REDENÇÃO
Porque a escolha é um imperativo necessário.
PREFÁCIO: O PADRE
Sob a então fraca iluminação da pequena cidade, uma alma sufocada na dor perambulava. As lágrimas as quais derramava penoso misturavam-se às lágrimas celestes que caíam angustiadas. A penumbra não acalentava, nem escondia a amargura que aquela noite trazia. Descalços, os pés caminhavam, guiando seu corpo frágil e mirrado sobre o concreto gélido lavado pela chuva. Ah, a chuva... A chuva que a tudo lavava; exceto o seu desgosto, a sua angústia; as marcas daquelas lágrimas tão torturantes. Seria ele, pequeno demais para suportar a tudo aquilo? A única resposta a qual possuía aquele momento, era a dor; aliás, as dores. Dores físicas, psicológicas, espirituais. O que seria dele a partir daquele momento? Viveria sozinho, pelas ruas, a mendigar? Sozinho pelas ruas, sujeito à outro acidente como aquele? Uma infância destruída, talvez.
"Deus... O Senhor pode me ouvir?"
O caminhar sem rumo guiou-lhe os pés às escadarias de uma catedral. Cansado, subiu vagaroso a todos os degraus. Acomodou-se num canto da enorme e pesada porta de madeira. O frio a chicotear o corpo seminu da criança, o barulho constante da chuva, juntamente com as lágrimas, orquestravam uma serenata fúnebre, a qual embalava-lhe os devaneios infantis, amedrontados e confusos ao adormecer.
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E num flash...
De certa forma, era um ombro amigo, porém. O ombro amigo o qual lhe acalentava o espírito. Era um conselheiro; suas palavras mansas lhe enxugavam as lágrimas quando preciso - embora ele a ouvisse através de uma parede de confessionário. Sasuke, um jovem padre que incrivelmente não se enfadava com as confissões da fiel, assim como todos os padres. Todavia, sempre a escutava com carinho; dos seus menores pecados, aos seus pecados de peso, pecados de luxúria. Errado, ele sabia o quão era sentir seus desejos carnais aflorarem a cada descrição das noites de volúpia que saiam daquela boca através do biombo de madeira do confessionário; derretia-se ao ver sua expressão ligeiramente arrependida, num misto de perversão e lascívia. Parecia que o fazia de propósito, apenas para induzi-lo ao pecado. Distorcer-lo. Obrigá-lo a fazer o que tanto temia... Pecar. Pecava em pensamentos. Ele a desejava. Por vezes, no meio da noite, acordava suado e os flashes dos sonhos libertinos reboavam por suas memórias e o baixo-ventre sofria com certa urgência. E de tanta urgência, numa das confissões o pecado guiara suas mãos ao zíper da calça, obrigando-o a descerrá-lo; em poucos segundos o membro rosado do jovem padre respirava livre daqueles tecidos, latejante, membro aquele, que clamava por socorro. Por instantes poucos esqueceu-se do pecado que estava a cometer e levou uma das mãos ao pênis e passou a massageá-lo. As descrições e a cadência de movimentos aplicados ao membro pulsante eram uma fusão enlouquecedora para ele; que rapidamente fora levado ao êxtase, cerrando as pálpebras e gemendo, antecedendo a ejaculação que sujara um crucifixo que se encontrava por perto. Estava feito. O desejo subjugara a fé. E o entreabrir dos olhos, revelou a figura de cabelos róseos o fitava indiscreta. "Você não precisará mais disso..." – ela o disse, tomando em suas mãos, o membro do jovem padre.
NOTA: Fanfiction escrita pela Tia Konha {Ingrid}, desenvolvida à partir da drabble Desejo & Fé, postada no desafio para o jornal da comunidade. Esta mesma drabble foi encaixada no último pedaço do prefácio. Esta fanfiction conterá cenas de violência e sexo e provavelmente palavras de baixo calão.
