Ser uma pessoa bem sucedida antes dos trinta é realmente uma proeza e tanto, apesar de minha família ter dado esse "empurrãozinho". Na verdade, foi um "This is Sparta" mesmo, porém, mesmo assim, consegui isso devido ao meu esforço para me tornar um advogado de sucesso. Teve mérito meu também nisso tudo.
Assim que saí do ensino médio, ingressei na faculdade, aos dezoito anos, seguindo o caminho que meu pai incentivou. Por causa desse incentivo, percebi que havia uma aptidão muito grande para essa área. Foram cinco anos muito difíceis durante o curso, com muita pressão psicológica para dar conta de tanta coisa ao mesmo tempo, já que a fase do estágio foi trabalhando na empresa de papai. Quase não saía, o curso exigia muito de mim para isso. Quando acabou, pensei que finalmente havia ficado livre, entretanto, fui pressionado mais uma vez a dar continuidade aos estudos graças à exigência do mercado de trabalho – e ao meu querido pai, óbvio.
Por isso, antes que pudesse descansar por um semestre, emendei, entrando numa pós-graduação em direito tributário, por causa do negócio da família, pois papai realmente precisava de ajuda na tributária, trabalhista, e tantas outras coisas pertinentes à função. Ele herdou o negócio do vovô, a fábrica de celulose a qual utilizava madeira reflorestada. Era um negócio próspero e as ações foram divididas igualmente entre meu tio e ele. Como ambos não tinham muita noção sobre essa área e queriam alguém de confiança, porque que suspeitavam do advogado que trabalhava com o vovô na época, papai resolveu que eu iria assumir esse posto. Fui pego de surpresa quando a notícia veio antes mesmo de terminar o ensino regular, todavia, não havia muito o que fazer por se tratar de algo tão importante para toda a família. E, sendo o mais o velho entre quatro irmãos, obviamente o peso recairia sobre meus ombros.
Quando finalmente terminei a pós-graduação, veio o peso ainda maior da responsabilidade: Papai faleceu por causa de um câncer pulmonar devido ao fumo. Foram tempos difíceis naquela época, mesmo tendo noção de como as coisas funcionavam na empresa, não estava muito preparado para assumir de repente.
Agora, após quase quatro anos de sua morte, fiquei responsável por 25% das ações, já que Itama ainda é menor de idade. Possuía um fardo bem maior para carregar que os outros. Ficou decido e, com todos os meus irmãos de acordo – se bem que parecia mais estarem empurrando essa bomba para cima de mim – que eu tomaria conta da parte de Itama. Tobirama estava no penúltimo semestre de economia, enquanto Kawarama se aproximava quarto semestre de comércio exterior. Ambos se colocaram dispostos a ajudarem após papai, em seus últimos momentos, fazer esse pedido. E, era claro que eles não iriam negar o desejo de um moribundo em seu leito de morte, mesmo que a contragosto.
Meus irmãos possuíam uma banda de rock, e o sonho deles era fazer músicas de própria autoria e realizar shows. Papai não era contra isso, mas achava mais seguro eles se manterem no negócio da família. Sabia muito bem que para chegar ao nível de uma banda aclamada, precisariam percorrer um caminho muito longo e, talvez, não seria compensador. Quando crianças, assim que descobriu esse talento, papai não relutou em apoiar, comprando os instrumentos que eles queriam aprender e até mesmo pagando aulas. Eu mesmo fiz um período de aulas de violão e guitarra, mas não tinha o mesmo talento que Tobirama na guitarra e Kawarama na bateria. Com o passar do tempo, ficou óbvio o desejo que ambos possuíam em montar uma banda graças às influências artísticas dos grandes nomes do rock como Metallica, Iron Maiden, Led Zeppelin, Black Sabbath e tantos outros ícones.
Fomos influenciados desde muito cedo por causa dos gostos musicais de papai que variaram entre rock, jazz e música clássica. Como mamãe morreu logo após Itama nascer, nosso pai teve completa influência sobre nossos gostos. Ao ver que o rumo dessa situação estava indo longe demais, papai insistiu para que Tobirama e Kawarama entrassem na faculdade para, assim, tentar garantir um futuro mais promissor aos meus irmãos. Claro que aquilo foi um balde de água fria na esperança deles, porque papai acabou dando expectativas ao incentivá-los a aprender música. Porém, eles jamais conseguiriam contrariar. Eu acabei tendo que aceitar de qualquer forma, graças a toda cobrança que tive por ser o primogênito.
O sucesso em si não era ruim, não mesmo. O problema nisso tudo seria por tomar muito tempo de minha vida particular. Perdi muitas coisas ao decorrer desses anos, como boa parte da transição de Itama para a adolescência, as primeiras apresentações de Tobirama e Kawarama com sua banda, que havia começado como cover, a qual fora formada há mais ou menos uns cinco anos atrás. O tempo disponível para sair ou sequer ter algum tipo de relacionamento que não seja com o trabalho praticamente não existia. Era realmente muito cansativo e estressante, principalmente pela pressão e expectativa depositada em mim. Não podia falhar com eles, afinal, dependiam de mim como uma estrutura principal na família. E, mesmo com o passar dos anos, a falta que papai fazia ainda continuava, apesar de agora estarmos mais conformados com a ausência dele.
Suspirei pesadamente, acho que pela milésima vez neste dia exaustivo, enquanto tentava ler toda aquela papelada em cima da mesa. Um processo gigante que estava tramitando na justiça tributária. Algo que faziam com certa frequência para que as informações de impostos recolhidos para o estado fossem repassadas ao fisco sem problemas. Não era um processo difícil, só muito chato de se lidar e analisar.
Analisei os papéis, percebendo que minha mente começava a se distrair em alguns momentos. Peguei a xícara de café ao lado dos documentos, enchendo-a mais uma vez na máquina de café expresso na bancada ao lado. Precisava de muita cafeína se quisesse continuar lendo esse bendito processo. Tentando voltar à concentração, fui interrompido pelo celular em cima da mesa que começou a vibrar de forma barulhenta sobre a madeira escura. Peguei o aparelho, vendo no visor o nome de Tobirama. Deslizei o polegar, destravando a tela e atendendo prontamente.
-Sim?
-Irmão, que horas você vem pra casa? – Tobirama perguntou um tanto animado do outro lado da linha.
-Não sei, estou vendo um processo referente aos tributos pagos ao fisco. Por quê? – Respondi enquanto terminava de analisar a página 51 do processo. Ainda faltavam mais 60!
-Como assim não sabe? – Perguntou incrédulo – Não me diga que não se lembra que dia é hoje?
Conhecendo Tobirama, posso garantir que nesse momento seus olhos teriam se estreitado e os dedos estariam tamborilando impacientes sobre alguma superfície sólida.
Que dia é hoje mesmo?
Tentei processar aquela informação por alguns segundos, enquanto Tobirama permanecia aguardando a resposta. Fitei o papel, me distraindo com o valor de um imposto pago em julho, quando fui interrompido pela voz do meu irmão num tom repreensivo.
-Hashirama, você esqueceu o seu próprio aniversário? – Pude ouvir um estalar de língua, seguido de um suspiro derrotado – Não pode ser! Como alguém, no auge dos seus 27 anos, consegue esquecer a data do próprio aniversário? Em que mundo você vive, irmão?
-Ah, sim. Meu aniversário...
Nossa, o tempo voou mesmo!
Parece que foi ontem o aniversário de 20 anos. Recapitulando a semana, pude lembrar que Tobirama havia marcado de comemorarmos meu aniversário, coincidindo com a data de sua grande apresentação no Hard Rock Cafe, a qual estaria disputando com algumas bandas que se apresentariam no mesmo dia devido ao evento Hard Rock Rising. Realmente, o peso da idade, somado ao excesso de trabalho, estavam me deixando muito avoado.
-Sei que você sempre foi meio lesado, mas já está passando limites, irmão. – Tobirama reclamou do outro lado, desapontado. – Espero que não se esqueça da apresentação que Kawarama e eu faremos esta noite. É muito importante para nós, então, por favor, não falte. Até mais tarde.
E, com um último suspiro, desligou o telefone antes mesmo que eu pudesse dizer qualquer coisa em minha defesa. Deixei o aparelho escorregar pelos dedos, fazendo-o bater levemente contra a madeira da mesa.
Que droga, acabei esquecendo completamente da apresentação deles hoje. Mas preciso acabar com estes papéis por causa do término do prazo na semana que vem. O que vou fazer? Pelo jeito, vou ter de trabalhar o fim de semana inteiro de novo. Quando foi o meu último final semana livre mesmo?
Nem fazia mais ideia, esse tipo de coisa estava sendo muito comum, não sabia mais diferenciar dia útil de sábado, domingo ou feriado.
Soltei os papéis, sem cabeça para continuar lendo aquilo, olhando atentamente para as horas: Quase 18h. Precisava ir para casa imediatamente ou não chegaria lá a tempo, e Tobirama iria me esganar se isso acontecesse. Realmente, o tempo voou nessa sexta-feira. Organizei as coisas o máximo que consegui para tentar sair o mais rápido possível, pois corria o risco de pegar um trânsito daqueles por causa do horário e a apresentação deles seria às 20h. Com sorte, teria tempo para chegar no início. Após empilhar o último processo, peguei as chaves do carro, celular, maleta e andei depressa em direção à saída. A secretária já estava arrumando sua bolsa para ir embora quando me despedi dela.
-Estou indo agora. Bom fim de semana, senhorita Mito.
-Bom fim de semana, senhor Hashirama. E, mais uma vez, feliz aniversário. – Sorriu gentilmente, enquanto colocava a bolsa no ombro.
-Obrigado.
Assim que o elevador parou no andar, entrei às pressas e apertei o botão indicando o local que dava acesso à garagem no subsolo, nem esperei Mito entrar. Ao chegar, destravei o alarme, abrindo a porta e entrando rapidamente, fechei a porta. Coloquei a chave na ignição, girando-a e ligando o motor, engatando a primeira marcha, dei a partida.
O dia foi bastante estressante, tanto que realmente havia esquecido que hoje é meu aniversário. Liguei o som, acionando diretamente a play list salva no pen drive. Precisava relaxar e uma boa música ajudaria bastante. Afrouxei o nó da gravata enquanto o som foi preenchendo gradativamente o carro. Meus dedos foram automaticamente se ritmando a cada entrada da guitarra, tamborilando ao volante aquele clássico.
Com os olhos atentos a pista, fui cantando as músicas, ainda que meio desafinado, até chegar em casa.
HS ○ MU
Depois de arrumado, acabei de secar os cabelos com a toalha. Ficaria solto, do jeito que gosto. Na empresa, precisava deixar sempre preso num rabo de cavalo ou um coque. O ruim de trabalhar em um ambiente empresarial era não ter essa liberdade toda. Sempre usando ternos e gravatas sufocantes, cabelos alinhados. A sensação de poder usar roupas mais básicas e deixar os cabelos soltos era muito libertadora. Apesar de não gostar dele preso, não iria me desfazer do cabelão, marca registrada desde o final da adolescência. Até porque, não deixaria meu estilo só por causa de padrões ridículos. O cabelo não influenciava negativamente em nada o profissional que sou. No início da carreira como advogado, as pessoas olhavam torto, como se eu fosse algum ser de outro planeta. Com o tempo, acabei até mesmo ganhando o respeito de alguns juízes e promotores que conheci ao longo desses anos.
Com um último reparo no visual, peguei o celular e as chaves, colocando-os no bolso e sai do quarto, descendo as escadas rapidamente. Na sala, Itama estava jogando videogame com um amigo da escola que dormiria aqui em casa essa noite para que ele não fique sozinho. Itama sabia se cuidar, era bem responsável, entretanto, a companhia foi muito conveniente. Já estava me sentindo mal por deixar ele sozinho para ir comemorar meu aniversário. Isso também ficou decidido logo quando Tobirama anunciou sua apresentação. Itama não pareceu muito chateado, sabia que, por causa da menor idade, não poderia ir a um local como o Hard Rock naquele horário, apesar de a ideia o empolgar. Então, para não sentir tanto peso na consciência, sugeri que ele chamasse o amigo para passar a noite aqui. Ideia prontamente aprovada por ele.
Conferi as horas no relógio do celular: 19h35min. O local não ficava muito longe, uns 40 minutos mais ou menos, com trânsito livre, até chegar. Com sorte, chegaria com no máximo 10 minutos de atraso.
-Estou indo, Itama. Até mais tarde.
Levei a mão até seus cabelos, bagunçando-os num afago. Itama deu pausa no jogo e se levantou para me abraçar mais uma vez.
-Divirta-se, irmãozão. Feliz aniversário.
Despedi dele e do amigo, deixando-os entretidos com o jogo.
O caminho até o centro de Tóquio foi bem tranquilo, o trânsito havia diminuído bastante. O estressante mesmo foi achar vaga para estacionar.
Após quase 5 minutos procurando vaga, isso porque eu era um convidado "VIP", finalmente consegui entrar no local. Bastante cheio, por sinal. No palco mais a frente, a banda de Tobirama estava tocando. Procurei rapidamente a mesa reservada para nós, algo que não foi difícil de fazer, porque a mesma se encontrava bem próxima ao palco e a presença de alguns amigos do Tobirama, que vieram prestigiar a apresentação, facilitou muito. Me aproximei, sendo recebido por abraços calorosos de Naruto, namorado de Sasuke, primo de Izuna. A propósito, Tobirama namora Izuna desde o final do ensino regular. Eles se conheceram na escola durante o ensino médio e acabaram ficando muito próximos, mesmo que eles brigassem a cada dez minutos praticamente. Izuna também é integrante da banda, sendo o baixista. Madara, o irmão mais velho como guitarrista solista e vocalista, harmonizava com Tobirama na guitarra base e fazia o backing vocal. Kawarama dava tudo de si na bateria, fazendo movimentos altamente profissionais para sua idade. Eles realmente mandavam muito bem com as músicas que compuseram, além dos covers que geralmente faziam quando se apresentavam lugares mais modestos.
Mesmo que não estivessem seguindo a carreira com afinco, ensaiavam frequentemente, o que acabou rendendo o estúdio improvisado em um dos quartos vagos lá em casa. Os quatro chegaram a um acordo de que assim seria melhor do que alugarem estúdio, porque o mais próximo ficava muito contramão para Tobirama e Kawarama. E como Izuna e Madara não moravam muito longe, acabou sendo um ótimo negócio para todos, apesar dos gastos que tivemos para montar tudo nos conformes, para que eles ensaiassem com todo o equipamento de que precisavam. Mas o resultado fazia valer a pena cada centavo investido. Depois de receber as felicitações de Itachi e o namorado, Shisui, também primos de Izuna, consegui finalmente me sentar junto a todos. Aquilo parecia mais uma reunião da família Uchiha, mas, tudo bem, eles eram os amigos mais próximos dos meus irmãos.
O ambiente do Hard Rock era muito acolhedor, havia vindo aqui algumas vezes, quando acontecia o milagre de ter um tempo livre. Assim que o garçom apareceu, pude pedir uma bebida para acompanhar os outros a mesa. Não demorou muito até o rapaz aparecer com a Budweiser extremamente gelada, bem no ponto. Com uma boa golada, senti o sabor da cevada e o frescor descerem pela garganta de forma suave.
A banda estava se preparando para tocar a próxima música, e meus irmãos finalmente puderam acenar do palco, felizes em ver que eu não havia faltado. Izuna sorriu gentilmente, enquanto Mada apenas meneou a cabeça, dando um pequeno sorriso de canto. Aquele sorriso que me encantava e deixava o coração todo derretido.
Sim, sou completamente apaixonado por esse homem de aparência rebelde e desleixado, apesar de que isso não retira em nada sua beleza, muito pelo contrário, o deixava mais exótico e belo do que já era. As tatuagens que fechavam o braço esquerdo encoberto até metade por uma camisa de manga preta, deixando parcialmente descoberto o Darth Vader, o que indicava sua preferência pelo lado negro da força. Aquilo com certeza foram um dos motivos para me apaixonar mais ainda por ele, apesar de gostar muito do Luke Skywalker. A pele bem pálida ajudava a destacar as cores das tatuagens, deixando-as bem nítidas, como se fosse uma tela de fundo branco.
Desde que Tobirama começou a namorar Izuna, as visitas dos Uchiha se tornaram mis constantes, devido aos encontros para ensaios ou apenas socializar. Apesar de Mada não aparecer com a mesma frequência que o irmão caçula, sempre ia quando precisava tratar alguma coisa relacionada à banda, quando não se tratava de ensaiar. Um dos motivos para ter feito o investimento no estúdio em casa se deu por isso também, o que facilitou muito, porque Mada precisaria ir lá em casa ensaiar e, assim, conseguiria conversar com ele mais vezes. Mesmo que eu não estivesse presente como gostaria, sempre conseguia pegar os finaizinhos de ensaio, e geralmente dava para trocar algumas palavras com ele. No começo foi um pouco complicado me aproximar, por causa dos horários que não coincidiam. Com o tempo, e nossos horários mais ajustados, acabamos nos entendendo por causa dos gostos em comum e nos tornamos amigos. Desde quando o vi pela primeira vez, senti como se estivesse sendo atraído por um campo eletromagnético; coisa bem estranha para uma primeira impressão. Ele agradou logo de cara, mas, depois que nos conhecemos melhor e nos tornamos amigos, tive certeza do que estava sentindo. Desde então, ando suspirando de amores por ele.
Ouvir a voz grave e muito bem afinada de Mada era algo indescritível. Com certeza se igualava aos melhores músicos com o seu brilhante desempenho. Ele sabia o ponto certo para entrar em cada nota, fazendo com que a música soasse de forma tão natural como se ele mesmo tivesse composto cada palavra. Era como se estivesse cantando com a alma.
Em conjunto com seus olhos negros, os lábios finos e longos cabelos desalinhados, a aquela visão ficava ainda mais perfeita. Todavia, nossa amizade não evoluiu mais do que conversas que, vez ou outra, rendiam algumas horas e umas boas cervejas após os ensaios, acompanhados de Tobirama, Izuna e Kawarama, é claro. Era praticamente impossível ter um momento a sós com ele. Apesar de não conseguirmos sair por causa de nossas rotinas super corridas, trocávamos mensagens diariamente pelo whatsapp. Com isso, pude deixar bem claro minhas intenções, e ele acabou deixando claro que era livre para sair com quem quisesse, porque não tínhamos nenhum compromisso. Em meu interior, sentia ciúmes, entretanto, não poderia cobrar nada dele. Não podia prendê-lo, ainda que minha vontade fosse amarrá-lo em minha cama.
Preparados para a próxima música, lentamente, o som suave da guitarra de Tobirama começou a preencher o local. Conhecia muito bem aquela música e meu irmão sabia que esta era uma das minhas favoritas. Não imaginava que eles fariam um cover nesta apresentação, a surpresa foi realmente boa.
Ouvi atentamente cada nota daquela introdução maravilhosa. Quando Mada começou a cantar, o coração bateu mais rápido, e o fôlego fora roubado dos pulmões. Enquanto cantava as primeiras frases, pude ver seu olhar intenso e avassalador em minha direção. Havia um brilho diferente do habitual em seus olhos, algo que não pude identificar. A emoção transbordando a cada palavra, cada expressão facial, fez meu peito se encher de uma sensação terna.
"So close no matter how far
Couldn't be much more from the heart
Forever trusting who we are
And Nothing else matters"
Assim que a última frase deixou seus lábios, ele deu o seu melhor sorriso para mim, balançando levemente a cabeça, jogando os cabelos negros que caíam sobre seu rosto para lado. Piscou lentamente enquanto mantinha seu olhar fixo nos meus. O coração parecia que iria enfartar a qualquer momento por isso. Senti um pequeno choque no peito, como se uma corrente elétrica passasse por todo meu corpo. Apertei forte a long neck entre os dedos, tanto que parecia que iria quebrar a garrafa a qualquer momento.
Como pode ser perfeito assim?
Se divindades fossem personificadas com a aparência dos humanos, certamente algum deles se pareceria com o Mada.
"Never cared for what they do
Never cared for what they know
But I know"
Novamente, ele meneou a cabeça de um lado para o outro, como se dissesse que nada importava, além daquele momento. E realmente, as pessoas à volta pareciam não existir, as vozes dos outros a mesa sumiu repentinamente, como se nunca estivessem estado ali. Tudo o que conseguia ver era apenas ele e nada mais. Com os cotovelos apoiados sobre a mesa, levei a mão ao queixo, suspirando como aqueles fãs que estavam diante de seu ídolo. No que dependesse de mim, poderia me considerar seu fã número um.
Mada ficava incrível com aquelas luzes sobre si, deixando a pele ainda mais branca, contrastando com o brilho dos cabelos negros. Poderia ficar ali admirando ele a noite inteira.
Assim que voltei à realidade, percebi que estavam cantando a última música do repertório.
Aplausos calorosos ecoaram por todo o local quando a música acabou, muitos se colocaram de pé, inclusive nossos amigos a mesa. Isso me deixou bastante orgulhoso, tanto que não pude continuar aplaudindo sentado. Então deram a vez à próxima banda que preparava seus instrumentos ao lado do palco. Haveria uma pequena pausa até a próxima apresentação.
Após nos sentarmos novamente, pedimos mais cervejas, enquanto conversávamos animadamente sobre o desempenho da banda. Naruto, junto comigo, erámos os mais enérgicos nos elogios. Os outros comentavam de maneira mais técnica, como se fossem jurados. Esses Uchiha são muitos metódicos, cara. Fala sério, isso aqui não é o The Voice. Se bem que, a partir dessa apresentação, eles teriam a chance de serem contratados por alguma gravadora importante, caso consigam vencer na votação popular.
Não demorou muito até os nossos artistas se juntarem a mesa e serem recebidos de maneira eufórica por todos nós.
Para minha sorte, Mada se sentou ao meu lado. Não era como se estivesse guardando o lugar para ele esse tempo todo.
Depois de muita conversa – e discussões por parte dos casais – Tobirama, Kawarama, Naruto pareciam os mais animados após as várias cervejas. O efeito do álcool começara a subir de forma que não estavam mais se importando com a maneira escandalosa como conversavam. Apesar de não estar bêbado, era boa essa sensação de leveza que a bebida causava. Há tempos não fazia isso, realmente estava sendo muito divertido, principalmente as idiotices que Naruto fazia e quase me matava de tanto rir. A ala Uchiha parecia mais sóbria, em nenhum momento houve alteração de voz ou alguma manifestação de embriaguez. Sempre muito centrados. Mas estavam certos de uma coisa: alguém precisaria dirigir e, pelo visto, sobraria para eles. Parecia ótimo ter um namorado que seja consciente e preze pela segurança do outro. Uma pena que isso não se aplicava a mim nesse momento.
Fiquei encarando o Mada por alguns instantes e, como se percebesse que estava sendo observado, voltou sua atenção para mim.
-Que foi?
-Nada.
A voz soou um pouco arrastada, não porque estava bêbado. Afinal, não seriam míseras sete ou oito cervejas long neck que me faria cair.
-Hashi, você está bêbado. – Disse em tom de reprovação. – Vai precisar que alguém dirija para você.
-Nada, estou muito bem.
-Ficou louco? Se te pegarem numa blitz, vai ser preso, porra.
-Eu sou advogado, esqueceu? – Revidei e ele deu um soco no meu braço. – Isso dói!
-Quem mandou falar besteira? – Resmungou igual a um velho ranzinza. – Pode deixar que eu te levo. Vou pedir ao Izuna para levar seu carro, já que ele vai dormir em sua casa pelo jeito. – Fez sinal com a cabeça, mostrando Tobirama em um estado de embriaguez lamentável. Ele e Kawarama não eram fortes para bebida.
Pensando bem, não seria má ideia ir com ele. Talvez, isso fosse a oportunidade que estava esperando para ficar sozinho com ele. O sorriso veio logo em seguida, fazendo Mada arquear as sobrancelhas.
-Tudo bem, não tenho outra saída senão aceitar sua oferta. – Respondi fingindo derrota. Não estava ruim assim, poderia dirigir sem problemas até em casa. Porém, a expectativa de uma carona com o Mada fazia o coração pular de alegria. Minha noite não poderia ser melhor. Ou podia?
-Idiota. – Mada murmurou, cruzando os braços.
O loiro escandaloso foi o primeiro a se manifestar para cantar parabéns. Tentei o fazer parar, recebendo a negativa da maioria. Mas que merda, isso era muito embaraçoso. Ainda mais porque o lugar estava lotado e, assim que começaram a bater palmas e a cantar, logo os demais frequentadores se juntaram a eles, fazendo um barulho equivalente a uma torcida de futebol. Com o rosto queimando de vergonha, só pude sorrir amarelo e participar daquilo.
Era quase uma da madrugada quando resolvemos pagar a conta e irmos embora. Na verdade, Itachi e Shisui já haviam ido um pouco depois da meia-noite. Se ofereceram para ajudar, mas Sasuke disse que não precisavam se preocuparem. Por ele, já teria ido embora, porém, Naruto insistiu tanto que se viu vencido e resolveu ficar. Um pouco antes de pagarmos a conta, eles foram embora.
Depois de sairmos daquele local, Mada e eu nos despedimos de Izuna, que estava devidamente acomodado no carro junto com Tobirama e Kawarama quase desmaiados no banco do carona e no de trás.
-Cuide dos meus irmãozinhos, Izuna.
Ele sorriu e meneou a cabeça positivamente, dando a partida, se dirigindo para a pista. Assim que o carro sumiu de vista, começamos a caminhar em direção onde a moto do Mada estava estacionada. Uma Harley-Davidson Breakout vermelha. Porque não bastava ser lindo, tinha que ter bom gosto e paixão por velocidade.
Como não amar essa criatura?
Alheio aos meus pensamentos pegou as chaves no bolso, abriu trava que mantinha os capacetes presos junto à moto, me entregando um deles. Após nos ajeitarmos devidamente; ele deu a partida e virou-se para me encarar de soslaio.
-Se segura para não cair no caminho. Não vou andar devagar por causa de um bêbado. – Sorriu debochado, e, antes que eu pudesse revidar a provocação, ele arrancou com a moto numa velocidade impressionante. Se não estivesse segurando nele, com certeza teria caído para trás.
Sentir o Mada perto desse jeito era a melhor sensação do mundo, ainda que ele estivesse muito vestido. Poder acariciar despreocupadamente – porque eu não iria perder a oportunidade de tirar uma casquinha, óbvio – a cintura firme, os músculos definidos da barriga sobre o tecido fino da camisa. Parecia até um sonho, se não fosse o risco eminente de cair a qualquer momento, cada vez que ele fazia uma curva mais fechava ou ultrapassava algum carro. Ao mesmo tempo, não deixava de ser excitante, tanto que já estava dando indícios de uma ereção.
Que ele não perceba isso.
Calma Hashirama, sossega o facho.
Se só de ficar assim com ele me deixava excitado, imagine se avançasse um pouco mais? Iria enfartar, na certa. Mas morreria feliz demais.
Quando chegamos à frente de minha casa, a angústia veio, causando um aperto no peito. Desci da moto, muito contrariado, retirei o capacete e o devolvi ao dono. Mada retirou o capacete dele, balançando os cabelos de um lado para o outro, numa visão digna de um artista de Hollywood.
Como pode seduzir tanto com apenas um movimento sutil desses?
Nos encaramos em silêncio por um breve momento. Queria que ele ficasse para conversarmos mais, para estar junto a ele por mais tempo. Essa sensação estranha de que estava perdendo uma grande oportunidade incomodou de tal forma que fazia as mãos suarem de aflição. Respirei fundo, reunindo coragem para dizer alguma coisa antes que seja tarde demais. Já encarei situações muito piores como advogado, certo? Porém, com ele, sentia uma ansiedade enorme e as palavras pareciam fugir da mente.
-Mada, quer entrar? – Sugeri, vendo suas sobrancelhas se arquearem levemente.
-Melhor não, você tem visita e dois irmãos que provavelmente devem estar vomitando até a alma. – Rindo do próprio comentário, passou a mão no cabelo, ajeitando-o de forma a colocar o capacete novamente. – Conversamos depois, você deve estar cansado. – Encaixou o capacete na cabeça, ajustando a fivela de segurança. Quando ele girou a chave na ignição, ligando a moto, impulsivamente segurei em seu braço num aperto firme.
- É meu aniversário, por favor, não vá ainda. Vai recusar o pedido de um amigo aniversariante? – Tentando convencer com a chantagem, fiz a melhor cara do Gato de Botas.
Mada respirou fundo, soltando o ar devagar. Provavelmente reunindo os resquícios de paciência para me mandar soltar seu braço. Conhecia meu amigo. Entretanto, para minha surpresa, ele me entregou o capacete que eu estava usando.
-Aqui, vamos lá para casa então. Ficar dando bobeira na rua não é uma boa ideia.
Espera... É o mesmo Mada que conheço?
Não sei qual foi o milagre que o fez sugerir isso, mas, eu que não iria reclamar. Com o sorriso largo, peguei o capacete, colocando-o imediatamente. Subi na moto e ele acelerou, saindo rapidamente dali. O coração batendo forte de alegria, que não pude deixar de encostar mais ainda nele, colando o peito nas costas dele enquanto o envolvia num abraço apertado.
Em poucos minutos, estávamos adentrando a garagem do edifício onde ele e Izuna moram. Descemos, retiramos os capacetes e Mada ativou o alarme da motocicleta. Caminhamos em silêncio até o elevador, assim que as portas se abriram, entramos e ele apertou o botão correspondente ao 20º andar.
Pensando bem, esta é a primeira vez que venho aqui. Mesmo sendo amigos há uns cinco anos, nunca consegui fazer uma visita. Parece estranho, mas não é como se eu nunca quisesse vir. E a rotina de Mada não é aquela calmaria toda também. Era difícil coincidir nossas agendas.
Chegando a porta, ele a abriu, dando espaço para eu entrar primeiro. O corredor que faz ligação com a sala era espaçoso. A cor clara deixava uma suavidade ao ambiente, contrastando com os móveis escuros.
Mada retirou do bolso da calça o maço de cigarros e isqueiro, caminhando tranquilamente até a varanda anexada à sala. Não se deu ao trabalho de mostrar nada, mesmo que eu nunca estivesse vindo aqui. Formalidade não era um ponto forte do Uchiha.
Pegou o cigarro, colocando-o na boca e o acendeu, cobrindo a chama com a mão por causa do vento. Deu uma tragada, se encostando ao batente de mármore escuro, enquanto fitava as luzes da cidade. Soltou a fumaça no ar, ajeitou alguns fios de cabelo que teimavam em cair sobre o rosto.
-Essa é a primeira que vez você vem aqui. A quem devo esse milagre? – Disse, ainda olhando para a direção das luzes.
-Para tudo tem uma primeira vez. – Caminhei em sua direção, o abracei por trás, apoiando o rosto em seu ombro. Inspirei fundo o cheiro do cabelo e do perfume que ele usava. – A vista daqui é bonita.
Mada deu um pequeno sorriso, enquanto mantinha os olhos ainda fixos em algum ponto que tentei encontrar, sem sucesso. Continuamos em silêncio por algum momento, sentindo a brisa um pouco fria da noite e a sensação de tranquilidade. Não que este ponto da cidade fosse o mais calmo, porém, à noite, tudo ficava num absoluto silêncio.
-Finalmente o cara que nunca tem tempo resolveu aparecer, e isso porque eu nem precisei insistir. – Deu uma última tragada no cigarro e apagou a bituca num cinzeiro em cima da mesinha a sua direita. Se desfez do abraço, virando-se, ficando de frente. Ergueu o corpo para senta-se em cima da sacada. Aquilo pareceu um tanto perigoso, tendo em vista o andar no qual estávamos. Mas logo esses pensamentos se desfizeram quando ele enlaçou os braços em meu pescoço, e eu o abracei novamente, ficando entre as pernas, colando ainda mais nossos corpos. Nossos rostos ficaram muito próximos, permitindo que eu sentisse a sua respiração calma e o cheiro de tabaco.
-Se quiser, posso ir embora. – Soltei uma risada despretensiosa, fazendo-o rir também.
-A porta da rua é a serventia da casa. Fique à vontade.
-Você é tão mau, Mada. Às vezes, me pergunto se você tem uma geleira no lugar do coração.
-Dramático como sempre. – Revirou os olhos. – Deveria ter se formado em dramaturgia ao invés de advocacia.
Rimos da implicância e ele pegou uma mecha do meu cabelo, enrolando-a entre os dedos. Mada agia de forma bastante espontânea quando estávamos juntos, parecia até outra pessoa, bem diferente da habitual cara de paisagem que sempre fazia. Aliás, Izuna e aqueles primos dele também são desse jeito. Seria herança de família?
Envolvido em seu abraço, encostei a cabeça no peito dele, conseguindo assim, ouvir as batidas do coração sincronizadas com a respiração tranquila. Isso trazia uma sensação de serenidade, enquanto o calor daqueles braços me acolhia. Estar sozinho com ele parecia mesmo um milagre. Depois desses anos, aquela frase que os recém-casados diziam começara a fazer sentido para mim.
"Enfim, sós.".
Era estranho porque não havia motivo para não estarmos juntos, porém, infelizmente, nossa rotina não ajudava muito. Desde que nos conhecemos, Tobirama e Izuna sempre ficaram na torcida por nós, porque sabiam que tínhamos tudo para dar certo. E é claro que eu gostaria muito de poder estar com ele o tempo todo. Não sei como conseguimos ficar nessa condição de amigos por todos esses anos.
Parece até loucura, não é mesmo?
Em como perdemos tanto tempo. Em como o tempo passou depressa e nem percebemos, e, quando nos demos conta, os anos se passaram. E, mesmo assim, parece que foi ontem o dia em que nos conhecemos. A mesma sensação de inquietação, de que o conhecia de algum lugar, só não fazia ideia de onde. O interesse quase que imediato, sem explicação.
E, agora, estávamos aqui, abraçados, sentindo o calor um do outro, compartilhando dessa sensação gostosa que é estar nos braços de quem amamos. O quanto esperei por este momento.
Agora, porém, a sorte parece que finalmente resolveu bater à porta. E claro que não iria deixar passar essa oportunidade.
Apertei a cintura, encostando a ponta do nariz no dele, iniciando o beijo esperado.
Começamos bem devagar, com um roçar calmo de lábios, nos descobrindo. Sentindo a textura, deslizei a língua, num pedido de permissão, o que foi logo concedido. Movemos lentamente as línguas, explorando cada espaço. Mada levou as mãos, que até então estavam em meu rosto, para minha nuca, agarrando os cabelos ali e puxando-os com força para aprofundar o beijo.
Até então, tudo parecia estar sob controle. Ao menos era o que eu pensava. Depois disso, o mundo de repente desapareceu ao nosso redor.
As mãos urgentes de Mada agora percorriam minhas costas e peito, tentando, de forma impaciente, retirar a camisa. Enquanto isso, apertei firme o traseiro dele, fazendo-o arquear as costas e prender as pernas em cada lado de minha cintura. Parecia uma disputa feroz para ver quem conseguiria ficar na vantagem.
Como nem sempre as coisas saem da forma que queremos, infelizmente, tivemos que parar porque, devido a calor do amasso, Mada se desequilibrou, e, por pouco, quase caiu do vigésimo andar!
Por sorte, suas pernas estavam bem travadas em mim, o que evitou o pior.
Estando eu ainda em choque, ele gargalhou por alguns segundos diante daquele episódio, provavelmente por causa da minha cara de susto. Enquanto isso, só consegui respirar aliviado quando os pés dele estavam firmados ao chão.
Como ele conseguia rir de uma situação dessas?
Meu coração estava quase saltando para fora, as pernas bambas, tamanho desespero que senti. Imagina só, depois de ter me seduzido praticamente a noite inteira, quando finalmente conseguimos ficar sozinhos e nos beijarmos, acontecer uma tragédia dessas. Até deu uma broxada depois disso.
Suspirei, o abraçando apertado.
-Isso não é engraçado, maldito.
-Relaxa idiota, não é como se eu fosse mesmo cair e espatifar lá embaixo. Você está aqui.
Mada sorriu e voltou a me beijar com o mesmo desejo de alguns momentos atrás, fazendo com que esquecesse completamente aquela cena assustadora. Agora, de pé, ficou mais fácil para ele conseguir retirar minha camisa. Percorreu o olhar pelo meu tórax, suspirando satisfeito com o que viu, diferente de mim, porque ele ainda se encontrava vestido demais. Mas, não por muito tempo. Segurei a barra da camisa preta, levantando-a, descobrindo algo que sequer imaginava: Os piercings nos mamilos. Só consegui sussurrar um "uau" diante daquela descoberta.
Como assim ele nunca contou sobre isso?
Estou me sentindo um completo estranho agora. Ele riu baixinho da minha reação e terminou de tirar a camisa, exibindo as tatuagens do braço que se estendia até o peitoral definido. Tratei de engolir a saliva, ou provavelmente iria acabar babando com a visão.
Voltamos a nos beijar, sentindo o contato direto de nossas peles. O calor que o Mada emanava era muito gostoso, tanto que dava vontade de ficar grudado nele. Percebendo que o beijo se tornava mais urgente, e as excitações despertas estavam esfregando uma na outra sem nenhum pudor, Mada começou a me empurrar devagar, sem desconectar os lábios ou os corpos, guiando com destreza, nos desviando dos móveis no caminho. Chegando onde ele queria, o quarto, espalmou o meu peito, fazendo com que caísse de costas na cama.
Quanta delicadeza.
Subiu e se ajoelhou no colchão, ficando por cima, me atacando mais uma vez com um beijo desejoso. Mordeu e sugou meu lábio inferior, descendo a língua até o pescoço, mordendo-o com vontade. Certeza de que isso renderia uma marca bem roxa. Mas, deixaria ele marcar território, por enquanto. Faria a minha depois, sem pressa. Ele desceu os lábios pelo peitoral, chegando aos mamilos, dando uma mordida carinhosa em um enquanto brincava com o outro, o apertando com os dedos, fazendo movimentos circulares.
Seus toques quentes com aquela boca macia estavam me fazendo pirar. Precisava agir logo ou ele ficaria na vantagem. Com um movimento rápido, inverti as posições, atacando a pele branca do pescoço. Mada agarrou meus cabelos, incentivando a carícia, o que foi atendido prontamente. Deslizei a língua, lambendo devagar o pomo-de-adão, parando no queixo, onde deixei uma leve mordida. Traçando a linha do maxilar, alcancei a orelha, onde suguei o lóbulo, enterrando-a adentro da cavidade em seguida. Depois, refiz o caminho com beijos e mordidas pelo pescoço, descendo até o peitoral. Com uma lambida generosa no mamilo direito, mordi levemente o piercing, causando arrepios nele.
Será que isso deixa a região ainda mais sensível?
Iria tirar a prova agora. Com os dedos, apertei de leve um dos mamilos, enquanto sugava o outro com vontade, mordendo levemente o metal frio, puxando-o entre os dentes com cuidado. Mada arqueou as costas, puxou meus cabelos com mais força, soltando um grunhido de satisfação. Acertei.
Não iria me demorar muito ali, porque o mais importante estava logo embaixo, então, fiz o caminho com a língua sobre o abdômen, deixando rastro de saliva, parando no cós da calça. A ereção dele estava bem evidente sobre o tecido. Lambi os lábios, fitando o rosto atento de Mada, que observava tudo com os olhos cheios de desejo. Mordi levemente o volume por cima da calça, começando a desabotoar a peça, enquanto Mada tentava retirar, de maneira habilidosa, o calçado e as meias com os próprios pés. Deslizei o zíper, e, em um só puxão, retirei o jeans. Com uma visão melhor do volume coberto pelo tecido da cueca, pude vislumbrar o membro ereto, bem como imaginei: Avantajado. Precisei engolir em seco a ansiedade só de imaginar aquele falo grande em minha boca. Aproximei o rosto, deixando uma lambida sobre o tecido, fazendo Mada mover o quadril para frente, em busca de um contato maior.
Não aguentando mais, retirei de vez aquela peça que atrapalhava meu contato direto, revelando o pênis duro e pulsante, umedecido por aquele fluído familiar, implorando por atenção. Sem rodeios, abocanhei toda a extensão, e Mada deixou escapar um gemido baixo, segurando novamente meu cabelo, puxando-o. Com movimentos de vai e vem e sucção, chupava com vontade, o enterrando em minha garganta. Mada movia o quadril para frente, buscando aprofundar ainda mais o oral, me incentivando a aumentar a velocidade do movimento, o que foi atendido prontamente. Seus gemidos já não eram baixos como no começo, indicando, assim, que não demoraria muito a gozar.
Intensificando os movimentos enquanto massageava o saco, finalmente ele chegou ao ápice, despejando seu gozo em minha boca. Mas, aquilo ainda estava muito longe de terminar. Queria muito mais dele. Necessitava de mais, a espera foi muito longa para as coisas acontecerem depressa demais. Levantei para retirar os sapatos e a calça rapidamente, aproveitando que o pós-orgasmo do Mada o deixaria indisposto para fazer qualquer coisa nos próximos segundos. Quando comecei retirar a calça, para minha surpresa, ele segurou minhas mãos, impedindo por um momento e eu o encarei confuso, porém, assim que ele se abaixou, ficando de joelhos, percebi sua intenção.
Mada começou a abrir o botão, depois baixou o zíper, me fazendo suspirar de tanta excitação. Ele ainda iria me matar de tesão. O ajudei a retirar a peça de uma vez por todas juntamente com a cueca, finalmente libertando meu membro dolorido e bastante duro. Com os olhos fixos em meu rosto, ele lambeu os lábios, passando depois a língua sobre o pré-gozo, fazendo movimentos circulares na glande.
Uma onda de prazer percorreu por todo o meu corpo, causando arrepios, me deixando ainda mais louco de desejo. Segurei firme em seus cabelos, o incentivando a engolir logo. Mas, maldoso como só ele conseguia ser, não o fez. Ao invés disso, mordiscou levemente a ponta, depois, passou a língua lentamente por toda a extensão, chegando às bolas. Passou a língua nessa região, refazendo todo o percurso bem devagar. Subia e descia, repetindo o movimento, sem nunca desconectar o olhar, me torturando de uma forma maravilhosa. Ele parecia estar adorando ver a minha cara de desespero em foder a boca dele, porém, não estava com nenhuma intenção em ceder.
Maldito.
Após alguns segundos de tortura, ele se levantou, deu um selinho em minha boca. Sem entender, o encarei confuso. Mada sorriu maliciosamente e, mais uma vez, me empurrou para a cama. Ele subiu, engatinhando até aproximar nossos rostos, para beijar meus lábios novamente. Sugou e mordeu com vontade, depois se sentou em meu colo. Com aquele sorriso maldoso, rebolou sobre o meu membro, arrancando de minha garganta um gemido alto. Mada estava ereto de novo.
Ele segurou meu pênis totalmente rígido, o direcionando para sua entrada. Espera, ele vai fazer isso mesmo, sem nada para lubrificar além da saliva?
-Mada, tem certeza disso? – Perguntei um tanto temeroso. – Vai te machucar.
-Não diga nada.
Com a expressão lasciva, abaixou o quadril devagar. Iria protestar, mas, ao sentir sua entrada pressionar minha glande, só o que consegui fazer foi gemer com a pressão deliciosa que aquele movimento fez. Na medida em que ele descia o corpo, pude sentir aquele canal apertado me engolir aos poucos. Aquela sensação quente maravilhosa me envolvendo por completo.
-Ah... Mada...
Sentindo-o completamente dentro, observei por um instante o rosto dele, procurando alguma expressão de dor ou desconforto. Seus olhos permaneceram fechados, tentando se concentrar no que estava fazendo. Aproveitei e fiz um carinho em suas coxas, para que ele relaxasse um pouco, pois sua entrada se encontrava levemente retraída por causa da invasão. Alguns segundos depois, e, mais seguro em como iniciar aquilo, Mada começou a se mover lentamente, iniciando a cavalgada.
Se ele sabia o que estava fazendo, eu não saberia dizer. A única coisa que minha mente e corpo queriam era foder esse homem delicioso com força. Mas tentaria ser paciente para não machucar ele.
Todavia, não demorou muito até meu desejo ser atendido, e ele começar a mover o quadril mais rápido, rebolando de forma extraordinária em meu colo, ditando a profundidade da penetração.
Durante muito tempo, sempre imaginei como seria o sexo com ele, e, nem em meus sonhos mais eróticos, conseguira chegar perto da sensação que estava sentindo agora. Simplesmente perfeito.
Seus olhos encaravam os meus, dominados pelo desejo e prazer.
Gostoso pra caralho.
Apertei as coxas com vontade, subindo as mãos até a bunda dele, apertando forte ali. Não resisti em dar um tapa estalado naquele traseiro branco. Mada gemeu, deliciado. Se continuássemos nesse ritmo, eu não duraria muito tempo. E é claro que não queria que isso terminasse tão rápido. Levantei o tronco e, com um movimento rápido, consegui deitar ele contra o colchão, ficando por cima.
Com o movimento, infelizmente nossos corpos se desconectaram, mas, não seria por muito tempo. Segurei os tornozelos, erguendo as pernas, apoiando-as em meus ombros, dando, com isso, uma visão estonteante daquela entrada levemente avermelhada. Fiquei entre as pernas, e, sem nenhum aviso, o penetrei com tudo, recebendo em troca um gemido alto dele. Mada me abraçou forte, e, então, comecei os movimentos de vai e vem, aumentando a velocidade a cada investida. Logo, estava urrando feito um animal, enquanto Mada mordia meu peito com força, abafando os gemidos contra minha pele. Entretanto, foi por pouco tempo, pois, assim que acertei aquele ponto crucial dentro dele, Mada só conseguia gemer meu nome cada vez mais alto. Entrelaçamos as mãos, apertando bem forte os dedos por causa das ondas de prazer que percorriam nossos corpos.
Era gostoso demais ver ele entregue desse jeito, gemendo meu nome com sua linda voz. Isso também era uma coisa que jamais consegui imaginar com tanta precisão; aquela voz perfeita de quando ele cantava não chegava nem perto do som maravilhoso que estava fazendo agora com seus gemidos.
Sinceramente, não poderia ter recebido presentes melhores do que esses. E em uma só noite.
Ver meu melhor amigo cantando daquela maneira emocionante, e depois o possuir dessa forma, sincronizados como nunca havíamos estado antes, era mais do que poderia pedir de uma vida inteira.
Sentindo um arrepio percorrer meu corpo, o leve tremor que indicava que o gozo já estava próximo. Mas, queria que Mada gozasse primeiro, era o mínimo que poderia fazer diante de todo o prazer que ele estava me proporcionando. Então, levei a mão até seu membro, iniciando uma masturbação rápida, fazendo movimentos precisos de vai e vem. Em sincronia com as estocadas, acertando mais uma vez aquele ponto dele, finalmente ele conseguiu atingir o orgasmo, despejando seu gozo em minha mão, enquanto retraía suas paredes internas, esmagando meu falo. Sentindo um tesão descomunal com aquele aperto, investi mais forte, colando o rosto dele contra meu peito, enquanto sentia as ondas de calor percorrem meu corpo feito uma corrente elétrica, me fazendo estremecer por completo. Com uma última investida, veio o espasmo, finalmente permitindo que atingisse meu ápice, preenchendo aquele interior com minha essência.
Ainda meio tonto por causa do orgasmo que acabou de acontecer, retirei o membro de dentro dele, antes que amolecesse de vez; mesmo que a vontade fosse continuar sentindo o aperto delicioso que aquele canal quente proporcionava. Deitei ao lado dele, acomodei a cabeça em seu peito, passando o braço por cima do tórax, o envolvendo num abraço. Mada levou a mão em meu cabelo, iniciando um carinho preguiçoso com os dedos. Nossas respirações ainda irregulares foram se acalmando aos poucos. Assim que os corações regularam as batidas, levantei o rosto para olhar para ele, que mantinha os olhos fechados.
Tudo o que aconteceu era como um sonho. Não, muito melhor que isso. Não conseguiria descrever com palavras tudo o que estava sentindo nesse momento. Tudo o que ele havia me proporcionado em apenas alguns momentos, mas, que foram suficientes para encher meu coração de uma alegria que nunca havia sentido antes. Isso nunca acontecera em meus relacionamentos anteriores; ao menos, não com a mesma intensidade que fora com o Mada.
Seria o amor responsável por tudo isso?
Então, essa é a sensação de quando fazemos sexo com a pessoa que amamos de verdade: Indescritível.
Porque nenhuma palavra poderia dizer com precisão essa sensação que preenchia cada parte do meu ser. Era como se estivesse flutuando entre tudo e nada.
O amor é um sentimento bem louco, fora a única conclusão que pude chegar até o momento.
E estar aqui, junto à pessoa que mais desejei na vida, enchia meu coração com o seguinte sentimento: Gratidão.
Gratidão essa que eu necessitava expressar com palavras.
-Mada?
-Hm?
-Obrigado.
-Pelo o quê?
Ele abriu os olhos, me encarando com curiosidade.
-Estar aqui com você foi o melhor presente que pude ganhar.
Abri o meu melhor sorriso, fazendo-o sorrir de canto.
-Não vai se acostumar.
-Já estou viciado. Você é viciante.
Ele deu uma risada baixa e voltou a fazer o carinho em meu cabelo. Tornei a apoiar a cabeça em seu peito, ouvindo as batidas calmas de seu coração.
-Quando vamos repetir?
-Mal acabou e já está pedindo um segundo round?
-Claro. Tudo que é bom merece um replay.
-Ah, é? Então não vai se importar em invertermos as posições. – Olhou para mim de forma sugestiva.
-Nem um pouco. – Devolvi o olhar sugestivo, me animando com a expectativa de iniciarmos mais uma rodada de sexo.
-Certo, mas, por hoje, vamos dar um pause.
Ele riu, e voltamos a ficar em silêncio novamente por uns segundos. Péssima hora para essa pausa, já que meu parceiro aqui embaixo estava começando a acordar.
– Feliz aniversário.
Mada sussurrou, depositando um beijo carinhoso no topo de minha cabeça. O abracei apertado, roçando minha perna na dele, me aconchegando melhor ao corpo dele. Ele passou o braço por baixo de minha cabeça, me fazendo acomodar o rosto em seu ombro. Inspirei profundamente o cheiro de sua pele. E, mesmo não querendo dormir agora, o sono acabou chegando mais rápido do que eu esperava.
MU ○ HS
Sentindo a claridade em meu rosto, comecei a abrir os olhos lentamente, não demorando muito para notar que Mada já havia se levantado.
Que horas são agora?
Busquei o celular em cima do criado mudo, assim que encontrei, o trouxe para mais perto, deslizando o dedo sobre a tela: 10h44min.
-Nossa! – Ergui o tronco, num sobressalto.
Nunca havia dormido até tarde assim. E também nunca havia dormido tão bem quanto essa noite.
Espreguicei, estalando a coluna e os braços.
De repente, as lembranças de ontem começaram a vir claramente, num loop quase infinito. A melhor noite de toda a minha vida. Mada em meus braços, seus beijos, seu corpo junto ao meu. Ele gemendo meu nome enquanto eu lhe dava prazer. Não poderia descrever de outra forma além de perfeito.
Como se fosse chamado pelos meus pensamentos, Mada apareceu no quarto vestindo uma calça moletom e camisa pretas. Ele caminhou lentamente até a cama, se sentando ao meu lado. Então, pude notar a marca escura no lado esquerdo do pescoço.
-Bom dia. Dormiu bem?
-Bom dia. Dormi muito bem. Mas por que não me acordou?
-Fiquei com pena, já que estava dormindo tão tranquilo. E você sempre reclamava que não conseguia dormir bem. – Levou a mão em meu rosto, fazendo um carinho. – Vamos, você precisa comer alguma coisa. Suas roupas estão ali em cima do criado mudo. Se quiser, pode usar o banheiro da suíte, tem toalhas limpas na gaveta do armário embaixo da pia.
Mada se levantou e saiu do quarto, e só então percebi que estava vestindo minha cueca.
Quando ele fez isso?
Pelo visto, devo ter dormido feito uma pedra mesmo para não ter percebido nada.
Espantando a preguiça, consegui levantar da cama de vez, peguei as roupas, seguindo para o banheiro. Realmente, precisava de um bom banho depois de tudo o que aconteceu.
Quando terminei, pude examinar melhor a minha situação ao olhar para o reflexo no espelho da pia. Marcas de mordidas e chupões por todo o peito, e uma bem chamativa no lado direito do pescoço. Parecia que havia sido atacado por um vampiro, mas, cada uma delas valeu a pena. Não seria muito difícil escondê-las.
O que me consolava era saber que a situação dele não estaria muito diferente da minha, ainda mais por sua pele ser bem branca, o que renderia maior destaque. Com certeza estaria muito pior. Sorri satisfeito, imaginando como ele faria para esconder aquilo. E, pela primeira vez em toda minha vida, fiquei grato por trabalhar usando terno e gravata.
HS ○ MU
Mada insistiu em me dar carona até em casa, mesmo eu dizendo que não precisava se incomodar. Mas acabei aceitando porque ele iria buscar Izuna, então, acabou vindo a calhar. Ao menos passaria mais um tempo junto dele.
Ao entrarmos em minha casa, fomos recebidos pelos olhares curiosos de Itama e Kawarama, desviando completamente a atenção que antes tinham em algum programa na televisão. Os olhares nada maldosos que Tobirama e Izuna nos lançavam, deixava a situação mais constrangedora. Ainda mais porque os dois se entreolhavam e voltavam a nos encarar, dando risadinhas abafadas.
-Finalmente, irmão. – Tobirama foi o primeiro a começar.
-Até que enfim saíram da friendzone. – Izuna brincou, segurando a risada.
-Vão se foder, seus putos. – Mada grunhiu e os dois não se aguentaram, caíram na gargalhada.
-Do que vocês estão falando? O que é friendzone? – Itama perguntou na maior inocência.
-Melhor nem saber, Itama. – Kawarama respondeu prontamente, nos encarando e rindo por ter entendido a piadinha do Izuna. A essa altura, já deveria ter visto o presentinho estampado em meu pescoço. O maldito acabou sendo mais esperto, usando a jaqueta para disfarçar a dele.
Suspirei, derrotado. Não poderia esconder isso deles por muito tempo. Uma hora, eles iriam saber. Se bem que, dada às circunstâncias em que chegamos, parecia bem óbvio o que havia rolado entre a gente.
Pensando bem, me veio a questão que ficou martelando o caminho de volta inteiro: Afinal, Mada e eu estávamos oficialmente namorando agora?
Perguntaria isso depois, quando estivéssemos sozinhos.
HS ○ MU
Combinamos de sairmos à noite, apesar de eu estar com bastante trabalho acumulado. Mas, não me preocuparia com isso agora, era minha chance de pedir ele em namoro e acabar de uma vez por todas com essa dúvida. Iríamos a um restaurante, depois, a algum local em que o momento pudesse nos levar. E torcia muito para que o destino final fosse o apartamento dele de novo.
Ao ver Mada aparecer na porta do apartamento, arrumado um pouco diferente do habitual, com os cabelos presos num rabo de cavalo baixo e roupas não muito básicas, quase surtei com toda a beleza estonteante dele. Se bem que o motivo de ele usar uma camisa social era bem óbvio, afinal, acabei usando da mesma estratégia para esconder as evidências da noite passada.
-Que foi?
Ele perguntou enfiando as mãos nos bolsos, arqueando as sobrancelhas.
-Você está lindo!
Finalmente consegui respirar e formular alguma coisa racional.
-Valeu, você também não está nada mal.
Mada sorriu e trancou a porta. Caminhamos até o elevador, entrando em silêncio, então, os dois rapazes e as duas moças que já se encontravam dentro, cessaram o assunto entre eles, olhando para nós com certo interesse, como se fôssemos alguma atração da noite. Provavelmente reconheciam o Mada de alguma apresentação que ele tenha feito.
O restaurante não era muito longe dali. Durante o jantar, conversamos sobre o concurso do Hard Rock, comentando vez ou outra sobre os desempenhos das demais bandas, com Mada fazendo alguns comentários no que poderia melhorar, no caso da dele. O bom de entender de música – graças às aulas que meu pai pagou na minha infância – era que não ficaria totalmente alheio ao assunto.
Mas a pergunta que não queria calar era: Ele vai aceitar namorar comigo?
Não conseguia pensar em mais nada, além disso, a boca dele não estava ajudando em nada se movendo daquele jeito tão sedutor, me fazendo lembrar de ontem, do que ele era capaz de fazer com ela.
Foco, Hashirama. Aqui não é lugar para pensar nessas coisas.
Não nos demoramos muito por ali, e, assim que terminamos, pagamos a conta e saímos, sem um destino definido ainda.
Com os olhos focados na pista, tentava me concentrar em Black Diamond que tocava em um volume ambiente.
Os dedos batiam impacientes ao volante, enquanto olhava o retrovisor vez outra, observando Mada curtindo o som e olhando pela janela. Precisava falar alguma coisa ou acabaria surtando de ansiedade. Respirei fundo, reunindo toda coragem que tinha para dizer algo.
-Mada?
-O quê? – Ele virou o rosto para olhar para mim.
-Fiquei pensando, sobre ontem, depois de tudo que aconteceu... – Parei por uns segundos para recobrar o fôlego – Nossa relação não é apenas amizade agora, é?
Ele arqueou uma sobrancelha, rindo de canto. Voltou a observar as luzes que passavam rapidamente pela janela, parecia estar pensando o que responder.
-Está me pedindo em namoro, é isso?
-Se você quiser, é claro.
-Até que enfim. Pensei que não iria perguntar.
Finalmente consegui respirar aliviado.
Agora é oficial, estamos namorando.
Mada levou a mão até minha coxa, apertando firme. Um arrepio percorreu meu corpo e senti a excitação chegar, naquela expectativa de ele subir um pouco mais a mão.
-Vamos lá pra casa. Izuna está com Tobirama na sua.
-Olha só quem está pedindo segundo round agora. – Sorri sacana, e ele quase acertou um soco em meu rosto. Só não o fez porque eu estava dirigindo.
-Vá se foder.
-Só se for com você.
Mada ameaçou me bater novamente quando dei uma piscadela bem safada, fazendo com que eu risse ainda mais daquela linda carinha irritada. Finalmente estávamos namorando e tendo nossa primeira briguinha de casal.
Ah, como eu amo esse gato arisco.
MU ○ HS
Uma semana se passou após a apresentação da banda do Tobirama. Agora, estávamos reunidos na sala aqui de casa, esperando sair o resultado da votação popular no concurso que aconteceu no Hard Rock. A ansiedade nos corroendo por dentro enquanto não começava a live stream que traria os resultados.
Assim que começou, todos ficaram em completo silêncio, assistindo atentamente o canal. Depois de quase uma hora de enrolação, finalmente havia chegado a hora. O apresentador abriu o envelope que trazia a contagem dos votos. Ele iria anunciar os três primeiros colocados, começando do terceiro. A cada anúncio parecia que o coração iria sofrer um mini enfarto. Mas, a melhor surpresa veio quando, finalmente, anunciou o primeiro lugar: Snake Fire com 78% dos votos.
A banda do Mada foi a vitoriosa.
Abracei meus irmãos bem apertado, Kawarama e Itama começaram a pular, histéricos, pela sala toda, transbordando de tanta alegria. Tobirama ergueu Izuna no colo, rodopiando feito maluco, enchendo o mais novo de beijos pelo rosto todo, deixando-o vermelho até orelhas. Izuna começou a protestar, dando socos nos ombros de Tobirama, se remexendo desesperadamente, na tentativa de se desvencilhar do abraço de urso do meu irmão. Aquilo era uma das partes engraçadas de se ver no relacionamento deles.
Depois de todos os esforços, agora eles viam os frutos e a oportunidade de alcançarem o sonho de gravarem as próprias músicas em uma gravadora conhecida no mercado. Talento eles tinham de sobra, agora, precisavam se esforçar mais para seguirem com a carreira. Tobirama e Kawarama trabalhariam ainda mais por causa da faculdade. Talvez, essa seja uma boa hora para reconsiderarem aquele pedido do papai. Conversaríamos sobre isso em outra ocasião.
Segurei a mão de Mada, apertando-a com carinho, entrelaçando nossos dedos. Ele se virou para mim, os olhos brilhantes como na noite em que se apresentou no Hard Rock, e abriu o seu melhor sorriso. Aquele sorriso que aquecia meu peito.
Uma sensação reconfortante percorreu meu corpo em vê-lo feliz e realizado. Sabia muito bem que esse sempre foi seu sonho, apesar de ele não depender da música para se sustentar, pois a empresa dos seus pais gerava a renda necessária para manter um excelente padrão de vida. Entretanto, a música parecia estar entranhada em seu DNA. Algo muito natural dele, tanto quanto respirar. E ver o seu sonho se tornando realidade era, de fato, uma grande conquista para mim.
O amava, e tudo o que envolvia a felicidade dele me fazia feliz. Mesmo que isso significasse abrir mão do nosso tempo juntos. Afinal, com o sucesso praticamente garantido, tinha plena convicção de que ficaríamos mais tempo longe do que perto. Daqui para frente, nossas agendas se tornariam bem divergentes. Mas, não iria me incomodar, desde que ele voltasse para meus braços sempre. O esperaria pelo tempo que fosse preciso.
Suspirei, sentindo os ombros tensos, petrificados, numa ansiedade antecipada por tudo que aconteceria de agora em diante. Apesar da felicidade desse momento especial para nossas vidas, o peso que sentia ao imaginar em como nós ficaríamos longe por dias, do assédio de fãs e da mídia, dentre tantas coisas negativas que o mundo da fama poderia trazer. Isso era muito preocupante. Porém, ao ver o olhar de Mada firmado em meu rosto, mostrando aquela serenidade que ele sempre transmitia em momentos angustiantes, me fez sentir seguro. Aquela segurança que somente ele passava.
Finalmente pude relaxar os músculos, e respirar aliviado, sentindo a confiança voltando aos poucos, com energias renovadas. Levei a mão ao seu rosto, aproximando-me mais ainda, encostando a testa na dele, e, sem desconectar os olhares, sussurrei contra seus lábios:
-Amo você.
Definitivamente, Madara Uchiha foi o melhor e maior presente que ganhei em toda a minha vida.
