De sangue e predestinações
Autora: Clara dos Anjos
Classificação: PG-13
Gênero: Romance
Spoilers: cinco
Shipper: Sirius Black/Belatriz Lestrange
Status: incompleta
Notas iniciais: Sim, pessoas, esta é mais uma SB. A essa altura do campeonato, as fics SB já estão ficando meio previsíveis, eu sei... Porém, eu resolvi publicar a minha por 2 motivos: 1) porque ela é mega antiga – já tem 2 anos que eu a escrevi, e na época eu me baseei naquelas primeiras, da época do auge do 3vassouras. 2) porque eu não agüentava mais ela no meus docs, daí resolvi publicar, pra ver o que vcs acham :D! POR FAVOR, mesmo que esteja intragavelmente péssima, digam isso numa rewiew! (é assim q se escreve?)
Se vcs gostarem, eu posto o 2º capítulo, se não...
Já agradeço a atenção desde aqui.
Boa leitura.
Capítulo 01
Ânimos exaltados
O dia mais aguardado da semana finalmente havia chegado para os estudantes de Hogwarts. Após uma extensíssima semana carregada de tédio e de uma intolerável carga de deveres, os sextanistas mal poderiam esperar pela chegada do fim de semana, em que poderiam refrescar suas fatigadas cabeças passeando pelas calçadas da interessante Hogsmeade.
Suaves raios de sol penetravam através das cortinas verde-musgo do dormitório feminino da Sonserina, iluminando parcialmente e recinto adormecido. Através de suas pálpebras cerradas, Belatriz Black sentiu a claridade invadir o quarto e iluminar o dossel de sua cama. Afastou lentamente as macias cobertas que a revestiam e tirou algumas mechas de seus cabelos negros dos olhos, bocejando. Uma onda de ansiedade invadiu-lhe o peito ao se imaginar desfrutando o primeiro dia em que se veria livre do castelo de Hogwarts, caminhando livremente por Hogsmeade! Veria-se livre de sua rotina inabalável e tediante, não fosse pelas horas em que se divertia aterrorizando os estudantes das séries inferiores e, principalmente, quando subordinava os monitores de outras casas, contando não só com a arrogância e a autoridade própria, mas também com o apoio dos monitores da Sonserina, que quase sempre acabavam conseguindo livrá-la do castigo — ainda que isto não funcionasse sempre, tampouco com os monitores da Grifinória. Principalmente quando se tratava da "intragável monitorazinha sangue-ruim", como Belatriz costumava xingá-la, Lílian Evans.
Por conta da ruivinha, Belatriz fora obrigada a passar poucas e boas cumprindo detenções com Argo Filch. E engolia seu orgulho com o máximo de frieza e controle que conseguia arrancar de seu ser, jurando vingança não só a determinada grifinória, como também ao rabugento zelador, a qual ela jamais deixara se intimidar. Ignorava completamente os seus resmungos e encava-o com uma superioridade arrogante que só ela parecia ser capaz de ter, cumprindo sua pena com extraordinária rapidez e saindo da sala sem nem ao menos esperar a permissão do zelador, deixando-o guinchar de fúria e insatisfação, sendo que ele nada podia fazer.
Porém, isto só era pior quando, nas poucas vezes em que conseguiam aplicar-lhe uma detenção, ela fatalmente encontrasse a dupla de grifinórios populares mais detestável em sua opinião, visto que um deles era o seu primo, o bastardo da família Black, Sirius. Sirius Black. Poderia existir alguém mais detestável do que esta criatura? Belatriz acredita que não. Não só acredita como vivencia esta teoria. Sirius Black era o único garoto no mundo — e ela odiava ter de admitir isso — que sempre conseguia alterar seu estado normal, e ela nunca conseguia ser indiferente a ele, por mais que tentasse. Por isso, quando se encontravam no local das detenções, a postura gélida e superior de Belatriz simplesmente se evaporava quando cruzava o olhar com o de seu primo, sendo que era uma questão de segundos para que começassem as provocações (da parte dele) e as ofensas (da parte dela). Em pouco tempo, o recinto se tornava um caos de vozes acaloradas e objetos voando por toda parte, e os outros alunos que estivessem ali tentavam, ora tranqüiliza-los, ora fugir das coisas que eles lançavam entre si (principalmente Belatriz, porque Sirius passava a maior parte do tempo rindo e se escondendo da prima).
Escutou vagamente uma voz distante. E a voz tornou-se mais forte.
"Belatriz!"
"O quê?", retrucou Belatriz rispidamente, acabando de perceber que a garota da cama ao lado da sua estava chamando por ela, e que devido aos pensamentos em Sirius, ela não percebera de imediato.
"Você estava dormindo?", perguntou a garota deitada em sua cama, inclinada para ver o rosto de Belatriz.
"Não. Estava pensando...", respondeu, ainda de mau humor.
"Percebe-se", devolveu a outra sorrindo vagamente.
"O que você quer Dalila?", perguntou Belatriz.
"Descer para o café, oras. Eu estava chamando você para irmos juntas."
"Oh, a bebezinha nasceu grudada, foi?", disse Belatriz com um sorriso sarcástico, seu mau humor evaporando-se rapidamente.
"Como quiser sabichona.", respondeu Dalila inalterada, conservando na face muito pálida o mesmo sorriso vago de antes. "Fique aí passando fome."
Dalila ia descendo de sua cama e caminhou suavemente até o armário de roupas. Era uma garota muito franzina, macilenta, de cabelos longos e finos que caíam em largos cachos pela extensão das costas. Tinha os olhos e o nariz pequenos, este último tinha um formato muito delicado e parecia ser uma das partes mais belas do rosto da garota. De resto, tinha uma palidez excessiva na face, sendo que suas sobrancelhas ganhavam um forte destaque na pele homogeneamente branca: eram espessas, escuras e arqueadas, o que lhe dava ares de austeridade e antipatia. O que contradizia com a personalidade da garota. Dalila Rookwood era uma das poucas sonserinas que se poderia julgar sociável. Apesar de praticamente não ter amizades fora de sua casa, Dalila tinha boas relações com os sonserinos em geral, mas nenhuma amizade era mais importante para ela do que a de Belatriz Black.
Ela era de verdade a única pessoa em quem confiava, e também a pessoa que mais admirava em toda Hogwarts.
"Você viu a minha gravata, Bela?", disse Dalila em tom baixo, em pé atrás do armário de roupas, para não acordar as outras.
"Fica fria, garota.", respondeu Belatriz displicentemente. "Ninguém fica reparando no uniforme dos alunos num dia como esse. E também vamos trocá-lo assim que acabarmos o café."
"Ah, mas algum monitor pode me descontar pontos! Além disso, você vai usar a sua não vai?"
"Vou, mas não se preocupe. Eu darei um jeito no monitor que ousar te tirar algum ponto."
Sorrindo presunçosamente, Belatriz levantou-se da cama e vestiu o seu roupão. Foi até a penteadeira e acendeu os abajures, porque o quarto ainda estava parcialmente escuro e ela não podia simplesmente descerrar as cortinas. Apanhou uma escova de cerdas cintilantes e mirou seu próprio rosto no espelho. Seus cabelos negros caíam-lhe displicentes pelos ombros e suas pontas batiam até o acento da cadeira. Belatriz penteava-os suavemente, como se tivesse a eternidade frente a si: haviam ligeiras ondas na região do meio e das pontas do cabelo, e mesmo o quarto estando escuro, ela conseguia enxergar o brilho sedoso de seus fios. Mas eles não brilhavam mais do que seus olhos. No escuro, os olhos cinzentos de Belatriz passavam-se quase como negros; eram vivos e intensos, e ao mesmo tempo, transmitiam uma frieza arrogante, acentuada pelas pálpebras caídas.
Levantou-se de um salto de repente e trocou as vestes de dormir pelo uniforme da escola.
As garotas atravessavam os corredores sombrios e ventosos da Sonserina em direção ao Salão Principal, quando Dalila cutucou Belatriz no braço indicando um garoto de cabelos louros vindo na direção contrária.
"Bom dia, Lúcio", cumprimentou Belatriz impessoalmente.
"Bom dia, garotas. Tenho novidades para vocês, e é das boas. Bom, às três horas, é preciso que vocês estejam em frente ao Cabeça de Javali."
"Pra quê?" Dalila fez a pergunta que Belatriz fazia em pensamento.
"Para uma reunião, Tom quer encontrar a todos nós lá. Eu recebi uma carta dele hoje de manhã, e ele quer que sejamos o mais pontual possível."
Belatriz franziu as sobrancelhas, muito desconfiada. "Por que tanta urgência?"
Lúcio deu de ombros.
"Você já avisou os outros?", perguntou-lhe Dalila.
"Ainda não, é claro. Vocês são as primeiras... por falar nisso, poderiam me ajudar a reunir o pessoal."
"Veremos", disse Belatriz lentamente, encarando-o sob as pesadas pálpebras. "Veremos."
"Vocês vão, é claro?", indagou-as Lúcio, sua pergunta lembrando claramente uma ameaça.
"Lógico!", replicou Belatriz ferozmente. "O que faz você pensar o contrário?", mas ela não lhe deu tempo para responder. "Vamos logo Dalila, estamos nos atrasando para o café." Lançou um olhar atravessado a Lúcio Malfoy e disparou pelos corredores frios da torre da Sonserina, com Dalila em seus calcanhares.
"E mais essa agora", disse um garoto de voz entediada, o rosto oculto pelas folhas do Profeta Diário que ele segurava.
"O que foi?", perguntou o garoto sentado do lado dele.
"Veja você mesmo."
Rodolfo Lestrange passou o Profeta para seu irmão, Rabastan. Assim que este último botou os olhos na primeira página do jornal, quase cuspiu o suco de abóbora que iria engolir.
"Puxa...", exclamou Rabastan, ainda com olhos pregados no jornal. E comentou num murmúrio de cumplicidade: "É por isso que Tom Riddle sumiu do mapa."
"Acho que não.", respondeu Rodolfo incerto.
Belatriz olhou para os irmãos, sentados a sua frente, enquanto se servia de empadão de galinha.
"Você não vai comprar o Profeta, Dalila?"
"Ah, não. Meu irmão sempre compra, é só pedir para ele depois."
"Mas ele não está aqui, está?" Belatriz se ergueu ligeiramente para observar os alunos da extensa mesa da Sonserina.
"Ainda não desceu... acho... Ei, Rabastan." chamou Dalila tocando de leve o dedo no jornal que escondia o rosto de Rabastan. "Onde está meu irmão?"
"Hein?", fez ele distraído.
Dalila puxou-lhe o jornal das mãos bruscamente. "Onde está o meu irmão?", repetiu ela ouvindo-o resmungar e tentando pegar o jornal de volta.
"Droga, está dormindo!"
Porém, no mesmo instante e juntamente com um grupinho de garotas do segundo ano, um garoto de vestes da Sonserina, os cabelos oleosos e o rosto pálido muito semelhante ao de Dalila, vinha sentar-se à mesa com seus colegas. Era o irmão de Dalila, Augusto Rookwood.
"Olá!", disse ele desanimado.
"Ah, aí está você.", resmungou alto sua irmã. "Deste jeito, perderia o passeio."
Antes que Dalila devolvesse o jornal a Rabastan, o que Belatriz já estava prevendo que assim o fizesse, puxou-lhe de suas mãos frouxas enquanto ela discutia com Augusto, e pôs-se a ler-lo.
Sentiu-se ligeiramente surpresa quando viu que a foto da capa era uma reprodução trouxa, mas assim que leu a manchete compreendeu o porquê.
Depois de anos, descobre-se que a família Riddle fora morta através de magia.
A perícia bruxa resolveu investigar o caso do assassinato misterioso que envolvia os três membros da rica família Riddle, mortos há aproximadamente vinte anos. Resgatando o caso que os trouxas abandonaram por falta de provas e evidências, a bruxidade conclui que os três foram mortos através de Magia Negra, muito provavelmente com uma das três Maldições Imperdoáveis, o "Avada Kedavra".
Tom Marvoleo Riddle, ex-aluno da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e filho de Tom Riddle, não quis comentar sobre o caso, alegando que somente "ainda sente muito pela tragédia". (...)
Belatriz piscou. Sua mão ainda segurava o garfo cheio de empadão, pousado sobre o prato.
"Será que poderia me devolver?", pediu Rabastan com azedume.
Passou-lhe o jornal distraidamente, envolta em seus pensamentos. Lembrou-se da conversa com Lúcio Malfoy nos corredores, da reunião que Tom Riddle quisera marcar... Será que acabara de descobrir a razão?
"Rabastan, Tom quer nos encontrar hoje.", disse Belatriz. Rodolfo, que passava mel em uma torrada olhou-a de esgoela.
"Em Hogsmeade?"
"É claro! Aonde mais seria?"
"Quando soube disso?"
"Malfoy nos contou antes que chegássemos aqui.", e olhou para Rodolfo. "Avisem os outros garotos antes que passemos pela fila do Filch. É para estarmos no Cabeça de Javali às três horas."
"Aonde vai, Bela?", perguntou Dalila quando viu a amiga se levantando.
"Estou no Salão Comunal."
Enquanto Belatriz caminhava, subitamente, vislumbrou a mesa da Grifinória e viu Tiago Potter falando em altos brados, rindo, acompanhado pelas risadas de várias garotas patéticas sentadas próximas a ele. E então percebeu que Sirius não estava presente ali. Uma ligeira curiosidade invadiu-lhe o ser a respeito do paradeiro do primo...
"AARRR"
Colidira com alguma coisa que não pôde ver, porque uma chuva de pergaminhos voou pelos ares. Belatriz se desequilibrou com o baque e quase não caiu porque a "coisa" a qual colidira segurou-a bem em tempo. Através dos cabelos que caíram sobre o rosto, Belatriz vislumbrou o rosto de Sirius Black, que quase desequilibrara também, muito próximo ao seu... Eles se encararam longamente, arfando — a respiração dela sacudindo os cabelos dele. Sirius se afastou rapidamente, e Belatriz viu a face dele em tom mais enrubescido que o normal. Ela teria rido dele se não estivesse sentindo o próprio rosto ardendo por alguma razão que ela não pode entender. E então, depois do breve silêncio, Sirius finalmente pareceu cair em si.
"Diabos!", vociferou ele. "Olha o que você fez Belatriz!"
"Uma pinóia!", devolveu ela com a mesma fúria. "Não tenho culpa se você sai por aí feito um doido cheio de pergaminhos na mão!" Ela observou-o desembainhar a varinha e fazer os pergaminhos voarem magicamente para suas mãos. "Que foi, hein?", disse ela com a voz irritantemente sarcástica. "O enjeitadinho caiu da cama hoje?"
Sirius lançou-lhe um olhar azedo. "Não é da sua conta." Ele fez menção de sair, e então virou-se novamente para encarar a prima, que ainda o observava. "Aliás, não era você que não falaria mais com o enjeitado" — e ele salientou a palavra numa clara provocação — "da família?"
"Exatamente", respondeu ela com o olhar maldoso, se aproximando do primo. "Você desonrou o nome da nossa família, envergonhou a todos nós, é um grifinório". Ela deu mais um passo em sua direção, os olhares cravados um no outro. "Mas por mais que você tente, por mais que você fuja, nunca, mais nunca mesmo, você deixará de ser um Black. E você vai ter de engolir isso. Você vai sofrer. E eu ficarei satisfeita se isto acontecer."
Era extremamente difícil saber qual dos dois revelava mais aversão. Poderiam se matar ali mesmo e Sirius parecia estar se controlando bastante para não pular no pescoço da prima. As faces de ambos coravam de maneira idêntica.
Dalila cruzou a grande entrada do Salão Principal neste exato momento, e deu de cara com os primos Black se encarando fixamente. Parecia impressionada em vê-los juntos, em silêncio e estranhou a proximidade que estavam se permitindo ficar; uma vez que ela sabia melhor do que ninguém da existência da velha rivalidade entre eles, o que não era nenhuma novidade para a escola inteira.
"Belatriz". Ela chamou e não houve resposta. "Bela" tentou mais uma vez, insegura, tentando descobrir o que estava acontecendo.
Sirius desviou o olhar para Dalila e eles se entreolharam rapidamente, depois ele encarou a prima mais uma vez.
"Um dia", sibilou ele ameaçadoramente. "você vai engolir estas palavras. E aí, priminha, eu é que ficarei satisfeito."
Ele desapareceu pela enorme entrada do Salão Principal e Belatriz bufou de ódio, girou nos calcanhares e começou a caminhar para a torre da Sonserina.
Desta vez, Dalila não a seguiu. Previu de antemão que seria inútil tentar conversar com a garota, e tampouco saber porquê ela brigou com o primo...
Fosse o que fosse, a julgar pela ferocidade com que se encaravam e prevendo o que poderia acontecer longe dos olhos dos professores e monitores, Dalila desejou que estes encontros casuais não se repetissem nas calçadas de Hogsmeade.
N/A: E aí? Deu pra engolir? Devo continuar ou abandonar esse projeto quase falido?
PS: Agradecimentos especiais a Cris Gambarotto pelo maravilhoso incentivo que me deu na época em que eu escrevi a fic - ela ajudou um bocado na construção :))) Valeu, Cris! Quero suas fics aqui tb, viu?
