Prólogo

O eclipse solar já tomava forma, e o ser composto por escuridão e olhos estava com um sorriso horrendo no rosto. Podia ver dois jovens, duas crianças, praticamente. E tudo o que se sentia vindo delas era medo, o mais puro e inabalável medo.

-Acho que esse é o fim, Al. - disse o mais velho com lágrimas nos olhos - Nós chegamos até aqui, lutamos até o fim, recuperamos nossos corpos, mas...

-Tudo bem, Ed, - disse o mais novo com um sorriso triste no rosto - nós demos o nosso melhor.

De repente, o céu já estava inundado em sombras. Subitamente, um olho gigantesco apareceu no meio da cidade, onde estavam essas três figuras. Os corpos das duas crianças louras começaram a desaparecer como se fossem quebra-cabeças, sumindo aos poucos. Os irmãos, assim que conseguiram encontrar a mão um do outro, sumiram.

Depois de tanto tempo, seu plano finalmente deu certo.

-Não é mesmo, Homúnculos?

Pelos minutos que se seguiram, o ser macabro nada pôde responder, já que estava em meio a um verdadeiro tabu da alquimia: a transmutação humana. Seu corpo começava a tomar forma, humana, como se estivesse sendo colado. Já podia sentir o poder fluir, sentia-se incontrolável.

-Van Honenheim... - disse, ao tomar controle do corpo - Chegaste tarde demais. Já possuo o corpo e o poder de Deus, agora nem mesmo tu me poderás me parar.

-Talvez. Mas o processo ainda não foi concluído, ainda há algo que eu posso fazer.

Van "invocou" uma série de rochas com formatos estranhos, apenas subindo os indicadores. No centro, havia um círculo de transmutação. O Honenheim da Luz fez com que toda a energia de seu corpo fluísse até as palmas de suas mãos. O fluxo tinha uma coloração vermelha, e Van bateu as palmas uma na outra, e depois as bateu no chão. A energia liberada por ele parecia ser inacabável. E Homúnculus sabia exatamente o que ele estava fazendo.

-Maldito sejas, Hohenheim! Como sabias que eu planejava roubar a energia toda para mim? No futuro que se seguirá, isso não vai acontecer! Não vai aconteceeeeer! -disse o monstro, a cada sílaba afinando a voz, até que ela se parecia com... Nada.

Depois disso, só se podia ver um clarão, como se uma bomba atômica trinta e sete vezes mais forte do que a registrada na história da humanidade tivesse explodido...

A garotinha de longos e ondulados cabelos negros acabara de acordar, e neste dia, sentia-se excepcionalmente bem.

-Bom dia, irmão! - disse ao levantar da cama, com os olhos fechados e um simples sorriso no rosto. - Irmão?

"Vocês não podem fazer isso com Te...!" lembrou-se a menina do que ouvira noite passada. "Shhh! Ou isso, ou ela e você, e todos esses idiotas desse vilarejo morrem!". Ela então correu ao encontro do irmão, tendo de descer as escadas e, assim que pôs o pé no último degrau, viu uma mulher alta e forte, com um uniforme branco e algumas partes de armaduras de ferro. Tinha uma pele absurdamente pálida, assim como os cabelos esbranquiçados e sem vida. OS olhos amarelados, que nem olhos de gato, decepando a cabeção de seu irmão.

A criança nem teve tempo de chorar, porque um velho, o líder da vila, a encabeçou em um saco preto, fazendo-a perder o ar e desmaiar.

-Cinco peças de ouro. - disse o velho à mulher.

-Adeus. Um homem de preto virá buscar o dinheiro.

E depois de acordar em um estranho aposento, a menina não sabia mais o que fazer. Até aquilo acontecer.

Nunca tivera uma infância normal, ou nunca tivera uma infância de fato. Desde que se entendia por gente, sempre havia vivido naquele lugar assombroso que alguns chamavam de escola, outros (mais sensatos) de prisão. O exército lhe ensinara a ler e a escrever, e com isto estava muito grato. Mas já não podia mais esperar. Como se suas preces tivessem sido atendidas, um oficial chegou ao seu quarto e o chamou:

-King Bradley! A diretoria quer vê-lo imediatamente.

Foram andando até um local estranho, desceram algumas dúzias de degraus e Bradley percebeu que não estavam na diretoria. O homem abriu a porta de ferro, e o garoto viu uma mesa com amarras, o que fez sua garganta se fechar em angústia.

-Por favor, deite-se ali, meu jovem.

O garoto tentou fugir, mas foi agarrado por dois homens, um que o segurou pelos braços, e o outro pelas pernas. Colocaram o garoto, que se abatia incessantemente, porém inutilmente, na tal mesa, e um terceiro homem fechou as amarras.

-Engula isso.

Então, o homem abriu a boca do menino à força, e colocou um líquido rubro brilhante. Os olhos da criança começaram a revirar, e todas as veias do corpo começaram a saltar. Ele gritava, como se mil e uma agulhas afiadas o espetassem, em todas as partes de seu corpo, entrando e saindo, sem parar. Agora cuspia sangue. O processo se repetiu até ele parar de se mexer. Com os olhos ainda revirados, ele pôde ver um clarão.

-Explosão?

-Explosão?

Disseram as duas crianças, simultaneamente, mas em épocas e lugares diferentes... Por enquanto.


N/A: Eu sei que o Badley só recebe esse nome depois de adulto, mas a história é minha e eu não estou a fim de fazer tudo

igual '-' Espero que essa nem-tão-longfic eu termine. '-'