A Cor


Naquela noite, onde tudo era fantasia e as máscaras de horror ocultavam muito mais do que uma bela face, não havia imagens bem definidas. Ela não sentia frio ou calor, tudo era igual, mesmo após os minutos se arrastarem, um após o outro, embalados pelo tic e tac de um velho relógio que soava mais barulhento do que a música. Tudo estava iluminado.

E ele era luz.

De uma brancura que doía seus olhos e fazia com que seu coração acelerasse;

O branco, a cor do seu pecado;

Semelhante e ao mesmo tempo tão diferente da cor das asas da fantasia de um anjo. O Anjo, lá estava ele, caminhando em sua direção para roubar o seu coração e enganá-la como sempre fazia - mesmo que a fantasia fosse outra.

Seu anjo, seu Tom.

Travestido em branco para ocultar as sobras que compunham a sua alma.
E naquele momento ela soube que, por toda eternidade, o branco seria a cor dos seus sonhos.

O branco, a cor da sua traição.