo costumava acontecer. Os pacientes dela sofriam de carência excessiva e depressão, mas acreditar que um desses problemas se aplicavam ao Coringa...não era muito convincente.
-Você se sente melhor por isso?
-Muito melhor. – ele sorriu largamente.
Aquilo estava a deixando perturbada. Tudo nele a deixava perturbada. O olhar, o sorriso entalhado, a voz.
-Acredito que você se sentirá melhor gradativamente, porque nossas sessões serão semanais. Você pode confiar em mim.
Ele arqueou uma sobrancelha. Não parecia muito convencido.
-De qualquer forma...se você tivesse que fazer três coisas para se sentir melhor hoje, o que faria?
-Você deve me conhecer o suficiente para saber duas delas. – respondeu, enigmático.
Harleen não entendeu sua colocação.
-Como? – perguntou com o olhar estreito.
-Por acaso você lê os jornais? – ele parecia incrédulo.
-Matar o Batman. – ela respondeu, não se mostrando surpresa.
-Ah... – ele sorriu satisfeito.
-Fugir daqui? – perguntou, quase afirmando.
-Não é óbvio?
-Pelo pouco que conheço sobre você, só tenho certeza disso.
-Nada disso, doutora...
Harleen entreabriu os lábios, pensativa.
-Qual é a terceira?
Ele inclinou a cabeça lentamente, olhando profundamente nos olhos dela, de um jeito que a fez estremecer por dentro.
-Você. – respondeu sério, com a voz firme – Você, Harley Quinn.
Não havia um risco de sarcasmo na voz dele e ela começou a acreditar que não conseguiria levar o caso adiante. Como terapeuta, deveria saber muito bem administrar seus sentimentos em relação a um paciente, mas estava difícil.
Ela riu, nervosa.
-Me desculpe, mas é a primeira vez que nos vemos. Isso é impossível. E meu nome é Harleen Quinzel.
-Harleeeeeen. – ele ronronou, o que fez a espinha dela gelar – Harley, você acredita em amor à primeira vista?
Harleen respirou fundo, rangendo os dentes. Fechou os olhos e se ajeitou na cadeira. Com certeza ele deveria dizer aquilo para todas as outras terapeutas, e talvez fosse por isso que nenhuma agüentou seguir em frente. Harleen estava seriamente pensando em fazer o mesmo.
E, de repente, ela ficou surpresa ao pensar naquilo. Se ele estivesse falando a verdade e só para ela, iria faze-la se sentir melhor?
-Por quê quer tanto matar o Batman?
Ele pareceu procurar um bom argumento por alguns instantes, quando novamente lambeu os lábios para falar.
-Porque essa cidade não precisa dele. – respondeu, sorrindo.
Harleen anotou algo.
-Por quê quer sair daqui?
-Para pegar o Batman? – ele respondeu com uma outra pergunta.
-Acredito que sim...e por quê quer à mim?
Ele fechou os olhos, -os, congelando Harleen.
-Para sair daqui e pegar Batman.
Harleen gargalhou.
É claro que jamais houve amor à primeira vista. O que ele tinha por ela era puro interesse, e Harleen se xingou mentalmente por ser tão ingênua e ainda duvidar disso. Mas sentiu uma fisgada no estômago quando percebeu que aquilo parecia incomodá-la de verdade.
Olhou para o relógio de parece e constatou que a sessão estava terminada.
Logo, os dois guardas vieram resgata-lo, e assim que saíram, fecharam a porta bruscamente, fazendo Harleen pular de susto.
Aquilo não ia ficar como estava.
Gordon tamborilava os dedos sobre a mesa. Harvey passou a mão pelos cabelos, em sinal de nervosismo. Batman permaneceu inexpressivo.
-Está vendo porque ele vai atrás de você, doutora? – Harvey perguntou com uma sobrancelha erguida.
-Isso não é possível. Ele queria me usar como um pretexto para sair daqui. – Harleen suplicava. E se realmente fosse verdade que ele a seguiria? A idéia não pareceu deixa-la tranqüila.
-Aconselhamos que não vá para casa, porque lá será um alvo fácil.
Harleen suspirou cansada.
-Está bem. Se não posso ir para casa, eu vou para onde?
Nesse exato momento, Batman havia sumido da sala, sem mais nem menos. Harleen começava a achar que odiava aquele personagem.
-Em qualquer lugar onde você não esteja sozinha. Fique junto com pessoas que confia e, se for preciso, mandarei um policial acompanha-la.
-De jeito nenhum! – Harleen gritou – Eu não preciso disso e acho que vocês estão depositando muita preocupação em mim, quando podem haver outras pessoas que estão correndo o mesmo risco. Como você! – apontou para Dent – Ou você. – para Gordon – Ou...hã, bem... acho que Batman não corre tantos riscos assim.
-Senhorita Quinzel, você precisa descansar. Nos acompanhe até o departamento policial e relaxe um pouco. Seus olhos precisam estar atentos. Você tem todos os telefones de emergência, se precisar.
Ela concordou.
Pegou a bolsa e fez menção em se levantar, quando Harvey Dent tocou o seu braço, fazendo-a olha-lo imediatamente.
-E considere-se fora do caso.
Continua...
Estou repostando essa fic, porque acredito que essa seja a seção mais apropriada. Porém,ela está hospedada na parte Comics/Batman. Espero que gostem.
